tag:blogger.com,1999:blog-57697656825415684052024-03-05T11:25:10.245-03:00Bruno Hortaum blog DE HISTÓRIABruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.comBlogger158125tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-36011381257470331932019-03-13T15:38:00.001-03:002019-03-13T15:42:44.558-03:00A completa tragédia da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano.<br />
No dia de hoje o assunto, que não vou dizer como o mais comentado, mas sim o mais lamentado do Brasil e provavelmente um dos mais noticiados do mundo, vem nos provocar a triste busca de explicações do que pode levar dois jovens a cometerem um ato tão extremo e sem motivos. <br />
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Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos e Luiz Henrique de Castro de 25, ex alunos da escola praticaram uma sequencia inimaginável de crimes horríveis. Como estou escrevendo no mesmo dia dos fatos, certamente muitos detalhes dos crimes praticados ainda serão esclarecidos. Mas em breve resumo os dois assaltaram uma locadora e mataram o dono durante o roubo de um Onix branco. Seguiram para a escola em que estudaram e sem qualquer impedimento entraram e iniciaram os disparos.<br />
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As vítimas foram identificadas como:<br />
Marilena Ferreira Vieira Umezo, coordenadora pedagógica<br />
Eliana Regina de Oliveira Xavier, funcionária da escola<br />
Pablo Henrique Rodrigues, aluno<br />
Cleiton Antonio Ribeiro, aluno<br />
Caio Oliveira, aluno<br />
Samuel Melquíades Silva de Oliveira, aluno<br />
Douglas Murilo Celestino, aluno<br />
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Essa tragédia é mais uma depois de tantas já ocorridas no mundo e no Brasil. Em nosso país as que receberam grande destaque da imprensa foram:<br />
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Em 7 de abril de 2011 na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo<br />
Em 5 de outubro de 2017 no Centro Municipal de Educação Infantil Gente Inocente, em Janaúba, Minas Gerais.<br />
Em 20 de outubro de 2017 no Colégio Goyases, em Goiânia. <br />
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Não é exagero dizer que parece que temos uma tendência de repetição de fatos semelhantes em escolas no Brasil. E diante destes fatos é importante refletir e agir para que novos acontecimentos não provoquem tragédias ainda maiores. Afirmar com exatidão o motivos e a forma de evita-los não é possível, pois a complexidade dos fatos e as diversas possibilidades em uma sociedade tão grande e diversa não permite essa simplificação das respostas, mas quero alertar para um caminho, dos tantos possíveis para os problemas sociais. Sim, estes fatos são um problema social, são problemas que surgem na e por causa de um sociedade. Mas vamos as minhas observações.</div>
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Desde a abertura democrática, no fim da ditadura militar, iniciamos um processo de polarização política e social. Um pouco antes, no fim dos anos de 1970 o processo de polarização seguia o aspecto religioso. Mas vamos passo a passo.</div>
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Na política estamos divididos em dois grupos ou se pertencia ao MDB ou a ARENA. Com o fim da ditadura e a nova constituição de 1988 experimentamos um grande aumento do numero de partidos e naturalmente um pluralidade de ideias. Mas logo eles se dividiram em dois grandes grupos. Governo e oposição e mais recentemente direita e esquerda. Por fim continuaram em dois polos opostos.</div>
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Na sociedade a divisão era o "homem do campo" e o da cidade. Não demorou muito e o êxodo rural transformou a realidade do Brasil. A população de periferia cresceu muito e nos dividimos entre ricos e pobres, pessoas normais e favelados, norte e sul. Até pouco tempo se falava em separar o nordeste do Brasil para que cada um ficasse com seu presidente. </div>
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Voltando a pouco mais de cem anos, éramos divididos em escravizados e livres, até a metade do século XX, homens e mulheres não tinham acesso as mesmas oportunidades. E para não seguir em outros longos exemplos quero deixar claro que sempre seguimos divididos de alguma forma. Muitos podem dizer que era uma divisão pacífica, sem violência. Certamente que diz isso estava ou está do lado que domina e faz as regras do jogo político, social e financeiro.<br />
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Chegando aos nossos dias esses sentimentos de divisão se aprofundaram e se agravaram. Nos dividimos por gênero, religião, clubes de futebol, cor, preferência política, limitações físicas ou intelectuais, idades, gosto musical, classe social, etc. Sei que podem até dizer que essas diferenças são naturais, e são. Mas as diferenças se transformaram em barreiras, em preconceito, em ódio. E esse ódio chegou a prática, pois quem detêm um ponto de vista ou uma posição qualquer na sociedade, começa a entender de forma distorcida, que apenas sua posição é válida, apenas ele tem o direito a se expressar e a dominas as formas de atuar na sociedade. Quem não é exatamente igual a forma que determinado grupo pensa passa a ser mais do que hostilizado, passa a ser perseguido e agora pior, chega ao ponto de se pensar em eliminá-lo.</div>
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Trago para o caso de Suzano essa linha, dentre tantas outras possíveis, de que estamos caminhando para os extremos, para o desejo irracional de eliminar, matar, extinguir tudo aquilo que é diferente de mim. E precisamos caminhar, pensar e praticar o reverso disso. devemos ser mais tolerantes, afáveis, generosos, simpáticos e amáveis com nossos semelhantes, porque, no fundo, somos todos de um mesmo grupo, o humano. </div>
Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-19373939876147087852019-03-06T21:50:00.001-03:002019-03-07T18:18:51.131-03:00A cultura no carnaval do Brasil e o enredo da Mangueira no desfile do Rio de Janeiro.A cultura no carnaval do Brasil e o enredo da Mangueira no desfile do Rio de Janeiro.<br />
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Muito comum a banalização daquilo que não nos é importante e ainda mais comum a generalização dos defeitos que não acreditamos em ter. E esses dois momentos ficaram evidentes neste carnaval de 2019. Nosso carnaval, que é um movimento cultural múltiplo, vai além das escolas de samba e trios elétricos, além dos maracatus, dos frevos e dos Bois do Norte do país. O carnaval que também é dos salões de baile até dos retiros espirituais. O carnaval é um momento importante na cultura do Brasil e fechar os olhos para esse fato é tentar desviar a atenção para opiniões pessoais que passam longe do respeito e entendimento que deve haver entre as pessoas.
Por outro lado, quem não gosta do carnaval tem, cada dia mais, maiores e diversa opções para não ser incomodado ou afetado pela festa.<br />
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O problema acontece quando o não gostar se transforma em ataques raivosos e irracionais. O que recebeu maior destaque, até internacional, foi o twitter do presidente Jair Bolsonaro contendo um vídeo com cenas pornográficas protagonizadas por duas pessoas no alto do que parece ser uma marquise. Sem entrar nas questões políticas do que o presidente postou, quero ressaltar a falta de condições de promover um debate, no mínimo com algum conteúdo, para que a sociedade debata o tema e chegue as suas decisões. Evidente que qualquer comportamento criminoso deve ser repreendido, seja de amigos ou de opositores, mas tentar coibir ou condenar quem pensa e age de forma diferente da que julgamos certo é o caminho para o caos.<br />
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Aproximando o foco do objetivo deste texto, quero chegar a cultura apresentada pelas Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Com origem na década de 1920 o desfile se transformou através dos anos e apresenta enredos (histórias) complexas e, na maioria das vezes, resultado de uma extensa pesquisa histórica e cultural. A descrição das alas, carros alegóricos, fantasias e interpretações, quando lidas pelos apresentadores de rádio e televisão, quase sempre nos revela fatos e personagens da nossa história que, até então desconhecíamos.<br />
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Neste ano de 2019 os desfiles aconteceram nos dias 3 e 4 de março e as escolas desfilaram nesta ordem:<br />
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Império Serrano<br />
Unidos do Viradouro<br />
Acadêmicos do Grande Rio<br />
Acadêmicos do Salgueiro<br />
Beija-Flor de Nilópolis<br />
Imperatriz Leopoldinense<br />
Unidos da Tijuca
São Clemente<br />
Unidos de Vila Isabel<br />
Portela<br />
União da Ilha do Governador<br />
Paraíso do Tuiuti<br />
Estação Primeira de Mangueira<br />
Mocidade Independente de Padre Miguel<br />
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Seus enredos trouxeram temas variados, mas quase sempre, frutos de uma intensa pesquisa e debate dentro das escolas. Vou me aprofundar no enredo e na letra do samba apresentado pela escola campeã de 2019. A Estação Primeira de Mangueira. Acredito que o tema, a letra e a apresentação da escola é um perfeito exemplo do quanto de história e cultura podemos encontrar nas diversas demonstrações culturais que levaram o carnaval brasileiro ao nível de ser a maior atração turística do país.<br />
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Então vou apresentar a letra do samba e o que posso entender de seu significado.
História para ninar gente grande.<br />
Esse é o título da letra da música. E fica claro que os autores estão tentando alertar que existe uma realidade que tenta enganar as pessoas e o verbo “ninar”, fazer dormir os bebês, expressa que os adultos precisam continuar dormindo feito criança e que não acordem para a realidade dos fatos. A realidade que é diferente do que nos conta a história oficial.
Agora vamos para os versos.<br />
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“Mangueira, tira a poeira dos porões”<br />
A escola de samba que colocar os fatos de forma limpa, por isso quer tirar a poeira, ela quer mostrar os fatos como eles são, quer tirar eles do porão, do lugar profundo em que foram escondidos e apresenta-los as pessoas.<br />
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“Ô, abre alas pros teus heróis de barracões”<br />
O abre alas é a figura encontrada para dizer que a história está começando a ser contada e que tem muita coisa para ser apresentada, o carro abre alas é sempre o primeiro que entra no desfile. E os heróis de barracões são as pessoas simples, anônimas e de origem pobre que trabalha onde todo o desfile é planejado e montado e eles tem a qualidade de heróis por trabalharem muito e que seria justo seu reconhecimento.<br />
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“Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões”<br />
O Brasil colocado no plural transmite a intenção de afirmar que nosso povo tem múltipla representação étnica e cultural. Os cantores e compositores Leci Brandão e Jamelão, também são colocados no plural. Pois a origem humilde dos dois representam que os humildes podem encontrar sua representação em artistas iguais em origem, cor, religião e condição social.<br />
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“São verde e rosa, as multidões”<br />
As cores da escola se apresentam como representação do povo, o local onde as pessoa se encontram e se reconhecem como iguais.<br />
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“Brasil, meu nego”<br />
Expressão muito usada na Bahia, mas que já se espalhou por todo o país o “meu nego” que tem uma expressão de carinho quando utilizada popularmente, aqui recebe um segundo significado. A verdade de que o Brasil, é um país formado, na sua maioria, por negros e seus descendentes. Além da grande miscigenação, que é a maior característica do nosso povo.<br />
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“Deixa eu te contar”<br />
O autor empresta sua voz a quem canta o samba e o que parece um pedido para cantar dizer as verdades que estão por chegar, na verdade é um alerta para que o Brasil (seu povo) tenha atenção para uma nova história que será contada.<br />
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“A história que a história não conta”<br />
Por muito tempo a história que foi ensinada nas escolas era a história dos vencedores, das grandes datas e dos grandes nomes. Na primeira metade do século XX uma nova forma de se contar a história passou a ser muito utilizada, era uma escola acadêmica de estudos francesa, chamada Escola dos Annales, nela a história recebeu um tratamento mais profundo, os humildes, camponeses, derrotados, escravizados e esquecidos foram ouvidos pela nova forma de se observar e escrever os fatos do passado. E esse verso caminha nessa novidade e abre a possibilidade de se ver os fatos antigos com novas interpretações.<br />
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“O avesso do mesmo lugar”<br />
O poema continua nos levando para o entendimento de que: tudo pode ser diferente, tudo pode receber uma nova interpretação e que é verdade em um “lugar”, pode ser interpretado de uma forma completamente inversa.<br />
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“Na luta é que a gente se encontra”<br />
O poeta se coloca na mesma posição do leitor/ouvinte e deixa claro que interpretar os fatos de uma forma diferente não é uma tarefa fácil. Ela requer trabalho, esforço e principalmente luta, pois não se derruba uma dominação sem combate, no mínimo, um combate de ideias.<br />
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“Brasil, meu dengo”<br />
Aqui chegamos ao nível da intimidade, o povo brasileiro já entende e parece querer participar desta nova visão, então é chamado.<br />
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“A Mangueira chegou”<br />
A escola se coloca na posição de condutora desta nova busca pela verdade e se anuncia como tal.<br />
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“Com versos que o livro apagou”<br />
O que foi perdido com o passar do tempo é resgatado pela escola e apresenta esses versos ao Brasil.<br />
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“Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento”<br />
Aprendemos na escola que o Brasil foi descoberto em 22 de abril de 1500, por Pedro Alvares Cabral, mas quando se aprofunda no estudo dos fatos passamos a conhecer uma nova verdade. Primeiro que muitos outros navegadores europeus estiveram por aqui antes de Cabral e o mais importante, aqui já havia um povo, com língua, cultura e vida próprias. Que nada foi descoberto e sim invadido e tomado a força.<br />
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“Tem sangue retinto pisado”<br />
O sangue que recebeu nova cor, repintado ou como é a forma mais forte de se interpretar o sangue misturado e contaminado foi pisado pelos invasores. A expressão retinto também é muito utilizada pelo movimento negro, que se refere como “sangue retinto” aqueles que já receberam alguma mistura com sangues de origem não negra.<br />
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“Atrás do herói emoldurado”<br />
O já mencionado herói histórico e colocado em um quadro como grande exemplo tem, atrás dele, muito sangue inocente derramado.<br />
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“Mulheres, tamoios, mulatos”<br />
Sangue de mulheres que resolveram não se dobrar a dominação do homem, sangue dos nativos Tamoios, que viviam na região do norte de São Paulo até o sul do Rio de Janeiro. Os Tamoios foram responsáveis pela maior revolta de nativos brasileiros contra o colonizador português, a famosa “Confederação dos Tamoios” onde nativos impuseram grandes derrotas aos portugueses em solo brasileiro. E os mulatos, filhos de negras com os senhores brancos, viviam no limbo da sociedade.<br />
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“Eu quero um país que não está no retrato”<br />
O desejo do poeta é contar e viver a história destas pessoas descritas no verso anterior e que essa história seja a verdade vivida no Brasil de maioria de descendência negra, nativa e as mulheres, que são maioria da população.<br />
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“Brasil, o teu nome é Dandara”<br />
Dandara foi esposa de um dos maiores símbolos de resistência a escravidão no Brasil, Zumbi. Com ele ela teve três filhos e quando esteve prestes a ser presa e novamente escravizada, se jogou de um penhasco e morreu. Ela se torna um símbolo de resistência tão forte quanto Zumbi. Por isso a letra compara a luta do povo brasileiro ao exemplo da Dandara.<br />
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“E a tua cara é de cariri”<br />
A nação de nativos Cariris viviam no nordeste, em parte da Paraíba e do Ceará e também representa a cara do Brasil em sua diversidade.<br />
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“Não veio do céu”<br />
Aqui já antecipando ao sentido de receber a liberdade, o poeta garante que ela não veio da graça divina.<br />
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“Nem das mãos de Isabel”
E que a liberdade dos escravizados no Brasil, também não veio pela simples assinatura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888.<br />
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“A liberdade é um dragão no mar de Aracati”<br />
Um dos mais significativos versos deste poema/samba enredo faz menção a Francisco José do Nascimento, líder jangadeiro na cidade de Aracati no Ceará. Em 1881 João influenciou seus colegas jangadeiros a decidir que a escravidão estava abolida na província do Ceará e que ele patrulharia os mares para manter e garantir a liberdade dos que eram escravizados. Foi um movimento pioneiro no Brasil.<br />
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“Salve os caboclos de julho”<br />
Na última estrofe são reverenciados mais heróis que não receberam o merecido destaque na história oficial do Brasil. Em 2 de julho de 1824 os “caboclos” baianos lutaram pela independência da Bahia, durante o movimento de resistência a declaração de D Pedro I. Sem o apoio militar e a luta dos caboclos da Bahia, a independência do Brasil poderia ter um outro destino.<br />
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“Quem foi de aço nos anos de chumbo”<br />
Também são destacados os que resistiram ao golpe militar de 1964, os chamados “anos de chumbo” onde os direitos civis foram suspensos por muitos anos.<br />
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“Brasil, chegou a vez”<br />
E caminha para o final de sua exaltação incentivando a todos que pertencem a esse brasil que não está na história oficial, para ouvir e aprender sobre seu passado e buscar um futuro melhor.<br />
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“De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês”<br />
E a melhor forma de mudar a história, saindo de esquecidos para protagonistas é ouvindo as histórias e seguindo o exemplo de várias mulheres. Algumas “Marias” anônimas ou Luiza Mahin, que no início do século XIX foi protagonista de diversos movimentos pela libertação dos escravizados na Bahia ou de Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro por defender as causas dos pobres e indefesos ou a revolta dos Malês, também na Bahia, protagonizada por escravizados islâmicos.<br />
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Para encerrar meu texto convoco a todos para uma reflexão. Se não encontrar nesta letra de samba ou em tantas outras, fatos e personagens tão importantes para nossa história e nossa cultura, sugiro ainda mais leitura, ainda mais estudo, ainda mais debate. Pois quando os fatos estão na nossa frente e não conseguimos os ver é sinal de que algo muito ruim está acontecendo.Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-44569379066493284422019-02-14T13:25:00.000-02:002019-02-14T13:25:10.794-02:00O NASCIMENTO DO ROCK BRASIL NO FIM DA DITADURA MILITAR. NOSSAS PERDAS, NOSSOS ATRASOSFUNDAÇÃO EDUCACIONAL LUIZ REID
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Macaé. - FAFIMA
COORDENAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
BRUNO BOTELHO HORTA
O NASCIMENTO DO ROCK BRASIL NO FIM DA DITADURA MILITAR. NOSSAS PERDAS, NOSSOS ATRASOS.
Macaé – RJ
2013
BRUNO BOTELHO HORTA
O NASCIMENTO DO ROCK BRASIL NO FIM DA DITADURA MILITAR. NOSSAS PERDAS, NOSSOS ATRASOS.
Monografia apresentada à FAFIMA como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em História.
Orientador: Me. Rodolfo Maia.
MACAÉ
2013
BRUNO BOTELHO HORTA
O NASCIMENTO DO ROCK BRASIL NO FIM DA DITADURA MILITAR. NOSSAS PERDAS, NOSSOS ATRASOS.
Trabalho elaborado sob à orientação do Professor e orientador Mestre Rodolfo Maia da Coordenação de História pelo aluno Bruno Botelho Horta, para obtenção do grau de Licenciado em História.
Banca:
Macaé
2013
Dedicatória.
Dedico esse trabalho a meu pai, Paulo Sérgio Horta (em memória). Que com sua generosidade e carinho proporcionou meu acesso ao mundo da música, comprando os meus discos preferidos durante minha adolescência. E a minha mãe, Terezinha Botelho Horta, por sua infinita dedicação a minha educação e liberdade de pensamento.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, a minha família e amigos. Aos músicos, poetas, escritores e artistas inspiradores deste trabalho. Ao meu orientador Mestre Rodolfo Maia e a Deus minha inspiração em todos os momentos.
Não posso nem tentar me divertir
O tempo inteiro eu tenho que estudar
Assim não sei se eu vou conseguir
Passar nesse tal de vestibular
(Paralamas do Sucesso. Química, em Cinema Mudo, 1983)
Resumo.
A monografia discute o nascimento do chamado Rock Nacional, Rock Brasil ou BRock, a partir do momento em que este gênero ganha a mídia e atinge o grande público consumidor. Analisando uma parcela da juventude no início da década de 1980 e suas influencias culturais na transição à democracia no fim do período de ditadura militar. O rock manifesta força, na medida em que, ao produzir a ruptura dos padrões musicais anteriores, também rompe com as convenções sociais que o cercam. Apresentando o contexto político e cultural do Brasil, da Europa e dos Estados Unidos da América. As diferenças do avanço das duas regiões em relação ao Brasil são apresentadas neste trabalho cientifico para demonstrar como a juventude brasileira permaneceu atrasada, por décadas, em relação aos principais centros ocidentais de produção cultural. Apresentando, também, que os consumidores desta cultura roqueira eram diferentes, política, econômica e socialmente entre o Brasil e os outros dois centros.
Palavras Chaves: Rock Brasil. Ditadura Militar. Cultura. Juventude.
Abstract
This work analisis the way of national rock since the moment that this musical type wins the media and hits the big public. Analising a part of the youth in the early 80's and its cultural influences in the democracy transition during the end of Brazilian militar goverment. The Rock shows power in the way that, when it produces a rupture of early musical pattern, also breaks with the social conventions that surrounds it. Presenting the political and cultural context of Brazil, Europe and Uniteds States of America. The difference of this two regions advance from Brazil is presented in this cientific work to demonstrate how brazilian youth stayed to behind for decades in relation to the most important cultural ocidental centers. Also presenting that the consumers of this rock culture were different in a political, economichal and in a social way in Brazil and those other countrys.
Sumário:
Introdução ............................................................................. 11
O Final da década de 1970 e o início dos 80 no Brasil...........12
A política ................................................................................13
A cultura .................................................................................16
As bandas ...............................................................................18
As rádios ............................................................................... .21
A Televisão ............................................................................24
Os shows ................................................................................25
Os jovens ................................................................................29
Os jovens europeus ................................................................32
A Juventude norte americana..................................................33
O entrelaçamento Brasil, Europa e Estados Unidos ...............35
2 - A abertura política e cultural do governo Figueiredo........36
As medidas de transição..........................................................36
A aproximação com Europa e EUA .......................................40
Os Festivais.............................................................................41
Os Festivais Internacionais ....................................................43
Nasce o Rock Brasil. As primeiras aparições na mídia..........44
Comportamento, estética e discurso........................................47
Um comparativo cultural no início da década de 1980...........48
Artistas nacionais de mídia e suas influências........................50
As gravadoras e a grande mídia..............................................51
O sucesso nas ruas, rádios e televisões...................................53
Conclusão...............................................................................56
Filmografia.............................................................................57
Bibliografia ............................................................................58
Introdução
Discutir e problematizar o Rock Brasil pode a principio, parecer um argumento fraco e com poucos valores agregados ao objeto de estudo. Este Rock, que já foi de marginalizado à produto de mídia e indústria milionária, é alvo de muitos questionamentos e, ao mesmo tempo, defendido por críticos, autores e consumidores. Por se tratar de um gênero popular e, muitas das vezes, ligado a rebeldia juvenil, este tema ficou longe dos estudos científicos e raros estudos foram realizados para entender seus mecanismos, suas origens e projetar o seu futuro.
Quando se aborta a questão no Brasil, no chamado Rock Brasil, a questão pode parecer ainda mais frágil. Acusado de produto das gravadoras, falta de consistência, músicos ruins e cópia do que acontece no exterior. O Rock Brasil surgiu logo no início dos anos de 1980, não sem possuir um passado em seu próprio país. E transformou uma geração ajudando a consolidar a expressão “Anos 80” na cultura brasileira.
Analisando mais profundamente percebemos que a realidade é diferente das primeiras impressões. Na década de 1980 as vendas do rock impulsionam o mercado e os artistas do gênero ganham rápida notoriedade. Os shows de rock se multiplicam e chegam as TVs. As rádios executam o estilo e a cada dia mais se desenvolve o mercado dos vídeos clipes e das TVs a cabo. As novas tecnologias passam a compor um novo mercado de consumo, como vídeo cassete, CDs, Videos Lasers, DVDs e a participação nas mídias de rádio, jornal e televisão, comprovam a importância deste movimento que ajuda a contar a História do final do século XX. De certo observamos o atraso em que esta revolução cultural chega ao Brasil. Na Europa e nos Estados Unidos o mercado se desenvolve primeiro, com maior tecnologia, maior diversidade, maiores vendas e maior penetração na cultura popular.
Colocando limites em nosso tempo de estudo, abordamos o nascimento deste movimento cultural, passando pela base de formação dos artistas e bandas que despontariam nos anos de 1980, apresentamos um panorama dos anos de 1970 e suas influencias musicais e culturais. Ao entrar especificamente na década de 80 apresentamos as bandas e artistas que despontaram e caracterizaram o movimento cultural. Nosso limite fica no primeiro disco de cada um para que a abordagem não se estenda além do necessário para identificar os fatores e condições que facilitaram o nascimento do Rock Brasil.
1 - O Final da década de 1970 e o início dos 80 no Brasil.
O governo de João Batista de Oliveira Figueiredo, foi o ultimo do período da ditadura militar. Um fim, que mesmo não anunciado, deu claros sinais de que a abertura política estava se processando e o governo já apontava para a transição do regime militar para o democrático.
Reafirmo: não descansarei até estar plenamente assegurado, sem sobressaltos, o gozo de todos os direitos do homem e do cidadão inscritos na Constituição.
Esse foi um dos compromissos solenemente assumidos ontem pelo general João Batista Figueiredo, 61 anos, no discurso que pronunciou na cerimônia de transmissão da faixa presidencial, no Palácio do Planalto, depois de empossado no cargo de presidente.
"Reafirmo o meu gesto: a mão estendida em conciliação", disse também o novo presidente. E ainda: "Reafirmo: é meu propósito inabalável (...) fazer deste País uma democracia." (Publicado na Folha de São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 1979)
Figueiredo deu posse ao seu ministério no mesmo dia de sua posse em 15 de março de 1979. Dentro do quadro ministerial estava Petrônio Portela, ministro da justiça, que teve como ordem redigir um decreto colocando fim na censura literária e acelerar a anistia geral. A anistia é publicada na forma da Lei Nº 6.683, de 28 de agosto de 1979. Outro importante fator que marcou a passagem de Petrônio pelo governo Figueiredo foi a volta do pluripartidarismo. Lei nº 6.767, de 20 de Dezembro de 1979. Onde mais do que permitir uma participação democrática, o governo Figueiredo, dividia a oposição enquanto a situação, representada pela ARENA (Aliança Renovadora Nacional), e a classe dominante permaneciam no mesmo partido, lutando por seus interesses e permanecendo no poder. Ressaltando que o pluripartidarismos não foi tão democrático assim, pois os partidos comunistas continuaram proibidos.
1.1 A política.
O ano de 1979 é o ponto de partida desta monografia acadêmica. Defino assim, por ser o ano que João Batista de Oliveira Figueiredo, o presidente Figueiredo, recebe o cargo das mãos de Ernesto Beckmann Geisel, o presidente Geisel. Eleito ainda em 1978 pelo colégio eleitoral em uma disputa indireta contra o também general Euler Bentes Monteiro. Que ironicamente representava a oposição do MDB (Movimento Democrático Brasileiro). O bipartidarismo da época existia justamente para apresentar uma falsa ideia de democracia para o mundo e para a sociedade brasileira, mas os argumentos eram tão frágeis que o partido dito como de oposição termina por apresentar um General para concorrer contra o também General Figueiredo. Figueiredo ganha a eleição indireta por 355 votos, contra 226 de seu oponente e colega de farda.
Por mais que se tente justificar que o General Bentes Monteiro representasse uma real oposição ideológica ou que ele iria dividir o grupo dos militares, é inevitável e até simples pensar que qualquer que fosse o vencedor a ditadura militar continuaria e a oposição do MDB continuaria como minoria e ainda tendo um militar na presidência seja qual fosse o resultado.
O vice na chapa de Bentes Monteiro era o senador Paulo Brossard, advogado por profissão, que declarou- “Já haveria alguém do outro lado para dizer que não participava daquilo e ao mesmo tempo não se pejava de se aproximar da oposição.” A justificativa de que a candidatura de outro General de uma suposta esquerda iria desestabilizar o exército não se apresenta de forma convincente, pois esse simulacro de eleição só acontecia por permissão dos próprios militares. A verdade é que, das muitas das vezes em que tiveram seus interesses ameaçados, os próprios militares tomavam medidas duras para garantir o poder, como os Atos Institucionais mostraram a força do interesse militar pelo governo do Brasil. Essa velada permissão de um general se apresentar como opositor só ocorreu por um crescente processo de desinteresse militar pelo governo.
Mesmo tendo com opositor um colega de farda, Figueiredo assume a presidência em 15 de março de 1979. Prometendo abertura política e democracia ampla para o Brasil. Era a certeza de que os militares não estavam mais interessados em administrar a grande crise econômica que o Brasil viva. O milagre econômico já não existia mais, o Brasil cresceu para os ricos e foi cruel para os pobres. Os países produziam muito, tanto o Brasil quanto o resto do mundo. A Europa já rivalizava em produção com os Estados Unidos, o Japão se tornara uma potência econômica e o mundo passou a produzir mais do que era capaz de consumir. O resultado foi uma crise econômica com produtos encalhados e grandes empresas falindo.
Crise ampliada pela OPEPA (Organização dos Países Produtores de Petróleo) e a sua alta imposta aos preços do produto. A conta dessa crise foi paga pelos países do terceiro mundo. Os empréstimos contraídos para realizar o pretenso milagre brasileiro se transformaram em pesados juros que logo transformaram o milagre em descrença e mergulhou o Brasil em uma inflação alta e uma classe trabalhadora esmagada, sem emprego, com baixa escolaridade e completamente desorganizada.
Sem sindicatos, sem grupos ou associações de classe. A maior parcela da população em idade produtiva ou entrando no mercado de trabalho sofreu duramente com os reflexos desta crise. Eram os adultos jovens entre 18 e 30 anos, os jovens de 16 a 18 anos e os adolescentes dos 12 aos 16. Cada um destes cidadãos citados, independente de classe, sexo ou naturalidade, sofreram os impactos desta crise. E refletiram isso da forma que estava mais próxima deles. Na cultura. Já que o universo político era bastante limitado. Somente as expressões artísticas poderiam refletir os sentimentos e ideologias destas pessoas.
Portanto o fim da década de 1970 apresenta a promessa de democracia total mesmo com um novo presidente militar. Para avaliar o que poderia vir pela frente podemos listar os compromissos afirmados no discurso de posse de Figueiredo:
• O compromisso com a revolução de 1964 de garantir uma sociedade livre e democrática.
• Sustentar a independência dos poderes.
• O gozo de todos os direitos constitucionais.
• A convivência pacífica.
• Condições dignas de vida.
• Que não sobre a poucos o que falta a muitos.
• Prioridade a agropecuária, para alimentar o povo.
• Combate a inflação
• Equilíbrio das contas internacionais.
• Remuneração justa.
Uma lista de compromissos absolutamente vagos e que toda a sociedade logo constataria a não concretização de políticas voltadas para essas metas.
No mesmo dia da posse uma manifestação contra o governo foi realizada no entorno da Cinelândia, no Rio de Janeiro e reprimida com jatos d’água com anilina vermelha pela polícia militar. Os manifestantes reivindicavam com os seguintes dizeres: “O general Figueiredo pode gostar do cheiro de cavalos. Mas nós que estamos com o povo exigimos: eleições livres e diretas em todos os níveis, ampla liberdade de organização, anistia geral e irrestrita, amplas liberdades democráticas.” Os panfletos distribuídos com essa mensagem foram assinados pelos Deputados Federais Délio dos Santos, Edson Khair, Jorge Gama, José Mauricio, Marcelo Cerqueira e Modesto da Silveira. Pelos Deputados Estaduais: Alves de Brito, Francisco Amaral, Heloneida Studart, Jorge Roberto da Silveira, José Eudes, Paulo César Gomes, Raymundo de Oliveira. E pelo Vereador Antônio Carlos. Foram registrados, também, protestos em Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre e Viçosa.
1.2 A cultura
A cultura é um produto das relações dos homens e também um fator que influência este mesmo homem. Desta forma o homem produz e é produto desta cultura. Ao tempo em que ele mesmo não consegue dominar todos os aspectos desta cultura. Isto significa que dentro de uma mesma sociedade encontram-se diferentes manifestações culturais que influenciam indivíduos ou grupo de indivíduos.
Um panorama da cultura de uma sociedade pode ser medido pelo conteúdo que é oferecido para consumo, tanto pago quanto gratuito. Cinema, teatro, shows, festivais e demais manifestações culturais. O conceito de cultura que utilizaremos será o de Clifford Geertz. Onde, utilizando um conceito de Marx Webber, “a cultura é uma teia de significados onde o homem se encontra ligado e esta teia que foi construída por ele próprio”. Para Geertz a análise desta teia é uma concepção pública onde os agentes que iniciam determinados componentes não podem ser identificados tratando-se de atividades espontâneas.
“A cultura não é um poder, algo ao qual podem ser atribuídos casualmente os acontecimentos sociais, os comportamentos, as instituições ou os processos; ela é um contexto, algo dentro do qual eles (os símbolos) podem ser descritos de forma inteligível – isto é, descritos com densidade” (Geertz, Clifford. A interpretação das Culturas. Zahar. Rio de Janeiro, 1973, pg. 24)
O aspecto juvenil e urbano da cultura se destaca no terceiro quartel do século XX. Com a base da década de 60 e avançando pelos anos 70 com seu auge na década de 80. O pós guerra transformou a sociedade, dando a ela características consumistas devido ao rápido desenvolvimento industrial e populacional. Maiores oportunidades de escolarização, aumento da renda, e ampliação das opções de lazer com as novas tecnologias de TV, rádio, shows e cinema proporcionou aos jovens maiores oportunidades de socialização dentro de sua faixa de idade e consequentemente maior tempo dedicado a essas relações. A cultura juvenil encontra no Rock N Roll uma forma de aglutinar diversos jovens com ao menos um interesse comum, a música.
O maior símbolo dessa ‘nova cultura juvenil’ é o rock’n’roll, que aparece como uma música delimitada etariamente, especificamente juvenil, como uma ‘linguagem internacional da juventude’, que acompanha e expressa todas essas novas atividades de lazer, assim como o comportamento explosivo da juventude (ABRAMO, 1994, p. 30).
Foi a cantora Rita Lee (Rita Lee Jones de Carvalho) já com seus 32 anos de idade que em 1979 coloca entre as músicas mais executadas do Brasil a canção “Mania de Você” composição dela e do marido e guitarrista Roberto de Carvalho (Roberto Zenóbio Affonso de Carvalho). Curiosamente Roberto é neto de Euclides Zenóbio da Costa, ministro da Guerra de Getúlio Vargas durante o governo de 1954. Essa canção se destaca entre as mais tocadas do ano e por ser a única com características estéticas, artísticas e composicionais que mais se aproximam da cultura jovem da época. Tanto em sua letra como em sua harmonia musical. Quando no mesmo ano encontramos nomes como Elis Regina, Maria Bethânia, Simone, Roberto Carlos, Bete Carvalho e Caetano Veloso. Que pouco representava para os jovens desta época. A referência musical destes jovens eram os artistas internacionais com propostas mais modernas e que agradavam a juventude brasileira. Tais como: Dire Straits e seu primeiro sucesso Sultans Of Swing, Supretramp com The Logical Song, Rod Stewart com Do YouThink I'm Sexy? Essas músicas internacionais traziam letras e propostas sonoras se aproximavam mais da cultura jovem do que os artistas nacionais.
A juventude brasileira não possuía acesso ao nível superior da educação de forma democrática. Poucos deles conseguiam chegar às faculdades e universidades. O número de inscritos em exames vestibulares baixou de 1,8 milhões em 1980 para 1,5 milhões em 1985, retornando a 1,8 milhões em 1989. O número total de vagas teve um crescimento medíocre e saltou de 404.814 em 1980 para 466.794 em 1989 (INEP, 1998). O Brasil vivia um momento de crise econômica onde trabalhar era fundamental. Teatro, cinema e shows eram eventos da pequena classe alta ou de parte da classe média. Salvo por pequenos grupos de resistência cultural no teatro como os autores e diretores Gerald Thomas, Cacá Rosset, Miguel Falabella, Vicente Pereira, Maria Adelaide Amaral, Flávio de Souza, Alcides Nogueira, Naum Alves de Souza e Mauro Rasi.
No cinema a Empresa Brasileira de Filmes, (EMBRAFILMES) era a responsável pelas produções nacionais, criada em 1969 teve seu auge durante os anos de 1970, mas chega aos anos 80 já em processo de desmonte, principalmente no interior, onde a televisão promove uma concorrência e obtém a preferência da população. Como contribuição cultural deixou filmes como: Eles Não Usam Black-tie (1981), de Leon Hirszman, Pixote, A Lei do Mais Fraco (1981), O Beijo da Mulher Aranha (1985) de Hector Babenco, Memórias do Cárcere (1983) filme de Nelson Pereira dos Santos, Eu te Amo e Eu Sei que Vou te Amar (1986), do cineasta Arnaldo Jabor.
A censura deixou o cinema, o teatro e a música um pouco mais livres, enquanto voltava suas políticas para a televisão. Meio de comunicação que já superava o rádio e influenciava milhões de pessoas.
1.3 As bandas.
Afirmar que o Rock Brasil não produziu na década de 1970 pode parecer exagerado, pois a produção existiu, apenas não alcançou a grande mídia. Bandas como O Peso, Casa das Máquinas, Made in Brazil, O Terço, Mutantes e Vínama produziam suas músicas, faziam shows e alguns até gravaram discos. O Terço é um perfeito exemplo de que a produção de discos não significava sucesso de público ou de mídia. A banda lançou seis discos na década e o sucesso comercial nunca aconteceu. A banda contribuiria na década seguinte com os integrantes Flavio Venturine que formaria o 14 Bis e Vinicius Cantuária com participação discreta no Rock Brasil dos anos de 1980.
A década de 1970 não foi uma década perdida para o Rock Brasil, mesmo dominada por artistas da MPB e da Tropicália, os futuros integrantes das bandas que despontariam na década seguinte estavam produzindo, compondo e ensaiando suas músicas. Os nomes consagrados na mídia como Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Gonzaguinha, João Bosco, Roberto Carlos, Ivan Lins, dentre outros, sufocavam uma geração que se formava. O passar dos anos deixou algum espaço para algumas novidades no cenário da música jovem. Bandas como A Cor do Som ou 14 Bis apresentam uma nova proposta, mas muito mais ligada ao fim de um período forte da MPB, do que um renovador movimento na música brasileira.
A renovação só aconteceria de fato nos anos de 1982 e 1983, com o lançamento comercial dos discos da Blitz, Barão Vermelho, Lulu Santos, Paralamas do Sucesso, Camisa de Vênus e Lobão.
A Blitz faz sua estréia nos palcos no Bar Caribe no Rio de Janeiro em 21 de fevereiro de 1981, ressaltando que a banda ainda não possuía as duas vocalistas. A formação clássica da banda era: Evandro Mesquita (vocal e guitarra), Ricardo Barreto (guitarra), Antonio Pedro Fortuna (contrabaixo), Willian Forghieri (teclados), Márcia Bulcão (vocais), Fernanda Abreu (vocais) e Juba (bateria) Apresentaram-se também no Noites Cariocas e no Circo Voador, ainda montado na Praia do Arpoador. O que destacava a banda das demais era a forma teatral de apresentação e a distribuição de camisetas, bótons e das letras das músicas para o público. Em julho de 1982 a banda entra nos estúdios da EMI Odeon para gravar seu primeiro compacto, após o aval do diretor da Rádio Cidade FM – RJ, Cléber Pereira. O compacto vende 700 mil cópias. Em novembro do mesmo ano o primeiro disco é lançado e a música “Você Não Soube Me Amar” entra para a trilha sonora da novela “Sol de Verão” da rede Globo em 1982.
O Barão Vermelho era formado por Cazuza (vocal), Roberto Frejat (guitarra), Dé (contrabaixo), Maurício Barros (teclados) e Guto (bateria). Em 1981 a banda ensaiava sem maiores objetivos até que Cazuza, filho do presidente da Som Livre, consegue gravar uma fita demo nas horas vagas do estúdio da gravadora e apresentar esse material a Nelson Motta dono da casa noturna Noites Cariocas. A banda almeja abrir o show da cantora Sandra de Sá. A gravação caiu no gosto do produtor Ezequiel Neves que convenceu o pai de Cazuza João Araújo a lançar, em setembro de 1982, o primeiro disco da banda.
Lulu Santos já atuava como músico na banda Vímana nos anos de 1970. Em 1979 já escrevia sobre música na revista Som Três e trabalhava na gravadora “Som Livre” como selecionador de músicas para serem indicadas a participar das trilhas sonoras das novelas. Ainda em 1980, com o nome de Luiz Maurício, chegou a lançar um compacto e colocar a música “Melô do Amor” na trilha sonora da novela “Plumas & Paetês”, mas devido a ausência de repercussão do seu trabalho foi demitido da gravadora Som Livre e o disco que já estava pronto engavetado pela Polydor. Em 1982, após uma parceria de letras com Nelson Motta, lança seu primeiro disco. A condição para que o lançamento do disco era a regravação da música “De repente Califórnia”, que estava na trilha sonora do filme “Menino do Rio”, anteriormente interpretada por Ricardo Graça Mello.
Os Paralamas do Sucesso formado por Herbert Vianna (vocal e guitarra), Bi Ribeiro (contrabaixo) e João Barone (bateria). A primeira apresentação do trio foi durante os intervalos de um festival musical na Universidade Rural do Rio de Janeiro em 1981. A estréia oficial da banda nos palcos foi em 30 de novembro de 1982 no bar Western Club, no Humaitá, RJ. O irmão de Herbert Vianna, Hermano Vianna, era jornalista da revista Pipoca Moderna e aproximava sua relação com Luiz Antonio de Mello, diretor da Rádio Fluminense FM, pelo gosto musical e conhecimento sobre o mundo da música. Hermano apresenta a fita Demo dos Paralamas para Luiz, e logo é executada na rádio com grande sucesso. E logo depois de abrir um show do Lulu Santos no Circo Voador a banda fecha contrato com a EMI, onde permanecem até o dia de hoje.
Camisa de Vênus: Marcelo Nova (vocal), Karl Hummel (guitarra), Gustavo Mullen (guitarra), Robério Santana (contrabaixo) e Aldo Machado (bateria). Banda que foge ao eixo Rio – São Paulo e causa espanto com o nome escolhido. A resposta de público foi imediata com shows lotados. Após passar pelo circuito de bares de Salvador, a banda grava seu primeiro compacto por uma gravadora de música sertaneja a Fermata. Vendem 7 mil cópias que pode ser considerada uma boa vendagem para o momento e o lugar. Logo após a gravação do primeiro disco pela Som Livre a banda foi pressionada a mudar de nome. Coma recusa a contrato foi quebrado. Ainda em São Paulo e passando por dificuldades financeiras a banda assina contrato com a RGE e a música “Eu não matei Joana D’Arc” Leva o disco a vender 100 mil cópias.
Lobão ou João Luiz Woerdenbarg Filho começou sua carreira ainda nos anos de 1970 com o Vímana, mas circulou em bandas como Blitz, Gang 90 e artistas como Marina, Luiz Melodia e Zé Ramalho. Em 1982 grava, como baterista, o primeiro compacto da Blitz, e após a banda ser capa da revista Isto É, rompe com eles e com 10 músicas já gravadas procura as gravadoras. Um ano depois ele lançaria o disco “Cena de Cinema” pela RCA – Victor.
1.4 As rádios
O rádio, que possui uma grande história no Brasil, passa por diversas transformações com o passar dos anos. Desde a primeira mudança quando passa a transmitir anúncios comerciais, passando pelos programas de auditórios e as radio novelas. É na década de 1970 que o rádio tem um novo direcionamento no Brasil.
Em meados dos anos 1970, as emissoras passaram a identificar-se com determinadas faixas sócio –econômicas - culturais, procurando dirigir-se a ela e buscando sua linguagem nos próprios padrões das classes que desejavam atingir, surge a segmentação do rádio, cada emissora passa a prestar serviços para um determinado nicho de ouvintes. (ORTRIWANO, 1985: 24).
O radio FM no Brasil ganha importância com a inauguração da Radio Cidade no Rio de Janeiro em primeiro de maio de 1977. Já nos anos 80 a rádio ganha destaque entre os jovens e segundo o seu diretor musical, Alberto Carlos de Carvalho, a programação da rádio era montada de acordo com as listas de mais tocadas da revista Billboard e Cash Box americanas.
A emissora ganhou o nome de Rádio Cidade inspirado na Radio City of America, a RCA dos EUA. Ocupando a frequencia de 102,9 MHz do Rio de Janeiro. Seu perfil era pop, um perfil considerado novo para a época. As vinhetas, gravadas nos EUA, chamavam atenção por sua linguagem moderna e pop. Os arranjos lembravam o Earth Wind & Fire de Maurice White e a Love Unlimited Orchestra de Barry White.
Pode-se identificar claramente que, mais uma vez, iniciávamos um movimento cultural na década de 1980 copiando modelos internacionais. Foi na Radio Cidade que os locutores informais atuaram pela primeira vez. Utilizando bom humor e linguagem jovem eles criaram um novo padrão de FM para o Brasil. As rádios adotaram este perfil de comunicação. Transamérica e Jovem Pan são os exemplos que podemos citar sem ter que se estender por uma longa lista de rádios e cidades. A Rádio Cidade priorizava a dance music, mas o pop rock era executado em um sucesso do Peter Frampton, ou os grupos como Eagles ou America. Não fosse nessas condições, o rock não entrava na Cidade.
A mudança de paradigma acontece em 1 de março de 1982 quando a Fluminense FM entra no ar, na cidade de Niterói e transmitindo para todo o grande Rio de Janeiro. A diferença da Fluminense FM para as demais rádios jovens era sua proposta de não apenas tocar as bandas de rock, mas apresentar uma nova locução, nova linguagem, nova programação, filosofia e mentalidade. Foi a rádio que popularizou entre as bandas de rock a conhecida “fita demo” ou demonstração. Onde os artistas que almejavam reconhecimento de público e contratos com gravadoras, registravam suas músicas de forma caseira ou em pequenos estúdios e distribuíam em shows, eventos, gravadoras e, com a Fluminense FM, nas rádios.
Aqui transcrevemos o início das transmissões da Fluminense FM. “Fluminense FM seis horas. A ousadia, a ansiedade, a busca incessante das coisas novas e criativas impuseram que o rumo das FMs cariocas sofresse alterações. Profundas e revolucionárias alterações. A rádio Fluminense FM stereo é uma prova palpável desta nova mudança. Agora nós estamos entrando no ar com a brancura da ousadia, o calor da criatividade, a independência audaz e faminta dos tempos modernos. A nova rádio Fluminense FM é mais uma das 16 FMs do Rio. Mas certamente será uma rádio absolutamente especial. A partir de agora você terá contato com os sons que marcaram época, com sons que você nunca ouviu, com o absurdo, a inteligência, a agressividade, e a sensibilidade dos grandes criadores da história musical do mundo que aqui na Fluminense FM terão aterrissagem forçada. A Fluminense FM terá locução exclusivamente feminina, porque acredita na força e na ternura da mulher como elemento inovador na sociedade de hoje. Nós da Fluminense FM esperamos que você possa não apenas ouvir, mas sentir, sentir fundo a nova Rádio Fluminense FM Stereo. Livre, ousada, criativa e independente.”
Luiz Antonio Mello, idealizador, diretor e coordenador de programação declarava que se uma música estava no top 100 da Billboard, ela estava automaticamente fora da programação da rádio. Outra determinação inovadora para os padrões brasileiros foi a proibição de uma mesma música ser executa mais de uma vez no mesmo dia. Logo a emissora encontrava dificuldades para executar músicas nacionais. Devido a um percentual mínimo de execução nas rádios. Ao menos 25% das músicas deveriam ser brasileiras e no horário das 20:00 as 22:00 hs o percentual subia para 50%. Para solucionar essa questão a rádio começou a receber fitas K7 de bandas brasileiras que ainda não haviam lançado disco por grandes gravadoras. Foi a oportunidade que o rock brasileiro esperava para ocupar seu espaço na mídia.
"Você Não Soube Me Amar" – Blitz: O primeiro registro desta música foi feito de maneira bastante caseira no Circo Voador e tocado pela primeira vez na rádio Fluminense. Em poucas semanas, já era um sucesso na zona sul carioca e se transformou num verdadeiro marco do rock nacional dos anos 80. Foi realmente um divisor de águas. (Guilherme Bryan, jornalista e escritor do livro "Quem tem um sonho não dança", 2005).
O Barão Vermelho experimentou momentos de muita expectativa em frustração em relação a execução de suas músicas nas rádios. Depois de dois discos lançados Barão Vermelho (1982) e Barão vermelho 2 (1983), a banda não conseguiu que as rádios tocassem suas músicas, apenas quando Ney Matogrosso regravou a música do segundo disco “Pro Dia Nascer Feliz” é que a banda foi reconhecida pela mídia e começou a ter suas músicas tocadas nas rádios.
Lulu Santos conseguiu boa execução nas rádios só depois de um grande fracasso. Ainda com o nome de Luiz Maurício, lançou o compacto com a música “Melô do Amor” em 1980, mas a repercussão foi zero. Em 1981, já com o nome de Lulu Santos, lança o compacto “Tesouros da Juventude” em parceria com o jornalista Nelson Motta e conseguiu grande sucesso comercial nas rádios. E ainda chegaria a trilha sonora da novela “O Amor é Nosso”.
Os Paralamas do Sucesso chegam a rádio Fluminense FM no Rio de Janeiro com a fita de Demo contendo três música. Entre estas estava “Vital e Sua Moto” que tem boa aceitação no verão de 1983, levando a banda a abrir um show no Circo Voador para Lulu Santos e logo depois assinarem contrato com a EMI.
Maiores problemas enfrentaram os integrantes a banda Camisa de Vênus para conseguir tocar nas rádios. Em 1983 a banda assina contrato com a Som Livre, mas a direção da gravadora exige que o nome seja mudado. Marcelo Nova, vocalista da banda, sugere o nome “Couro de Pica”. A banda é expulsa da gravadora e só assina novo contrato em 1985 com a RGE. O Compacto de “Eu não matei Joana d’Arc” estoura nas rádios e a banda vende mais de 100 mil cópias do disco.
Lobão chega às rádios de forma inusitada e autêntica. Recém saído da Blitz ele chega aos estúdios da Rádio Fluminense FM, em Niterói, com a fita de rolo inteira de seu disco inédito. Era junho de 1982 e após uma rápida audição o disco foi tocado inteiro na rádio, antes mesmo de chegar às lojas com o nome “Cena de Cinema”.
1.5 – A Televisão
Podemos afirmar que um artista alcança um ponto importante na sua carreira quando ele começa a fazer apresentações na televisão. É nesse momento que as vendas de seus discos crescem e o numero de shows aumenta. O rock brasileiro pouco chegava até a televisão nos anos de 1960 e 1970. Um pouco com Roberto Carlos e um pouco com os Mutantes. A grande mudança acontece nos anos de 1980. O rock brasileiro chega a mídia televisiva de duas formas. A primeira utilizando a estrutura de programas já estabelecidos e a outra criando novos espaços de veiculação. Trataremos de um exemplo de cada caso com o Cassino do Chacrinha e o programa Fabrica do Som.
Em Março de 1982, Chacrinha volta para a TV Globo e o primeiro registro que encontramos de um artista do rock brasileiro é o que destacamos abaixo.
(Folha de são Paulo 17-07-1982)
Neste retorno que durou até 1988 o programa atingiu várias vezes os 65 pontos de audiência (0 – 100). Antes deste retorno a Rede Globo, Abelardo Barbosa, o Chacrinha, apresentava dois programas na TV Bandeirantes. A Buzina do Chacrinha e a Discoteca do Chacrinha. Já na Globo esses dois programas foram condensados no novo programa Cassino do Chacrinha.
Ao mesmo tempo a TV cultura de SP abria espaço pra um programa de linguagem jovem e utilizando o rock como atração, era o Fabrica do Som, apresentando bandas nacionais tocando ao vivo. Foi ao ar pela primeira vez em 12 de março de 1982 mesmo ano de lançamento do primeiro disco da Blitz, foi exibido pela Tv Cultura de São Paulo e contava com o apoio do SESC Pompéia – SP. Apresentado por Tadeu Jungle, o programa tinha como objetivo apresentar bandas novas ou independentes. O Fábrica do Som foi escolhido Melhor Músical pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) em 1982. Na platéia encontravam-se jovens de todas as áreas da cidade e até de outros estados, com um público estimado em duas mil pessoas. Exibido nas tardes de sábado o programa apresentava as bandas e artistas sem qualquer sentido de competição ou concurso entre elas, o objetivo era promover e incentivar as novas tendências musicais.
O apresentador Tadeu Jungle em entrevista a SonharTV declarou que o programa não alcançava o Brasil inteiro. Apenas São Paulo, Porto Alegre e Brasília. Quando foi convidado para apresentar o programa ele logo recusou as tradicionais e caretas fichas de informação que os apresentadores sempre carregavam. Nas primeiras gravações ele dividia o programa com outra apresentadora, mas ao final dos programas ele sempre saía deprimido e insatisfeito. E a grande mudança aconteceu quando percebeu que entre uma mudança de banda e outra a platéia ficava por quinze ou vinte minutos sem algo interessante acontecendo. Foi então que Tadeu começou a entreter o público neste intervalo, sem roteiro e de forma espontânea ele cria uma nova linguagem que logo passa a ser a mesma durante todo o programa.
O programa tinha partes musicais, revelações de novos talentos que nem era tão interessantes, ele tinha que mostrar os novos grupos como: Titãs, Barão, etc. Que fechavam o programa e estavam ali querendo aparecer, que é muito interessante. Mas a grande força do programa é que é muito lembrado pela participação do público, o público participava, era o público dentro do palco. (...) era uma época, 1983, 1984, em que as pessoas queriam muito falar e as pessoas falavam. (Tadeu Julgle em entrevista para SonharTV)
1.6 – Os shows
Folha de São Paulo 13-05-1982
Folha de São Paulo 08-10-82.
Folha de São Paulo 10-12-82
Analisando as publicações acima da agenda cultural da Folha de São Paulo é fácil observar a rápida projeção que o grupo Ultraje a Rigor conseguiu em apenas 5 meses. Passando de uma banda de baile que tocava versões para músicas internacionais, por uma fase de identificação com um movimento musical (New Wave), até chegar ao lançamento de um disco próprio.
Mas os shows eram pequenos e não havia um circuito definido para as apresentações. O espaço improvisado era o das danceterias que serviram de palco para as bandas nacionais. Madame Satã (SP), Napalm (SP),Radar Tantã (SP), Noites Cariocas (RJ), Mamão com Açúcar (RJ) e o Circo Voador (RJ).
A danceteria Napalm, inaugurada em 28 de julho de 1982, foi a primeira a oferecer as bandas do Rock Brasil estrutura suficiente para que as apresentações obtivessem uma condição profissional para apresentar suas músicas. Foi nesta danceteria com palco e telão que os jovens de São Paulo. Conheceram bandas de outros estados, como a Plebe Rude e Legião Urbana. E aproximaram-se dos artistas locais como Ultraje a Rigor e Titãs. O dono da Napalm, o empresário Ricardo Lobo, adquiriu na Europa e nos EUA a experiência para, no Brasil, reproduzir as vivências que teve em casas noturnas como o CBGB (Nova Iorque). Em declaração no documentário “NAPALM: O som da cidade industrial” afirma que a idéia era fazer um espaço onde novas bandas e novos movimentos pudessem aparecer e florescer.
O espaço criado pelas danceterias, primeiro em São Paulo e depois no Rio de Janeiro foi fundamental para profissionalizar as bandas do Rock Brasil. Primeiro por estabelecer um circuito de locais para apresentações destas bandas, depois por pagar cachês para as apresentações e ainda por permitir que bandas de outros estados se apresentassem para um novo público.
Ainda antes das danceterias as bandas se apresentavam em bares pelas cidades. Como o Espaço Retrô, Pierrô Lunar, Cais e Val Improviso em São Paulo. E Calipso, Western Club, Caribe e Let it Be no Rio de Janeiro.
As danceterias ou casas noturnas tiveram como percussora a casa Noites Cariocas inaugurada em 1980 no alto do Morro da Urca no Rio de Janeiro. Depois do já citado Napalm, São Paulo contava com várias danceterias como o Rose Bom Bom, inaugurado em 1983, o Radar Tan Tan e Rádio Clube de 1984 e ainda o Madame Satã e a Carbono 14. O Rio de Janeiro só experimentaria a força das danceterias um pouco depois. Em 1984 com a Mamute e a Mistura Fina.
Das danceterias o Rock Brasil ampliou seu alcance e chegou aos espaços culturais como a Lira Paulistana e o SESC em São Paulo e o Circo Voador no Rio de Janeiro. Estes espaços culturais não estavam diretamente ligados ao rock e sim a todo tipo de arte. Foi a força do rock cantado em português que abriu estes espaços, atraiu a mídia impressa, as rádios e as televisões. Multiplicando o público e criando uma nova cultura que ligava estes elementos e os elementos as pessoas. Esta é a teia citada por Geertz em nossa fundamentação.
O primeiro show da Blitz acontece no Bar Caribe em 1981 onde a banda não possuía ao menos um nome definitivo, foi em um telefonema que Lobão recebeu da produção do show que o nome saiu. Ainda que no improviso o nome se estabeleceu. Nesta primeira apresentação o grupo estava longe de ter o consagrado formato da banda. Com um vocalista masculino e duas vocalistas. Neste show a banda foi ao palco com Arnaldo Brandão (Hanoi Hanoi), no baixo, Lobão na bateria, Guto na guitarra, Ricardo Barreto na guitarra e Evandro Mesquita na voz. No livro Dez Anos a Mil do próprio Lobão, ele afirma que o baixista do Queen, John Deacon, estava na platéia. Mas ao contrário do que se pode imaginar este show não coloca a banda em evidência. O show acontece, mas não existe uma sequencia de apresentações. Os músicos se dispersam e apenas meses mais tarde Evandro convida Márcia e Fernanda para entrarem para o grupo. Uma formação estável se monta.
O Barão vermelho faz seu primeiro show em um condomínio da Barra da Tijuca na Cidade do Rio, em Janeiro de 1982. Estrutura improvisada e sem cobrar entrada a banda já possuía repertório pronto do disco que seria gravado meses depois.
Os Paralamas do Sucesso no início de 1981 ainda possuíam o baterista Vital na formação e foram desclassificados em um festival de música na Universidade Rural do Rio de Janeiro em Seropédica – RJ. Era a primeira oportunidade de tocar ao vivo que estava escapando pelas mãos da banda. Mas Bi Ribeiro utilizando seus contatos no diretório acadêmico conseguiu que sua banda se apresentasse no intervalo do festival. Entre as apresentações das músicas concorrentes e a deliberação dos jurados. Depois de tudo confirmado o baterista desaparece, quem o substitui é João Barone que se apresenta ao vivo neste festival e nunca mais deixara a banda. Diferente do ocorrido com a Blitz, essa apresentação dá um grande impulso na banda. Que entra em uma sequencia de shows durante todo o ano. No fim de 1981 a banda reserva duas datas no Western Club no bairro do Humaitá. Pela primeira vez cobrando ingressos, a banda estréia profissionalmente nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro (terça e quarta feira).
1.7 Os jovens
A juventude sempre foi uma fase de contestação e de luta por conquistas pessoais e pelo grupo em que o jovem atua em conjunto com outros jovens.
É preciso reconhecer que, histórica e socialmente, a juventude tem sido considerada como fase de vida marcada por uma certa instabilidade associada a determinados “problemas sociais”, mas o modo de apreensão de tais problemas também muda (Sposito, 1997, 2002).
Desde os anos de 1960 a juventude é considerada um “problema social” pelo governo brasileiro. A característica contestadora dos jovens recebia o enfrentamento das ações governamentais. Primeiro a repressão as ações que confrontavam com a ordem social imposta pelo golpe militar de 1964 e depois pela necessidade de assistir socialmente essa camada da população. Mas o que caracterizou as políticas para os jovens da segunda metade da década de 1960, a década de 70 e a primeira metade da década de 1980, foram políticas repressivas e castradoras que o regime militar acreditava ser o melhor para a juventude brasileira. Receber a assistência do estado militar brasileiro era ser cerceado, era ter seus hábitos controlados e seu futuro moldado pelo que o governo apresenta como opção. A carência de vagas em universidades que transformava o vestibular na única forma de acesso ao nível superior, a crise econômica que as famílias enfrentavam e a repressão cultural imposta pelo governo, não deixava opções para a grande maioria dos jovens que entravam no mercado de trabalho com salários baixos, poucas possibilidades de ascensão social e quase nenhuma opção de lazer.
Assim, se nos anos 1960 a juventude era um “problema” na medida em que podia ser definida como protagonista de uma crise de valores e de um conflito de gerações essencialmente situado sobre o terreno dos comportamentos éticos e culturais, a partir da década de 1970 os “problemas” de emprego e de entrada na vida ativa tomaram progressivamente a dianteira nos estudos sobre a juventude, quase a transformando em categoria econômica (Pais, 1993; Abramo, 1997).
Em 1965 o rock e a juventude se encontram na televisão brasileira. Wanderléia, Roberto e Erasmo Carlos apresentam na Tv Record um programa chamado “Jovem Guarda”. Com o tema voltado para o rock e utilizando a linguajem dos jovens o programa se torna um grande sucesso e se transforma em um ponto de referência para a nova cultura, agora de massa no Brasil. Roupas, gírias e penteados eram copiados pelos jovens assim que eram exibidos no programa. O que de início era chamado no Brasil como Iê-Iê-Iê, devido a música dos Beatles chamada She Loves You, que no refrão dizia yeah – yeah – yeah. Transformou-se no Rock n Roll para o jovem brasileiro.
O programa termina em 1968, mas acrescenta na cultura brasileira nomes que consolidariam o estilo. A contestação característica do rock nos EUA e na Europa não encontra força no jovem brasileiro. Com temas ligados apenas ao namoro e a viver de fora mais livre, o jovem roqueiro brasileiro jamais contestou o governo e suas estruturas. Principalmente por ser um movimento experimentado pela classe média e classe alta. Diferente dos EUA e Europa, onde o rock surge nas camadas mais baixas da sociedade. Mesmo assim algumas transformações culturais aconteceram como a aceitação da mini saia, o namoro de forma mais aberta e a própria aceitação do ritmo pela sociedade em geral.
Durante a década de 1960 e 1970 o jovem brasileiro experimentou o ápice do rock e sua progressiva queda. A ascensão da bossa nova, os festivais de MPB e a politização dos jovens, principalmente dos universitários, encontraram nas letras e posturas da bossa nova eco nas suas reivindicações e lutas contra a ditadura militar brasileira. O rock que no Brasil ficou associado a futilidades juvenis fica no esquecimento por quase duas décadas. Sustentado por poucos artistas e longe da mídia o estilo sobrevive apenas com o nome e a influência de artistas internacionais.
O fim dos anos de 1960 e início de 1970 receberam a influência da contracultura, que foi um movimento de negação dos jovens a cultura industrial e consumista em que o mundo caminhava. No Brasil a contracultura ficou representada pelo tropicalismo que tentou romper as barreiras impostas pela bossa nova e pela MPB. Os artistas que participaram deste movimento em poucos momentos conseguiram algum destaque na mídia. O reconhecimento da importância destes trabalhos só aconteceu mais de vinte anos depois. O tropicalismo no Brasil misturou o rock psicodélico, com a música regional brasileira, principalmente a nordestina, e a MPB. Mesmo com discos gravados e participações em festivais, durante o período citado, jamais conquistou o grande público.
Já nos anos de 1980 o jovem brasileiro encontra um país que sofre os efeitos do fim do “milagre econômico”. A inflação cresce a cada dia. O desemprego afeta diretamente o jovem, que não tem acesso ao nível superior e desta forma encontra grande concorrência para ocupar as vagas de nível médio e fundamental no mercado de trabalho. E a política ainda é confusa com diversas siglas surgindo mais ainda frágeis e sem credibilidade junto a população. Em recente artigo publicado o antropólogo e escritor brasileiro Darcy Ribeiro fez uma reflexão sobre o momento do jovem brasileiro no início dos anos de 1980 e podemos destacar “teme-se, mesmo, que ela [a ditadura militar] tenha quebrado na juventude de classe média o nervo ético e o sentimento cívico, levando enorme parcela dela ao desbunde e à apatia.”
Uma parcela destes jovens resistiu ao desbunde e a apatia citada por Darcy Ribeiro e como exemplo disto o grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone fez parte da resistência cultural Da imposição do governo e massificação da mídia. O grupo se formou e iniciou suas apresentações no Rio de Janeiro e grandes protagonistas do futuro Rock Brasil estavam entre eles. Perfeito Fortuna, Evandro Mesquita e Patrícia Travassos estavam ao lado de Luiz Fernando Guimarães, Regina Casé e Hamilton Vaz Pereira. O que caracterizava as apresentações do grupo era a linguagem coloquial, os temas do cotidiano dos jovens e a uma interpretação despojada e quase sempre irreverente. O grupo consegue viajar pelo Brasil com uma apresentação chamada “Os Asdrúbals” experiência que ajudou a amadurecer o grupo, que no retorno ao Rio de Janeiro inicia uma oficina de teatro na Escola de Artes Visuais no Parque Laje. Nesta escola participaram nomes como Léo Jaime, Cazuza e Bebel Gilberto.
O Grupo além de proporcionar que a Blitz tivesse o início de sua carreira foi responsável, também, por outro fator importante para o surgimento do Rock Brasil em sua versão carioca. Perfeito Fortuna, foi a luta e com seus contatos na prefeitura do Rio de Janeiro, conseguiu a montagem de um palco democrático para seus amigos e alunos do Parque Lage. Assim em 15 de janeiro de 1982 foi inaugurado o Circo Voador, na praia do Arpoador, entre Copacabana e Ipanema. Espaço dedicado a apresentações de teatro, poesia, circo e música. Por lá passaram Caetano Veloso e Chico Buarque, mas principalmente nomes novos como Blitz, João Penca e os Miquinhos Amestrados, Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho.
Toda essa movimentação cultural é retratada pela mídia e chega a todo o Brasil através de jornais e revistas como Pipoca Moderna, Ilustrada, Som Três, Jornal do Brasil e de jornalistas como Ana Maria Bahiana, José Emilio Rondeau, Luiz Antonio Mello, Jamari França e Arthur Dapieve. Desta forma a cultura se difunde como a teia de significados citada por Geertz.
1.8 Os jovens europeus
Na frança os universitários transformam Mao Tse Tung e Karl Marx em ídolos pop. Os movimentos sociais promovidos por esses jovens universitários franceses deixou o campus das universidades e ganhou as ruas da cidade. Chegado ao ponto máximo em 10 de maio de 1968 quando mais de vinte mil estudantes entraram em confronto com a polícia de Paris. O protesto iniciado pelos estudantes agregou em cerca de três semanas todas as demais forças produtivas da França, que resulta em uma paralisação nacional com mais de dez milhões de trabalhadores protestando contra a exploração do modelo fordista e exigindo práticas socialistas nas relações de trabalho.
Justificando suas ações nos pensamentos de Jean-Paul Sartre, Herbert Marcuse e Frantz Fanon, consideravam a violência emancipatória se ela fosse dirigida as forças opressoras. Desta forma a juventude francesa buscava um embasamento teórico para seus protestos.
Foi desta juventude francesa que surgiram slogans que alcançaram o mundo inteiro como “É proibido proibir” e “Eu trato meus desejos como realidade, pois acredito na realidade de meus desejos”. Os protestos foram transmitidos pela televisão para todo o mundo, especialmente no mundo ocidental e as idéias desta nova juventude se espalha pela Europa. O estilo debochado, mas incisivo dos jovens, ofenderam profundamente os governantes europeus, mas a essa altura os jovens já eram maioria.
A Inglaterra foi invadida pelos jovens em três anos consecutivos, 1968, 1969, 1970 durante o festival “Ilha de Wight”, onde bandas de vanguarda e de forte influência comportamental se apresentaram e modificaram o pensamento de uma época. Na primeira edição de 31 de agosto de 1968 pouco mais de dez mil pessoas acompanharam bandas como T. Rex e Jefferson Airplane. Já a edição de 1969 levou cerca de cento e cinquenta mil jovens que participaram dos shows e da influencia comportamental de bandas como: The Who, The Band, Joe Cocker, Free, The Moody Blues, e Bob Dylan. Em 1970 mais de seiscentas mil pessoas compareceram ao festival, entre os dias 26 e 30 de agosto, para assistir aos shows de Procol Harum, The Doors, The Who, Jimi Hendrix e Joan Baez.
Desta forma fica fácil identificar como rapidamente o jovem europeu transformou sua forma de pensar e ao mesmo tempo teve acesso a grandes oportunidades culturais que foram disponibilizadas no fim dos anos 60 e início dos anos 70.
O fim dos anos 70 é um período de tédio cultural. Desde o fim do Beatles em 1970 e o “envelhecimento” da geração dos anos 60, que precisou terminar seus estudos, trabalhar e sustentar sua família, que a década de 70 demonstrou uma fragmentação cultural. Essa fragmentação ganhou o nome de “tribos”, onde pequenos grupos possuíam suas próprias formas de vestir, de se comportar, suas próprias músicas, livros e filmes.
Uma destas tribos consegue romper com o tédio cultural e provocar uma nova forma de pensar ao jovem europeu. Foi o movimento punk na Inglaterra. Criticando e ridicularizando todos os símbolos importantes na Europa e com comportamento agressivo e visual sujo. O movimento agrada ao jovem inglês que desempregado e sem futuro, aceita a idéia do “faça você mesmo” de bandas como Sex Pistols e The Clash. E com nova proposta cultural alcança a Europa e os EUA. Logo outros movimentos tão grandes e rápidos como punk passam e desaparecem na mídia, mas deixam sua marca na cultura européia. Góticos, New Waves, Heavy Metals até a generalização final do Pop. Onde tudo fica rotulado com esse nome desde artistas dance como Rick Astley até bandas de rock como o Scorpions. Para mídia tudo que fazia sucesso e vendia era Pop.
1. 9 - A Juventude norte americana.
Depois de muitos anos na Europa Henry Miller, escritor americano, retorna para os Estados Unidos na década de 1970, ele encontra uma juventude sem ideologia, consumista e decadente. A juventude americana era oprimida para os jovens que não estavam dentro dos padrões de consumo estabelecidos pela sociedade. Quem não consumia o ultimo modelo de qualquer novidade ou não participava de eventos com as mais recentes opções de cultura e lazer não era um jovem normal. Era considerado caipira ou “estranho”. Desta forma a juventude tornou-se uma massa consumidora de tudo: bens, cultura e lazer.
As críticas de Miller impulsionaram o movimento de jovens intelectuais americanos. Eles consumiam Jazz e decidiram se livrar dos padrões de consumo da sua época. Lendo Allen Ginsberg, William Burroughs, Jack Kerouac e Charles Bukowski fundaram a base do pensamento Hippie. Estes jovens revolucionários criticavam duramente o modelo de vida americano que o mundo já considerava como meta a ser alcançada. Utilizavam as drogas como meio de expansão do pensamento, encaram a sexualidade de forma livre, possuíam uma base do pensamento socialista e influenciados pela religiosidade do oriente.
Henry Miller analisa a sociedade americana de forma extremamente passional, pois era um homem, que após anos de exílio na Europa, voltava e se decepcionava com o painel apresentado pela terra natal: uma sociedade decadente e arrasada pela ideologia consumista e retrógrada que oprimia a todos que não partilhassem os mesmos preceitos. A juventude americana já havia experimentando a geração Beatnick nos anos 50, portanto revolução cultural e mudança de comportamento já não era novidade para a sociedade americana. Os Beatnicks saíram das universidades americanas, principalmente da Universidade de Columbia e promoveram o rompimento com a sociedade americana dos anos 50, que fascinadas pelo poder do consumo e iludidas pelas facilidades do recente crediário disponibilizado para as classes baixas e médias, tentavam viver a ilusão do “modo de vida americano” apenas adiando suas crises e renegociando suas dívidas.
Na década de 1960 a juventude Americana experimenta o movimento Hippie, que fazendo parte ou não do movimento, todo jovem assumiu algum posicionamento em relação a ele. Ou vivendo e apoiando a filosofia ou rejeitando e combatendo-o. A conhecida geração paz e amor se opôs a sociedade consumista americana, abandonaram o conforto de seus lares para experimentar uma vida ligada a natureza e consequentemente desenvolvem o conceito e a vivência da ecologia. Paralelamente o movimento Hippie adotava uma forte postura política com manifestações e protestos. Como o combate pelo fim da Guerra do Vietnã que atravessou toda a década. A Festa da Vida, que foi uma forte manifestação entre 26 e 29 de agosto de 1968 em frente a Convenção do Partido Democrata Americano, em Chicago. E ainda o lançamento do porco Pigasus a presidência dos EUA neste mesmo ano. Nota-se por toda essa movimentação que os Hippies não só buscavam uma vida alternativa, mas também um mundo melhor. Foi um movimento tão importante que até os dias de hoje seu nome é identificado como conceitos de paz e ecologia.
Semelhante ao ocorrido na Europa, a década de 1970 se fragmenta em tribos e estilos nos EUA. Disco Music, Rock Progressivo, Country e o Punk dividiram a juventude americana que ampliou sua capacidade de compra e transformou a país no maior consumidor de música do mundo. Três das quatro maiores empresas do ramo estavam em solo americano. Eram elas: Universal Music, Warner Music e a EMI Music. Restando apenas a japonesa Sony como a outra gravadora grande no mundo, mas com representações importantes em todo o mundo.
1.10 - O entrelaçamento Brasil, Europa e Estados Unidos.
O Brasil da década de 1970 não possuía políticas públicas voltadas para a juventude, os jovens estavam atendidos nas mesmas legislações que atendiam as crianças enquanto que a Europa e os EUA formulavam políticas para jovens e designavam instituições governamentais responsáveis por sua atuação. Somente a partir dos anos 80, as políticas voltadas para a juventude foram estimuladas na América do Sul, organismos como a CEPAL, ONU e o governo da Espanha, geraram algumas iniciativas de cooperação regional e Ibero-americana, com intercâmbio de informações e experiências, promoção de capacitação técnica, de encontros para realização de diagnósticos e discussão de políticas.
Nos EUA o movimento Hippie nascia em 1965 no estado do Colorado, propagado por professores e alunos que buscavam um rompimento com o sistema de ensino que eles consideravam ultrapassado e esclerosado. A primeira comunidade recebeu o nome de Drop City e tinha como objetivo valorizar o contato com a natureza e os trabalhos manuais. Logo esse conceito se espalhou pelo país e pelo mundo.
Na França, o sociólogo Michel Maffesoli, estudava as manifestações culturais que a sociedade experimentava. Analisou o comportamento jovem como uma pós modernidade caracterizado por um neo tribalismo uma nova forma de agregação social fundamentada na afetividade. Essas novas tribos eram formadas por jovens com as mesmas ideologias, gostos, sentimentos e valores.
Na Inglaterra a estilista Mary Quant como sua moda jovem e revolucionária mudou a forma de vestir dos jovens ocidentais, além de buscar praticidade e comodidade nas roupas, foi a inventora da Mini Saia.
As décadas de 1960 e 1970 foram responsáveis por trazer novos conceitos e formas de se comportar diante de nossos problemas em comum, conceitos como os de contracultura, psicodelia, mini saia, ecologia, feminismo, rock, esoterismo, “faça você mesmo”, “paz e amor” e underground.
2 - A abertura política e cultural do governo Figueiredo.
2.1 As medidas de transição.
A “Transição Controlada” era a expressão utilizada por Ernesto Geisel e depois continuada por Figueiredo para explicar e justificar suas políticas de abertura e por vezes de censura e repressão. Figueiredo em seu primeiro ano de governo acabou com o bi partidarismo e promoveu a anistia geral. Mas esses dois itens devem ser melhores avaliados, pois não se trata de uma conquista popular e sim de uma saída política.
O fim do bipartidarismo funciona como um enfraquecimento da oposição, pois divide a mesma em vários partidos, mantendo o partido oficial a ARENA unida e forte. O MDB já estava fortalecido e desde as eleições de 1974 tem a maioria da Câmara e no Senado federal.
A anistia era ampla, geral e irrestrita, mas com exceções. Os que foram julgados como terroristas, assaltantes ou sequestradores não receberam a anistia. Enquanto por outro lado os militares envolvidos em todas as formas de crimes foram anistiados para que, segundo a lei, não houvesse o revanchismo.
Lei da Anistia.
Lei promulgada em 28 de agosto de 1979 que por si só não era suficiente. A Anistia proporcionou a volta de exilados, a libertação de detentos e a aparição de pessoas que precisavam permanecer escondidas. Todos estes anistiados precisavam de suporte jurídico, social e financeiro. O início da década de 1980 foi marcado pelos comitês de ajuda aos anistiados. Estes comitês proporcionavam todo o tipo de ajuda necessária para quem teve que mudar radicalmente de vida. Estes anistiados, em sua maioria, iniciaram uma participação política nos partidos recém criados ou atuavam em organizações de combate a ditadura. A sociedade vivia um constante aprimoramento e entrelaçamento de idéias, propostas e culturas. Todos esses fatores foram consolidados em uma nova forma de ver e de fazer política. A crítica já não era velada e a participação partidária se tornou fundamental.
Pluripartidarismo
As eleições de outubro de 1965 demonstraram que o regime militar perderia politicamente em lugares importantes como o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Para garantir a ordem Castelo Branco publica o ato institucional número dois (AI 2) em 27 de outubro do mesmo ano. Fechando partidos políticos, intervindo no Poder Judiciário e estabelecendo apenas dois partidos o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e a ARENA (Aliança Renovadora Nacional).
A ARENA se mantém como maioria por quase todo o período militar, mas nos anos de 1976 e 1978 perde a maioria no senado e na câmara, desta forma, a medida de acabar com o bipartidarismo funciona como uma desarticulação da oposição, devolvendo a ARENA, ainda unida, a maioria no congresso nacional.
As greves operárias de 1978-1980
O Grande ABC, região da grande São Paulo que reúne as cidades de Santo André, São Bernardo e São Caetano projetou nacionalmente um importante movimento grevista, que foi o dos operários das metalúrgicas. O Movimento conhecido como “Braços Cruzados, Máquinas Paradas”, ficou caracterizado por diversos movimentos grevistas de curta duração, mas que mobilizavam milhares de funcionários e diversos setores da produção industrial.
Já no ano de 1979 esse movimento se espalha por todo o Brasil. Além de metalúrgicos, professores, médicos, enfermeiros, lixeiros, cobradores e motoristas de ônibus, bancários, mineiros e trabalhadores da construção civil. O movimento foi além de uma simples greve. Redes de solidariedade e apoio a estes movimentos forneciam estrutura para que a greve fosse realizada, como apoio de alimentação e de um fundo em dinheiro para o suporte de quem foi demitido ou teve os dias cortados. Os trabalhadores realizavam grandes manifestações coletivas, manifestações que ajudavam a formar uma identificação entre todos os envolvidos nas reivindicações. Naturalmente algumas lideranças surgiam e entre elas o sindicalista Luis Inácio da Silva, que chama a atenção do país durante a “Greve dos 41 dias”.
Deste movimento surge uma expressão popular e de resistência que permanece em uso até os dias de hoje “A Luta Continua”. Originalmente usada pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) durante a guerra que levou à independência do país, em 1975. A expressão foi utilizada pelos sindicalistas do ABC e se tornou um jargão popular.
A diversidade das produções de linguagem como os ditos populares, as revistas, dentre outros, correspondem a diferentes sistemas caracterizados por um conteúdo específico e pelo meio lingüístico utilizado. São chamados de gêneros do discurso, cuja adoção é uma escolha determinada pela especificidade de uma dada esfera da troca verbal. (Brandão, 2000 ).
A Nova República
A campanha pelas eleições diretas para presidente e o clima democrático vivido no início dos anos de 1980 que culminariam com as eleições diretas para governador, deputados federais, e senadores foi o período em que o nosso objeto de estudo, o Rock Brasil, desponta na mídia e inicia sua expansão e entrelaçamento com a cultura da época.
O sentimento de mudança e a organização popular seguem em frente nos anos de 1980. Em Goiânia a primeira grande manifestação popular em favor das eleições diretas para presidente pode ser destacada. Quando no ano de 1983 o PMDB promove uma manifestação no ginásio de esportes da cidade. Por todo o Brasil várias enquetes comprovam que a população deseja as eleições diretas. No dia 27 de novembro de 1983 a Praça Charles Muller que fica em frente ao estádio do Pacaembu em São Paulo, foi palco de uma grande manifestação popular com aproximadamente dez mil pessoas. Promovida pelos principais partidos políticos da época, PT, PMDB, PDT, além da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Congresso das Classes Trabalhadoras (Conclat) e a União Nacional dos Estudantes (UNE).
Os primeiros meses de 1984 marcam um forte movimento popular em favor das eleições diretas para presidente. Em 12 de janeiro na Boca Maldita em Curitiba cerca de cinqüenta mil pessoas participam da manifestação. Em 25 de janeiro mais de trezentas mil pessoas lotam a Praça da Sé em São Paulo. Em 10 de abril cerca de um milhão de pessoas se reúnem em frente a igreja da Candelária no Rio de Janeiro, seguida pela manifestação paulista de 16 de abril no Vale do Anhangabaú com aproximadamente um milhão e quinhentas mil pessoas. Fica clara a mudança no comportamento político da população e os artistas e personalidades sobem aos palanques, cantam, discursam e contagiam a todos. O verde e o amarelo se transformam nas cores da campanha e o Hino Nacional a principal música deste período.
Mas a “abertura controlada” não assistiria a tudo impassível. Em 18 de abril o presidente Figueiredo publica o decreto 89.566 proibindo por sessenta dias as manifestações populares e estabelecendo a censura prévia a rádio, TV, cinema e jornal. A chamada “Medidas de Emergência” foi decretada poucos dias antes da votação da Emenda Dante de Oliveira que estabeleciam as eleições diretas para presidente no ano seguinte. O dia 25 de abril foi marcado pela votação da emenda, eram necessários dois terços dos votos para que a constituição fosse alterada. Neste dia o congresso nacional amanheceu cercado pelo exercito, as manifestações populares como vigílias e panelaços foram reprimidas por todo o Brasil a golpes de cassetetes e violência militar. A emenda foi rejeitada, recebendo 298 votos a favor, 65 contra, com 3 abstenções e 113 deputados ausentes. Ficaram faltando exatos 22 votos para a obtenção do quórum mínimo.
2.2 A aproximação com Europa e EUA.
A década de 1980 foi significativa na Europa pelo estabelecimento da cultura pop. As vendas alcançam números surpreendentes e a música, principalmente o rock, passa a ser um produto comercial e produzido de forma industrial para consumo imediato. Como definiu Anthony Giddens (2007) a cultura pop como um entretenimento criado para grandes audiências, como os filmes populares, os shows, as músicas, os vídeos e os programas de TV. E foi nesta década que o rock alcança seus maiores índices de vendas. Consequencias diretas da massificação do rock são os lançamentos para atender o público consumidor. Os Discos de Vinil e fitas cassetes começam a ser substituídos pelos CDs. O lançamento mundial do novo formato foi em 1982 com o disco do ABBA intitulado The Visitors.
Os primeiros tocadores de CD foram produzidos pela empresa Holandesa Philips. A Europa logo levou esta tecnologia aos Estados Unidos transformando a forma de se ouvir música. O lançamento só chegaria ao Brasil em 1986.
Nos EUA a cultura jovem inicia um forte processo de transformação com a inauguração da MTV (Music Television) em 1º de agosto de 1981. Uma empresa do grupo Viacom sediada em Nova Iorque. A MTV foi o primeiro canal com programação dedicada exclusivamente ao “público jovem”, englobando principalmente a faixa etária de 12 a 34 anos (ASSEF, 2001). O Marketing da emissora trabalhou em diversas mídias e ao mesmo tempo fazendo sua autopromoção. Músicas que viravam clipes, que originavam vinhetas, que ficavam no fundo de comerciais e participavam das trilhas sonoras de filmes e programas de TV faziam a divulgação dessa nova cultura. A logomarca da emissora saiu da televisão e ocupou cadernos, carros e lares americanos. Contando com a ajuda de ídolos como Michael Jackson e Madonna para divulgar a emissora e ao mesmo tempo divulgar suas músicas que eram veiculadas na programação fechava-se, assim, um circulo em que todos se beneficiavam de todos. Esse modelo de sucesso logo ganha o mundo e Europa (1987), Ásia (1987) e America Latina (1993) passam a ter suas emissoras da MTV.
A MTV brasileira só entraria no ar dez anos depois em 20 de outubro de 1990 simbolizando perfeitamente nosso atraso cultural em relação aos EUA. E para sustentar a observação do atraso, também, tecnológico o primeiro clipe foi ao ar sem áudio, problema que só foi resolvido uma hora após a emissora estar oficialmente no ar.
O comportamento do jovem muda quando seus ídolos, antes tão inacessíveis, passam a estar dentro de sua casa o tempo todo. A moda e o comportamento se transformam, e o jovem passa a ter um modelo para seguir e ao mesmo tempo identificar aqueles que possuem gosto em comum e estabelecer novos grupos sociais.
2.3 Os Festivais
Os anos de 1980 são marcados pela cultura dos festivais e um dos mais importantes foi o MPB Shell que obteve boa repercussão na imprensa. O Primeiro MPB Shell acontece em 1981, mas o festival anterior o MPB 80 de 1980 pode ser considerado como um precursor natural onde apenas o nome é modificado. Assim como o Festival dos Festivais de 1985, também pode ser considerado a continuação do MPB Shell.
Segue uma lista com os vencedores destes festivais:
MPB 80. Vencedores:
1º Lugar: Agonia (Mongol) – intérprete: Oswaldo Montenegro
2º Lugar: Foi Deus que Fez Você (Luiz Ramalho) – intérprete: Amelinha
3º lugar: "A massa" (Raimundo Sodré e Antônio Portugal) – intérprete: Raimundo Sodré.
MPB Shell 81. Vencedores:
1º Lugar: Purpurina (Jerônimo Jardim) – intérprete: Lucinha Lins
2º Lugar: Planeta Água (Guilherme Arantes) – intérprete: Guilherme Arantes
3º Lugar: Mordomia (Ari do Cavaco e Gracinha) – intérprete: Almir Guineto
MPB Shell 82. Vencedores:
1º Lugar: Pelo Amor de Deus (Paulo Debétio e Paulinho Rezende) – intérprete: Emílio Santiago
2º Lugar: Fruto do suor, (Tony Osanah e Enrique Bergen) – intérprete: Raices de America
3º Lugar: Doce mistério (Tentação; Tunai e Sérgio Natureza) – intérprete: Jane Duboc
Festival dos Festivais. 1985. Vencedores.
1º Lugar: Escrito nas Estrelas (Arnaldo Black e Carlos Rennó) – intérprete: Tetê Espíndola
2º Lugar: Mira Ira (Lula Barbosa e Vanderley de Castro) – intérprete: Miriam Mirah
3º Lugar: Verde (Eduardo Gudin e José Carlos Costa Netto) – intérprete: Leila Pinheiro
A importância dos festivais como divulgador de cultura e de novos elementos apresentados aos jovens começou a ter destaque no início dos anos de 1960. Neste período as universidades realizavam festivais músicais internamente com o incentivo e apoio da TV Tupi. Os jovens universitários possuiam um perfil de esquerda e valorizavam as letras de conteúdo político. Os festivais dos anos de 1980 perdem o direcionamento político e criam a estética da MPB romantica, onde os protestos não tem lugar. Basta avaliar as listas apresentadas anteriormente para constatar o que era sucesso naquele momento. E ter a certeza que o Rock Brasil não obteve reconhecimento nas formulas dos festivais
A importância dos festivais para o reconhecimento dos artistas contribuiu para o surgimento de uma fórmula de canção de festival que repetia os cânones musicais dos festivais anteriores com a intenção de obter uma boa classificação e recepção pelo público. Esse aspecto é evidenciado por Zuza Homem de Mello, que identifica o Arrastão com o “nascimento do gênero música de festival, que tinha por modelo a temática com uma mensagem, como na letra de Vinicius; a melodia contagiante, como na música de Edu Lobo; o arranjo peculiar, que levantava a platéia, e a interpretação épica de Elis Regina.”
2.4 Os festivais Internacionais.
A Europa e os Estados Unidos possuem uma longa tradição de festivas de rock. Deixando claro que o avanço do gênero foi muito maior nestes lugares do que no Brasil. Mas não apenas o avanço pode ser considerado neste caso. É possível identificar nesta comparação Brasil – Europa – Estados Unidos, uma estagnação forçada no desenvolvimento deste tipo de atividade cultural. Na Europa realizavam-se festivais a céu aberto como: Hurricane Festival na Alemanha desde 1973, Roskilde Festival na Dinamarca desde 1971, Pinkpop Festival na Holanda desde 1971, Montreux Jazz Festival na Suíça desde 1967, Glastonbury na Inglaterra desde 1970 e Reading Festival na Inglaterra desde 1961. Devemos ressaltar que listamos apenas os mais importantes festivais, aqueles que tiveram grande repercussão na mídia e serviram como referencia na cultura das décadas de 1970 e 1980. Diversos festivais menores e anteriores a estes grandes festivais contribuiram para que a importancia dos festivais chegase ao nivel de influenciar na moda, na arte e no comportamento de todas as gerações posteriores.
Dois festivais se tornaram ícones desta cultura o The Isle of Wight Festival (1968-69-70) e o Woodstock Music & Art Fair (1969), conhecido apenas como Woodstock. O The Isle of Wight Festival consagrou nomes como: Jefferson Airplane, The Who, Bob Dylan, The Door e Jimi Hendrix. Woodstock reafirmou alguns destes nomes e ainda apresentou: Crosby, Stills, Nash & Young, Creedence Clearwater Revival e Santana. Mesmo sendo um festival planejado para 200 mil pessoas e recebendo 500 mil alguns nomes importantes da época e que significam muito no cenário do rock mundial até hoje, ficaram de fora como: Led Zeppelin, Jethro Tull e The Beatles.
O Brasil não teve um movimento de rock, como no resto do mundo, a partir de 1969, do festival de Woodstock, porque o Brasil vivia em uma ditadura. A Rita Lee e o Raul Seixas são dois milagres individuais de talento e resistência e que por acaso usavam uma linguagem Rock and Roll. A Gang 90 era muito urbana, novaiorquina, new wave, era cosmopolita, era todo esse tipo de coisa. Julio Barroso era DJ da minha discoteca em são Paulo e lá é que foi gestada também a Gang 90. Então é o reinício, aí o Brasil teve um movimento de rock, mas com 15 anos de atraso.
(Nelson Motta, jornalista e produtor músical, em depoimento para o documentário Universo Lobão. 2012)
No Brasil aconteceu uma tentativa de emular o Woodstock como o fracassado festival de verão de Guarapari. Programado para fevereiro de 1971 e com uma previsão de 40 mil pessoas, o evento não recebeu sequer 4 mil. A cidade não oferecia a mínima estrutura, pois não havia telefone e rede hoteleira, os músicos não receberam cachê e os dois dias de evento começaram com atrasos de mais de 3 horas e com vaias constantes do público pela falta de qualidade no som, na luz e na acomodação das pessoas. Os artistas que se apresentaram foram: The Bubbles ( A Bolha), Tony Tornado, Milton Nascimento, Som Imaginário, Ângela Maria, Novos Baianos, ERA e Soma. Fica evidente o distanciamento do público jovem principalmente com o nome de Ângela Maria.
3– Nasce o Rock Brasil. As primeiras aparições na mídia.
O primeiro grande sucesso comercial do rock brasileiro foi a Blitz com a música “Você não soube me amar”. Mas antes deste grande sucesso comercial a banda vivia de pequenos cachês em igualmente pequenas apresentações e só conseguiam um pouco mais de dinheiro, pois os músicos acompanhavam outros artistas como Marina e a Gang 90 e as Absurdetes. Mas a agenda da banda foi crescendo e a incompatibilidade de horários fez a Blitz seguir seu próprio caminho. O primeiro show da banda acontece em 1981, no Rio de Janeiro. Os integrantes entram no placo saindo do meio do público, com capacetes de mineradores com lanternas embutidas e esse tipo de “performance de entrada” chamou a atenção do público e foi utilizado diversas vezes pela banda. Muito tempo depois Lobão, então baterista da Blitz, revelou que a “performance” foi copiada de uma apresentação do Peter Gabriel na Inglaterra muitos anos antes. Neste show foi apresentando o futuro sucesso comercial do grupo a música “Você não soube me amar”, que em uma entrevista ao jornal o Globo de 13 de junho de 1983 Lobão revelaria “ Você pode ver que a guitarra é Panny Lane total ... é um Iê Iê Iê, tipo Beatles 65”
O roqueiro que abria o “Jornal do Disco” encartado na revista “Som três”, de janeiro de 1980 tinha vontade de dar um tiro na cabeça. Sob o título “O time que agravadoras escalaram”, estavam lá dez nomes nos quais as ditas cujas apostavam suas fichas para o primeiro ano da década. Eram eles, Oswaldo Montenegro (indicado pela Warner), Grupo Paranga (Bandeirantes), Gilliard (RGE), Gilson (Top Tape), Zé Ramalho (CBS), Olívia Byngton (Som Livre), Paulo André Bara (Continental), Diana Pequeno (RCA), Djavan (EMI) e Ângela Rô Rô (Polygram). Como se não só o punk, mas também o rock ‘n’ roll, a beatlemania, o heavy metal e o progressivo nunca tivessem acontecido. Era um panorama desalentador. De toda essa “seleção”, somente a exagerada Rô Rô, bluseira carioca lésbica assumida em altos brados, tinha algum parentesco com aquele tal de rock’n’roll. (DAPIEVE, 1995, p. 23).
Mas a mídia já apresentava alguns elementos do rock nacional antes do sucesso da Blitz. Foi em 11 de setembro de 1981 no festival MPB-81 que a Gang 90 e as Absurdetes apresentam a cara do rock nacional. A música era “Perdidos na Selva” que apresentava uma letra fora dos padrões da época, apresentação performática, contrastando com tudo que acontecia no festival. Surpreendentemente chegam a final, mas não vão muito mais longe do que isso. O festival foi ganho por Lucinha Lins, Guilherme Arantes em segundo e Almir Guinéto em terceiro. Dois discos foram lançados contendo as 25 músicas que chegaram a final, no segundo disco a primeira faixa é com a Gang 90.
Pouco depois a Gang 90 voltaria com a sua maior exposição de mídia na carreira, com o tema de abertura da novela da Rede Globo “Louco Amor” e a música “Nosso Louco amor”. Novela exibida em horário nobre, isto é, as 21 horas, de 11 de abril a 21 de outubro de 1983. O compacto da música atinge a marca de 100 mil cópias vendidas.
Na noite do dia 6 de junho de 1984, Julio Barroso cai da janela de seu apartamento em São Paulo. Os jornais noticiaram um suicídio outros contestam, mas na verdade o rock brasileiro perdeu um de seus fundadores e poderia ter sido outro se Julio Barroso continuasse produzindo.
Coluna de Walcir Carrasco na Folha de São Paulo em 12 de junho de 1984.
Podemos afirmar que a certidão de nascimento do rock Brasil foi o primeiro disco da Blitz. Intitulado “As aventuras de Blitz”. Lançado em novembro de 1982 e precedido de um compacto simples, lançado em julho, com apenas uma música: “Você não soube me amar”, que vende 100 mil cópias. Lançado pela EMI-Odeon o disco chegou rapidamente as 250 mil cópias vendidas. Tocava em todas as rádios de todos os gêneros e em todos os horários. Com shows marcados para todos os dias da semana a banda circulou por Rio de Janeiro e São Paulo, esteve em todas as mídias disponíveis: rádio, televisão e jornal. Os jovens cantavam as músicas e imitavam o trio de vocalistas, copiavam seus gestos, roupas e gírias. Desta forma o Rock Brasil adquiria sua personalidade.
Segundo Dapieve a Blitz incorporou expressões de seus discos ao linguajar popular do Brasil expressões como: “Blitz documentos! / Só temos instrumentos” (Weekend), “A dois passos do paraíso”, (Dois passos do paraíso), “Ok você venceu, batata frita” (Você não soube me amar), “Calma Betty, calma” (Betty Frigida).
Um tipo de mito deveria ser derrubado pela banda. Tocar no Canecão, palco consagrado pela MPB e referência como símbolo de sucesso e consagração artística. E essa consagração acontece no dia 11 de abril de 1984 iniciando uma sequência de 18 apresentações para um público de 54 mil pessoas. A banda chega ao ápice da carreira.
O Circo Voador, a rádio Fluminense FM e a casa noturna Noites Cariocas foram fundamentais para garantir um espaço de execução e apresentação das músicas do Rock Brasil e ao mesmo tempo serem alvo das pautas de jornalistas e garantir, assim, a divulgação das bandas.
Utilizando essa estrutura formada quase que ao acaso, o Barão Vermelho inicia sua carreira tocando exaustivamente no Circo Voador e enviando suas fitas de demonstração (demo tape) para serem tocas na Fluminense FM. Uma destas fitas chega ao dono do Noites Cariocas, o jornalista Nelson Motta, que gosta das músicas e resolve bancar o primeiro disco da banda. Gravado em dois dias o disco é lançado em 15 de setembro de 1982, isto é, antes do primeiro disco da Blitz, mas o sucesso tão esperado só aconteceria depois do segundo disco. Barão Vermelho 2 é lançado em maio de 1983 e novamente nada acontece. A banda ganha visibilidade quando o artista de MPB e ex – Secos e Molhados Ney Matogrosso regrava uma música do segundo disco da banda “Pro dia nascer feliz” a banda ganha visibilidade e as músicas começam a tocas nas rádios mais populares e já embaladas pelo sucesso do Rock Brasil. O Barão chegaria ao Rock In Rio de 1985 e a sua carreira continuaria em evidencia a partir deste momento.
Em São Paulo espaços como o do teatro da Lira Paulistana, o programa Fábrica do Som, o circuito dos SESC (Serviço social do Comércio) e as danceterias abriam espaço para bandas como Titãs, Ultraje a Rigor e Ira! As bandas com discos já gravados e ainda sem vendas expressivas e até bandas sem contratos assinados apresentavam-se nesses espaços como os Titãs que se apresentaram na Lira Paulistana em 1982 e no Fábrica do Som em 1983. Quando o primeiro disco só seria gravado em 1984.
Os Paralamas do Sucesso alcançam a mídia através da Radio Fluminense FM, como uma fita cassete gravada de forma artesanal com a música “Vital e Sua Moto”.
3.1 Comportamento, estética e discurso.
Luis Antonio Mello relata que em 1982, período em que era coordenador geral da Rádio Fluminense FM realizou uma pesquisa entre os ouvintes para escolher a melhor banda de rock, o resultado apontou o Led Zeppelin. A conclusão era que o jovem brasileiro estava defasado em relação ao que acontecia no resto do mundo, pois o Led Zeppelin já havia encerrado as atividades em 1979.
No Período pré Blitz, Evendro Mesquita, vocalista da banda, revela que no Rio de Janeiro uma concentração cultural acontecia na praia do arpoador onde se reuniam surfistas, músicos e atores. Muitos deles transitavam nos três ambientes, como o próprio Evandro, que além de surfista participava do grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone e tocava violão com suas letras e músicas novas.
No documentário “Blitz Documento”, Evandro Mesquita explica que disputava os músicos com a Marina e com a Gang 90. Lobão tocava com a Marina, o Pedro também, O Billy tocava com a Gang 90, a Blitz não dava grana nenhuma. E na apresentação da banda no Circo Voador a banda definiria se continuaria ou não. Fizeram camisetas da banda e convidaram toda a imprensa. O show foi o grande sucesso do verão de 1981 – 1982. No período em que o Circo Voador ainda estava no Arpoador. Dos convidados nenhum apareceu apenas a banda 14 Bis que gostou do som e levou a banda para o produtor Mariozinho Rocha da Odeon.
Desde suas primeiras apresentações os Titãs misturavam performance teatral, poesia e sátira social. Criando personagens e levando-os para o palco a banda cria forte identificação com o público e as performances chegam a programas de televisão como Clube do Bolinha, Programa da Hebe (Camargo), Perdidos na Noite e Domingo Legal. Nota-se que estes programas pertencem a diversos canais, horários e faixas de idade. Em apenas dois anos e dois álbuns lançados, Titãs (1984) e Televisão (1985) coloca a banda com 8 integrantes como grande referência no Rock Brasil.
3.2 Um comparativo cultural no início da década de 1980.
Brasil, Europa e EUA tem relações muito distintas entre o rock e a sociedade. Nos EUA o rock vem do blues que vem dos negros, isto é, da parcela marginalizada da sociedade. Tocar, dançar ou ouvir rock era para uma parcela pobre e discriminada da sociedade. Na Europa o rock encontra abrigo cultural nas classes operárias e nos movimentos universitários. Sindicalistas e estudantes inconformados utilizavam o rock como elemento de expressão e motivação para suas lutas. No Brasil o estilo segue uma tendência diferente e é absorvido pela classe alta da zona sul do Rio de Janeiro e pela burguesia paulista. Após a explosão da Jovem Guarda e o seu esfriamento, o rock retorna a mídia através de rádios AM alternativas e logo depois com o surgimento das FMs. Essas rádios tem como alvo as classes A e B e a faixa etária dos 15 aos 30 anos de idade.
Portanto o rock chega com sucesso e repercussão na classe média e alta brasileira, enquanto no resto do mundo o rock representa a contestação, a renovação e a luta por políticas socialistas e igualitárias. As poucas festas de rock ou eventos ligado ao estilo eram visto pelo governo e polícia brasileira como potencial local de conflitos e consumo de drogas, mas nunca como uma ameaça ao governo. Enquanto na Europa e EUA os jovens que ouviam o rock paravam países inteiros com suas greves e protestos, interrompiam guerras e denunciavam políticas econômicas perversas.
A juventude brasileira estava atrás da européia e da americana em muitos aspectos e um parâmetro de referencia são as casas de shows que abriam espaço para as novas bandas de rock. Temos cerca de 20 anos de distância quando comparamos o cenário brasileiro com o europeu no início da década de 1980. No Brasil o Circo Voador recebe bandas novas no início de 1982. Quando já estava estabelecido na Lapa, bairro da zona central da cidade do Rio de Janeiro. Por lá passaram bandas sem gravadoras como: Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Blitz, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens e Celso Blues Boy.
Comparando com a realidade européia podemos citar o Marquee Club em Londres. Inaugurado em 1958 como uma casa de Jazz logo depois se estabeleceu como ponto de encontro do público com as novas bandas de rock. No palco do Marquee passaram os Rolling Stones, Yarbirds e The Animals (1962). Além de estréias de bandas e artistas como Jimi Hendrix, David Bowie, Cream, Pink Floyd, Manfred Mann, the Who, The Nice, Yes, Led Zeppelin, Jethro Tull, King Crimson, Genesis, Moody Blues por toda a década de 1960.
Para efeito de comparação destacaremos um período para comparar a programação das casas mencionadas acima no dia 25 de dezembro de 1982 apresentava-se no Circo Voador a banda de rock progressivo Bacamarte. Formada em 1974 e que só gravaria seu primeiro disco em 1983 e nunca alcançando um reconhecimento de publico em forma de vendas e contratos comerciais. Já no Marquee quem se apresentava era a também progressiva banda inglesa Marilion formada um ano antes e como o primeiro registro, assim como o Bacamarte, em 1983. O Marilion alcançaria uma longa e reconhecida carreira na mídia. Realidades diferentes para bandas como o mesmo estilo músical. Isso deixa claro que o mercado europeu estava pronto para receber novas bandas devido ao seu passado que oportunizou outras bandas a alcançarem seu espaço junto ao público jovem que consumia o rock. Enquanto no Brasil a falta deste ambiente favorável ao jovem, principalmente pelo período da ditadura militar e a sua censura, impediu que a cultura de ouvir o novo se estabelecesse. Só mesmo a lenta abertura política e as condições criadas no início dos anos de 1980, permitiram que o jovem tivesse acesso ao rock.
3.3 Artistas nacionais de mídia e suas influências.
A explosão do Rock Brasil em 1982 e por consequência a formação de novos ídolos leva a análise de qual foi a influencia que esses novos ídolos recebiam. Quem eram seus ídolos e se esses ídolos realmente existiam. De onde buscavam inspiração e modelos de estética e comportamento.
Os artistas brasileiros que alcançariam destaque na década de 80 obtiveram sua formação pessoal e artística nos anos 70 dentre eles é importante ressaltar os personagens mais importantes. Lulu Santos e Lobão possuíam uma carreira anterior com a banda Vímama que apesar de muito reconhecida no meio alternativo era uma tentativa de reproduzir bandas internacionais de rock progressivo como o Yes, Genesis e Jetro Tull.
Herbert Viana, vocalista, guitarrista e letrista dos Paralamas do Sucesso relata na biografia da banda a forte influencia de nomes como o The Police no início da carreira da banda em 1980 e 1981.
Nota-se claramente que os artistas nacionais buscaram referencia em bandas americanas e européias, principalmente inglesas para construírem suas carreias e suas propostas artísticas e culturais.
3.4 – As gravadoras e a grande mídia.
As gravadoras são empresas que comercializam as músicas dos artistas. Esse segmento comercial iniciou suas atividades no fim do século XIX e alcançou estabilidade comercial na primeira década do século XX. A mais antiga gravadora do mundo é americana Columbia Records fundada em 1888 e em atividade até hoje. Desde então a venda de músicas se tornou um comércio lucrativo em todo o mundo. Gravadoras surgiram e montavam seus estúdios de gravação. Mas a dinâmica do mercado proporcionou fusões, divisões, incorporações e falências. Ao chegarmos ao nosso período de pesquisa encontramos o mercado do Rock Brasileiro com grandes gravadoras e artistas emergentes.
O Brasil teve suas gravadoras desde a fundação da Casa Edson no Rio de Janeiro que em 1902 lançou sua primeira gravação comercial. Passando por várias gravadoras o Rock Brasil encontra a Som Livre. Gravadora criada em 1969, para comercializar as trilhas sonoras das novelas da Rede Globo de Televisão.
A Blitz era contratada pela EMI (sigla de Electric and Músical Industries Ltd). Gravadora fundada em 1931 em Londres. E permaneceu na gravadora nos seus três primeiros discos. Os Paralamas do Sucesso foram artistas da gravadora do início de sua carreira até os dias de hoje.
O Barão Vermelho lança seus discos pela Som Livre até 1988 quando mudam para a WEA (Warner Music Group) gravadora americana fundada em 1958, que lançou os discos do Ira! Até a metade da década de 1990. Do Kid abelha e os Abóboras Selvagens do primeiro em 1984 até o final da década de 1990. De Lulu Santos de 1982 até 1986. Dos Titãs do primeiro disco de 1984 até 1998. E do Ultraje a Rigor de 1983 até o fim da década de 1990.
A Gang 90 lançou seu disco pela RCA (Radio Corporation of America) fundada em 1929 e que no Brasil o seu maior artista e vendedor de discos o cantor Nelson Gonçalves. Mas lançou o segundo disco de Lobão “Ronaldo Foi Pra Guerra” em 1984 que permaneceu na gravadora até o fim da década. E os discos de Lulu Santos de 1986 a 1989.
Lobão lança seu primeiro disco “Cena de Cinema” pela alemã BMG (Bertelsmann Music Group), depois se transfere para a RCA e voltaria para a gravadora no início da década de 1990. A gravadora receberia também o ultimo disco de Lulu Santos na década “Popsambalanço e Outras Levadas”.
No documentário Universo Lobão, do canal Bis, o próprio artista revela que quando assinou pela sua primeira gravadora chegou ao prédio e se deparou com uma faixa “Bem vindo à casa do samba”, era uma gravadora de sambistas e ele foi tratado como playboy. Neste mesmo momento foi convidado pelo maestro Guto Graça Mello, produtor músical da Rede Globo de Televisão, a colocar uma música do seu primeiro disco em uma novela da emissora. E quando foi a sua gravadora pedir o material promocional para levar ao produtor da Rede Globo ele foi impedido pelos diretores com as palavras “Você acha que eu vou dar mole pra playboy? Não vou dar não, você vai mofar aqui dentro.” Lobão procura o diretor geral da gravadora que estava em São Paulo. Ele então se tranca na sala do diretor e quando percebeu que não seria atendido quebra toda a sala do diretor.
A Blitz arrombou a porta da MPB e apresentou ao Brasil o que viria a ser, o que hoje a gente chama de Rock Nacional, BRock ou Rock Brasil dos anos 80. Tanto que o fenômeno Blitz detonou nas outras gravadoras concorrentes da EMI, a busca pela próxima banda se sucesso. Muita gente veio na esteira da Blitz, tem histórias do Renato Russo pedindo pra Legião (Urbana) abrir um show da Blitz em Brasília. Quando o Ritchie ouviu Você Não Soube Me Amar na rádio, ele que já tinha meio que desistido da carreira artística, estava dando aula de inglês, falou “os caras que moram em frente ao Lobão em São Conrado conseguiram emplacar uma música na rádio, vou tentar de novo também. (Rodrigo Rodrigues, jornalista, músico e escritos no documentário Blitz Documentos)
Segue abaixo tabela das bandas e suas gravadoras.
EMI Bliz e Paralamas do Sucesso
Som livre Barão Vermelho (até 1987)
WEA Barão Vermelho (a partir de 1988), Ira!, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Lulu Santos (até 1986), Titãs e Ultraje a Rigor.
RCA Gang 90 e as Absurdetes, Lobão (a partir de 1984) e Lulu Santos ( a partir de 1987 até 1989)
BMG Lobão (até 1983), Lulu Santos (1990)
3.5 O sucesso nas ruas, rádios e televisões.
Em 14 de agosto de 1982 a Blitz se apresentava pela primeira vez no Cassino do Chacrinha. O programa foi exibido em um sábado as 16 horas. O disco da banda só seria lançado dois meses depois, mas o sucesso do compacto lançado no mês anterior e com mais de 100 mil cópias já vendidas levou rapidamente a banda para a televisão.
Já no mês de outubro de 1982 a Blitz aparece nos dois primeiros capítulos da novela Sol de Verão, da Rede Globo. Onde a banda se apresenta na festa de aniversário de 18 anos de um dos personagens. Em 13 de outubro de 1982 a crítica já comentava o futuro lançamento do primeiro disco da Blitz na crítica da colunista da seção de cultura do jornal O Globo, Ana Maria Bahiana, que transcrevemos aqui:
“As Aventuras da Blitz” (Odeon). Na esteira de um compacto de sucessolegítimo – Você não soube me amar, que pulou a esfera da simples execução em rádio para cair no dia a dia da vida real da cidade – um elepê sempre divertido, que roça o brilhante quando Evandro Mesquita – cantor, letrista, articulador ideológico da Blitz – dá vazão ao seu fino humor educado por anos de Asdrúbal Trouxe o Trombone. Tormentos da classe média, Tv, cartuns e impasses juvenis desfilam ao som de um grupo que leva vantagem, ou seja, sabe tocar. Um problema: Por quanto tempo a Blitz conseguirá ser fiel ao seu próprio modelo sem ser prisioneiro dele? Aguardem o próximo Capitulo.
A Coluna de Carlos Swann, de 11 de novembro de 1982 mencionava a futuro lançamento de As Aventuras da Blitz, em recorte que apresentamos a seguir.
O ano de 1982 está perto do fim e a Blitz continua sua ascensão na mídia. No dia 27 de novembro a banda se apresenta no Maracanã, na tradicional chegada do Papai Noel. Com um público de aproximadamente 200 mil pessoas a banda toca as músicas Você não soube me amar e Geme, geme.
Antes mesmo da Blitz chegar ao Cassino do Chacrinha, Lulu Santos já estreava no programa em 17 de julho de 1982, ao lado dele participavam do programa Gonzaguinha, Fafá de Belém, Fábio Junior, Sergio Reis, Ângela Maria e Jane e Herondi. Lulu Santos ainda era um som isolado da juventude em uma mídia ainda dominada pelos mesmos nomes dos anos de 1950, 60 e 70.
Com alguma experiência acumulada Lulu Santos trabalhou com trilhas sonoras, principalmente compondo para Ricardo Graça Mello, onde a música “De Repente Califórnia” da trilha sonora do Filme Menino do Rio (1981) consegue boa execução nas rádios. A peça teatral “Numa Nice” tem as musicas compostas por Lulu Santos e interpretadas pelo mesmo Ricardo Graça Mello.
Em matéria no Jornal O Globo de 15 de outubro de 1980 (um ano antes da explosão da Blitz) a colunista Hidegard Angel colocou nota que funciona perfeitamente como cartão de apresentação de Lulu Santos.
Dois anos depois o primeiro disco chega aos jornais e a colunista mais ligada a musica jovem, Ana Maria Bahiana comenta o lançamento do disco Tempos Modernos na sua coluna do dia 10 de agosto de 1982. A colunista classifica o disco como New Wave à brasileira executada com rara competência. Uma semana depois Lulu Santos já´estava no programa Geração 80 da Rede Globo.
Conclusão
Caminhar pela história do Rock Brasil é atravessar um terreno ainda pouco conhecido, apesar de não ser um movimento recente, pois alguns dos seus principais personagens já completaram 30 anos de carreira em 2012. Observar um fenômeno tão de perto pode causar algumas distorções ou visões parciais de um grande movimento. E procurando não estudar e problematizar uma questão muito ampla fixamos apenas no nascimento do movimento cultural. Passando pelas condições que levaram ao seu surgimento e comparando o momento do nascimento do Rock Brasil com os movimentos semelhantes na Europa e nos EUA.
Ficou claro que o final do período da ditadura militar no Brasil contribuiu para que esse movimento acontecesse. Desde o golpe de 1964 o país viveu forte repressão do pensamento individual, viveu sob censura cultural e política, exilou políticos de oposição e intelectuais que contestavam o sistema implantado. Os mais de 20 anos de período militar estacionou os movimentos culturais que germinam na sociedade espontaneamente. Europeus e americanos do norte continuaram seus movimentos culturais sob um clima de liberdade, mesmo com pontuais movimentos conservadores, que surgiam dentro da própria sociedade, desenvolvendo e experimentando novas culturas. Contestaram seus próprios costumes e ao mesmo tempo incorporaram culturas estrangeiras, como a cultura indiana. Enquanto no Brasil a censura impedia o nascimento de novas culturas e tentava valorizar apenas o que era nacional, como o difundido “Brasil, ame-o ou deixe-o”.
A abertura controlada de Geisel e Figueiredo poço colaboram para o avanço na cultura brasileiro, apenas Figueiredo executou algumas políticas de abertura com a anistia e flexibilização da censura, que de toda forma ainda ceceou muito a liberdade de expressão. Como por exemplo, o primeiro disco da Blitz, que para ser lançado teve suas duas ultimas faixas arranhadas manualmente disco por disco por não serem aprovadas na censura e o disco já estava prensado e pronto para ir as lojas. E como admitimos que a cultura só existe pela sua capacidade de propagação, de atingir cada indivíduo e a partir dele formar grupos de identificação em comum e esses grupos comporem movimentos de alcance social significativo a ponto de transformar comportamentos e formar novos conceitos e novas realidade. Portanto as práticas dos presidentes militares bloquearam estes caminhos e impediram grande parte destas conexões.
As bandas de rock brasileiras, formadas fundamentalmente por jovens, dos anos de 1970 sofrem por essas barreiras impostas pelo regime militar. O que por muitos pode ser considerado como um período ruim com poucas bandas ou artistas de linguajem jovem, liberal e contestadora, na verdade é um período de castração cultural, principalmente a contestadora. As bandas e os artistas estavam produzindo, resistindo e apresentando novas propostas culturais/musicais, inclusive o Rock Brasil, mas que sem destaque na mídia, sem discos divulgados, sem rádios e TVs apoiando não alcançaram o grande público e não tiveram a oportunidade de transmitir a cultura, principalmente a musical. Artistas e bandas como Bicho da Seda, A Bolha, Vínama, Raul Seixas, Made in Brazil, A Cor do som e Casa das Máquinas, realizavam shows, participaram de festivais e até gravaram discos, mas as demais condições para que a cultura se difundisse não permitiram que essa geração despontasse, mas levou artistas até aos anos de 1980 para, desta forma, colaborar com o surgimento do Rock Brasil.
A falta deste suporte de mídia, combinado com a repressão da política de governo militarista em vigor impediu que a geração dos anos de 1970, se tornasse a geração do Rock Brasil, deixando esse legado para a década seguinte. A insipiente rádio FM, a falta de programas de TV e o desinteresse da mídia impressa pelo rock brasileiro relegou essa geração a condição de pré Rock Brasil, mas sem deixar de significar a base artística e técnica, no sentido de formação musical dos artistas, para a geração seguinte.
O grande salto em relação ao número de consumidores deste “novo” Rock Brasil acontece depois da divulgação nas rádios e do início de um circuito de shows e novos espaços em casas noturnas. Fui na televisão que o Rock Brasil ganha forma, cor, estilo e personalidade. Roupas, gírias e comportamento passam a ditar a nova moda ou nova cultura de massa. Progamas de auditório, novelas, entrevistas e o início dos videos clips ajudaram a identificar o público jovem com esse novo modelo de comportamento. Portanto a televisão cumpriu papel fundamental para a consolidação deste movimento.
O jovem brasileiro, consumidor desta nova cultura, passa a ter interesse no que acontece no restante do mundo, pois as rádios não executam apenas os sucessos nacionais. As bandas e artistas da Europa e dos Estados Unidos passam a ser consumidos juntamente com as bandas e artistas brasileiros e nesse momento se percebe a enorme distância cultural do Brasil para os demais países. Enquanto as bandas brasileiras tem suas letras censuradas ou os artistas não tem ousadia suficiente para expressar suas idéias ou, ainda pior, não tem formação cultural suficiente para apresentar novas propostas. A bandas européias e americanas são formadas por jovens de grande história de liberdade e ousadia de pensamento. Jovens que são filhos das gerações hippie ou beatnik expressam em suas letras de música e em seu comportamtento a liberdade de décadas sem censura governamental. Enquando os jovens brasileiros da década de 1980 são filhos de uma geração que cresceu sob os vinte anos de ditadura militar.
As medidas de abertura do governo do presidente Figueiredo contribuira para o nascimento do Rock Brasil no sentido de voltar as atenções dos censores para um veículo que atingia muito amis pessoas que as, ainda inexpressivas, bandas de Rock, a televisão. Mesmo com graves problemas com a censura algumas musicas que certamente não seriam lançadas antes de 1979. Como a própria música de marca o nascimento do Rock Brasil, Você não soube me amar” que abertamente diz “Mas realmente, eu preferia que você estivesse nua” a cena obscena que se formaria na cabeça dos censores vetariam esta música para execução pública.
Concluímos que a juventude brasileira dos anos de 1980 viveu um período de atraso em suas liberdades, principalmente a cultural e musical. Privada por duas décadas de sua liberdade de expressão, além de não possuir um passado de movimentos culturais próprios como EUA e Europa viveram. O que restava era copiar o que era importado, versões em português de musicas estrangeiras, copias das roupas da moda e do comportamento do jovem europeu e americano. O artista brasileiro não tinha acesso as modernas técnicas de gravação e a instrumentos de melhor qualidade. A qualidade de gravação dos discos nacionais era muito inferior aos discos de grupos e artistas internacionais. Culturalmente o jovem brasileiro e o Rock Brasil chega ao início dos anos de 1980 com, pelo menos, 20 anos de atraso em comparação com o jovem europeu e americano.
Filmografia
Napalm: O som da cidade industrial Direção: Ricardo Alexandre Produção: David Barkan e Ricardo Alexandre Direção de fotografia: David Barkan Montagem: Fabiana Freitas.
A vida até parece uma festa. Direção Oscar Rodrigues Alves e Branco Mello. Produção Academia de Filmes e Casa Cinco. 2008.
Blitz Documento. Direção e Roteiro de Rafael de Paula Rodrigues. Produzido Pelo Canal Bis e Soul Filmes.
Universo Lobão. Direção de Rafael de Paula Rodrigues. Produzido pelo canal BIS e Soul Filmes. 2012.
Tendler, Silvio. Era das Utopias. [Documentário – Vídeo]. Produção Executiva: Ana Rosa Tendler. Direção e Roteiro: Silvio Tendler. Brasil. TV Brasil, Rádios MEC, Nacional, Nacional da AM e Alto Solimões. 2009. DVD. 6 episódios de 26 minutos. Som.
Mello, Branco. A vida até parece uma festa. [Longa metragem – Filme]. Direção: Branco Mello e Oscar Rodrigues Alves. Produção: Ângela Figueiredo e Paulo Roberto Schmidt. Filme. Acedemia de Filmes e Casa 5. 2008 100 minutos. Som.
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SUZIGAN, Geraldo. O que é Música Brasileira . São Paulo: Brasiliense, 1990 (Coleção
Primeiros Passos; 238)
Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-37575849789851068632017-01-14T20:09:00.000-02:002017-01-14T20:09:45.320-02:00A vida é política
O despotismo da liberdade contra a tirania.
- Robespierre
Podemos chamar de história o movimento dos homens no planeta. Rochas, campos, florestas e mares não produzem resultado cultural sem a nossa presença. O fazem apenas quando alterados pelo homem, e como animal social o homem ou o conjunto de homens se entrelaçam pela cultura, em diferenças e semelhanças. E de acordo com Oswald Spengler, em “A Decadência do Ocidente”, essas relações se sustentam pela política “da menor manifestação instintiva até a medula”
O que diferencia uma nação ou um povo do outro é a sua confiança nas tradições. E o perfeito domínio deste conhecimento transforma o seu detentor em líder, guru, mestre ou, politicamente falando, Estadista. O conhecedor de homens, cultura, situações ( ou processos) e coisas (materiais e imateriais). O Estadista é um educador de seu povo, perfeito exemplo de moral e garantias de segurança, física e espiritual. Mais forte do que templos e igrejas, parlamentos e câmaras, conceitos ou preconceitos, ele se impõe pelo exemplo, como foi o messias cristão e não como a igreja que se formou em torno de seu nome. Seguindo as formas modernas de se conquistar e manter o poder o Estadista precisa se valer da eleições e dos meios de comunicação. Ou até ignorá-los mas precisa, fundamentalmente saber como dominá-los.
Desde a política primitiva de aldeias, vilas, campos e grupos isolados da nossa história antiga, passando pelos períodos de absolutismo e chegando finalmente nos primeiros pensamentos republicanos podemos entender que a sociedade, da mais simples a mais organizada e complexa, a cultura levou ao conflito das ideias diferentes. Esse produto orgânico deu forma ao conceito e a formação de partidos políticos e, ainda de acordo com Spengler, nada mais irrestritamente negativo, destrutivo e nivelador conceito de igualdade do que um partido político. Os partidos são fenômenos puramente urbanos.
A fundamentação partidária caminha por um dualismo simples, mas que a modernidade transformou em muitos nomes, símbolos e conceitos, muito mais por conveniências pessoais do que filosofias políticas. No simples dualismo político ou se está no poder ou se quer toma-lo para si. Dos livros como: O Príncipe ou O Capital que dividem fundamentalmente as ideias. Maquiavel e Marx já estão envelhecidos e soam como velhos reacionários em seus ofícios.
Política que se fundamenta no dinheiro gera uma falsa democracia, que é vendida a todos nós que não podemos compra-la. Não podemos chamar de democracia um sistema que se fundamenta no dinheiro para que funcione e que inclua as pessoas. Não se pode acredita que uma pessoas sem o mínimo de posses e conhecimento de como a imprensa funciona tem possibilidades de atuar de forma decisiva no campo político de um cidade ou de um país. Devemos incluir no campo político o acesso a cargos do judiciários, mas cargos distantes dos juízes das comarcas locais, mas sim os altos cargos onde geralmente só se alcança por indicação de um grande agente político.
Estamos tão ligados, muitas das vezes de forma involuntária, ao jogo político que não conseguimos criar distância suficiente para perceber a influência do dinheiro e das redes de informação que estão ao nosso redor. Isso até chegar uma nova rede com novo e maior aporte financeiro e nos fazer perceber que saímos de uma onda ilusória para cair em um mar de deslumbramento e nova ilusão tão forte e alienadora quanto a anterior.
Por fim, o que na democracia seria definitivo, como as provas, no mundo real, este em que vivemos, a prova definitiva é apenas a vitória, que está longe de ser a verdade na maioria dos casos. E vitória eleitoral, financeira, pessoal ou midiática estão no mesmo plano. Em época de hegemonia do dinheiro requer que estejamos atentos ao que nos é caro. Nossas virtudes, tão sem importância para a mídia, são nosso único lugar seguro.
SPENGLER, O. A Decadência do Ocidente: esboço de uma morfologia da História Universal. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1964.
Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-1474205805196385692013-04-16T17:54:00.000-03:002013-04-16T17:54:11.198-03:00Resenha de Raízes do Brasil I – Fronteiras da Europa II – Trabalho e Aventura Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
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Graduação em História
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Bruno Botelho Horta
Sétimo Período
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Resenha de Raízes do Brasil
I – Fronteiras da Europa
II – Trabalho e Aventura
De: Sérgio Buarque de Holanda
Matéria: Historiografia do Brasil
Professor: Meynardo
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Macaé/RJ
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Sérgio Buarque de Holanda foi um dos maiores historiadores do Brasil. Considerado um escritor clássico e de referência para muitos pesquisadores, professores e estudantes de diversas matérias que tem o homem e o povo brasileiro como tema de interesse. Sergio Buarque participou do movimento modernista de 1922 e atuou na imprensa nos anos seguintes. Por atuar neste setor foi indicado como correspondente na Europa, lá conheceu a obra de Max Webber que influenciou seu trabalho. Em 1936 retorna ao Rio de Janeiro onde lança a monumental obra. Raízes do Brasil.
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Traduzido para diversos idiomas o livro se transformou em um clássico da historiografia e da sociologia brasileira. Ao lado de autores como Caio Prado Junior e Gilberto Freire, Sérgio Buarque é referencia, até os dias de hoje, de como entender os problemas fundamentais do Brasil. No livro a colonização portuguesa é analisada de forma ampla, sem perder as influências européias, principalmente as espanholas.
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Holanda inicia o texto chamando a atenção para que Portugal e Espanha (países ibéricos e por isso diferentes dos demais europeus), em seu período de colonização, tentavam implantar um modelo europeu, muito particular destes dois países, em um novo e extenso continente. Extenso tanto territorialmente quando culturalmente e geograficamente. Espanhóis e portugueses possuíam uma característica em comum, quando abortavam o ser humano, acreditavam que o homem bastava a si próprio, que ele se bastava para existir. A organização era necessária e até divina, pois se no céu havia Deus, querubins e serafins. Na terra deveria haver o rei, seus governadores e administradores. O modelo celestial deveria ser representado na terra dos homens tementes a Deus.
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Dois destaques, quanto a característica do povo ibérico são ressaltadas no início do texto. Holanda ressalta a característica de adaptação e convivência com novas culturas apresentadas pelos povos ibéricos, principalmente os portugueses. Além da repulsa natural destes povos pelo trabalho. Com a tendência a utilização de escravos, servos ou camponeses as elites ibéricas não eram afeitas ao trabalho.
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No segundo capítulo intitulado Trabalho e Aventura, Holanda ressalta o valor do povo português na conquista histórica da região tropical do globo. Foi ume empreitada monumental, mas não sem um pouco de descaso e improviso português, pois nenhum plano de conquista foi elaborado e sim uma sequencia de improvisos. O português que ignorava fronteiras e por onde encontrou obstáculos os transformou em trampolim para novos horizontes.
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Os portugueses encontram na América um choque de costumes, padrões, clima e aspectos geográficos. Mas essa condição estimulou a mobilidade social da nova terra, o que facilitou a vontade de mudar de condições do homem quinhentista. E como o branco ibérico não encontrava atração para o labor agrícola. Deixou aos nativos e mestiços essa função e seguiu em sua sede de aventura e conquista pelos oceanos e novas terras.
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Holanda relata que o português viajava para buscar riquezas que custavam ousadia e não trabalho. As empresas agrícolas brasileiras não atraiam os portugueses e sim as viagens ultra marinas. E quando a extração de riqueza era proveniente do solo, como o pau Brasil, os portugueses utilizavam a terra como senhores e não como usuários dela. Desfrutavam da terra e a deixavam destruída.
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O ibérico não possuiu qualquer sentimento de separação racial. Provavelmente uma herança dos mulçumanos que já ocuparam a península e que estão, também, ao norte da África. Segundo Holanda o português que chega ao Brasil em 1500 já é um povo miscigenado. Logo o nativo brasileiro e o negro africano aumentam a carga de mistura ao povo ibérico, principalmente o português. Não apenas por suas raças ou suas culturas, mas principalmente por sua condição. Como os negros, na condição de escravos, colaboram para formação do povo brasileiro.
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No Recife os holandeses ocupam a cidade na intenção de estabelecem uma “Nova Holanda”. Constroem palacetes e valorizam a cultura local. Além de trazer o protestantismo que por não trazer nenhuma nova excitação aos sentidos não modificou a forma de pensar dos nativos e não os incentivou a mudar de hábitos.
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Pode-se concluir que as expedições colonialistas portuguesas e espanholas se deram muito mais pelo espírito de aventura e conquista do que pela vontade de dominar novas terras. Evidentemente as novas terras não poderiam ser desprezadas, pois nelas havia a promessa de ouro e metais preciosos. Mas a hipótese de trabalhar nas terras não era a vontade portuguesa. A utilização dos escravos foi fundamental para o funcionamento das primeiras empresas. Os ibéricos queriam o poder mas não o trabalho, queriam o lucro mas não o investimento, queriam usurpar tudo da terra, sem se preocupar com a exaustão ou não destes recursos.
Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-8745546070399519082013-04-16T17:51:00.004-03:002013-04-16T17:52:29.917-03:00Resenha de Casa Grande e Senzala Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
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Graduação em História
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Bruno Botelho Horta
Sétimo Período
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Resenha de Casa Grande e Senzala
Introdução a História da Sociedade Patriarcal no Brasil
De: Gilberto Freyre
Matéria: Historiografia do Brasil
Professor: Meynardo
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Macaé/RJ
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Pernambucano de Recife, Freyre é um homem do século XX mesmo nascendo em 1900. Seu interesse por literatura aparece logo cedo em sua infância e com 14 anos já leciona Latin. As 17 anos forma-se em letras e o caminho das palavras se abre para esse gênio da história brasileira. Aos 18 anos inicia sua experiência fora do Brasil. Forma-se mestre nos EUA e troca experiências com diversos pensadores e pesquisadores do mundo. Aos 24 anos retorna ao Brasil onde inicia grande produção científica e acadêmica. Circulando pelas rodas de poder e da imprensa em Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, conhece o continente africano de onde retorna a Lisboa e inicia os estudos para a produção de sua obra clássica. Casa Grande e Senzala.
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Em 1933 o livro é lançado e repercute em toda imprensa brasileira e internacional se transformando em obra de referência para a história e sociologia brasileira.
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Freyre analisa profundamente a formação da sociedade brasileira, suas características, sua formação, seus problemas e desafios. Além de desvendar mitos e esclarecer pontos nebulosos da nossa história.
Partindo de 1532, Freyre estabelece o início da base da sociedade brasileira, onde depois de um século de experiência nos trópicos os portugueses iniciam a ocupação do território brasileiro. A sociedade surge com bases agrárias, escravocratas e em hibridismo com indígenas e negros na sua composição.
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O português já carregava em si a predisposição para a miscigenação, pois sua posição geográfica o colocava ao mesmo tempo na Europa e na África. Em seu território viveram celtas, germanos, romanos, normandos, entre outros. Além de culturas feudais, cristãs, monogâmicas e mulçumanas. O fator climático também favoreceu a adaptação do português aos trópicos, pois a proximidade com o clima africano proporcionou a península ibérica experimentar ares mais quentes. E dos antropólogos que procuraram um tipo físico unificado do português nenhum conseguiu resultados positivos.
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Quanto ao temperamento Freyre destaca a descrição de Ferraz de Macedo que aponta para dificuldade de apontar o tipo português que apresenta hábitos, aspirações, interesses, índoles, vícios e virtudes variadíssimas. As culturas européias e africanas estão misturadas entre catolicismo e maometismo, fazendo de sua moral, economia, arte e de sua vida um regime de influencias que se alterna, se equilibram ou se hostilizam.
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A mobilidade foi fundamental para a expansão portuguesa, de sua rala população apenas a mobilidade e a miscigenação poderiam ampliar a ação portuguesa pelo mundo.
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O sucesso dos portugueses é exaltado constantemente por Freyre indicando que eles foram vitoriosos onde ingleses, franceses e holandeses fracassaram. A ação portuguesa nos trópicos foi a grande conquista do povo português.
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Desmistificando a carta de descobrimento onde diz que em nosso solo “em se plantando tudo dá”. Freyre aponta que o solo não foi tão benéfico para os portugueses como se imaginava excetuando-se as terras roxas e pretas, o colonizador encontrou um solo áspero, intratável e impermeável. Rios que secavam ou transbordavam arrasando a terra e dificultando a vida das famílias.
Finalizando Freyre afirma que os primeiros degradados e expulsos de Portugal para o Brasil em nada atrapalharam o desenvolvimento da nova terra. Que seguiu sua “gostosa” miscigenação e formação de seu povo.
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É fácil perceber que o texto de Gilberto Freyre desfaz alguns dos mitos da colonização. O autor proporciona ao leitor um choque de realidade onde homens fortes e heróis são colocados em suas reais condições de humanos. Povos indígenas, europeus e africanos são colocados em uma perspectiva real, aos olhos humanistas do autor. Mas, por outro lado, Freyre enaltece o povo português. Valoriza suas conquistas e suas superações. Destaco este fato por hoje os portugueses carregaram a fama da falta de inteligência, mas como destaca o autor, foi um povo que dominou grande parte do mundo, por um longo período dominou as navegações a as rotas comerciais por grande parte do mundo. E construiu um império onde o sol nunca se escondia.
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Concluo concordando com o valor histórico e fundamental desta obra. E reconhecendo como obra clássica e fundamental para entender a colonização portuguesa no Brasil.
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Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-38196499571716811022013-03-11T19:41:00.001-03:002013-03-11T19:41:33.979-03:00Outras Classificações. O problema das línguas indígenas Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História
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Bruno Botelho Horta
Sétimo Período
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Outras Classificações. O problema das línguas indígenas
De: MÁRIO CURTIS GIORDANI
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Matéria: História da América pré colombiana
Professor: Marcelo Abreu
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Macaé/RJ
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Classificações raciais:
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Os índios encontrados pelos colonizadores na América do Norte possuíam características físicas muito diferentes com variações de estatura, estrutura óssea, índices cefálicos, nasal e facial, cor da pele, cor e aspecto do cabelo. Todas essas características resultantes das migrações do velho mundo com adaptações ecológicas, derivações genéticas e tendências evolutivas.
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Classificações Culturais.
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Clark Wissler falecido em 1947 classificou os povos pré colombianos de acordo com características gerais que envolvem o tipo de alimentação, a tulização da pesca, do artesanato, o nível de desenvolvimento da agricultura, a habilidade na técnica de cestaria e o tipo de habitação utilizada.
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A Importância do Estudo das Línguas Indígenas
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Interesse pela própria língua
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O estudo das línguas indígenas permite definir as características fonéticas e morfológicas facilitando o contato com os habitantes do velho mundo.
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Importância para as pesquisas etnológicas
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O estudo das línguas indígenas facilita o estudo da origem dos povos, pois as famílias lingüísticas indicam uma conexão com o passado. Essas conexões permitem a análise das estruturas sociais e a partir de então criar uma classificação etnológica.
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Chaves para entender manuscritos indígenas
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No México e na Guatemala os registros escritos foram mais intensos caracterizando um elevo nível de adiantamento social.
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Critério para classificação dos Ameríndios
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O desenvolvimento cultural é analisado através da variedade e adiantamento dos níveis de escrita e idioma.
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Prova de migrações indígenas no passado.
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As movimentações dos grupos humanos pelo território das Américas comprovam uma modificação nos sistemas culturais mas não nas alterações lingüísticas. Estas permanecem com poucas alterações mesmo após modificações geográficas e culturais. A distribuição das famílias lingüísticas demonstra a forma de expansão dos grupos indígenas em determinado território.
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O estudo das línguas indígenas através dos tempos
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Por 300 anos após o início da colonização da América apenas os estudos jesuíticos era os responsáveis pela interpretação das línguas indígenas. No caso brasileiro o litoral apresentava o domínio da língua Tupi, a expansão desta língua promoveu o estabelecimento de uma língua geral o Tupi, assim como aconteceu com o Guarani no Paraguai. Transformando o país em uma população bilíngüe, sendo o espanhol utilizado pelas elites e o guarani pela massa popular.
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O número de línguas indígenas
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Em 1578 o padre Kircher estimou em cerca de 400 o número de línguas utilizadas no novo continente com o avanço dos estudos alguns chegaram a estabelecer cerca de duas mil línguas no continente. Apenas na América do Norte foram detectadas 58 línguas tronco em um universo de apenas 800 mil habitantes e cada língua como cerca de 4 ou 5 sub divisões. Foi detectado, também, que nenhuma das línguas utilizadas tem origem fora do continente americano.
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Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-79535862260915139832013-03-09T15:33:00.000-03:002013-04-16T17:52:51.728-03:00A evolução cultural dos ameríndios através dos milênios Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História
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Bruno Botelho Horta
Sétimo Período
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A evolução cultural dos ameríndios através dos milênios
De: MÁRIO CURTIS GIORDANI
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Matéria: História da América pré colombiana
Professor: Marcelo Abreu
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Macaé/RJ
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Introdução
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Após ficar claro que a origem do homem americano em grande parte se deve a migração de elementos asiáticos é importante observar como a cultura desse homem contribuiu para sua formação. As novas plantas, a cerâmica, metalurgia, escrita e outros traços característicos só foram desenvolvidos na América. Deixando claro que a arqueologia sempre trará novos elementos para contribuir na análise histórica desta ocupação.
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Schobinger definiu os tipos básicos dos primeiros homens que habitaram a América:
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- Caçadores Inferiores: Praticavam a coleta da alimentação existente, principalmente em zonas inóspitas.
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- Caçadores Superiores: Utilizavam recursos mais avançados de caça como o arco, a zarabatana ou as bolas.
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- Caçadores – Plantadores: Cultivavam os vegetais além de praticar a caça.
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- Plantadores Recentes: Além de possuir as formas anteriores de cultivo e caça, desenvolveram a arte têxtil e a cerâmica.
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- Altas Culturas: Possuíam organização social, arquitetura e redes de comunicação.
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Estágio Pré Pontas de Projétil
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Corrente de estudo que acredita que homem habitava a América antes das migrações mongóis e que estes habitantes eram essencialmente raspadores de pedra para desenvolver suas ferramentas. Isto é, as pontas afiadas ainda não foram descobertas ou desenvolvidas pelo homem.
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Estágio Paleo Índio.
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Neste período, cerca de 10 mil anos atrás, os artefatos encontrados possuem algum nível de sofisticação como pedras e pontas delicadamente trabalhadas para realizar tarefas cotidianas.
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Período de Transição
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Neste estágio já é encontrada a coleta de moluscos e sementes para a agricultura rudimentar. Além da moagem e aperfeiçoamento das ferramentas. Neste período encontram-se as primeiras cestas, sandálias e até os primeiros sepultamentos.
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Origens e Difusão da Cerâmica
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A cerâmica por seu um objeto frágil é uma marca definitiva de que o homem que a utilizou estava estabelecido no local. O seu grau de refinamento e de ornamentação é responsável pela identificação do nível de adiantamento cultural dos povos que a utilizavam.
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Frank da Costa faz um painel da utilização da cerâmica no novo mundo.
Por volta de 3.000 a.c. a cerâmica foi encontrada no Equador e na Colômbia. No Equador ela se encontra elaborada, com pintura se figuras muito finas. Já na Colômbia dois tipos foram encontrados o muito tosco em Valdívia e o mais elaborado em Puerto Hormiga.
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Desenvolvimento Cultural “Recente”
Áreas Nucleares: Meso América e Área Andina.
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A Meso América se estende do norte do México até a Nicarágua e foi nessa região que os primeiros habitantes do continente mudaram sua dependência de culturas selvagens para uma agricultura controlada. É considerada como a cultura matriz desta região a cultura Olmeca entre 1500 e 1000 a.C.
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Por volta de 300 a. C. cresce a cidade de Teotihuacán que se torna uma das maiores cidades pré industriais do mundo. Possuindo organização política, religiosa, comercial e artística. O desenvolvimento desta cidade e sua expansão deram origem a civilização Maia. Logo depois surgiria a civilização Asteca que em poucas décadas saiu das ilhas do lago Texcoco e dominou a maior parte do México.
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No Peru se desenvolveu a cultura Mochica onde a principal característica era a vida urbana com milhares de casas. Na sociedade eram encontrados governantes, guerreiros, escravos, cativos, sacerdotes, artesões e pescadores. Em 200 anos aparecem os padrões econômicos, sociais e ideológicos. A região foi abandonada a cerca de 1.200 d.C. mas contribuiu para o surgimento do Império Inca.
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Área Intermediária ou Circum Caribe
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Área que nunca alcançou um desenvolvimento independente, devido a proximidade com as áreas nucleares. Só no início da era cristã apresentou alguma característica particular. Destacando-se a cultura Barrancóide com os mais belos monumentos do período pré colombiano.
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Florestas
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Na foz do Rio Mississipi se destacou o complexo Poverty Point entre 1.200 e 400 a.C. Onde foram encontrados montes artificiais, lâminas de machados e figuras na argila. No vale do Ohio destaca-se a cultura Adena com notáveis construções e estruturas cerimoniais. No Rio Illinois em 300 a.C. surge a cultura Hopewell com desenvolvimento funerário e especialização artesanal. Além das marcante diferença social. Na região da Amazônia a cultura ainda é pré cerâmica e de pouco desenvolvimento cultural.
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Desertos
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Na região do novo México e Arizona os Mogollons se destacam com casas semi subterrâneas, utilização de madeira como estaca para sustentar telhados de terra. Os Anazis, no Novo México, possuíam características urbanas ainda em 1.300 a.C. Os Hohokan ocupavam o sul do Arizona e para superar as barreiras do deserto abriram canais de 10 metros de largura e com até 16 km de extensão.
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Campos
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Os pampas do sul do continente americano apresenta um número menos de indícios de desenvolvimento pré colombiano do que o norte. Ao norte ficaram so grupos ceramistas e sedentários.
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Costa do Pacífico
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Ao norte a agricultura se desenvolveu junto com a cerâmica, tecelagem e metalurgia. E a consolidação da vida sedentária na região do Atacama.
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Marginais
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Formado por grupamentos humanos que não desenvolveram as culturas de se fixar na terra e desenvolver atividades comuns.
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O Ártico
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Uma região que se estende do estreito de Bering até a Groelândia foi habitado pela cultura esquimó. Baseada na alimentação de mamíferos marinhos e estabelecida como uma comunidade desde 1000 a.C. Aperfeiçoaram o uso de instrumentos cortantes e o uso de armadura e trenós.
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A alimentação através dos milênios da caça e coleta a agricultura.
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Os primeiros homens que ocuparam a América viviam em constante busca pelo alimento e três palavras resumiam bem o que eram: caçadores, pescadores e coletores. A evolução cultural destes homens começou com o aprimoramento da agricultura mas sem deixar de caçar e coletar. A produção do próprio alimento transforma a vida do homem primitivo da América de três formas: 1 – Permanência na terra (fim do nomadismo). 2 – Aumento de densidade demográfica (maior numero de filhos). 3 – Aumento de tempo excedente (o alimento está mais próximo). Esse conjunto de fatores contribuiu para desenvolvimentos no campo social, político e religioso.
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As estruturas político sociais
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Os sítios arqueológicos a beira do Rio Mississipi revelaram a existência de camadas sociais com locais de sepultamentos diferentes para cada classe. Os grupamentos de homens podem ser definidos da seguinte forma:
Bando. Sociedades simples e sem lideres.
Tribos. Formadas por sociedades de agricultores com algum nível de sedentarismo.
Chefias. Sociedade baseada no parentesco, mas com níveis de hierarquias e princípios estruturais.
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Religião
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Frank da costa assim classifica as religiões ou hábitos religiosos do homem arcaico da América.
- Henoteísmo. Deus se confunde com entidades cósmicas como o sol e as estrelas. Ou fenômenos naturais como a chuva e o trovão.
- Espíritos da natureza. Culto aos animais e vegetais.
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- Hábitos funerários. Oferendas nos túmulos e a preocupação em acalmar os mortos.
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- Representação. Esculpir os deuses em argila, madeira ou pedra.
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- Xamã. Um homem é o mediador entre os demais e os deuses.
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Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-21794488151127835752013-03-08T14:40:00.000-03:002013-03-08T14:40:01.231-03:00Os primórdios do povoamento do continente americano Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História
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Bruno Botelho Horta
Sétimo Período
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Os primórdios do povoamento do continente americano
De: MÁRIO CURTIS GIORDANI
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Matéria: História da América pré colombiana
Professor: Marcelo Abreu
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Macaé/RJ
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Por ocasião do descobrimento da América os europeus chamavam os habitantes encontrados de índios, pois pensaram estar na índia. Quando descoberto que se tratava de uma nova terra ficou a indagação. Como tratar essa nova gente? E de onde eles vieram? A origem dessa “nova gente” só pode ser explicada como um acontecimento intercontinental ou inter hemisferial. E segundo Ballesteros Gaibrois todo historiador deve ter cuidado ao apontar as verdadeiras origens do homem no continente Américo. O mais prudente e considerar várias possibilidades.
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Várias Possibilidades
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Para a origem do homem no continente americano uma das possibilidades é a do filósofo Platão que sugeriu a existência de um continente desaparecido chamado Atlântida que ao norte da África seria a ponte da América para os demais continentes. Mas geólogos derrubariam essa possibilidade afirmando que os continentes tomaram a atual configuração muito antes de o homem habitar a terra. Já o paleontólogo argentino Florentio Ameghino sugeriu que o homem teria origem própria (autoctonismo) no sul da patagônia. Mas sua teoria carece de elementos científicos.
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Aleç Hrdliçka diretor do museu de antropologia de Washington formulou as seguintes origens:
- Todos os índios americanos formam uma raça única.
- A origem racial dos índios é mongol.
- O estreito de Bering (Alasca) foi o caminho utilizado pelos mongóis para habitar a América.
- A entrada dos mongolóides é recente, não ultrapassando 15.000 anos.
- A entrada aconteceu em pelo menos 4 ondas migratórias.
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O Antropólogo francês Paul Rivet com base em suas pesquisas determinou quatro correntes migratórias que povoaram a América: a migração australiana, a malaio polinésia, a mongolóide e a esquimó.
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Problemas
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Não pode deixar de ser considerado a influência do clima na ocupação do continente americano pelo homem. O gelo ao norte do continente foi uma barreira natural que regulou a entrada do homem. O caminho da Ásia para a América foi regulado pelo movimento dos animais de caça e pela homogeneidade da vegetação.
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Hansen estudou o “Homem de Lagoa Santa” que foi um fóssil humano encontrado em Minas Gerais com aproximadamente dez mil anos de idade, mas que nada possuía de traços mongóis. Deixando algumas possibilidades como: A origem não exclusivamente mongol, a migração de outros povos ou uma migração de um povo pré ou proto mongol que só mais tarde chegariam a atual raça mongol.
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Donde? Quando? Como?
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Frank da Costa sugere que todos os elementos do povoamento da América indicam a origem asiática em um movimento realizado exclusivamente a pé, já que a utilização de barcos não era dominada naquele momento. As ilhas só seriam dominadas por volta de 1000 A.C como a ilha da Nova Zelândia. A passagem da Ásia para a América aconteceu no período do pleistoceno, onde pelo congelamento das águas o nível do oceano baixou de 70 a 150 metros. Esse corredor formado dispunha de vegetação e caça (mamute e bisão) suficientes para garantir a migração humana.
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Dispersão
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Os grupos humanos que chegavam a América no início do povoamento seguiram um roteiro em busca de alimento, mas deve-se considerar o espírito de curiosidade deste homem e o desejo de aventura diante de novos horizontes longínquos e misteriosos. A ocupação seguiu o sentido norte – sul e a direção ao leste só depois de atingir o fim da cordilheira dos Andes. Um processo facilitador foi o recuo da floresta amazônica a 13 mil anos atrás, transformando grande parte da floresta em savana. A ocupação do território brasileiro pelos primeiros homens aconteceu depois da passagem pela patagônia, isto é, depois do homem percorrer todo o sentido norte - sul.
<blockquote></blockquote>Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-8521209570675274602013-03-07T16:31:00.000-03:002013-03-07T16:31:23.208-03:00O Rio de Janeiro no Século XIX: Da cidade colonial a cidade capitalista Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História
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Bruno Botelho Horta
Sétimo Período
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O Rio de Janeiro no Século XIX:
Da cidade colonial a cidade capitalista
De: Maurício de A. Abreu
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Matéria: História do Rio de Janeiro
Professor: Ana Lúcia
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Macaé/RJ
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Introdução
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Apenas no início do século XIX a cidade do Rio de Janeiro começa a adquirir aspectos urbanos e de estratificação das classes sociais. A cidade não possuía meios de transporte coletivos e a diferença das classes sociais não era representada por localizações diferentes, mas por construções diferentes. Todos moravam juntos, as casas estavam lado a lado entre ricos e pobres. A explicação era a necessidade de se defenderem juntos de invasores ou indígenas. Foi a chegada da família real (1808) que inicia a nova organização social e cria uma nova classe social na cidade. A nobreza. Acrescenta-se a isso a explosão do cultivo do café, atraindo trabalhadores e investidores nacionais e estrangeiros.
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A cidade é movida pela lógica escravista e capitalista. São dois interesses distintos convivendo no mesmo espaço urbano. Esse espaço só tem sua divisão estabelecida no momento em que os meios de transporte passam a atuar na cidade. Primeiro o bonde puxado a burros e depois o funcionamento dos trens suburbanos. O ano de 1870 pode Sr considerado o marco dessa divisão. A estrada de ferro D. Pedro I aumenta a oferta de trens suburbanos e a partir desse momento a mobilidade urbana oferece a cidade maiores opções de moradia e trabalho.
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O período anterior a 1870: A mobilidade espacial é privilégio de poucos.
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A residência real ficou estabelecida em São Cristovão e foi de lá que o primeiro ônibus funcionou, era com tração a burros e ligava são Cristovão ao Centro em 1838. As áreas mais distantes da cidade permaneciam com características rurais e produtoras de gêneros alimentícios. Já as áreas mais próximas começavam a ser divididas em chácaras e depois em lotes de ocupação urbana.
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O atual bairro de Botafogo foi ocupado pela aristocracia carioca em 1843 e no ano seguinte já dispunha de uma linha de barco a vapor ligando a região ao centro da cidade e a ponta do Caju. As classes menos favorecidas ocuparam a região do cemitério São João Batista, inaugurado em 1852. Em 1854 o centro da cidade, representado pela rua da Candelária recebe o primeiro calçamento em paralelepípedos e a iluminação a gás. Em 1862 é inaugurada a rede de esgotos e a cidade do Rio passa a estar entre as cinco únicas cidades do mundo a contar com esse serviço. Os pobres começavam a ser empurrados para os cortiços lugares da habitação coletiva, insalubres e foco de epidemias que atingem a cidade desde 1850.
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Bondes e trens: A cidade cresce em direções qualitativamente distintas.
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Entre 1870 e 1902 a cidade do Rio de Janeiro experimenta a expansão acelerada de seu ambiente urbano. As linhas de bonde, principalmente a partir de 1868, levam a cidade para as zonas sul e norte. O dinheiro para essa expansão veio dos cafeicultores brasileiros que compravam terrenos nas áreas em expansão e de empresas internacionais que investiam na infra estrutura urbana. Em 1871 os bondes já transportavam 3 milhões de passageiros por ano.
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Com a chegada da república a área de interesse do Rio de Janeiro saí de São Cristóvão e se desloca para o centro. Em São Cristóvão permanece a estrutura ferroviária que logo recebe a aproximação de empresas que necessitam utilizar a ferrovia para ampliar seus negócios. Com isso a nova aristocracia se desloca para a zona sul da cidade e morar a beira mar passa a ser o estilo moderno de viver.
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Tem destaque o prefeito Barata Ribeiro que em 1893 estabelece uma guerra contra os cortiços o mais famoso da época foi o “Cabeça de Porco” que necessitou de a atuação de polícia e do exército.
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O papel dos trens.
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Os trens foram responsáveis pela aceleração do desenvolvimento da cidade. Enquanto os bondes atendiam as recentes áreas urbanizadas os trens desenvolveram as localidades rurais. Em 1858 o primeiro trecho da estrada de ferro D. Pedro II foi inaugurado ligando o Centro à Queimados. Em 1870 o ramal de Cascadura é ampliado atendendo aos horários comerciais do Centro. E o subúrbio se desenvolvia ao lado dos trilhos e em volta das estações ferroviárias.
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A Rio de Janeiro Northern Railway Company que se transformaria na Leopoldina Railway ligava a região da Leopoldina e Mitity (atual Duque de Caxias) em 1886. Neste mesmo período a estação da Central do Brasil atingiu a marca de 30 milhões de passageiros por ano de 1886 a 1896. Mas um número ainda abaixo dos apresentados pelos bondes que transportavam 73 milhões de passageiros por ano.
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A industrialização Carioca no final do século XIX e a emergência da questão habitacional.
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O início da industrialização do Rio de Janeiro no fim do século XIX e início do século XX aconteceu no Centro e ficou caracterizada pela fabricação de calçados, chapéus, confecções, bebidas e móveis. Logo a indústria mais pesada chega como gráficas, metalúrgicas e siderurgias leves e alimentação. As industrias têxteis que utilizavam máquinas a vapor para sua produção estabeleceram suas atividades em região afastadas do centro como a Companhia Progresso Industrial do Brasil em Bangu e a Companhia Tecidos de Seda Brasileira no bairro da Piedade.
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Enfim o espaço capitalista a Reforma Passos
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A primeira década do século XX é marcada pela entrada de grandes capitais internacionais no Rio de Janeiro e a cidade precisava se transformar para receber e manter esse capital. O prefeito Pereira Passos comanda a maior transformação que a cidade recebeu. A cidade cresce em direção a zona sul e o automóvel é o novo meio de transporte que determina uma nova divisão social no espaço urbano. O centro da cidade ainda misturava carroças, cortiços, bancos e sedes do poder em ruas com fortes características coloniais. A reforma era urgente.
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Pereira Passos Ligou a lapa com o Estácio construindo ruas com 17 metros de largura. Asfaltou as ruas do Centro, Catete, Glória, Laranjeiras e Botafogo pela primeira vez e eram as primeiras ruas asfaltadas do Brasil. A reforma estabeleceu uma nova organização no Centro, provocou a primeira intervenção estatal no espaço urbano e provou que a tentativa de acabar com as contradições sociais gera sempre novas contradições. Como a ocupação de morros ainda não habitados.
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Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-62347147628118715472013-03-06T17:02:00.002-03:002013-03-06T17:02:54.834-03:00A Colônia em Movimento (Introdução) Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História
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Bruno Botelho Horta
Sétimo Período
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A Colônia em Movimento
(Introdução)
De: Sheila de Castro Faria
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Matéria: História do Rio de Janeiro
Professor: Ana Lúcia
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Macaé/RJ
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Prefácio.
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A cidade de Campos dos Goitacases fica localizada na antiga capitânia de Paraíba do Sul. De lá emergiram lavradores de cana, senhores de engenho e escravos formando uma peculiar sociedade. Juntaram se a eles capixabas, baianos e comerciantes de diversas partes da colônia. Todos eles empenhados em expulsar ou se preciso exterminar os índios locais. Sendo que por fim raros foram os casos de sucesso, poucos deixaram herdeiros ou permaneceram na região.
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A história colonial da cidade foi revelada por registros cartoriais, escrituras, registros paroquiais e processos criminais. E de acordo com Ciro Cardoso foi estabelecido n pós escravidão um proto campesinato, formado, inclusive, por negros que constituíam família na região. E o Rio de Janeiro é rico em pesquisas e registros sobre a família escrava no Brasil. Assim como em outras partes da colônia confirmava-se a regra: pai taverneiro, filho barão e neto mendicante.
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Introdução
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O trabalho é a constatação do comportamento dos homens coloniais. A fortuna e a família, assim como o trabalho são mapeadas em seus movimentos sociais. A família exerceu fundamental importância nas atividades coloniais da colônia e quase sempre ligadas ao mundo agrário. A individualidade era pouco importante e a família é o principal elemento de identificação social. Mas não apenas o sentido sanguíneo de família, mas parentela, coabitação e relações ritualísticas ampliam o sentido de família.
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A grande produção de açúcar era financiada pelo capital mercantil metropolitano e por consequência capitalizava seus lucros, retirando o capital do campo. A historiografia brasileira deixava em segundo plano a pequena produção, mas o estudo das culturas “marginais” demonstra a importância destas na estrutura colonial.
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O status social do Brasil colonial não correspondia ao acúmulo de riqueza. O poder econômico estava localizado nos comerciantes e os produtores rurais é que possuíam um poder maior dentro da sociedade. E os escravos emergem como grupo social importante no estudo da sociedade colonial brasileira mesmo estando desprestigiados nas relações sociais.
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Embora anteriormente a luta contra os nativos goitacás forma intensas. No século XVI esses índios apreciavam carne humana, caçavam tubarões, jacarés e colecionavam ossos humanos. O início eficaz da colonização foi através das sesmarias doadas aos “Sete Capitães” que ocuparam a região priorizando a criação de gado. E o extermínio dos índios adversários. A opção pela criação de gado foi devido a facilidade de retirar de um local de conflito a produção e investimento dos capitães. E a proximidade com a Guanabara que comprava o gado para suprir as necessidades dos senhores de engenhos.
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Com a ocupação da terra e a expansão dos currais, novos colonos chegavam para trabalhar na terra e os conflitos pelo direito de usar o terreno sem pagar taxas se estabeleceu. Colonos e proprietários iniciavam uma luta pela terra ou em termos atuais, uma luta pela reforma agrária.
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O açúcar chega à região de campos com o declínio da produtividade na cidade do Rio de Janeiro e a saída dos Jesuítas da região. As terras da igreja foram leiloadas e a produção de açúcar começou.
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Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-83934617191209970712013-03-02T15:09:00.000-03:002013-03-02T15:09:02.685-03:00Uma Fortaleza no Atlântico Sul. Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História
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Bruno Botelho Horta
Sétimo Período
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Uma Fortaleza no Atlântico Sul.
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Matéria: História do Rio de Janeiro
Professor: Ana Lúcia
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Macaé/RJ
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Estácio de Sá na companhia de Manoel da Nóbrega e José de Anchieta aporta em primeiro de março de 1565 em uma pequena península em frente a um morro com cara de cachorro (Morro cara de Cão), e em homenagem ao rei de Portugal D. Sebastião, o lugar a consagrado ao padroeiro do rei São Sebastião. Apenas em primeiro de julho Estácio de Sá divide politicamente a região, oferecendo a maior parte do terreno a Companhia de Jesus. Da qual pertenciam os Jesuítas já citados.
Para enfrentar os indígenas e franceses estabelecidos na região, Estácio de Sá recebe o apoio militar de seu tio Mem de Sá. Após os conflitos Estácio e ferido por uma flecha no rosto e faleceu cerca de um mês depois. Para prevenir ataques surpresas as tropas portuguesas procuram os morros para estabelecer moradias. O morro de São Januário, depois chamado de castelo. Em 1568 Manoel da Nóbrega monta o primeiro colégio no alto do morro.
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Uma Cidade Portuguesa.
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Já no início da ocupação da cidade do Rio de Janeiro uma família se estabelece no poder. Depois de Men e Estácio de Sá, chega a vez de Salvador Correia de Sá (Salvador, o velho) dar continuidade ao domínio político e militar da cidade. Esse domínio perdurou até 1660. A composição política era igual a todas as cidades do império português. A Câmara Municipal era formada por dois Juízes, um procurador e três Vereadores. Que eram eleitos pela classe dominante (aristocracia) por um período de três anos.
Os morros foram ocupados por políticos, militares e religiosos. E as primeiras ruas da cidade eram exatamente os caminhos que ligavam estes morros. As moradias e comércios tendem a se direcionar para a zona portuária e o morro do Castelo, antes uam área central, agora se torna periferia e apenas os jesuítas permanecem por lá. Os limites da cidade são os morros do Castelo e do São Bento. Mas a cidade sofre por falta de água e a Câmara Municipal decide construir um aqueduto, as obras começam em 1617 e só terminam em 1750. Parte desta obra permanece até hoje, são os Arcos da Lapa.
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Açúcar, aguardente e baleias.
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Portugal investiu na cana de açúcar desde que começou a se interessar pelo Brasil em 1530. Os canaviais em engenhos da cidade ocupam as zonas rurais quase todas eram propriedades dos Correia de Sá. A mesma família tem autorização para construir um entreposto para pesar e armazenar a cana. E cobra taxas até 1851. Para exemplificar o poder econômico da família em 1630 eles já possuíam 700 escravos, além de terras na região de Campos com 160 escravos e sete mil cabeças de gado.
As baleias eram um importante produto a ser utilizado na colônia, mas só eram capturadas quando encalhavam. Búzios, Niterói e a Ilha Grande eram os maiores centros pesqueiros em 1640, mas o monopólio do uso da baleia permaneceu com a coroa até 1801.
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Índios, Jesuítas e Africanos
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Os Jesuítas ocuparam um importante papel na defesa dos índios para a conversão a fé católica, mas não todo e qualquer índio. Apenas os que estavam em aldeias amistosas. Os índios do sertão eram mortos e perseguidos. A legislação portuguesa protegia os índios, pois seriam ótimos guias e poderiam ser utilizados como homens para guerras. Um índio convertido ao cristianismo Martin Afonso Araribóia recebeu do rei Sebastião uma sesmaria na região de Niterói, uma pensão e o hábito da Ordem de Cristo.
No ano de 1757 a situação do índio no Brasil já não é boa. O Bispo da cidade descreve as aldeias próximas como antro de bêbados e propõe que as indiazinhas sejam educadas em casa portuguesas. Mas os políticos desencorajam estes atos.
Os paulistas são os maiores perseguidores de índios com seus movimentos em direção ao desbravamento do interior do Brasil. As mortes foram tantas que levaram o Papa Urbano VIII e depois seu sucessor Paulo III a proibir a escravidão indígena. O Papa ordena que o vice rei do Peru auxilie os Jesuítas no Brasil e combater os paulistas. Na batalhe de Mbororpe em 1641 Jesuítas, índios e peruanos saem vitoriosos e obrigam os paulistas a recuar.
A forte defesa dos índios por parte dos jesuítas acarretam a importação de escravos da África. Em 1610 os negros chegam ao Brasil com mais relevância e os próprios Jesuítas já são senhores de escravos negros. Em 1640 eles já conta com 600 escravos ajudar na defesa dos índios.
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Sob o reinado de Salvador Correia de Sá e Benevides
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A União Iberica, que foi a unificação das coroas de Portugal e Espanha (1580 - 1640). Transformou a cidade do Rio de Janeiro em um porto importante de controle de toda a região sul do Brasil até o Rio da Prata (Argentina). E as família dominante do Rio da Janeiro, os Correia de Sá, realizam a sua “pequena União Ibérica” Matin Correia da Sá se casa com a filha do governador de Cadiz (Espanha). Assegurando politicamente o futuro da família e de “sua” cidade.
A soberania da família Correia de Sá termina em 1660 quando o governador das capitanias do sul se transfere para São Paulo. As elites contrariadas por muito tempo e a classe modesta revoltada obrigam Salvador Correia de Sá a voltar para a Europa. Permanecendo lá até sua morte em 1681. Ainda em 1676 o Rio de janeiro e elevado a categoria de Bispado. Área que seguia do Rio de Janeiro até o Rio do Prata. Era a confirmação que uma tirania sempre chega ao fim.<blockquote></blockquote>
Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-50241374666406877192013-02-28T12:13:00.000-03:002013-02-28T12:14:19.718-03:00A Muralha Mesológica Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História
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Bruno Botelho Horta
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A Muralha Mesológica
De: Nireu Cavalcanti
Matéria: História do Rio de Janeiro
Professor: Ana Lúcia
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Macaé/RJ
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Assentamentos da cidade provisória: Prolegômenos.<blockquote></blockquote>
A expedição de Pero Lopez de Souza e Martin Afonso de Souza passa pela baía da Guanabara em 1531, onde permanecem pro três meses. Nesse período exploram o interior do continente em busca de metais preciosos. Seguindo em frente aportam em São Vicente. Martin recebe está capitania para administrar, enquanto Pero recebe a região da Guanabara. São Vicente prosperou e por fim adicionou a capitânia de Pero Lopez de Souza.
Em 1555 Villegaignon chega a Guanabara para começar a França Antártica. Aliaram-se aos tupinambás e resistiram por cinco anos. Em 1560 o governador geral do Brasil, Men de Sá, enfrenta os franceses e destrói suas fortificações, forçando uma fuga dos sobreviventes para o interior. Mas Men de Sá não permanece após a vitória. Logo os derrotados voltam a se estabelecer na região. Portugal envia Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá, que desembarca aos pés do morro Cara de Cão em 1° de março de 1565, sua tarefa era novamente expulsar os franceses e ocupar a região.
Estácio de Sá dividiu a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro em duas partes desiguais. A maior doada a Companhia de Jesus e a menor para todos os demais. Deixando claro que a presença do Jesuíta Manoel da Nóbrega em sua expedição não seria sem consequencias benéficas para a Igreja. <blockquote></blockquote>
O sítio definitivo: primeira malha urbana.<blockquote></blockquote>
Estácio de Sá morre pouco tempo depois da ultima batalha contra os Franceses, assim como o padroeiro da cidade São Sebastião, por conseqüência de uma flechada. Quem organiza a nova cidade é seu tio Mem de Sá. Este preocupou-se em construir uma cidade com o objetivo de defesa territorial e comercial. As moradias possuíam dois ou três pavimentos e a sede da cidade foi transferida para o alto do morro do Descanso (Castelo). Com a chegada de diversos religiosos e suas denominações, os morros da cidade foram ocupados como sede destas ordens religiosas e os caminhos que interligavam estes morros deram origem as primeiras ruas da cidade do Rio de Janeiro, que mal passavam de trilhas lamacentas e escuras.
O novo ordenamento urbano ganha forma em 1637, quando os vereadores aprovam construir na parte baixa da cidade a nova Câmara e a cadeia. O morro do castelo fica com os Jesuítas. O local passa a ser freqüentado por estudantes e fiéis e fica conhecido como Cidade Velha. Mesmo com poucos anos de utilização.
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Ocupação das várzeas: aterramentos e drenagem<blockquote></blockquote>
Por razões estratégicas a cidade foi erguida sobre mangues, alagados e lagoas. Um preço seria cobrado por essa insistência em desafiar as condições naturais do terreno. Transcorreram-se 200 anos para que as principais lagoas da cidade fossem aterradas, apenas em 1783 Mestre Valentim inaugura o primeiro Jardim Público. E pela chegada da família real em 1808 as poucas ruas calçadas e planejadas começam a se multiplicar. Ainda em 1726 o governador Luis Vahia Monteiro sugeriu o amuralhamento da cidade e a construção de um canal extravasador para que as águas pluviais passassem pela cidade sem deixar estragos. Sua proposta não foi aceita e os aterros continuaram na cidade. A consequência foi constantes atoleiros, enchentes e mosquitos entre outras mazelas.
Quando a cidade não sofria por conseqüência das águas era pela falta dela. Nos períodos de estiagem a poeira e a insolação transformavam a vida de europeus em um martírio. E quando as chuvas fortes voltavam a cair a lama e os alagamentos se misturavam com esgoto, água que corria dos cemitérios, hospitais e matadouros. Multiplicando os casos de doenças na cidade.
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Em busca de boa água.<blockquote></blockquote>
A população da cidade crescia e a dificuldade de abastecimento de água também. O comercio de barris de água era comum e as queixas da sociedade também. Foi colocado em ação o projeto de canalização do rio Carioca, que ficava no Flamengo, até chafarizes no centro da cidade, para que água de boa qualidade e gratuita seja oferecida a população. A obra durou 18 anos até que o chafariz da rua da carioca fosse inaugurado. Este chafariz contava com 16 bicas de bronze. Um marco desta obra permanece até os dias de hoje, que são os Arcos da Lapa. Trecho original da canalização do rio Carioca. Quando o carioca atingiu sua capacidade de abastecimento outros rios foram utilizados como o rio Maracanã que levou água até o campo de Santana.
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Clima e insalubridade. <blockquote></blockquote>
O clima no Rio de Janeiro era considerado doentio. A nobreza não suportava o calor e a umidade. Os europeus que desembarcavam na cidade não conseguiam trabalhar como na Europa e logo solicitavam transferência. Queixas sobre calor, sufocamento, cansaço, umidade, chuva, insolação. A década de 1760não foi agradável para os estrangeiros no Rio de Janeiro.
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O ideário urbano – sanitarista.<blockquote></blockquote>
Em 1798 um encontro ambientalista foi promovido pelos vereadores do Rio de Janeiro. Deste encontro foram estabelecidas medidas para sanear a cidade. Como a construção de valas de escoamento, elevação do nível do piso das casas em 50 centímetros, arborização dos morros, proibição de sepultamento no interior das igrejas, criação de cemitérios e higienização dos matadouros. Além do incentivo ao exercício físico, consumo de frutas e verduras.
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A muralha do medo.
O medo em face dos inimigos de primeira hora.<blockquote></blockquote>
As primeiras ocupações para construir a cidade do Rio de Janeiro forma marcas pelo extermínio dos índios tupinambás que Men de Sá relatava que milhares forma exterminados e os poucos que eram poupados eram escravizados. O Segundo passo foi a construção de uma muralha para proteger a cidade.
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O Medo em face dos inimigos ocasionais<blockquote></blockquote>
Alguns inimigos sequer eram conhecidos dos habitantes da cidade. Os desacordo políticos na metrópole resultavam em consequencias belicosas na colônia.
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O medo originário da relação senhor – escravo.<blockquote></blockquote>
A população escrava da cidade crescia a cada momento e os conflitos eram inevitáveis. A desconfiança era onipresente, pois os senhores temiam uma revolta contra eles próprios ou contra seus meios de produção. Além dos desejos de fuga, que eram apaziguados com instrumentos políticos, militares e religiosos.
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O Medo vira realidade: aconteceram as invasões.<blockquote></blockquote>
7 de agosto de 1710 uma esquadra francesa entra na baía da Guanabara com bandeiras inglesas, mas o eficiente serviço de espionagem português permitiu que os canhões defendessem a cidade, forçando que os invasores aportassem apenas na Ilha Grande. Os franceses seguem a pé passando por Guaratiba, Jacarepaguá, Engenho Novo e chegado até a Praça XV. No confronto do centro da cidade os franceses foram derrotados com 400 mortos franceses e 70 do Rio de Janeiro.
A resposta francesa chega um ano depois, em 7 de junho de 1711. A França envia 17 navios e mais de 4 mil homens que atravessa a baía da Guanabara sob a proteção da névoa e desembarcam tomado a cidade, saqueando seus bens e expulsando os moradores. A invasão foi tão brutal e os saques tão violentos que os comandantes franceses precisaram decapitar três soldados por excessos cometidos. Mas os franceses não ficaram na cidade, receberam uma indenização de 240 contos de réis (uma fortuna), 100 caixas de açúcar (outra riqueza da época) e 200 bois. Além de revenderem aos antigos donos os bens saqueados.
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O medo questiona as técnicas e estratégias de defesa<blockquote></blockquote>
O governo português resolve levar a sério a defesa da cidade do Rio de Janeiro. Em 1713 chega a cidade o especialista em fortificações e engenheiro militar João Massé. A missão dele era reavaliar as defesas da cidade e propor novas obras para garantir a defesa da cidade.
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O medo constrói sua muralha de pedra.<blockquote></blockquote>
Uma nova muralha de proteção é construída, mesmo a antiga ainda estando pronta e as áreas dentro da antiga muralha ainda não estando totalmente preenchidas. A cidade, mais uma vez, agia precipitadamente, pois aumentava seu espaço sem ocupar primeiro seus espaços internos. E o erro teve como consequência o desprezo da sociedade carioca pela nova ora que foi completamente ignorada e a muralha se tornou alvo de vandalismo e destruição da população que utilizava seu material para obras particulares.
<blockquote></blockquote>Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-69819494522537671252013-02-25T20:36:00.000-03:002013-03-03T14:13:04.111-03:00O Rio Antes do Rio Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História
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Bruno Botelho Horta
Sétimo Período
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O Rio Antes do Rio
De: Armelle Enders
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Matéria: História do Rio de Janeiro
Professor: Ana Lúcia
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Macaé/RJ
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Portugal do início de século XVI, 1502 exatamente, possuía pouco interesse nas terras descobertas dois anos antes. Todo o interesse estava voltado para as índias que podia ser considerada toda a Ásia. Apesar de muito contestada a versão sobre o descobrimento do Rio de Janeiro publicada pelo historiador Francisco Adolfo Varnhagen no século XIX, foi considerada como válida. Atribuindo a Gonçalo Coelho a descoberta da Bahia de Guanabara em 1º de janeiro de 1502. Os mapas só confirmariam o “Rio de Janeiro” em 1519, local que os marinheiros chamavam de Bahia de Santa Luzia ou dos Inocentes.
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A Terra dos Tupinambás.
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Curiosamente o interior do território brasileiro foi ocupado primeiro do que o litoral, seis mil anos antes, para um calculo aproximado. A população Tupi-Guarani deixou as bacias dos rios Paraná e Paraguai para, no século V, chegar a região do Rio de Janeiro. Em 1500 eles dominavam da foz do Rio Amazonas até o litoral de Santa Catarina. A baia de Guanabara era ocupada pelos Tamoios de cultura Tupi.
Em 1500 a população indígena do Rio de Janeiro era estimada em 14 habitantes por quilometro quadrado, população muito semelhante a da Península Ibérica. Um século depois de São Vicente a Cabo Frio a população foi reduzida para cerca de 5 mil índios. Foi como dizimar a Europa em apenas cem anos, principalmente pelas epidemias, escravidão e guerras contra os invasores.
Os tupis viviam em aldeias de cerca de 600 indivíduos que pescavam e caçavam. Além de cultivarem a mandioca, o feijão, o milho e o algodão. Permaneciam no mesmo lugar por cerca de dois anos depois deixavam o lugar onde a floresta voltava a ocupar seu lugar original. Mas a guerra era a vocação Tupi. Jean Lery relata campanhas de oito a dez mil homens que lutavam a cerca de 30 quilômetros de suas terras. Os prisioneiros eram escravizados e depois serviam para o ritual de antropofagia.
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O Comércio do Pau Brasil.
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A presença portuguesa na baia de Guanabara é rara. Regista-se apenas a frota de João Dias de Solis em 1515 quando ia em direção a bacia do Prata e Fernão de Magalhães em 1519 que descansa por dez dias na região. Esses contatos revelam que a terra dos Papagaios, assim conhecida pelos marinheiros, não revelam metais preciosos, apenas a árvore ibirapitanga ou pau Brasil. A extração desta madeira acontece em Pernambuco, no sul da Bahia e de Cabo Frio ao Rio de Janeiro. O governo português intensifica suas ações ao norte do Brasil deixando os normandos europeus livres para traficar na região do Rio de Janeiro. A expressão terra brasilis aos poucos substitui a Terra de Santa Cruz.
Em 1517 o navegador português Cristovão Jacques abandona Cabo Frio que logo é ocupado pelos franceses que permanecem no local por muito tempo. Francisco I da França consegue um interpretação melhor do Papa Clemente VII, onde as terras não ocupadas por portugueses e espanhóis eram livres para quem os ocupar. Em reação a essa medida em 1530 Martin Afonso de Souza é nomeado governador do Brasil e organiza uma expedição que marca o território brasileiro com rochas esculpidas com as armas portuguesas. Ele permanece no Rio de Janeiro de 30 da março a 1º de agosto de 1530 onde constrói uma casa que é batizada pelos índios de Carioca (Casa de Branco).
Em 1532 é implantado o sistema de capitanias no Brasil e em 1534 Martin Afonso de Souza recebe as capitânias de São Vicente e Rio de Janeiro. A primeira recebe os investimentos de seu dono, enquanto o Rio de Janeiro fica entregue a corsários franceses e sem nenhuma proteção. Até em 1550 Pero Góis escreve a D. João III que o Rio de Janeiro é a maior escala de corsários do país. Prova disto é em 1552 quando Tomé de Souza tenta desembarcar no Rio de Janeiro e é expulso por franceses e indígenas.
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A França Antártica.
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Malta Nicolas Durand de Villegagnon foi o principal personagem da mal sucedida França Antártica. Chegando ao Rio de Janeiro em novembro de 1555 estabelece uma fortaleza na pequena ilha próxima ao litoral que é batizada de Coligny. A ilha seria o ponto de partida para a construção da Henriville em homenagem a Henrique II da França. Estabelecendo uma cooperação com os indígenas os colonos calvinistas garantem um suporte para estabelecer a colônia. Mas os índios são resistentes a aculturação pretendida por Villeganon permanecendo nus e não se submetendo a imposição protestante. Villegagnon proíbe a fornicação com as índias e a expansão da colônia fica comprometida. Em 1557 o comandante rompe com Calvino o que deixa a colônia ainda mais conflituosa. Para buscar apoio Villegagnon retorna a França e deixa seu sobrinho Bois-Le-Comte governando a colônia.
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A Ofensiva Portuguesa.
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Um ano antes da partida do comandante francês Men de Sá é nomeado governador geral do Brasil e solicita apoio militar para reforçar os domínios do sul do Brasil. Em 15 de março de 1560 Men de Sá inicia um ataque que de dois dias a ilha Coligny, contando com a presença do jesuíta Manoel da Nóbrega, chegado ao Brasil em 1549, cumpre a expectativa e expulsa os franceses que se espalham pelo continente. Na sequencia atacam os índios matando muitos deles. Para o jesuíta a ilha era um ninho de calvinistas prontos a semear a heresia entre os indígenas. Em carta enviada ao infante português D. Henrique, Manoel da Nóbrega afirma ser necessário povoar o Rio de Janeiro e fundar mais uma cidade, para garantir a expulsão dos franceses e dos índios hostis.
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Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-61166212999079336972012-11-27T22:41:00.004-02:002013-03-03T14:14:10.648-03:00Fazenda Campos Novos, uma História de troca de posses.Fazenda Campos Novos, uma História de troca de posses.
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Por mais absurdo que possa parecer essa é placa de entrada da Fazenda Campos Novos em Cabo Frio – RJ. Completo absurdo por ser uma placa incrivelmente simples e mesmo assim mal cuidada. A placa ainda informa ser um Sítio Histórico, quando na verdade foi uma fazenda Jesuíta e ainda informa estar sob a administração da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, fato inaceitável, pois a fazenda é tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), processo nº 01500.005719/2010-49 e foi publicado no Diário Oficial da União em 23 de novembro de 2011.
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Logo na entrada da fazenda encontro a senzala ou o que restou dela, hoje já reformada e utilizada como depósito de material da Secretaria de Agricultura de Cabo Frio. É possível observar que é uma grande senzala e que não seguia o modelo familiar, isto é, todos os negros permaneciam juntos e ficavam trancados enquanto não trabalhavam. Mesmo já bastante modificada é importante ressaltar que ela permanece no local original, cerca de 50 metros dos fundos da casa grande e ao lado de uma antiga horta.
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As terras da Fazenda Campos Novos tinham de testada quatro léguas e meia principiando a mesma no sítio chamado de Genipapo partindo da parte do Norte com os moradores da baía Formosa, do Sul com as terras da aldeia dos índios de São Pedro e da do Norte correndo rumo ao Nordeste por costa do mesmo mar até a praia do Rio de São João e do Poente com o sertão até intestar nas terras de Bacaxá... (Carta de Sesmaria).
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Já bastante alterada de sua forma original aqui se pode ver a Casa Grande da visão de quem está na senzala. É o fundos onde fica a cozinha (portas abertas ao centro da imagem). Acima e a direita é a varanda com ligação a igreja que fica do outro lado da casa.
A fazenda fica no caminho entre Campos dos Goytacazes e a cidade do Rio de Janeiro e servia de descanso e engorda para o gado que seguia para a capital. A fazenda produzia açúcar e depois café. A produção era levada para a lagoa de Araruama por carros de boi e de lá seguiam para o Rio de Janeiro.
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Em 1759 a fazenda é tomada pelo governo português e recebe o nome de Fazenda D’el Rey e é colocada a venda. O fazendeiro Manoel Pereira Gonçalves compra a fazenda. Durante esse período a fazenda recebe a visita de Auguste de Saint-Hilaire em 1820 onde o naturalista francês recolhe espécies de plantas e deixa registrada a decadência da região em seus livros.
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Outro importante visita a fazenda foi de D. Pedro II que em 1847 almoçou na fazenda em uma viajem para Campos dos Goytacazes. Naquele ano o proprietário da fazenda era o padre Joaquim Gonçalves Porto. A fazenda troca de donos diversas vezes até que na década de 50 do século XX o proprietário Antonio Paterno faz um completo loteamento da fazenda, cedendo terras para loteamento e grileiros. Depois de uma disputa judicial com os ocupantes da fazenda Antonio Paterno vendeu 25% das terras a Destilaria Medelin S.A. O restante foi vendido ao Sr. Henrique da Cunha Bueno que até os 1970 tentou expulsar os colonos da terra. Mas ainda em 1960 um jagunço foi contratado para expulsar os colonos a força, ele era conhecido como “Goaquica” que atacava violentamente os moradores da fazenda e apoiava os grileiros que também tinham interesse em expulsar estes colonos. O resultado deste conflito foi a criação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cabo Frio, propondo a reforma agrária já em 1961.
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O novo dono da Fazenda, na época chamada Companhia Agrícola, Jamil Miziara, havia recebi a posse das terras de volta no fim dos anos 60, pois o golpe de 64 temia os movimentos sociais, chamando-os de comunistas, expulsou os movimentos sindicais da terra a garantiu a propriedade particular. As únicas vozes que defendiam os colonos eram do padre Aldo e do vereador José Bonifácio Ferreira Novelino.
Entre os anos de 1972 e 1976 o Sr. Jamil loteou a fazenda e vendou alguns lotes com a autorização do prefeito de Cabo Frio Antonio Castro. Mas o fracasso das vendas e a improdutividade da terra levou a fazenda a ser incluída no projeto de reforma agrária em 1982, promovida pelo governo Figueiredo.
Já em 1993, José Bonifácio se torna prefeito de Cabo Frio e depois de um período de lutas e assassinatos locais, desapropriou a fazenda e deu direito de uso aos antigos colonos que lutaram pela terra.
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A sede da fazenda continua mesmo tombada pelo IPHAN, sendo utilizada pelo governo municipal e não permitindo que a população tenha acesso a essa importante obra e fundamental história para compreender a região de Cabo Frio de forma ampla e esclarecedora.
Para finalizar deixo a foto de um tumulo do cemitério local, sem identificação e sem data, mas informado pelo coveiro local que se trata da cova mais antiga do local.
Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-60358566263934815262012-11-23T20:01:00.005-02:002013-03-03T14:15:12.439-03:00Macaé 2012: As diferenças sociais.Macaé 2012:
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As diferenças sociais.
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No dia 26 de novembro de 2012 aconteceu na cidade do Rio de Janeiro mais uma manifestação em defesa dos Royalties do petróleo que desde a década de 1980 chega aos municípios da região no norte e lagos fluminense como compensação pelos impactos produzidos pela extração do petróleo. Recentemente o Brasil atravessa uma discussão sobre uma divisão igualitária destes recursos para todos os municípios brasileiros. Os chamados “municípios produtores” protestam e todos os demais reclamam esses recursos. Matematicamente qualquer votação política resultará em vitória para os “não produtores” que são em número muito maior, mas como a questão é política pode-se esperar qualquer resultado em um futuro próximo.
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Mas o que seria uma fonte de soluções se torna a origem dos problemas políticos, econômicos e sociais. Políticos pela guerra pelo poder nesses municípios milionários. Campanhas políticas que fogem do seu principal objetivo que é o debate de idéias e se transformam em uma novela de intrigas, fofocas e agressões. Problemas econômicos que percebemos claramente nas grandes cifras divulgadas pela imprensa e que pouco resulta em benefícios para a população. Em todos os municípios que recebem a maior parte dos recursos é possível identificar um grande crescimento da máquina pública como: Grande numero de secretarias, contratações e assessorias que pouco resulta em bom serviço prestado a sociedade. Socialmente os impactos são ainda mais devastadores bolsões de excluídos se formam nas cidades, bairros nobres tornam-se cada vez mais elitizados e hiper valorizados, enquanto os excluídos estão distantes, sem assistência governamental e quase sempre muito fiscalizado pelos órgãos de meio ambiente, de posturas ou policiais.
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Um elemento geográfico divide socialmente a cidade. O Rio Macaé divide a cidade em norte e sul, onde o norte é prejudicado pela falta de políticas públicas e o sul, parcialmente, recebe grande parte dos investimentos. Neste ano de 2012 foi iniciada a obra de reurbanização da Imbetiba, iniciada porque até o momento, mês de novembro, a obra está parada. Enquanto bairros que jamais foram urbanizados, como o Jardim Carioca, não receberam qualquer serviço publico. As ruas continuam feitas de terra, sem água, sem esgoto e de frente para um valão (canal Campos – Macaé) sem tratamento e completamente abandonado. Imbetiba fica no lado sul e o Jardim Carioca no lado norte.
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O lado sul recebeu a sede administrativa da Petrobras e o Parque de Tubos, local onde a base operacional funciona. Bairros como Miramar, Visconde, Sol y Mar, Glória, Cavaleiros e Lagoa experimentaram um crescimento quando não espetacular, pelo menos, notável. Mas como em toda cidade que não planeja seu crescimento bairros adjacentes cresceram ou surgiram de forma desordenada e sem receber as políticas de desenvolvimento urbano. São bairros populosos como Aroeira, Malvinas e Botafogo que não recebem uma estrutura mínima para garantir o bem estar social. Como: postos de saúde, creches e escolas, além de transporte público de qualidade.
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O lado norte concentrou a maior parte da população da cidade, grandes bairros como Barra, Aeroporto e Lagomar estão sempre em destaque, pois protagonizam as mazelas da cidade. Problemas de abastecimento de água, esgoto não tratado, transportes lotados e postos de saúde que não atendem os casos com média ou alta complexidade deixam os moradores com a certeza do abandono e da mesma forma, estes moradores, tornam-se alvo das especulações políticas. Política que sempre chega mas nunca garante efetivação das promessas feitas.
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Portanto a cidade continua divida e se apresenta, a quem decide circular de norte a sul, como um espetáculo de desigualdades de exemplo como o Parque Valentina Miranda( lado sul) e a Nova Holanda (lado norte)
Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-39421542241826642672012-06-22T18:13:00.002-03:002013-03-03T14:15:46.732-03:00A História é ModernaA História é Moderna
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Sempre que ouvimos ou falamos sobre a matéria História imaginamos reis, impérios, caravelas e pirâmides. Não posso deixar de concordar que esse pensamento é correto, mas que representa apenas uma parte da história. Mas antes de entrar diretamente nesse assunto é importante deixar claro que estudar ou ensinar a História tem que ser um prazer, uma tarefa agradável e que possamos interagir com ela (a História) de uma forma simples e inteligente. Complicar ou tentar ser “intelectual” sem necessidade é só uma forma de afastar as pessoas da matéria que tanto amo.
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É impossível negar que a História conta o passado, qualquer coisa diferente disso é discutir o que não é verdadeiramente importante. Para prever o futuro deixamos essa tarefa para praticantes de outras artes. Mas nem tudo é tão exato assim, afinal, estudamos uma ciência chamada de “humana”, não que a matemática ou a física não seja feita por homens e mulheres, assim como a História é feita.
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Agora sim chego ao ponto de nossa conversa. O que é a História? E quem faz essa História?
A História é a nossa vida, nossa data de nascimento, nossas formaturas, filhos, casamentos, falecimentos, títulos no futebol ou viagens inesquecíveis. Nossa História particular nasce e vive junto a toda a História mundial. Sabemos ou procuramos saber o que estava acontecendo no mundo no ano em que nascemos, ou o que era importante na época. Por exemplo: Muitos nomes de bebês foram escolhidos por influência de nome de personagens de novelas, musicas ou acontecimentos marcantes. O casamento da princesa Diana em 29 de julho de 1981(por coincidência aniversário de Macaé), levou a um grande número de mães a registrarem suas filhas como o mesmo nome da princesa.
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E é justamente ligar os fatos que dá a história esse caráter interessante. Colocar esses fatos na nossa vida e ao mesmo tempo estar dentro destes fatos. Como o 29 de julho de 1981 que é aniversário de Macaé, o casamento da princesa Diana e o nascimento do piloto Fernando Alonzo. É possível lembrar onde estávamos nesse dia devido aos fatos importantes que aconteceram nesta data. Assim como é fácil lembrar onde estávamos em finais de campeonatos, natais e aniversários.
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Por isso é importante lembrar essa cara moderna da História. A História que nós mesmos construímos. Nossos filhos, trabalhos e atividades que exercemos em sociedade são a nossa contribuição para a História. A História é moderna também, está viva e fazemos parte dela. Ela não é um peso morto e mofado do passado. Afinal o passado já foi o presente e o que vivemos hoje, logo será passado. Agora pense bem. O que vivemos hoje não é importante?
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Até a próxima oportunidade de falar sobre a História viva.Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-59295966384841489472012-05-21T22:31:00.001-03:002013-03-03T14:16:59.193-03:00O Feudalismo: Economia e SociedadeFaculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História
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Bruno Botelho Horta
Quinto Período
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O Feudalismo: Economia e Sociedade
De: Hamilton M. Monteiro
Matéria: História Geral
Professor: Rodolfo Maia
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Macaé/RJ
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Do século IV ao VII a sociedade européia rompe os limites políticos, geográficos e culturais impostos pelo Império Romano e o resultado foi a chamada sociedade feudal ou Feudalismo. Sociedade baseada no regime de servidão. Onde a nobreza domina os servos para que a sociedade funcione.
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A servidão é a elevação do escravo, que eram utilizados pelos romanos, a condição de servo e na mesma medida a opressão e destituição do camponês, rebaixado a condição de servo. A terra que só pertence a nobreza é trabalhada pelo servo que paga ao nobre, como sua produção, o direito de usar a terra e ainda deve trabalhar na terra dos nobres. Os elementos que mantinham essas relações em funcionamento eram o Rei e a igreja. O poder real é lentamente ursupado pelos proprietários das terras que se estabelecem como senhores feudais. É importante ressaltar que o feudalismo não era a ausência de comercio, mas sim a interiorização das praticas comerciais. Os feudos fechavam-se em si mesmo na primeira fase do feudalismo.
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O Império romano que teve seu auge no século I entra em crise devido ao esgotamento da mão de obra escravista, o aumento da população e o esgotamento dos recursos naturais. As cidades se esvaziam, pois não há alimentos para todos e o colonato passa a ser o método de utilização da terra.
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Um dos principais povos que invadiram o fragilizado Império Romano foi os germânicos. Um povo que não conhecia a propriedade privada e conviviam em uma sociedade compartilhada e comunal. Foi a influencia destes povos, com a dissolução das cidades romanas que surgiu o feudalismo. Uma síntese de modos de vidas em transformação. Outro aspecto que não pode deixar de ser considerado é de que o modelo feudal não foi único. Na região de Inglaterra, Espanha, Alemanha e Itália, vários foram as formas de funcionamento do feudalismo.
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Na primeira idade feudal o vazio demográfico caracterizou a forma de ocupação do espaço. As guerras, a falta de alimentos e as epidemias contribuíram para este quadro até o século VII. O crescimento passa a ser significativo do século VII ao IX devido ao fim das invasões que geravam as guerras e o controle das epidemias. Após o século IX o crescimento se intensifica devido ao progresso das técnicas agrícolas.
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A produção desta primeira idade feudal era caracterizada pela pequena produção camponesa para atender as suas próprias necessidades. O pouco de excedente da produção era comercializado, mas sempre em curtas distancias.
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Os senhores feudais se estabeleceram pela prática dos monarcas de ceder terras para seus guerreiros em forma de pagamento e de terras a igreja com a particularidade de imunidade de taxas as terras da igreja. Esses donos de terras reproduziam a atitude dos monarcas cedendo porções menores de suas terras. A hierarquização se completa no processo de vassalagem onde o vassalo se entrega a proteção do suserano que em troca promete servi-lo. Este juramento é feito diante de algum objeto religioso para sacralizar o compromisso. Esses servos se dividiam em rês categorias: o Camponês, o livre e o escravo. Já no século VI era visível na sociedade a minoria de grandes proprietários de terras e ocupantes de cargos públicos e a maioria que vivia em estado de penúria, pagando altos impostos e a mercê das guerras. E pelas guerras uma nova classe dominante, mas intermediária, se estabelece. A elite armada e militar. Certamente que a servidão na era a única forma de trabalho neste período, mas era a mais utilizada.
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A exploração do servo podia ser de duas formas. Pela corvéia, que é o trabalho gratuito para o senhor. Que pode ser na terra ou na reforma de pontes e estradas ou ainda em qualquer outro bem pertencente ao senhor feudal. Ou as cobranças em gêneros ou produtos manufaturados pelos servos.
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O crescimento populacional se deve ao aprimoramento da metalurgia e o emprego do ferro na fabricação de instrumentos de trabalho e até da utilização do moinho de água na produção. As técnicas de plantio melhoram a produção gerando um excedente de produção, intensificando a necessidade de comercializar esse excedente.
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O crescimento populacional separa a figura do artesão da figura do lavrador e as cidades se tornam o centro da produção secundária e terciária. Desta forma as cidades se estabelecem com centros mercantis.
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O comércio se desenvolve a margem do mediterrâneo tendo como destaque as cidades de Genova e Veneza que controlam o comércio dos os produtos que tem origem na Ásia. Outras cidades se destacam no comércio, como Kiev e Birka pelo mar Báltico e depois de século X com o crescimento de Bruges. O norte da Europa cresce comercialmente e o resultado deste crescimento é a hansa Teutônica. Uma liga de cidades da região.
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O crescimento das cidades é também o crescimento do campo. Pois a produção de alimentos e de matéria prima para a manufatura era o fortalecimento do campo na sociedade feudal.
<blockquote></blockquote>Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-1886929687500822152012-05-21T22:29:00.001-03:002013-03-03T14:18:32.243-03:00A declaração de independência dos Estados Unidos.A declaração de independência dos Estados Unidos.
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Como a grande maioria dos países que se tornam independentes nas Américas, os Estados Unidos, nascem como uma república. Moderna para o seu tempo, liberal e humanista. Sua declaração de independência era uma forma de motivar seu povo e manter acessa a chama da liberdade. Mas de certa forma está declaração também incutia no povo Norte Americano as idéias de superioridade e liderança entre as nações.
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O contexto que leva a independência norte americana pode ser traçado tendo como início o Tratado de Paris. A partir de então as posses britânicas se estendem de forma espetacular pelo mundo, exigindo maior controle e esforço administrativo. Atingidos por uma crise financeira, em virtude da Guerra dos Sete Anos, a Inglaterra estabelece que as colônias Américas devem ser responsáveis por gerar seu próprio sustento, criando assim, uma situação de virtual independência da metrópole.
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A Lei do Açúcar que aumentava taxas de importação e restringia ainda mais o comercio da colônia, a Lei do Selo que taxava todos os documentos ou publicações emitidos nas treze colônias, as Leis de Townshend que aumentava as taxas dos produtos importados pela colônia e a Lei do Chá que entregou a Companhia das Índias o monopólio de comercio com a colônia foram motivo de revoltas e conflitos. Os congressos continentais buscavam uma solução americana para a crise e a solução, a princípio não era a independência e sim o autogoverno. Mas o governo inglês não estava mais disposto a negociar e declarou que as colônias estavam em estado de rebelião, determinando que a força militar fosse utilizada.
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Thomaz Paine foi o autor, em 1774, de um panfleto chamado Senso Comum, onde ataca o regime monárquico e pela primeira vez, de forma pública, menciona a independência das colônias. A repercussão popular chegou ao congresso continental e gradualmente as colônias foram se mobilizando até que a decisão por uma república independente foi tomada.
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A confecção do texto da declaração foi conduzida por Thomas Jefferson que não negou a influência de escritores como John Locke ou de autores clássicos como Aristóteles por exemplo. Mas como principal influência pode-se considerar o desconhecido Algernon Sidney que é antecessor ao pensamento liberal, mas já em sua obra defendia que o povo tem o direito de criar, eleger e dissolver seus governantes conforme a vontade do próprio povo.
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Neste período antes da independência, as declarações eram instrumentos institucionais utilizados para determinar uma política oficial dos governantes. O próprio governo inglês utilizou esse instrumento em diversos momentos de sua história. A constituição da Virgínia, com prefácio de Thomas Jefferson, foi um documento base para a Declaração de Independência americana. Muito pelo fato de todas as outras colônias, também, redigirem suas constituições liberais. O texto final de Thomaz Jefferson foi submetido ao congresso americano que promoveu algumas alterações. Mesmo com essas retificações o texto se destaca pela qualidade e importância para o pensamento liberal.
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Após a assinatura das ex colônias o próximo passo foi imprimir e divulgar pelo país a declaração. Copias foram impressas para mostrar a população que uma decisão definitiva havia sido tomada. O principal instrumento de divulgação da declaração foi a leitura pública, onde uma grande festa era montada para completar a cerimônia.
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A Declaração era tão importante que foi considerada um objeto de valor inestimável para o país. Durante a guerra com os ingleses e as mudanças de cidade do Congresso americano a declaração era levada junto com os congressistas e mantida segura como símbolo nacional.Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-47805770725372425892012-05-21T22:28:00.001-03:002013-03-03T14:24:56.402-03:00Aula de História: Que bagagem levar? De: Helenice RochaFaculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História
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Bruno Botelho Horta
Quinto Período
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Aula de História: Que bagagem levar?
De: Helenice Rocha
Matéria: Metodologia do ensino de História
Professor: Rodolfo Maia
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Macaé/RJ
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Idéia central: A autora procura desvendar alguns mitos sobre o ensino da História, tais como a diferença entre as escolas públicas e particulares e o envolvimento dos professores no sentido de superar essas dificuldades. Sua pesquisa de campo direciona o leitor para o entendimento prático de como os alunos percebem e reage a abordagem dos professores. Tendo como finalidade mostras problemas e apontar soluções no ensino da História.
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Não se pode fugir do ensino ou do aprendizado de História sem a leitura de textos. Leitura necessariamente liga ao entendimento do texto. Já essa compreensão é o ponto mais variável e pessoal desta questão. A forma em que esse texto é entendido pelo aluno ou pelo professor é uma forma única que depende, em um dos aspectos possíveis, do acúmulo de conhecimento relativo a outros textos, como a autora descreve a bagagem que o leitor trás.
Na página 83 ao fim do primeiro parágrafo a autora escreve.
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“No ensino de História, a escrita das tarefas escolares se apresenta como tecnologias da memória”
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Em seu trabalho de pesquisa a autora relata que muitos professores de História da rede pública, atribuem a uma má alfabetização, os problemas de entendimento dos textos da matéria. O que de fato não deixa de contribuir para esse problema. Mas cabe ao professor, em sala de aula e em tarefas fora dela, promover e incentivar a escrita dos alunos. Para que eles possam, de forma natural, adquirir está bagagem ou biblioteca pessoal. E, cada vez mais, ter uma relação mais dinâmica e prazerosa com os textos da matéria. Já a mesma dificuldade não ocorreu nas escolas particulares, onde os alunos possuem um letramento maior e de melhor qualidade, deixando os problemas encontrados apenas a alguns alunos de forma isolada.
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A excelente pesquisa da autora deve ser analisada de forma mais abrangente, pois se trata de alunos das séries inicias e de escolas públicas. Na página 87, no primeiro parágrafo a autora escreve:
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“Eles (os alunos) parafraseiam o que seus professores definem como História, como estudo do passado, mais ou menos remoto. Assim, constituem um tautologia, prática escolar de repetição sempre presente em exercícios escolares.”
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Os alunos do nível fundamental, e ainda mais intensamente, os de escolas públicas, refletem inevitavelmente os pensamentos e ensinamentos transferidos por seus professores. Certamente os resultados serão diferentes se a mesma pesquisa for executada em séries superiores. De certo que é um alerta é uma significante abordagem sobre esse problema. Mas deve ser contextualizada e ponderada. A medida que as séries avançam e os professores são alterados por outros de formação ainda mais específica ou atualizada. Certamente as resposta serão diferentes.
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Citando o ultimo parágrafo da página 90:
“Na escola, o capital cultural constitui uma biblioteca partilhada entre alunos e professores, pois as referências culturais são próximas, e uns e outros vivenciam práticas culturais semelhantes. Muitas vezes, como observamos, vêem os mesmos filmes e noticiários, conhecem as mesmas histórias, conversam sobre assuntos semelhantes, com diferenças de preferências relativas a faixa etária.”
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Esse parágrafo reflete a perigosa aproximação entre o professor, que na sua maioria das vezes é um profissional de classe média, como o seu público semelhante, que são os jovens de classe média/alta. As conseqüências são o distanciamento das escolas que atendem as classes mais baixas da sociedade. A dificuldade de se expressar, de aplicar seus planos de aula, de utilizar recursos matérias e de motivar seus alunos. O professor de história deve utilizar essas dificuldades como motivação para superar essa distancia. Deve buscar caminhos alternativos para que sua aula funcione não de forma uniforme onde quer que ele atue, mas como um elemento que se adapta ao lugar e ao aluno que frequenta suas aulas.
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Estimular o acúmulo de memória é uma ferramenta eficiente para iniciar o processo de recuperação dos alunos que não conseguiram adquirir essa bagagem histórica. Criatividade, bom senso e dedicação são instrumentos indispensáveis para essa tarefa. E ninguém melhor que o professor de história para criar os métodos necessários para que essa falta de bagagem seja supera em um tempo menor do que o habitualmente se faria com outras matérias e assim garantir um equilíbrio de informação e aprendizado para todos os alunos. Independente de sua escola ou classe social.
<blockquote></blockquote>Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-53972872076448333582012-05-04T20:29:00.000-03:002013-03-03T14:37:40.427-03:00Resenha da segunda parte de Leviatã de Thomas Hobbes.Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História
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Bruno Botelho Horta
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Resenha da segunda parte
de Leviatã de Thomas Hobbes.
Matéria: História da América
Professor: Meynardo.
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Macaé/RJ
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Leviatã
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Segunda Parte - Do Estado
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Thomas Hobbes escreve Leviatã em 1651, onde procura explicar e justificar a dominação e controle do estado absolutista, fundamentando e estabelecendo está forma de governo. Podemos entender que o texto que justifica o Estado Absolutista, também pode justificar o movimento de independência e as forças revoltosas ansiosas por estabelecer o seu próprio estado e o seu próprio poder. Portanto pretendo, nesta resenha, utilizar o texto de Hobbes para entender e justificar os movimentos de independência da América Espanhola. E de alguma forma inverter o sentido do pensamento dominador. Explicando a revolta pelo ponto de vista dos revoltosos.
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O início do texto pode ser muito bem relacionado com o momento em que viviam os habitantes das colônias espanholas no início do século XIX. Principalmente antes dos movimentos por independência. Pode-se citar o trecho “o desejo de sair daquela mísera condição de guerra que é a conseqüência necessária (conforme se mostrou) das paixões naturais dos homens, quando não há um poder visível capaz de mantê-los em respeito (...)” A península atravessava a crise napoleônica e as colônias, refletindo a crise peninsular, buscava sua nova organização reagindo as fatos que ocorriam na metrópole.
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A formação social das colônias espanholas era caracterizada por uma maioria nativa indígena, um segundo grupos de descendentes peninsulares nascidos na América e outro menor de peninsulares, que dominavam os principais cargos de poder. Como a maioria da população era formada por nativos a justificação encontrada no livro explica o início do pensamento libertador “A multidão que pode ser considerada suficiente para garantir nossa segurança não pode ser definida por um número exato, mas apenas por comparação com o inimigo que tememos”. A superioridade numérica dos nativos era evidente no início de século XIX. Este foi mais um motivo que ajudou na transformação do pensamento colonial.
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O capítulo “Dos direitos dos soberanos por instituição” trata exatamente da formação da base de pensamento que ocorreu na colônia. Os colonos formavam um grupo que adquiria personalidade e pensamentos em comum. A formação de um Estado era cada vez mais necessária. A metrópole representava cada vez menos o interesse das colônias e esses colonos precisavam ser representados. Os americanos queriam o poder e a formação de um novo Estado para expressão de seus pensamentos. O desejo pela formação dos Estados americanos pode ser justificado pelo mesmo motivo da formação do estado espanhol. Onde a cultura em comum e a necessidade de fortalecimento político e militar para combater ou expulsar invasores ou conquistadores foram fundamentais para as transformações visando a unificação e independência.
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As justificativas absolutistas utilizadas pelo autor certamente seriam utilizadas nos Estados americanos que se formavam, mesmo sem que os revolucionários não tenham lido ao menos uma linha de O Leviatã, o pensamento revolucionário que busca o poder desenvolve práticas absolutistas para manter suas posições conquistadas e defender seu novo Estado.
Hobbes fundamenta a necessidade de que o governo, seja ele qual for: Monarquia, Democracia ou Oligarquia deve ser estável e não sofrer ataques ou possibilidade de divisão. Uma vez em que o povo determinasse quem seria seu representante, ou representantes, essa vontade deveria ser respeitada e mantida a todo custo. E certamente esse desejo foi sentido pelos habitantes da colônia que necessitavam escolher seus representantes, diferente dos peninsulares, que já possuíam seus representantes estabelecidos. O povo nativo necessitava passar pelo processo de escolha de seus líderes e a crise imposta por Napoleão apenas reforçou esse sentimento nativo colonial.
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Hobbes justifica e praticamente normatiza como os processos sucessórios devem acontecer no Estado monárquico. Certamente essa dominação do Estado monárquico foi reproduzida após a independência das colônias espanholas, onde os governos constituídos expropriaram bens, confiscam terras e estipulam pesados impostos para manter no novo regime funcionando.
A definição de liberdade utilizada pelo autor é de perfeito entendimento quando se analisa as questões coloniais. Por definir liberdade como ausência de oposição e essa oposição entendida como impedimentos externos. Pode-se entender que os movimentos colônias, que buscavam a liberdade, possuíam essas características definidas por Hobbes e as utilizavam na tentativa de libertação do controle externo.
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Após a conquista desta liberdade vem a necessidade de mantê-la. Então criam regras, leis e elegem representantes. É o chamado “Homem Artificial” ou o Estado. E esse Estado constituído tem o direito de exigir que o homem combata em seu nome, que defenda esse novo Estado com sua própria vida. A recusa a servir esse novo estado é passível de morte. A liberdade individual deve ser submetida a vontade do Estado e neste ponto de vista a antiga colônia e agora um Estado independente começa a reproduzir as práticas da ex metrópole.
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No mérito das partes que constituem o Estado. Hobbes valoriza e reconhece apenas os sistemas, isto é, onde um homem ou um conjunto de homens representa os demais. O significado de província abordado no texto faz referência a porção territorial afasta da metrópole e que são governadas por delegação de poder. Esse poder delegado deve ser exercido e representado por uma assembléia: “Primeiro, o governo de uma província pode ser delegado a uma assembléia, cujas resoluções dependem todas do voto da maioria; esta assembléia será um corpo político, e seu poder será limitado pela delegação.” Essa representação foi, por muitas vezes, o maior motivo de tensão entre colonos e colonizadores. O sentimento de independência só amadureceu pela opressão e pela exploração exercida pela metrópole. Se o pensamento do autor fosse colocado em prática, como por exemplo, instituindo uma assembléia popular colonial, muitos conflitos teriam sido evitados e as revoltas por independência não surgiriam com tanta força.
Sobre a divisão do Estado é admitido abertamente pelo autor a possibilidade de que uma colônia se torne um Estado, onde apenas se mantém laços e amizade. “E, depois de estabelecida a colônia, ou esta constitui por si só um Estado, dispensado da sujeição ao soberano que a enviou”. Esta parte do texto deixa claro que qualquer submissão não se sustentaria por muito tempo e que o pensamento das colônias é alcançar a independência. Hobbes sabia disso e as colônias mesmo sem conhecer o pensamento teórico do autor, também sabiam e buscavam, na prática, a sua independência.
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Hobbes afirma que o Estado é finito e que o principal responsável por esse fim é o próprio homem. Ele determina que o homem, por não ser a todo tempo um ser racional, perde o controle sobre si e sobre os outros homem, possibilitando assim, o fim do Estado, que sem margem para dúvidas é substituído por um novo Estado. E é atribuído aos “males internos” a força responsável por essa destruição. Analisando esse pensamento de Hobbes podemos justificar todos os movimentos revolucionários da América espanhola. Pois foi a má administração da metrópole que permitiu que os “males internos”, isto é, os nativos das colônias, concretizassem o movimento de independência, confirmando assim, a teoria do autor.
<blockquote></blockquote>Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-3070871874395680872012-05-04T20:24:00.001-03:002013-03-03T14:40:10.036-03:00Hosni Mubarak1979 - acordo de Camp David é assinado
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6 Outubro de 1981 – Hosni Mubarak chega ao poder após o assassinato do presidente Anwar Sadat. Mubarak era Vice Presidente e chega ao poder após um referendo popular. Militar de carreira na Força Aérea chegou a Ministro da Defesa e então a Vice Presidente.
Ferido no atentado que matou o presidente Anwar Sadat assumiu o poder com mão de ferro, justificada pelo atentado, decretou estado de sítio no país que perdurou enquanto esteve no poder.
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Aliado de Washington na região, o ditador usufruía de boas relações com o Ocidente embora fosse fato conhecido de que seu governo era uma ditadura de mão de ferro.
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Mubarak também era bem visto por ter mantido um acordo de paz com Israel, assinado em 1979, país com o qual o Egito travou três guerras.
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Ganha apoio dos EUA e de Israel. Fortaleceu relações militares com os EUA de onde recebia verbas para aparelhar e treinar seu exército.
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1987, 1993, 1999 e 2005 foram as reeleições consecutivas de Hosni Mubarak em processos eleitorais cada vez mais obscuros.
As eleições de 2005 permitiram mais de um candidato, antes apenas a população dizia sim ou não.
1995 foi alvo de tentativa de assassinato na Etiópia, em 1995.
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25 – 1 – 2011 – dia de fúria mais de um milhão de pessoas pedindo a saída de Hosni Mubarak
Apesar do forte crescimento econômico dos 30 anos que esteve no poder. A sociedade ficou pobre enquanto o Estado enriquecia. E foi as péssimas condições de vida que impulsionaram os protestos contra Hosni Mubarack.
Mohamed ElBaradei
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3-2-11 Hosni Mubarak anuncia que não tentará mais a reeleição. Quando perde o apoio dos EUA.
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11-2-2011 Hosni Mubarak renuncia e entrega o poder ao comando militar.
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Neste mesmo dia a Praça Tahrir amanheceu tomada por opositores e o prédio da Tv estatal e o palácio de governo cercado por populares a pressão foi tanta que o vice renunciou no dia seguinte.
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Para 2011, o Presidente norte-americano, Barack Obama, preparava-se para pedir ao Congresso para aprovar um novo pacote de apoio militar. Quando a Casa Branca já condenava publicamente a resposta musculada do regime de Mubarak ao início da vaga de protestos no Egito, ainda choviam sobre os manifestantes granadas de gás lacrimogêneo de fabrico norte-americano.Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-5070369144442594392012-05-04T20:22:00.001-03:002013-03-03T14:41:10.333-03:00John LuccockEle era um comerciante de Yorkshire, que desembarcou no Brasil em junho de 1808, três meses depois da corte portuguesa, e permaneceu neste país até 1818.
Permaneceu no Brasil durante dez anos, realizando negócios, procurando enriquecer e observando a terra e a sociedade tão diferentes de seu país
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Sua obra "Notas sobre o Rio de Janeiro e partes meridionais do Brasil", publicado em 1820 na Inglaterra e em 1942 no Brasil., também fazia um juízo pouco favorável acerca das condições culturais brasileiras: A maioria não é nem mais culta nem menos avessa a dar provas públicas de sua ignorância. Se isso se dá com as camadas superiores da sociedade brasileira, que esperar do vulgo? Cada um que decida disso como quiser e dificilmente o fará de maneira demasiadamente desfavorável. É difícil conceber que um país, que por tanto tempo participou da civilização, possa cair mais baixo do que na realidade se encontra a Colônia a esse respeito. (LUCCOCK, 1975, p. 87)
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Escritor utilizado por trabalhos de arquitetura. Onde se buscas referências da época do império.
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Crítica: "O negociante Luccock tem espírito e descreve muito bem, mas exagerado na malignidade. E, como é surdo, não se pode ter tanta confiança no que afirma ter ouvido como no que observou" (Saint-Hilaire).
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Muitos desses viajantes realizavam sozinhos a sua empreitada, como Saint-Hilaire, que percorreu o centro-sul do Brasil de 1816 a 1822. Ainda, Luccock e Mawe também eram viajantes solitários. O primeiro percorreu o Rio de Janeiro e as províncias setentrionais do Brasil em duas viagens, uma em 1813 e outra em 1818.
Lupton & Luccock empresa criada no Rio de janeiro
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Segundo Elizabeth Mendes, os viajantes que aportaram no país entre 1808 e 1822 [1] podiam ser classificados como: naturalistas, assim como Auguste de Saint-Hilaire, Edward Pohl e Johann von Spix e Carl von Martius; artistas, como Jean Debret e os membros da missão artística francesa; militares, como os prussianos Leithold e Raugo; alguns especialistas contratados pela Coroa para um serviço específico, como o mineralogista Eschwege; e ainda os viajantes renomados, membros de uma burguesia comercial inglesa e francesa, como John Luccock, Koster e Tollenare, geralmente interessados em verificar assuntos de importância econômica. As descrições políticas foram contempladas mais por estes últimos, que geralmente se mantinham apenas nas cidades [2] ; o estudo da natureza coube, no entanto, como é de se prever, aos viajantes naturalistas, que se propuseram a adentrar o interior do Brasil em busca do conhecimento de novas espécies.Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-29170046863216922782012-04-27T22:48:00.002-03:002013-03-03T14:49:50.240-03:00Resenha de A Declaração de Independência dos Estados Unidos de DRIVER, Stephanie SchartzA declaração de independência dos Estados Unidos.
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Como a grande maioria dos países que se tornam independentes nas Américas, os Estados Unidos, nascem como uma república. Moderna para o seu tempo, liberal e humanista. Sua declaração de independência era uma forma de motivar seu povo e manter acessa a chama da liberdade. Mas de certa forma está declaração também incutia no povo Norte Americano as idéias de superioridade e liderança entre as nações.
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O contexto que leva a independência norte americana pode ser traçado tendo como início o Tratado de Paris. A partir de então as posses britânicas se estendem de forma espetacular pelo mundo, exigindo maior controle e esforço administrativo. Atingidos por uma crise financeira, em virtude da Guerra dos Sete Anos, a Inglaterra estabelece que as colônias Américas devem ser responsáveis por gerar seu próprio sustento, criando assim, uma situação de virtual independência da metrópole.
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A Lei do Açúcar que aumentava taxas de importação e restringia ainda mais o comercio da colônia, a Lei do Selo que taxava todos os documentos ou publicações emitidos nas treze colônias, as Leis de Townshend que aumentava as taxas dos produtos importados pela colônia e a Lei do Chá que entregou a Companhia das Índias o monopólio de comercio com a colônia foram motivo de revoltas e conflitos. Os congressos continentais buscavam uma solução americana para a crise e a solução, a princípio não era a independência e sim o autogoverno. Mas o governo inglês não estava mais disposto a negociar e declarou que as colônias estavam em estado de rebelião, determinando que a força militar fosse utilizada.
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Thomaz Paine foi o autor, em 1774, de um panfleto chamado Senso Comum, onde ataca o regime monárquico e pela primeira vez, de forma pública, menciona a independência das colônias. A repercussão popular chegou ao congresso continental e gradualmente as colônias foram se mobilizando até que a decisão por uma república independente foi tomada.
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A confecção do texto da declaração foi conduzida por Thomas Jefferson que não negou a influência de escritores como John Locke ou de autores clássicos como Aristóteles por exemplo. Mas como principal influência pode-se considerar o desconhecido Algernon Sidney que é antecessor ao pensamento liberal, mas já em sua obra defendia que o povo tem o direito de criar, eleger e dissolver seus governantes conforme a vontade do próprio povo.
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Neste período antes da independência, as declarações eram instrumentos institucionais utilizados para determinar uma política oficial dos governantes. O próprio governo inglês utilizou esse instrumento em diversos momentos de sua história. A constituição da Virgínia, com prefácio de Thomas Jefferson, foi um documento base para a Declaração de Independência americana. Muito pelo fato de todas as outras colônias, também, redigirem suas constituições liberais. O texto final de Thomaz Jefferson foi submetido ao congresso americano que promoveu algumas alterações. Mesmo com essas retificações o texto se destaca pela qualidade e importância para o pensamento liberal.
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Após a assinatura das ex colônias o próximo passo foi imprimir e divulgar pelo país a declaração. Copias foram impressas para mostrar a população que uma decisão definitiva havia sido tomada. O principal instrumento de divulgação da declaração foi a leitura pública, onde uma grande festa era montada para completar a cerimônia.
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A Declaração era tão importante que foi considerada um objeto de valor inestimável para o país. Durante a guerra com os ingleses e as mudanças de cidade do Congresso americano a declaração era levada junto com os congressistas e mantida segura como símbolo nacional.Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5769765682541568405.post-8395523300344189232012-03-07T07:09:00.002-03:002012-03-07T07:09:28.618-03:00Resenha de: Relativizando. Terceira Parte. Trabalho de Campo De: Roberto DamataFaculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé<br />
Graduação em História<br />
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Bruno Botelho Horta<br />
Quinto Período<br />
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Resenha de:<br />
Relativizando. Terceira Parte. Trabalho de Campo<br />
De: Roberto Damata <br />
Matéria: metodologia do Ensino da História.<br />
Professor: Rodolfo Maia<br />
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Macaé/RJ<br />
Março de 2012.<br />
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1 – O trabalho de campo na Antropologia Social.<br />
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Foi o abandono da visão evolucionista no final do século XX que levou o antropólogo ao campo de pesquisa. Tendo como principal método de trabalho a não intervenção em seu campo de pesquisa. Os fatores sociais devem seguir o seu curso normal sem a retirada ou introdução de elementos por parte do pesquisador. Esse é o funcionalismo proposto por Damata. No funcionalismo o Etnólogo deixa a cadeira da biblioteca e junto com ela suas frases soltas e puramente classificatórias e entra no convívio social de diversos grupos, percebendo que os costumes são interligados e que todo o contexto funciona com um interdependência normalizadora do ambiente social.<br />
E como define Malinowski o desejo do etnólogo deve ser de transformar conhecimento em sabedoria, isto é, aprofundar nossa visão sobre o mundo e compreender nossa própria natureza..<br />
O Neófito da antropologia é encorajado a se afastar do aprofundamento teórico e se dedicar ao trabalho de campo. Sendo assim, todo antropólogo é estimulado a repensar a sua ciência. <br />
A antropologia possui uma longa, saudável a tradicional base pluralista. Ela é uma e múltipla ao mesmo tempo, com pleno respeito a todas as formas de sociedade e sem se prender a qualquer doutrina social, moral ou religiosa. É tomar como ponto de partida o ponto de vista e a posição do outro.<br />
2 – O Trabalho de campo como um rito de passagem.<br />
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O antropólogo se retira de sua sociedade e fica por um período invisível para ela. Passa a viver em um ambiente marginal e perigoso e por muitas das vezes por seus próprios custos. Esse afastamento proporciona uma liberdade pessoal que o liberta para experiências e relações sociais que seriam impossíveis dentro de sua sociedade natural. E por essas experiências retorna ao convívio com um novo papel e com uma nova perspectiva de sociedade. Seu papel é uma busca por controlar seus preconceitos, que é facilitada pelo distanciamento de suas relações sociais naturais.<br />
O trabalho de campo é um processo cheio de dilemas e problemas existenciais. <br />
A noção de sociedade parte de idéia de relacionamentos com um mínimo de coerência e essa coerência não implica na ausência de conflitos, contradições e divergências. Elementos, estes, que são, inclusive, fundamentais para se formar uma sociedade.Bruno Hortahttp://www.blogger.com/profile/12890645244152299944noreply@blogger.com1