sexta-feira, 22 de abril de 2011

História Geral - Período Moderno

1 – Análise crítica do texto de Norbert Elias
Para compreendermos a formação de um Estado Nacional, primeiro precisamos ter estabelecido e definido o conceito de “Estado Nacional”. Um povo com costumes semelhantes, com traços raciais em comum, que possuam os mesmos valores e se identifiquem como iguais, são algumas das características que podem formam uma Nação. E quando estas pessoas, isto é, este povo se reúne em um território comum, estabelece suas leis de convívio e se harmonizam na defesa de interesses comuns, pode-se definir que existe, ali, um Estado Nacional. Um território habitado e defendido por um povo de objetivos e características comuns. E que estabelecem entre si um governo para comandar e decidir as ações para o bem comum. Se bem que o conceito de “bem comum” é uma nova questão a ser debatida, mas que não cabe nesta análise crítica do fragmento do texto de Norbert Elias.
E nesse natural estabelecimento de um grupo para dirigir a Nação, forma-se uma primeira elite, o primeiro seguimento social diferenciado que tem por missão defender os interesses nacionais. Manutenção ou ampliação do território, acúmulo de bens e o fim dos conflitos internos. E a primeira necessidade deste grupo é justamente se manter na elite, legitimar sua chegada ao poder, defender seus próprios interesses, garantir que depois de ter alcançado esse “status” social, eles ali permaneçam. É a partir de então que o conceito monopolizador se intensifica.
Monopolizar é centralizar, é tornar um ponto central como o único capaz de tomar todas as decisões. É restringir a um só núcleo ou há uma só pessoa todas as medidas a serem tomadas no interesse do bem comum. Foi com esse objetivo que a elite que alcançou esse poder iniciou medidas de se perpetuar e expandir essa condição.
A primeira condição para se manter como detentor do monopólio do poder no Estado Nacional é se legitimando no poder e das mais variadas possibilidades para essa legitimação tais como: a herança, a descendência, a compra, a antiguidade, entre outras a mais direta é a força, a conquista, o domínio. E só se domina pela força utilizando as armas. O governante que se estabelecia no poder proibia o homem comum de possuir armas. Esta regalia fica restrita aos militares e membros dos exércitos reais. Ter a posse de todas as armas garantia mais do que a permanência no poder, mas também a certeza de que nenhum outro homem ameaçaria o poder estabelecido. Esta prática foi comum para os reinos da Francia, da Bretanha e da Germânia.
Por conseqüência os custos militares eram altos e a autoridade central, seja ela qual for não produzia riquezas. Suas posses vinham de impostos cobrados do homem comum. O aparelhamento do exército ou de algum outro órgão que o valha era custoso para o governante que, assim, não possuía outra forma de adquirir riqueza que não seja a de aumentar os impostos. Este circulo de exploração e opressão montado pelo governo central subjugou completamente a sociedade que não participava do poder e quem não era militar. Deixando-a em uma situação frágil, sendo ao mesmo tempo dependente e explorada por seu governante.
A dependência, na verdade, era mútua. Primeiro porque os homens não conseguiriam organizar sua sociedade ou sua Nação, sem outros homens que assumissem funções do controle e consequentemente estabelecendo um governo. Mas um governo não consegue se estabelecer sem um suporte popular, mesmo que não seja um governo nos moldes democráticos que conhecemos hoje, os governantes necessitavam manter algum elo com seu povo. O que caracteriza o período que estudamos é que este elo se estabelecia por força, opressão, dependência financeira, proteção, propriedades, objetivos comuns ou laços históricos/étnicos. Na faceta econômica governante e governados estavam ainda mais dependentes entre si, pois os governados não possuíam capacidade de se governarem e nem de se protegerem militarmente. Já o governo organizado e recolhedor de impostos, possuía estrutura militar e fiscalizadora suficiente para proteger a nação e garantir o recolhimento de impostos.
O inevitável crescimento de Estado levou a uma maior estrutura governamental, pois as decisões necessitavam respostas cada vez mais complexas e mais urgentes. Com isso o poder central iniciou uma delegação de poderes a outros membros que anteriormente não pertenciam ao governo, estes indivíduos que passaram a utilizar o poder público tornaram-se parte do Estado e de uma nova classe que emergia e dividia o poder, a burguesia. Ela surge da necessidade de maior organização do Estado, mas sua principal característica é de que ela não quer tomar o poder estabelecido, mas sim participar dele.



2- Peculiaridade do Estado Absolutista.

As primárias trocas realizadas durante o período feudal foram gradualmente se intensificando, modernizando e adquirindo uma complexidade que levariam ao uso da moeda como instrumento facilitador das trocas. Assim o capitalismo dava os seus primeiros passos na sociedade feudal. E a principal característica do surgimento deste capitalismo, como pode ser o surgimento do capitalismo em qualquer época ou lugar, é o aumento da riqueza circulante. O capitalismo surge quando a sociedade passa a produzir mais, a importar e a exportar mais, quando a sociedade cresce vegetativamente e esses novos membros passam a produzir para a sociedade. E foi esse crescimento que a sociedade feudal européia experimentou, trazendo consigo a nova experiência do capitalismo.
A capitalização do Estado feudal fez surgir uma nova organização social e política. Com a necessidade de delegar as tarefas de organização e manutenção do Estado, que já não cabiam mais nas mãos de somente um soberano, uma nova classe social ascende dentro do poder estabelecido. A burguesia surge para dividir com o clero as atenções da nobreza. E esse novo equilíbrio trazido por esta nova classe estabeleceu uma nova política e uma nova econômia. A burguesia trazia o capital tão necessário para a sustentação do reino, o clero contribuía na organização política e intelectual e foi na sua parcela de contribuição política que o clero foi obrigado a ceder espaço. Os “novos ricos” da burguesia compravam e conquistavam sue espaço, rivalizando com o clero e não com a nobreza que apesar de ter seu papel diminuído com a ascensão da burguesia ainda eram sustentados pelo rei que mantinha o equilíbrio social entre nobres, cleros e burgueses. Equilíbrio que sustentava o soberano através das políticas administradas. Políticas estas de concessões e suspensões para todos os lados, equilibrando as classes, acorrentando-as ao seu limitado espaço e garantindo a soberania do rei.

3 – Teoria tridimensional de Braudel

Com o capitalismo já funcionando na prática, mesmo sem ser reconhecido por este nome ou estudado por teóricos contemporâneos dos séculos XIV e XV. Este sistema era a principal característica do mercado europeu quando estudamos o comercio das regiões interna e externamente. Isto é, nos seus movimentos comerciais e políticos internos ou nas suas relações com outros mercados, muitas das vezes estrangeiros, mas que mesmo a distância era fundamental para o equilíbrio das economias domésticas. Foi partindo desta realidade que Braudel formulou seus conceitos de Econômia-Mundo e Econômia-Mundial.
Braudel dá mais importância a Econômia-Mundo do que para a Econômia-Mundial, pois a mundial evolve a totalidade dos mercados, pouco produtiva é a análise de um mercado tão extenso e que muitas vezes coexistem sem se interligarem. Já a Econômia-Mundo se restringe a uma parte deste todo, a uma região que consegue formar um todo econômico que se fecha e se completa. Esta região possui limites geográficos que se modificam, expandindo-se ou contraindo-se lentamente na medida em que o centro econômico, geralmente uma cidade, modifica suas relações e seu funcionamento.
Este centro da Econômia-Mundo é representado por uma cidade, que converge todos os fluxos políticos e econômicos da região. Isso não significa que cidades menores ou da periferia não realizassem uma “pequena econômia de mercado”, onde seus agentes econômicos efetuavam transações financeiras ou trocas, mesmo que rudimentares, mas a realização final das transações econômicas eram inevitavelmente concluídas nestas cidades.


4 –O Humanismo
Um dos pontos responsáveis pelo surgimento deste movimento social e cultural chamado Humanismo foi a emergente burguesia. Essa nova classe social que não era nobre, nem pertencente ao clero e já se destacava do povo, pois era formada de comerciantes e artesãos que acumulavam riqueza e já possuíam capital para investir em seus próprios empreendimentos. Foram esses homens que iniciaram uma modificação no pensamento até então voltado pra a figura de Deus como o centro do universo (Teocentrismo), passando a se descobrir como um ser capaz de construir seu próprio futuro, um futuro que este homem escolheu, um futuro humano, o Humanismo. Mas é importante ressaltar que não ocorreu uma negação aos valores religiosos, tão pouco a exclusão de Deus da vida dos humanistas. Os valores religiosos permaneciam integrados a esta nova visão antropocêntrica.
Uma abertura para movimentos culturais e artísticos que não girassem apenas em torno de temas religiosos teve início e uma rápida evolução. A arquitetura, como obra de arte e não mais integrada a temas religiosos, a escultura como obra única e não em um contexto religioso e a pintura humana com seus retratos, auto-retratos e encomendas são alguns dos destaques desta abertura.
A sociedade passa a consumir obras de arte como demonstração de riqueza, poder e influência. E estes ricos consumidores de arte são elementos que interessam aos nobres. Afinal um governante (rei) quer ao seu lado pessoas influentes e principalmente pessoas que são as donas do capital circulante no reino. Se o rei não tem esses pessoas ao seu lado, pode inesperadamente, ter essas pessoas contra ele. Por tanto foi conveniente abrir espaço na corte para quem não era nobre, mas possuía dinheiro e influencia na sociedade. Assim uma nova organização social e política se constrói. E se estabelece.
Importante movimento humano também no campo da literatura e do teatro. Interessante ressaltar uma das características desta nova forma de escrever quando o assunto é relacionado ao amor. Esse tema que antes era idealizado passa a ser abordado de forma real, com seus defeitos e qualidades, com seus gozos e desgostos. Nesse inevitável fortalecimento do movimento humanista até os reis se valem desta modificação para estabelecerem e consolidares o seu poder. A corte portuguesa, por exemplo, estabelece e figura do escritor-mor. Responsável por registrar a vida do rei, exaltá-lo e assim manter o seu “status” de líder com as graças divinas.
As mudanças na vida da sociedade foram intensas e se observou a maior circulação de dinheiro e uma possibilidade, ainda que limitada, de mudança de classe social. As navegações trouxeram uma nova forma de comércio e oportunidades para novas divisões políticas. A expansão do reino somado as terras das colônias recém descobertas e no início de sua exploração eram a abertura de possibilidades que estimulava os investimentos econômicos e políticos.