quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Dia do Historiador 19/08

AMO A HISTÓRIA. SE NÃO AMASSE, NÃO SERIA HISTORIADOR. FAZER A VIDA EM
DUAS: CONSAGRAR UMA À PROFISSÃO, CUMPRIDA SEM AMOR; RESERVAR OUTRA A
SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES PROFUNDAS – ALGO DE ABOMINÁVEL QUANDO A
PROFISSÃO QUE SE ESCOLHEU É UMA PROFISSÃO DE INTELIGÊNCIA. AMO A
HISTÓRIA E É POR ISSO QUE ESTOU FELIZ POR VOS FALAR, HOJE, DAQUILO QUE
AMO” – LUCIEN FEBVRE

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O NOME DA ROSA (Der Name Der Rose )

FAFIMA - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Macaé
Leitura e Produção de Textos. Professor Luiz.
Alunos: ..................................





O NOME DA ROSA


Título original: Der Name Der Rose
Gênero:Ficção
Duração:02 hs 10 min
Lançamento:1986
Estúdio:Cristaldifilm / France 3 Cinéma / Les Films Ariane / Neue Constantin Film / Zweites Deutsches Fernsehen
Distribuidora:20th Century Fox Film Corporation
Direção: Jean-Jacques Annaud
Roteiro:Andrew Birkin, Gérard Brach, Howard Franklin e Alain Godard, baseado em livro de Humberto Eco




1 – Introdução.
Este trabalho pretende informar e analisar a obra cinematográfica “O Nome da Rosa”, filme dirigido por Jean-Jacques Annaud em 1986 que tem o nome original de “The Name of the Rose” uma produção conjunta de Itália, França e Alemanha com a duração de 130 minutos. Jean-Jacques é francês. Antes do lançamento desta obra o diretor já havia sido premiado com o melhor filme no Prêmio César, premiação do cinema francês, por A Guerra do Fogo de 1981. E melhor diretor por O Urso de 1980 e pelo mesmo A Guerra do Fogo. E como melhor filme estrangeiro ganhou em 1986 com O Nome da Rosa.
Filme baseado na Obra Literária Der Name Der Rose de Umberto Eco, lançada em 1980. E que só viria a ser lançada no Brasil em 1995 pela editora Record.
Um resumo do enredo do filme foi apresentado em sala de aula. Nesta apresentação o grupo de trabalho aproveitou a oportunidade para além de cumprir uma determinação dada pelo professor, aprimorar seus conhecimentos de cinema e ambientar-se a proposta da graduação em que estamos cursando, que é lecionar a matéria do curso escolhido. Foi para todos os integrantes uma excelente oportunidade de falar e se expressar em público. A dramatização foi encarada como desafio para muitos do grupo que nunca tiveram esta oportunidade. A opção por não utilizar recursos de mídia ou algum tipo de suporte cenográfico foi proposital, pois assim estaríamos nos aproximando ainda mais com a realidade profissional que encontraremos no dia a dia da nossa profissão.

2 – Método de trabalho.
O grupo foi formado basicamente por alunos de diversos cursos, todos eles no primeiro semestre de estudo, que haviam ingressado na Faculdade após o início regular das aulas. Ou não estavam presentes no dia da definição dos grupos e seus temas. Quando o Professor Luis Guaraci foi informado que havia alguns alunos que não pertenciam a grupo algum, o professor determinou o estes alunos formassem um grupo e trabalhassem com o filme título deste trabalho. Foi para todos um desafio a mais, pois não nos conhecíamos e pertencíamos a cursos diferentes. Onde horários e rotinas não coincidiam, mas com a certeza de que esse tipo de desafio apareceria muitas vezes em nossas carreiras, nos organizamos e iniciamos o trabalho.
Visando não prejudicar ou favorecer alguém definimos o número de personagens principais de acordo com o numero de componentes do grupo. Realizamos um sorteio para definir quem interpretaria qual personagem. Copias do filme foram feitas e distribuídas a cada componente do grupo. Os integrantes estudaram seus personagens e destacaram quais as cenas eram as mais importantes. Feito este trabalho individual, o grupo passou a se reunir em partes ou por completo para definir como seria o desenrolar da apresentação. Na véspera da aula foi realizada uma reunião geral, que se repetiu no dia da apresentação, tudo ensaiado e definido, foi realizada a apresentação que se viu em sala de aula.

3 – O filme.
Ambientado na última semana de novembro de 1327, em um mosteiro isolado ao norte da Itália. Após uma morte que causou muito incomodo no mosteiro beneditino, um monge franciscano William de Baskerville é chamado para ajudar nas investigações. Consigo Willian trás seu noviço Adso de Melk, filho de um rico comerciante que o entregou para que William cuida-se de sua educação. Um elemento que diferencia este mosteiro dos demais é que ele é conhecido por possuir uma vasta biblioteca, onde podem ser encontrados livros raros e livros não aceitos pela Igreja Católica, que dominava a sociedade da época.
Inicialmente William iria participar de um conclave, onde seria debatida a pobreza da Igreja e de clero. Mas como a morte recente de um irmão causava um grande transtorno na vida do mosteiro, o Abade resolve pedir ajuda a William, evitando assim que a Inquisição assumisse o caso. A designação de Abade teve início na Síria, por volta do século IV. Era a designação do responsável pela Abadia; isto é; uma comunidade monástica cristã.
William inicia suas investigações e aos poucos vai esclarecendo que as mortes não são de responsabilidade do diabo. E que existe um mistério no mosteiro, onde logo ele iria desvendar quem era o responsável pela morte. Durante suas investigações William e contestado pelo guia espiritual do mosteiro, chamado de reverendo Jorge, um monge idoso e já cego. A postura radical de Jorge e sua convicção a respeito da fé é um grande desafio para William. Jorge e o bibliotecário do mosteiro procuram dificultar ao máximo as investigações de William.
O mistério começa a ser revelado quando William e Adso encontram Salvatore um herege convertido que pertencia a ordem dos Dulcinitas. Hereges são pessoas que não compartilham da idéia de algum grupo religioso ortodoxo ou algum de algum sistema filosófico. Vale ressaltar que segundo Georges Duby, historiador francês especializado em Idade Média, uma pessoa se torna herege por determinação de alguma autoridade ortodoxa ou fundamentalista, ele é antes de tudo um herético aos olhos dos outros. Já os Dolcenitas era uma ordem que ao contrário de São Francisco de Assis, buscavam a destruição da riqueza e não o amor pela pobreza.
Salvatore se torna uma importante testemunha, que leva William a descobrir que era um livro envenenado que havia sido lido por todos que já haviam morrido. O livro era escondido pro Jorge, pois se tratava de um livro escrito por Aristóteles, filósofo grego aluno de Platão, onde o riso era valorizado.
Quando William tem tudo solucionado e se prepara para contar a todos no mosterio um novo personagem surge, é Bernardo Gui.
Bernardus Guidonis, francês, foi uma figura histórica é real. Nasceu em 1261. Foi noviço e logo se tornou um decano. Sua capacidade o levou a ser nomeado Grande Inquisidor de Toulouse. Foi elevado a bispo pelo Papa João XXII. Bernardo foi historiador e agiógrafo, que eram os responsáveis por traduzir as intenções de Deus e instruir as pessoas das vontades de Deus. Bernardo escreveu Liber Sententiarum Inquisitionis ("Livro das Sentenças da Inquisição"). O guia dos inquisidores da Igreja Católica.
Bernardo prende Salvatore e uma mulher do povo, sob a acusação de satanismo. E desta forma impões sua vontade, dizendo que satã está por detrás das mortes no mosteiro. Impedindo assim que William divulgasse a verdade. Para o julgamento dos hereges Bernardo convoca o Abade e William. William contesta o veredicto de Bernardo. Furioso Bernardo condena os dois hereges à fogueira e prende William para ter sua sentença confirmada pelo Papa Clemente.
A inquisição foi oficialmente criada em 1233 pelo Papa Gregório IX. A pena de ser queimado na fogueira era a pena mais grave, haviam as punições de penitência, multa, confisco de bens e prisão. Em 1965 a inquisição romana mudou de nome e hoje é conhecida como Congregação para Doutrina da Fé.
Durante a aplicação da pena, a população manifesta uma revolta e amedrontado, Bernardo Gui foge. Enquanto isso William e Jorge travam uma luta intelectual na biblioteca, onde Jorge tenta envenenar William. O resultado é um grande incêndio, onde a maior parte das obras se perde. Jorge morre ao mesmo tempo em que Bernardo. Um queimado e o segundo em um acidente de carruagem durante a fuga, onde a população terminou de completar a sina do Inquisidor.
O filme termina com William e Adso deixando o mosteiro. Adso ainda é tentado a ficar com a mulher que ele encontra poucas vezes durante sua estada no mosteiro.

4 – Apresentações teóricas individuais.
Concluída a apresentação em sala de aula, restou ao grupo apresentar a parte escrita proposta pelo professor. Mais uma vez decidimos que seguiríamos a linha proposta desde o início do trabalho. Cada componente do grupo desenvolveu seu personagem nas páginas que seguem em anexo a este trabalho.

Politereftalato de etileno, soluções simples ao alcance de todos.

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé





Grupo de pesquisa:
Bruno – História
Patrícia – História.
Lorena – História.
Patrícia – Pedagogia.
Adriana - Pedagogia.
Maíra - Pedagogia.






Projeto de Pesquisa Científica.
Título: Politereftalato de etileno, soluções simples ao alcance de todos.
Matéria: Metodologia Cientifica e pesquisa em Educação.
Professora: Sônia.








Macaé/RJ
Junho de 2010.




Resumo
Este projeto de pesquisa apresenta um estudo referente a necessidade e as possibilidades de incremento na reciclagem, reutilização e reaproveitamento do Politereftalato de Etileno, material que compõe as conhecidas garrafas PET.



Justificativa
Segundo a ADIPET (Associação Brasileira da Indústria do PET). Somente 55% das garrafas PETs são recicladas. A estimativa é que a garrafa leve cerca de 500 anos para ser absorvida pelo meio ambiente. Segundo a própria ADIPET para a reciclagem de uma garrafa só é consumida 3% da energia necessária para se fabricar uma nova. E segundo a COMLURB (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) do Rio de Janeiro. As garrafas são responsáveis por 1,4% do total de lixo recolhido na cidade.

Objetivo
Aprimorar o processo de coleta, aumentando a quantidade de embalagens reaproveitadas e diminuindo o espaço necessário para depósito de lixo nas cidades.

Relevância
Em primeiro plano o projeto de pesquisa aqui exposto, tem a fundamental importância de melhorar o reaproveitamento das garrafas PET. Os atuais níveis de reaproveitamento e reciclagem deste produto esta em torno de 55% do material produzido pela indústria brasileira. Índice que não é tão insignificante quando comparado com outros materiais recicláveis. Como o vidro quem tem índice de 47%, o papelão de 43%, embalagens longa vida 26%, metal e aço 46%. O índice de reciclagem de garrafas PET só é superado pelo alumínio que reclica 96% do que produz. Estes índices foram fornecidos pela ABRAE (Associação Brasileira de Reciclagem).
Estes índices ruins colaboram para uma não formação cultural de reciclagem na sociedade. O que pode, em um futuro de curto prazo, colaborar para a piora dos índices de reciclagem do nosso objeto de pesquisa. Esta preocupação se torna ainda mais importante quando estabelecemos que a falta de cultura de reciclagem, tanto na sociedade, quanto na indústria responsável pela produção e do sistema responsável pela reutilização, ocasionaram uma significativa piora do padrão de vida da sociedade.
A melhora dos níveis de aproveitamento das garrafas PET implica também, na elevação dos níveis de empregabilidade, pois incrementando o ciclo de reciclagem do produto, necessariamente teremos um aumento na demanda por mão de obra, o que tira da fila de desemprego um número proporcional de profissionais a medida que a coleta, processamento, transformação e recolocação no mercado do produto aumenta.
Outro fator importante que será diretamente afetado é a redução do consumo de energia na indústria. Pois somente a fração de 3% da energia necessária para produzir uma garrafa nova é utilizada para reciclar uma garrafa usada. Considerando-se que a produção anual de garrafas PET no Brasil esta em torno de 2 bilhões de unidades por ano. Temos então uma quantidade expressiva de economia de recursos naturais.
Podemos destacar também, que, com a devida formação e orientação de novos agentes de propagação da cultura de reciclagem, podemos incentivar projetos acadêmicos ou industriais, que visam desenvolver novas tecnologias necessárias para o constante desenvolvimento de técnicas operacionais de reaproveitamento e reciclagem.

Publico Alvo:
Empresários, consumidores e estudantes.

Cronograma
Visita aos centros de reciclagem, debates com o comunidade e meios de comunicação e promoção junto a comunidade acadêmica de projetos de reciclagem.

Base Teórica
As fibras das garrafas PETs são de alta versatilidade, podendo ser utilizadas em diversos segmentos da industria, comércio e nas residências.

Avaliação:
Projeção de resultados. Mudança de hábitos de consumo e produção.

Referências Bibliográficas
Sites, revistas e livros consultados.
ABRAE (Associação Brasileira de Reciclagem).
ABIPET, Associação Brasileira da Indústria do PET.
REIS, Martha. Perigo: lixo tecnológico. Nova Escola. Abril: São Paulo.

Anexos:
(avaliar necessidade )

Resenha Crítica do texto: Sobre a memória das cidades de Maurício de Almeida Abreu, do Departamento de Geografia da UFRJ

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História








Bruno Botelho Horta
Primeiro Período








Resenha Crítica do texto: Sobre a memória das cidades de Maurício de Almeida Abreu, do Departamento de Geografia da UFRJ








Macaé/RJ
Junho de 2010.

O autor Maurício de Almeida Abreu é professor titular do programa da graduação e pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestrado e doutorado na Universidade de Ohio (EUA).
De início o autor revela que depois de um longo período na história do Brasil, onde o novo era extremamente valorizado, um novo discurso está invadindo o pensamento urbano. É a restauração, preservação ou revalorização dos vestígios do passado.
Esta observação é importante e significativa, pois revela uma mudança no pensamento comum que por muitas vezes fica imperceptível ao morador dos centros urbanos do Brasil. Sendo até mais popular e menos erudito do que o autor, valho-me de uma frase até comum mas que pode resumir bem o assunto tratado: Só damos valor ao que perdemos. E o sentido de valor que podemos tratar aqui é bem mais amplo do que ter uma simples consideração ou importância pessoal. O valor atinge aspectos culturais, humanos e até econômicos.
O autor segue e direciona seu texto subdividindo-o em 3 eixos: um de natureza geral, outro que busca a conceituação e por fim o que discute o papel da geografia neste cenário.
No primeiro eixo temos: A valorização atual do passado. Citando o francês Jacques Le Goff, um especialista em idade média, que ressaltou o período do iluminismo, onde todo um passado de grande imobilidade humana, devido a hegemonia da igreja, era deixado para trás. Os novos pensadores acreditavam em um futuro brilhante para a humanidade que passaria a conduzir seu próprio caminho. Le Goff segue alertando que este futuro maravilhoso nunca veio e que mesmo renegando o passado o homem moderno, que é o pruduto daquele pensamento iluminista, se tornou , apesar de inegáveis progressos, um ser que se auto destrói, destrói seu meio ambiente, falha na construção da nova sociedade e faz o futuro um lugar incerto e temeroso.
O também francês Bernard Lepeti diz que os momentos de transição são momentos de perda da concordância dos tempos.
Concordo que vivemos um momento de transição é que não sabemos onde esta explosão de novas tecnologias que são quase que imediatamente superadas por novíssimas técnicas, irão nos levar. Fica em aberto se esta tendência a valorização da memória do passado perdurará por muito tempo ou logo será relegada, devido ao turbilhão de novidades que assola o homem moderno a cada segundo. Mas seguimos analisando a obra de Maurício de Almeida Abreu.
A busca de “Memória Urbana” no Brasil. A fundação das grandes cidades brasileiras como Rio de Janeiro em 1565, São Paulo em 1554, Olinda em 1537, Salvador 1549 e Ouro Preto 1711, apesar de serem cidades com mais de quatrocentos anos, nada ou muito pouco guardam de seu passado históricos. Encontramos nestas cidades prédios e obras públicas com cerca de cento e cinqüenta ou cem anos, mas do passado com cerca de quatro séculos nada restou. As duas ultimas cidades citadas Salvador e Ouro Preto são as que ainda preservam um pouco mais deste passado distante, mas não por cultura do povo que as habita mas sim por um decadência financeira que atingiu estas cidades.
Estes fatos são bastantes compreendidos pois a modernização, a melhora da qualidade de vida e a tendência que as sociedades urbanas tem de seguir modelos mais avançados. Como eram modelos as cidades européias. Levaram a população dos centros urbanos e transformar seu espaço de uma forma modernizadora. Ter um cidade e seus habitantes utilizando recursos modernos era sinônimo de desenvolvimento e a sociedade na queria ser considerada ultrapassada. Salvador deixou de ser a capital do País e Ouro Preto perdeu força na exploração das minas. Isto foi fundamental para que o dinheiro não circulasse nestas cidades como circulavam nas outras grandes cidades, criando assim uma estagnação do crescimento e conseqüente destruição do passado urbano.
Voltando ao autor ele relata que hoje existe uma grande preocupação em preservar/recuperar/restaurar o que ficou das paisagens urbanas nas cidades. Os governos, em todas as esferas, vem investindo e estimulando esta preservação. Cria secretarias especializadas em patrimônio histórico e contrata firmas especializadas em restaurações para resgatar este passado. Além de tombar patrimônios considerados históricos.
Acredito que estas medidas surjam mais por pressões não governamentais, do que pela livre iniciativa dos governos em preservar a memória urbana.
A memória individual. O autor recorre a definições e pensamentos de Milton Santos e do o belga Georges Poulet, onde cita o escritor Mareei Prost. Define que a memória individual tem aspectos que remontam um passado vivido e resgatado em forma de memórias pessoais. Onde o personagem reconstrói fatos e lugares vividos por ele em seu passado, além das memórias adquiridas através de contos e relatos de outras pessoas mais velhas que contavam histórias de seu passado. O autor alerta que essas memórias são pessoais e podem conter distorções ocasionadas pela pessoalidade das informações que são passadas.
Primeiro não tenho certeza se o pensamento de um belga, baseada nas idéias de um francês, pode representar ou tentar representar o pensamento individual de brasileiros, que vivem sobre aspectos muito diferentes e por vezes contrários. Como nas relações de dominação da Europa sobre a América do Sul como um todo. E ainda percebo falhas de precisão e de aprofundamento das questões históricas. Falta precisão, pois confiar em fontes tão subjetivas é extremamente difícil, quando a intenção e resgatar um passado importante e representativo. E falta aprofundamento, pois um passado de mais de quatrocentos anos, se perde facilmente quando retroagimos gerações para buscar um passado oral.
A memória coletiva. Citando o sociólogo francês Maurice Halbwachs que diz que a memória coletiva envolve a memória individual mas não se confunde com elas. A memória coletiva é um conjunto de lembranças construídas socialmente que transcendem o indivíduo. Ela tem caráter contínuo e só retém aquilo que interessa ao grupo, portanto nem tudo é preservado. Quando determinado interesse vai sendo deixado para trás ele deve ser registrado, para que não se perca no tempo e deixe de existir.
O pensamento do autor e a sua fonte de referencia são bastante claros, mas deixam de ter lógica. No momento que a memória coletiva vai deixando de Aldo um determinado assunto ou fato, alguém se encarrega de registrá-lo para que ele não se perca. Mas partindo do princípio que uma pessoa vai registrar uma memória coletiva, ela imediatamente deixa de ser coletiva para representar o pensamento individual de quem a escreveu.
Memória e história. A memória seja coletiva ou individual e sempre seletiva, pois as pessoas só guardam aquilo que querem lembrar. Já a história é objetiva, nunca terá a objetivação total, mas chega muito mais perto do que a memória. A história é registro, distanciamento, problematização, crítica e reflexão.
Aqui o autor consegue ser direto e define uma questão importante. A memória das cidades não é construída pela memória de seus habitantes e sim pela história do lugar. Assim fugimos das subjetividades e das distorções que até então estavam caracterizando o texto.
A memória das cidades. Aqui o autor define dois conceitos o de “memória urbana” é trata das lembranças do modo de vida urbano da cidade. E a “memória da cidade” onde há uma base material, um lugar, traços arquitetônicos.
Aqui o autor é claro e preciso a memória urbana, trata dos aspectos individuais e sócias que o indivíduo possui na cidade. Já a memória da cidade são os aspecto que existem de forma física nas cidades.
Geografia e memória. Neste longo e conclusivo eixo o autor incorpora o sentido geográfico que falta ao texto. Cita Milton Santos que diferencia a história urbana da historia da cidade. O urbano é o abstrato, o geral, já a cidade é o particular, o concreto. A história de uma cidade não dispensa a análise da dimensão única, idiográfica, do lugar. Se abandonarmos essa dimensão poderemos até recuperar o urbano, mas não a cidade e muito menos a história da cidade. Não basta analisar a atuação dos processos sociais no espaço. Temos que dae conta também do espaço onde eles atuaram.
Com essa base geográfica o autor consegue definir de que forma devemos pensar ao analisar a memória da cidade. Depois de descrever todos os aspectos sociais e históricos das relações sócias, a geografia com seu estudo de base, pode fechar o conceito de memória, trazendo as definições de formação do lugar enquanto espaço antes desocupado, depois rural, loteado e por fim urbanizado.

Macaé na Pós-Instalação da Petrobrás. Período de 1988, a constituição cidadã, a 1997 a nova regulamentação da exploração do petróleo, a abertura do mercado.


Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História







Bruno Botelho Horta
Primeiro Período







Macaé na Pós-Instalação da Petrobrás.
Período de 1988, a constituição cidadã, a 1997 a nova regulamentação da exploração do petróleo, a abertura do mercado.
Matéria: Fundamentos Geográficos.
Professora: Letícia







Macaé/RJ
Junho de 2010.

Macaé na Pós-Instalação da Petrobrás.
Período de 1988, a constituição cidadã, a 1997 a nova regulamentação da exploração do petróleo, a abertura do mercado.

            1988 é ano da promulgação da nova constituição brasileira. Nesta constituição a política governamental em relação aos royalties é mantida. Os estados e municípios continuariam a receber uma compensação financeira, pela exploração e uso do solo e sub solo de seu território, bem como a exploração em águas do seu litoral.


Art. 20º da CF/88.

"aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração".

Lei 7990/89

Art 27°

§ 4º É também devida a compensação financeira aos Estados, Distrito Federal e Municípios confrontantes, quando o óleo, o xisto betuminoso e o gás forem extraídos da plataforma continental nos mesmos 5% (cinco por cento) fixados no caput deste artigo, sendo 1,5% (um e meio por cento) aos Estados e Distrito Federal e 0,5% (meio por cento) aos Municípios onde se localizarem instalações marítimas ou terrestres de embarque ou desembarque; 1,5% (um e meio por cento) aos Municípios produtores e suas respectivas áreas geoeconômicas; 1% (um por cento) ao Ministério da Marinha, para atender aos encargos de fiscalização e proteção das atividades econômicas das referidas áreas de 0,5% (meio por cento) para constituir um fundo especial a ser distribuído entre os Estados, Territórios e Municípios.

A Transformação Histórica do Território Chamado Macaé

            A partir da lei constitucional e a sua regulamentação em 28 de dezembro de 1989. A cidade de Macaé passa a vivenciar profundas transformações. Que se dão de forma intensa e veloz. Somente analisando cronologicamente os acontecimentos, poderemos compreender as transformações ocorridas no território em estudo.

            Depois de sua autonomia em 1813 com uma área de 3.277 quilômetros quadrados. E de ter sido elevada à categoria de cidade em 1846, teve seu primeiro desmembramento no mesmo ano. Barra de São João (posteriormente Casimiro de Abreu), conquista sua autonomia. Mas só viria a ser elevada a categoria de vila em 1859.
            Em 1952 Conceição de Macabú conquista sua autonomia, mas só se instala em 1983, com uma área de 347 quilômetros quadrados.
            Em 1989 é a vez de Quissamã conquistar sua autonomia e se instalar como cidade em 1990. Com uma área de 715,9 quilômetros quadrados.
            Mais tarde viria a emancipação de Carapebús no ano de 1995 e se instalando administrativamente em 1997, com 305,6 quilômetros quadrados.
Macaé passa a ter a partir daí somente 37% de seu território original.
            É importante observar como a emancipação do município de Quissamã ocorre no ano exato de mudança da legislação sobre os royalties. E não por acaso Quissamã fica conhecido nacionalmente por ser o município com alta renda per capita. De acordo com a folha de São Paulo em sua edição de 03/05/2005 a cidade de Quissamã fica em terceiro lugar no ranking das cidades com maior renda per capita do Brasil. Certamente o projeto de emancipação da cidade já previa este quadro extremamente favorável. Privando, assim, a cidade de Macaé de usufruir os repasses federais de recursos indenizatórios.
            Para exemplificar o perfil da população da cidade de Macaé, em 1991 o IBGE divulga o mapa demográfico das cidades do Estado do Rio de Janeiro. Neste mapa é possível perceber que a porcentagem da população urbana do município saltou de 71% em 1980 para 89% em 1991. Só esses dados estatísticos já seriam motivos suficientes para se iniciar o estudo da transformação do território da cidade.
            A cidade de Macaé possuía 22 bairros em 1991, numero que permanece até os dias de hoje. Uma característica das áreas destes bairros é a sua heterogeneidade, pois os bairros do centro possuem uma área muito menor em relação aos bairros mais afastados. O que demonstra que no centro aconteceu um planejamento e os bairros adjacentes permaneceram com características mais rurais.



As Diversas Formas de Planejamento.

Como a instalação da sede da Petrobras aconteceu no bairro central de Imbetiba, foi a partir dali que novos moradores e novas empresas se instalaram, pois se havia o espaço desocupado, o mais econômico e o mais prático seria se instalar próximo de onde se exerce a atividade. Por isso os bairros da região central tiveram um planejamento que não atingiu os bairros mais afastados.
            Quando se menciona “planejamento”, pode ser entendido que este planejamento veio de diversos segmentos da sociedade. Os bairros da região central como Miramar, Visconde de Araújo e o próprio Centro. Já eram ocupados antes da instalação da Petrobrás no município. Mas o crescimento ocorrido a partir de 1989 foi particularmente diferenciado nesta região. Por serem bairros já existentes, eles foram preferidos pelos novos moradores que chegavam à cidade. Para os novos moradores era importante encontrar alguma estrutura básica para estabelecer residência. E para as novas empresas era importante estar próximo do porto de Imbetiba. É importante ressaltar que partindo do porto de Imbetiba até o bairro do Miramar, temos uma distancia menor do que três quilômetros. Portanto as distancias eram pequenas e a movimentação urbana não encontrava problemas. O crescimento da região foi planejado pelos próprios moradores que compravam terrenos e casas e mantinham as características residenciais dos bairros. Foi planejado pelo poder municipal que pavimentou ruas e urbanizou o espaço na medida em que os bairros se desenvolviam. Foi planejado pelo governo estadual quando incrementou os serviços de energia, água e esgoto nesta região. E foi planejado pela iniciativa privada que investiu em novos pontos de comércio de forma a dar suporte aos moradores destes bairros.  
            Com a aceleração da produção, novas leis de regulamentação e maior quantidade de dinheiro circulando. Novas empresas entraram no município, este número passa das quatro mil neste período, entre fornecedores de serviços, de mão de obra e de bens duráveis e de consumo, segundo estatística divulgada pela prefeitura de Macaé em 1993. Esta aceleração industrial e comercial deslocou a população residente para áreas cada vez mais distantes do centro comercial. Pois as novas empresas, bancos e indústrias, precisavam de localizações estratégicas para que seus negócios correspondessem as suas expectativas. Com isso a população migrou para áreas mais afastadas do centro. Ao mesmo tempo em que os novos moradores que chegavam atraídos pelo capital que circulava na cidade, procuravam áreas menos valorizadas para fixar residência. Ampliando assim os bairros residenciais que cresciam ao redor do centro da cidade.

            A Rivalidade Territorial
              
            A chegada de novos moradores em busca de trabalho gerou uma rivalidade. Os moradores naturais da cidade estavam presenciando muitas oportunidades de trabalho com uma boa remuneração e uma certa estabilidade aparecerem. Juntamente com essas oportunidades chega também a concorrência. Milhares de trabalhadores de cidades vizinhas e também de cidades distantes, sem deixar de mencionar até a concorrência internacional, chegavam para rivalizar na busca por melhores remunerações. Os naturais da cidade consideravam os recém chegados como exploradores, aproveitadores e oportunistas. Por sua vez, os recém chegados, viam os naturais da cidade como incapazes e desqualificados.
 Nesta relação de disputa quem primeiro se beneficia são os donos das terras que viram suas propriedades hiper valorizadas rapidamente. Já os recém chegados não encontraram concorrência qualificada na região e foram gradativamente assumindo as melhores oportunidades de trabalho. Já a mão de obra não qualificada que chegava a cidade, também rivalizava com a população local na busca do emprego de menor qualificação e fora da estrutura do petróleo. E criando uma rivalidade ainda mais cruel na disputa do sub emprego e na invasão de terras com finalidade de moradia. Segundo o IBGE na década de 90 cerca de 35.304 pessoas migraram para a cidade de Macaé.
            Esta divisão entre quem é natural da terra e quem não é, iniciou-se ainda no final dos anos 80, mais precisamente em 1987, quando o então norte fluminense, região formada por todos os municípios no norte do estado foi desmembrada em duas grandes meso regiões. O Norte Fluminense e o Noroeste Fluminense. Essa separação foi uma ação visando dar representatividade aos municípios envolvidos na produção do petróleo. O norte fluminense englobando Campos dos Goytacazes, Cardoso Moreira, São Fidelis, São Francisco do Itabapoana, Quissamã, São João da Barra, Conceição de Macabú, Carapebús e Macaé. A exclusão dos demais municípios, formando o noroeste fluminense, marca uma evidente rivalidade na disputa pelos recursos que chegavam à região.  Certamente mais um exemplo de um grupo que não quer perder suas riquezas e conseqüentemente o seu poder. Portando os exemplos das meso regiões, aqui caracterizadas pelo Norte Fluminense e Noroeste Fluminense, acabam disseminadas entre moradores. Que levaram aos movimentos de emancipação, liderados por moradores locais, visando maior independência no uso de recursos oriundos da industria petrolífera.

            A Particularização do Território Macaense.         

            Trazendo a visão para um aspecto ainda mais regional, chegamos ao contexto dos bairros que se formavam e que se transformavam no final da década de 80 e início dos 90, na cidade de Macaé.
            É a partir de 1989 que se observa a expansão urbana na cidade de forma mais significativa. Ao norte do Rio Macaé, na região chamada de Barra de Macaé, se desenvolve moradias de caráter predominantemente residencial e de classe média baixa. Já na direção sul, em um eixo que liga o cento da cidade até o extremo sul, onde se localiza o Parque de Tubos da Petrobrás. Nota-se uma expansão de maior investimento financeiro. Residências de classe alta e o aterro as margens da lagoa de Imboassica para a expansão imobiliária de alto investimento.  
            O litoral da cidade é cortado pela Rodovia Amaral Peixoto, importante via de acesso entre a região dos lagos e o norte fluminense, seguindo para o sul até a cidade de Niterói. Aproveitando essa facilidade, a instalação do Parque de Tubos da Petrobrás se fez a margem dessa rodovia, criando um eixo em direção ao sul que se valorizou com a instalação de empresas que davam suporte as operações deste parque. Beneficiada por ser uma planície costeira e ainda as margens de uma lagoa, a região se valorizou e conseqüentemente se elitizou. A supervalorização dos terrenos só permitiu que pessoas e industrias de alto poder financeiro se estabelecessem na região sul.     
            Na direção cento-norte, ainda a margem da rodovia, se estabeleceu no extremo norte da cidade o terminal de Cabiúnas. Local que recebe o gás e o óleo, proveniente da extração em alto mar e o bombeia para a refinaria de Duque de Caxias, através de dutos subterâneos. A operação do terminal de Cabiúnas é uma ação praticamente autônoma da Petrobrás, o que afastou a implantação de novas empresas e novas moradias. Mais um fator que afastou o estabelecimento de moradias na região foi a localização do aterro sanitário no local. Estes fatores só permitiram que a população de classe baixa se estabelecesse. Bairros de grande extensão territorial como Lagomar, Engenho da Praia, São José do Barreto e Ajuda ocupam grande parte do norte da cidade. E são caracterizados por invasões de terras públicas e particulares. Além de grande parte da população viver na informalidade profissional ou em profissões de baixa remuneração.
            A falta de planejamento público permitiu que esses novos bairros crescessem sem planejamento e sem infra-estrutura. Onde ruas mal traçadas, ligações clandestinas de energia e a falta de água potável são as principais características dessa região.
            A cidade ficou, dessa forma, dividida geográfica e socialmente em norte e sul pelo Rio Macaé. Tendo ao norte uma área predominantemente residencial e de baixo poder econômico e ao sul uma área com características industriais e de grande valorização territorial. As residências da zona sul da cidade são super valorizadas, valor também encontrado nas residências da área central da cidade. 
            Mas é o ano de 1997 que modifica de forma ainda mais profunda as características da cidade. É a nova regulamentação dos royalties.   





Bibliografia;
Constituição da Republica Federativa do Brasil. 05/11/1988.
CIDE (Fundação Centro de Informações e Dados, 1998. Estado do Rio de Janeiro: Território. 2.ed. Rio de Janeiro, 80 páginas.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo de 1991.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Cadastro Central de Empresas
(CEMPRE) – SIDRA.
________________. Censos Demográficos, 1970, 1980, 1991 e 2000.
____________________. Documentação dos Microdados da Amostra, Novembro de 2002.

A historicidade de um conceito: Os diversos usos da paisagem ao longo do tempona ciência geográfica.


A historicidade de um conceito: Os diversos usos da paisagem ao longo do tempona ciência geográfica.

Giannella, Letícia. ISSN 1981-9021 – Geo UERJ – ano 10, V2, n.18, 2º Semestre de 2008.     P 62-86.


Segundo Mello - O conceito de paisagem é um dos mais antigos da geografia, a ponto de, nas abordagens mais remotas, os geógrafos afirmarem ser a geografia a “Ciência das paisagens”.

A antiguidade clássica considerava a geografia como o estudo das relações sistemáticas que descrevem a paisagem. Fenômeno regional de Estrabão ( 63 ac – 63 dc ).

Paul Claval –
A paisagem aplicava-as aos quadros que apresentam um pedaço da natureza, onde os personagens tem um papel apenas secundário (idéia de janela).

           

A pintura busca reproduzir objetivamente um fragmento da natureza, mas o ponto de observação, o ângulo e o enquadramento da vista resultam de uma escolha. Existiria assim também uma dimensão da paisagem.



Holzer – Logo a geografia francesa apropriou-se da palavra paysage, destituindo-a de seu sentido renascentista e restituindo-a o sentido mais amplo de seu correlato alemão.

Bessé
Antes d adquirir uma significação puramente estética, a palavra paisagem possui uam significação que se pode dizer territorial e geográfica, o que condiz com a idéia e paysage.


Na fórmula clássica da paisagem é definida com extensão de um território que se descortina num só olhar de um ponto de vista elevado. Assim a paisagem passou a ser tida como um espaço objetivo da existência, mais do que como vista abarcada por um sujeito.



 Tatham – A geografia moderna se deu na segunda metade do século XVIII, alimentado na filosofia do iluminismo e do romantismo alemão. E o desenvolvimento do sistema newtoniano.

Moreira – Separa a geografia moderna em três fases. O paradigma holístico da baixa modernidade. O paradigma fragmentário da modernidade industrial e o paradigma holístico da hipermodernidade.

Luchiari – Baixa modernidade é o período do iluminismo e do romantismo alemão. Havia na baixa modernidade uma aproximação do homem com o mundo natural que tornava cada vez mais evidente o caráter ornamental da natureza e sua valorização estética como símbolo distintivo de posição social.

Forster – A descrição culmina na explicação das relações, com atenção particular as relações do homem com o meio.

Kant – A geografia está relacionada a percepção espacial dos fenômenos e por isso o filósofo a classifica como uma ciência da natureza.

Ritter
             Holístico, vai do todo para as partes.         
             A geografia se centralizava no homem, seu objetivo era o estudo da terra do ponto de vista antropocêntrico, procurar relacionar o homem com a natureza. E ver a conexão entre o homem e sua história e o solo onde viveu. O homem não se desassocia da natureza.

Humboldt
            Holístico, vai do recorte para o todo.
            A Geografia centra-se também no homem  mas se compreende no interacionalismo das esferas com primado no papel mediador do orgânico.
            Existe uma fisionomia natural que pertence exclusivamente a cada uma das regiões da terra. O homem não se desassocia da natureza.

Eduard Suess – Explica a superfície da terra falando de face e não de superfície, ele faz da terra uma entidade da qual é possível perceber a fisionomia.

Moreira

Na segunda metade do século XIX a emergência do positivismo, inaugurando, em todos os campos da ciência, uma extrema fragmentação do conhecimento. Esta ruptura faz parte da transição entre a baixa modernidade e a chamada modernidade industrial.


            Logo cedo se manifesta uma reação contra essa naturalização mecanicista e fragmentária da visão de mundo positivista. Na frente NeoKantiana, a reação manifestar-se-á num movimento de retorno a Ritter, trazendo de volta a geografia seu caráter de cunho unitário e corológico.


Vital de La Blache
Consolida a geografia  regional e é nele que se materializa o conceito lablacheano de região. A Paisagem é o efeito e a expressão evolutiva de um sistema de causas também evolutivas.


Jean Brunhes
Em todos os lugares o homem inscreve sua passagem por impressões que são objetos de nossos próprios estudos.



Pós modernidade ou Ultra modernidade.


O paradigma da complexidade romperia com os raciocínios lineares e reducionistas, incorporando um enfoque que busca interações complexas.

A partir da década de 70 o registro geográfico deixa de considerar que os homens são independentes do meio onde se encontram.
A fenomenologia de Husserl chega a geografia através da percepção ambiental (geografia da percepção), da geografia humanista e da geografia cultural entre os anos 1980 e 1990.

Dois novos caminhos interessam de perto a geografia. O primeiro é a história ambiental, o segundo é o proposto pela geografia cultural.


A natureza antes do período das técnicas, era uma natureza mágica, mítica, das trevas. Em cada época, o imaginário coletivo define a concepção social de natureza e a traduz, transformando-a em cultura.

Shama (1996) Antes de poder ser um repouso para os sentidos, a paisagem é obra da mente, compõe-se tanto de camadas de lembranças quanto de extratos rocha.

A paisagem contemporânea é uma concepção híbrida, carregada de natureza e cultura, de processos naturais e sociais, a paisagem não se esgota, não morre.

É a unidade da diversidade e diversidade da unidade, numa relação cíclica re reprodução em espiral.
Harvey (1996) as sociedades humanas não são simples objetos das leis da natureza, são sujeitos que a transformam e a incorporam nas suas relações.

Berque (1998) entende a geografia cultural como o estudo do sentido (global e unitário) que uma sociedade dá a sua relação com o espaço e com a natureza, relação que a paisagem exprime concretamente.

A geografia cultural nesta tradição, segundo Cosgrove (1998), concentrou-se nas formas visíveis da paisagem, onde a cultura parecia funcionar através das pessoas para alcançar fins dos quais elas estavam vagamente cientes.
Para Cosgrove, todas as paisagens são simbólicas e revelar os significados na paisagem cultural exige a habilidade imaginativa de entrar no mundo dos outros de maneira auto conciênte.
            É preciso prestar atenção as paisagens dominantes e as paisagens alternativas.
            Ele divide as culturas alternativas em residuais, emergentes e excluídas.



Os conceitos são sempre dinâmicos e estão em constante mutação. Contudo devemos compreender que esse dinamismo está diretamente relacionado a idéia de movimento, e este movimento deve ser sempre lembrado como uma espiral e não como ciclos que se fecham sobre seu próprio

A natureza do Espaço


A natureza do Espaço
Milton Santos



Geografia é o conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações.

A geografia é um objeto em constante modificação. As análises, os estudos e as definições devem estar sempre em constante revisão e atualização.

Milton Santos afirma que os objetos e as ações devem ser vistas como um conjunto e não analisadas em fatos isolados.

O espaço geográfico deve ser observado juntamente com o tempo. Um tempo que não é fixo e nem é passado, mas um tempo que trás todas as influencias do passado e são registradas no presente. O espaço geográfico é o resultado da influencia de todos os tempos passados. As influencias tecnológicas do homem também estão neste conceito.

O conceito de técnica é importante, pois o homem aprimora e evolui tecnologicamente a sua técnica e esse melhoramento aprofunda e acelera o processo de mudança do espaço. Esse processo é desigual pois algumas sociedades possuem técnicas mais rudimentares levando assim o seu espaço a ser modificado em um ritmo diferente dos outros no espaço terráqueo.

O desenvolvimento da técnica, principalmente nos países do norte, mostra que ele influencia no espaço e também no tempo. Pois a sociedade que domina a técnica evolui mais rápido e usa a própria técnica para se aprimorar ainda mais. Levando mais desenvolvimento ao seu espaço e portanto maior avanço no tempo tecnológico.

A técnica é a materialização do tempo para compreender o espaço.
Técnica é planejamento e ação e a técnica muda o espaço, portanto o homem planeja a mudança do espaço.

Processo de integração e fragmentação. O espaço é utilizado para a ação humana que é influenciada pelo espaço. Mudando o espaço todo o tempo.

Sub espaço urbano. Área ocupada por pobres, chamadas áreas cinzentas, que constratam com as áreas glamorousas das cidades, mostrando assim o contraste em interação.

A comunidade de pescadores de Copacabana: um olhar integrador, relacional e multiterritorial


A comunidade de pescadores de Copacabana: um olhar integrador, relacional e multiterritorial.  (Gianella, Letícia de Carvalho. Entre o Mar e a             metrópole: desenvolvimento, território e identidade da comunidade de pescadores de Copacabana, Rio de Janeiro, RJ.)




  • Vivem permanente tensão entre a tradição e a modernização. Tradição e modernidade.
  • Não há um consenso em categorizar a comunidade enquanto comunidade tradicional.
  • Somente uma análise da multiterritorialidade experimentada pelo grupo pode evidenciar seu lugar na sociedade.
  • Enquanto não pudermos refletir sobre a condição multiterritorial de sua existência, continuaremos a errar no sentido de tentarmos catalogar o grupo a fim de transformar sua realidade. A resignificação das idéias de comunidade e tradição se faz necessária.
  • Foram alencadas as múltiplas vivências territoriais do grupo, procurando identificar seus entrelaçamentos e processos de amalgamização, com o objetivo de decifrar sua experiência multiterritorial.


  • Abordagem naturalista: Possui como base as relações entre sociedade e natureza.
  • A comunidade de pescadores de Copacabana possui uma óbvia relação íntima com o mar: Fonte de seu trabalho, sua renda, sua vida.
  • Ao mesmo tempo em que há uma assimetria que parte da dominação do pescador sobre o ambiente, há também a dominação que provem do mar sobre o pescador.
  • A relação do pescador com o mar e também influenciada pela ação de outros atores que fazem uso do ambiente marinho de alguma forma, muitas vezes disseminando injustiças.
  • Isso compreende uma espécie de dominação do mar sobre o pescador, contrária a apropriação do mar pelo pescador. Identificamos aí uma relação de poder.
  • Essas relações com base  na relação entre sociedade e natureza, constituem uma das múltiplas dimensões de análise da multiterritorialidade experimentada pela comunidade. A territorialidade aqui, é caracterizada como a mediação entre o mar e o pescador.
  • A relação do pescador com o mar é baseada no uso, nas forças produtivas e nas relações de produção. São essas forças que numa abordagem econômica configuram o território, ou seja, um lugar e meio de produção social, usado, organizado e gerido por sujeitos sociais, políticos e econômicos.
  • Configuram-se aí múltiplas relações de poder e ao mesmo tempo de partilha, nos níveis mais diversos. À medida que há relações desiguais entre os pescadores e entre os pescadores e os proprietários de embarcações, há relações de poder explicitas.
  • Também há relações de poder que variam entre quem trás o peixe e quem está atrás do balcão vendendo o peixe.
  • O frigorífico possui equipamentos que podem conservar o pescado por mais tempo, deixando o pescador em desvantagem que depende da venda do peixe fresco. Logo há uma espécia de relação competitiva entre ambas as instituições.
  • Na visão naturalista, sobre o ponto de vista econômico, verificamos uma disputa pelos cardumes com barcos maiores e mais potentes que realizam outros tipos de pesca muito mais agressivos, como a pesca de arrasto.
  • Temos instituições publicas que inter-relacionam-se com a atividade pesqueira, ou seja, o uso produtivo do espaço marítimo que configura um território. O IBAMA é a principal delas, pois seria a instituição responsável por fiscalizar.
  • No que diz respeito ao território da comunidade sob a perspectiva jurídico-política. Aonde o controle do espaço, teoricamente, viria da diretoria da colônia. A relativa desarticulação dos pescadores impede a existência de uma diretoria forte. O que faz que aquela porção do espaço seja o território do pescador.
  • Continuando em uma perspectiva naturalista e econômica. O território é um produto do entrelaçamento entre as redes que organizam o espaço dos pescadores.
  • Na relação de rede local de sujeitos com sujeitos de outros lugares, encontramos a hibridização de culturas variadas.
  • Aqui se torna necessário considerar o fato de estarmos lidando com uma comunidade de pescadores singular, onde os trabalhadores do mar retornam para suas casas ao final da jornada e tais moradias se situam nas partes mais diversas e distantes da cidade, originando múltiplos processos de territorialização.
  • Desta maneira torna-se clara a multiterritorialidade vivenciada pelo grupo.
  • A territorialidade nesta primeira dimensão de interações ainda envolve as relações de poder vivenciadas diretamente pelo grupo.
  • Contudo, essas dimensões de relações de poder não podem ser tomadas separadamente em uma sociedade complexa como a atual. Uma relação está presente na outra, uma dimensão interfere na outra. Isso tudo nos remete a multidimencionalidade do poder.
  • É necessário, ainda, estudarmos o caráter contínuo ou descontínuo da multiterritorialidade experimentada pela comunidade em questão. Podemos dizer que ela é contínua, como a maioria das experiências multiterritoriais do mundo pós-moderno de hoje. Isto porque os múltiplos territórios se superpõem, em vez de serem conectados em redes horizontais.


Hibridismo cultural ou reclusão territorial?
           
  • A identidade cultural de um grupo é costumeiramente tomada como algo imutável e resistente às mudanças culturais que se dão fora dele. Contudo nos processos que se dão a velocidades incrivelmente altas nos tempos atuais, tal concepção de identidade não corresponde mais a realidade. A vivencia da multiterritorialidade vem acompanhada da construção de múltiplas identidades.
  • Castells apresenta a identidade como fonte de significado e experiência de um povo. Para o autor, devemos nos preocupar em distinguir identidades de papéis.
  • Identidades são fontes de significado para os próprios atores, por eles originadas e construídas por meio de um processo de individualização.
  • Papéis são normas estruturadas pelas instituições e organizações da sociedade.
  • As identidades organizam significados e os papéis as funções.
  • Assim, a identidade é territorial quando refere-se a determinada porção do espaço a fim de construir estratégias de apropriação cultural e política. A identidade territorial pode ser ativada como um instrumento de reivindicação política. Como o bairrismo.
  • As referências territoriais para a construção de tais identidades também podem estar relacionadas a uma espécie de densidade histórica.
  • No caso de Copacabana, isto fica claro, pois as expectativas territoriais passadas, do tempo em que os pescadores habitavam a praia.
  • Logo, a referencia territorial que constitui uma identidade “una” é encontrada, nos dias de hoje, ao lado de situações onde a identificação territorial se tornou complexa, múltipla e fluída.
  • Um exemplo bem expressivo sobre a construção de uma identidade “uma” que não tem sido fragmentada refere-se, no caso da comunidade de Copacabana, a religião.
  • A identidade do pescador está sempre relacionada com a religião católica ou, muitas veses, com a umbanda.
  • No dia 29 de junho é realizada a festa para São Pedro. O momento da festa é onde eles voltam a se identificar mutuamente, atreves do resgate de uma identidade “una”.




  • As identidades territoriais viveriam uma espécie de tensão entre uma tendência ao hibridismo e uma tendência a reclusão e ao fechamento territorial que parte da construção de um sentido mais estável a sociedade.
  • Não há como fecharmos em uma tendência uniforme no que diz respeito a construção de identidades territoriais, pois o mundo complexo em que vivemos impede tal formulação.
  • O território pode veicular a articulação de poderes simbólicos de múltiplas faces, que ora reforçam a segregação e o fechamento. A construção de identidades territoriais reclusas, observadas a partir de um outro ponto de vista, podemos pensar nas identidades de resistência.
  • Criada por atores que se encontram em posições ou condições desvalorizadas ou estigmatizadas pela lógica da dominação, construindo, assim, trincheiras de resistência e sobrevivência com base em princípios diferentes dos que permeiam as instituições da sociedade.


  • A identidade é reconstruída histórica e coletivamente e se territorializa através de ações de políticas e culturais.
  • A identidade pode significar uma territorialidade ativa, no sentido da organização para a conquista de autonomia em um sistema local territorial.
  • Moreira pensa em uma comunidade costeira como um fenômeno social que representa duas ordens de complexidade: Uma restrita e outra ampla.
  • A restrita revela a dimensão econômica, técnica, ideológica, discursiva, religiosa e educativa na relação da comunidade coma terra e o mar.
  • A ampla é a que diferencia a comunidade das demais e caracteriza que em algum grau uma comunidade é aberta a outra. Até mesmo nas comunidades excluídas. Que retiram de outras comunidades alguns sentidos da própria existência, como a linguagem e identidade nacional.

Fichamento do livro Mitos Emblema e Sinais de Carlo GinzBurg


FAFIMA
Matéria: História e Fontes Visuais
Professor: Rodolfo Maia
Aluno: Bruno B. Horta. Curso: História 1º Período
Trabalho: Fichamento do livro Mitos Emblema e Sinais de Carlo GinzBurg


  • Coletânea de textos produzidos em 1961 e 1984. Pelo Historiador italiano Carlo Ginzburg

Feitiçaria e Piedade Popular: Notas sobre um processo modenense de 1519.

  • Chiara Signori é acusada de feitiçaria junto com seu cônjuge em 09 de dezembro de 1518. Chiara afirma que lançou um malefício sobre sua ex-patroa Margherita e ela só seria curada se fosse novamente admitida na propriedade da ex-patroa.
  • A patroa aceitou e pagou Chiara com alguns pertences. Logo Margherita sarou mas depois de uma acusação de uma outra criada de feitiçaria ao inquisidor e patroa voltou a sentir a doença.
  • Chiara foi presa e levada ao bispo da cidade. Ele nega que seus poderes sejam diabólicos e diz que eles vêm de Deus. Mas permanece presa.
  • A feitiçaria é usada como uma arma de defesa e ataque nas lutas sociais.
  • O isolamento social que os acusados de feitiçaria sofriam eram mais um fator de opressão que eles sofriam. E todos os acusados eram indivíduos isolados da sociedade.
  • Durante o interrogatório da inquisição Chiara é induzida a dar respostas que a levam a testemunhar um pacto com o diabo.
  • Na tortura Chiara confessa o pacto com o demônio, mas quando recuperada no dia seguinte nega toda confissão.
  • Chiara se arrepende e termina condenada a prisão perpétua ajudando doentes em um hospital.



DE A. Warburg a E.H. Gombrich: Notas sobre um problema de método.

  • A Warburg. Foi fundador da biblioteca de Hamburgo, que depois foi transferida para Londres e transformada no atual Warburg Instituto. Foi historiador da arte.
  • Pesquisou a representação das formas e figuras. Como por exemplo, sua tese de doutorado onde pesquisou temas de Botticelli. A obra de A. Hildebrand sobre a representação do movimento do corpo, cabelos e vestes na figuras do período "quattrocento florentino".
  • No ensaio Dürer e a antiguidade italiana, modificou sua visão sobre a Antiguidade Clássica ao perceber sua influencia no período renascentista.
  • Cria a definição de Mímica Intensificada.
  • E de Pathosformeln onde distingue traços pagãos da antiguidade clássica no período de renascimento.
  • Para avaliar a influencia da antiguidade clássica na arte florentina, Warburg recorreu a testamentos, cartas de mercadores, aventuras amorosas, tapeçarias, quadros famosos e obscuros.
  • Sua palestra em Roma no ano de 1912 é considerada o batismo da iconologia. Palestra que aconteceu na Conferência Internacional da História da Arte.

Sobre os Espelhos e Outros Ensaios.


Fafima – Historia e Fontes Visuais. Prof Rodolfo Maia
Aluno: Bruno Botelho Horta. Curso: História. Período 1°

Sobre os Espelhos e Outros Ensaios.
Umberto Eco
ECO, Umberto.  Sobre os espelhos e outros ensaios. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1989. 345 p.

·        Livro trata da semiótica, em que temos os meios empregados para se transmitir a linguagem e o seu significado.
·        Podemos transmitir a mensagem por palavras, gestos, escrita, e a partir daí ter o significado.
·        Umberto Eco diz que a imagem especular não pode ser interpretada, ela não mente e não pode ser usada para mentir.
·         Os signos podem ser trocados mas o seu significado não. Isto é o objeto pode ser tirado ou trocado da frente do espelho, mas a imagem especular será sempre a mesma, isto é, o exato reflexo do signo.
·        Eco afirma que existe uma relação falsa de semelhança pois o espelho apenas reflete uma imagem invertida do objeto duplicado.
·        Eco enfatiza que o espelho que é um objeto fabricado pelo homem não é apenas uma estrutura duplicadora, pois também, transforma e contextualiza a realidade.

A Guitarra Brasileira e Seus Significados.


Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História








Bruno Botelho Horta
Primeiro Período








A Guitarra Brasileira e Seus Significados.
Matéria: História e Fontes Visuais.
Professor: Rodolfo Maia.








Macaé/RJ
Junho de 2010.


Resumo
       
O artigo tem por objetivo mostrar que o termo “violão” é uma expressão típica da língua portuguesa. Já o termo guitarra que no Brasil é conhecido como um instrumento elétrico, é o termo mais utilizado em diversos idiomas pelo mundo. O radical “guitar” é encontrado tanto no inglês, como no alemão, italiano, francês e espanhol.
Após a identificação do termo e sua origem, o artigo chega ao surgimento e desenvolvimento da guitarra elétrica. Revela seus primeiros fabricantes e utilizadores.
     Trazendo o contexto para o Brasil, é mostrado que o instrumento é mais bem recebido no rock and roll. Segue então um paralelo entre o que acontecia na política e na cultura das décadas de 60, 70 e 80 no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. É demonstrado como o instrumento influenciou a cultura das sociedades da época e como no Brasil o contexto político não permitiu que a cultura do País acompanhasse o desenvolvimento da cultura internacional.


A origem do termo “guitarra”
a gutarraaaaaHá mais de dois mil anos antes de cristo já é possível identificar na antiga Babilônia, gravado em placas de barros, figuras seminuas tocando instrumentos musicais muito semelhantes ao atual violão.


Rapaz com guitarra, Ramon Bayeu ( 1746- 1793 )
            Passando pela harpa que foi acrescida de um braço no antigo Egito, pela Europa medieval do século IV onde podemos encontrar a Teorba, que seria a predecessora do Alaúde. Que foi criado na Itália no fim do século XVI. Neste período o instrumento recebeu curvas laterais para ficar mais anatômico e ficou conhecida como Guitarra Latina. Instrumento muito admirado e popular na Europa medieval. Popularidade conquistada pelos trovadores, que eram músicos itinerantes e que com suas viagens pelo continente enriqueceram a cultura da Europa. É importante destacar que até alguns reis se tornaram trovadores ou pelo menos assim ficaram conhecidos. Como Dom Dinis de Portugal (1279-1325).
            A guitarra e seus predecessores, isto necessariamente incluindo seus músicos, estão desde os primeiros registros associados ao lazer e a diversão. As figuras seminuas relatadas ha vinte séculos antes de cristo transmitem, inegavelmente, um sentimento de descontração e lazer. Com certa dose de erotismo e sedução. Os trovadores, músicos viajantes europeus, levavam junto com eles a distração e o entretenimento, quase em uma turnê que as grandes bandas e músicos realizam hoje em dia.
            A fascinação pelos trovadores era grande, impressionaram homens, mulheres, crianças e Reis. Assistir a um músico no exercício de seu instrumento é quase que se transportar para o lugar do próprio músico e inconscientemente desejar a admiração que ele recebe de todos. Neste sentimento até reis desejaram ser músicos e a história contou que Don Dinis e Afonso X de Castela e Leão (1221-1284).
           

A diferença entre violão e guitarra.


Álvaro Arroso. Guitarrista Português no Encontro de Guitarra portuguesa em Coimbra.
[DSC02212.JPG]          A guitarra que se espalha pela Europa vai sendo caracterizada em cada idioma como em inglês (Guitar), francês (Guitare), alemão (Gitarre), italiano (Chitarra), espanhol (Guitarra). Chegando a cultura de Portugal a guitarra encontra um instrumento muito semelhante: a tradicional viola portuguesa. E por se tratar de um instrumento maior do que o tradicional português recebeu o nome de violão (aumentativo de viola).



A guitarra elétrica.
A primeira utilização da guitarra elétrica foi como é de se esperar, uma adaptação. Com a necessidade de atingir melhores resultados tanto de volume quanto de timbres musicais. A amplificação do som da guitarra acústica foi feita colocando um microfone dentro da caixa de madeira da guitarra acústica. Que mais tarde seria substituído pelo microfone de contato, também conhecido como captador.


George Beauchamp em 1923
Rare Zemaitis resonator made for Ronnie Lane. Now owned by Keith Smart, Zemaitis Club Chairman  O responsável pela evolução de guitarra foi o músico George Beauchamp, ele estava inconformado pelo baixo volume de seu instrumento, já que nos conjuntos da época os naipes de metais tinham uma sonoridade muito maior e o único instrumento de corda que se equiparava em volume era o banjo. Mas guitarrista convicto em 1920 George procurou o lutier John Dopyera. Dá idéia inconformista de George e o talento para instrumentos de John nasceu a Ressonator Guitar (Guitarra de ressonância). Algumas peças de metal foram acopladas ao corpo da guitarra acústica, produzindo um efeito maior e com um volume bem superior a guitarra acústica. Esse recurso foi fruto do inconformismo de George. Um pequeno passo para o futuro de um instrumento que revolucionaria o mundo. O responsável pela confecção das peças de metal era o engenheiro Adolph Rickenbacker, um suíço radicado nos Estados Unidos.


Ressonator Guitar feita por Keith Smart

Enquanto isso no Brasil as paradas de sucesso musicais eram dominadas por samba e marchinhas de carnaval. Enquanto na Europa e Estados Unidos estas inovações já eram usadas no Jazz e no Blues.


A Frying Pan de Rickenbacker
Frying pan guitar Rickenbacker que passou a gostar de trabalhar com instrumentos musicais fundou em 1931 a Ro-Pat-In Corporation. Passando a fabricar a “Frying Pan” (Frigideira Voadora). Que já possuía captadores magnéticos no corpo da guitarra, este modelo e considerado por muitos como a primeira guitarra elétrica.
EM 1934 o nome da companhia muda para Electro Strings Instruments Corporation e os instrumentos saem com a marca de "Rickenbacker Electros".


Rickenbacker Logo
O mundo vivia um momento político muito importante e delicado, Adolf Hitler assumia o poder na Alemanha, Mao Tse-Tung inicia a sua Grande Marcha na China, Getúlio Vargas assume como presidente do Brasil, juntamente com uma nova constituinte. O cenário musical brasileiro seguia o mesmo, com o velho samba e marchinhas de carnaval dominando um novo canal de comunicação, o rádio, que se tornou o eletrodoméstico mais importante das famílias brasileiras.
A impressão que se passa é que o Brasil e os músicos brasileiros não se interessam pelas inovações musicais, continuavam ouvindo o mesmo estilo de música por 35 anos, sem renovação, sem ousadias ou experimentalismos. Artistas como Francisco Alves, Ary Barroso e Lamartine Babo eram os que padronizavam o gosto musical do brasileiro.


Lamartine Babo e sua orquestra. Na década de 30




Em 1936 a Gibson desenvolve um captador e o instala na sua guitarra ES-150. O “ES” significa Spanish Guitar. Justamente para diferenciar a guitarra acústica da “nova” elétrica.




ES-150





Fender Broadcaster 1948
Immagine Em 1940 Leo Fender inicia o desenvolvimento de uma guitarra elétrica com corpo sólido. Em 1948 ele se une a George Fullerton e lançam o modelo Broadcaster, que é conhecido até os dias de hoje como Telecaster. Apesar disto eles não foram os pioneiros. Lester William Polfus, também conhecido como Lês Paul e o próprio Rickenbacker, já estavam com estudos e protótipos em desenvolvimento. Lês Paul chegou a levar seu modelo para fabrica de guitarras acústicas Gibson, mas foi rejeitado.    

A guitarra elétrica no Brasil.


Osmar Macedo em 1950
         1942 é o ano mais importante da história da guitarra elétrica no Brasil. Mas enganam-se os que pensam que este ano marcou a apresentação de um grande artista ou o sucesso nacional de uma importante música popular. O ano refere-se a adaptação que Dodô e Osmar precisaram fazer para superar a dissonância de seus cavaquinhos durante as apresentações em Salvador. Fixando o braço de um cavaquinho em um pedaço de jacarandá e utilizando improvisados captadores, eles inventaram o “Pau Elétrico”.  Que passou a ser utilizado nas apresentações dos músicos nas festas de carnaval. É importante ressaltar que a folia em Salvador do final dos anos 30 e início dos anos 40 era embalada ao som de chorinhos, boleros e paso-doble. Friamente analisando a invenção dos músicos e a representatividade para a cultura musical da época foi praticamente nenhuma, pois o reconhecimento da mídia só viria em 1974 quando eles gravam seu primeiro disco “Jubileu de Prata”.


Os Incríveis – The Cleveres (1964)
            Mas foi Vitório Quintillo, em São Paulo, o primeiro Luthier a construir uma guitarra no Brasil. Vitório trabalhava na fábrica de instrumentos “Del Vecchio”. Depois montou seu atelier em casa e passou a atender guitarristas com suas guitarras artesanais. Com o rock americano em alta e as guitarras elétricas em pleno destaque mundial o ano de 1963 é marcado por um lançamento de grande sucesso “Encontro com The Clevers da banda The Clevers.
Que mais tarde se tornaria Os Incríveis. Com uma formação que depois ficaria consagrada no rock: Baixo, Bateria, Guitarra Base, Guitarra Solo, Teclado e Voz. De 1963 a 1965 lançaram diversos LPs e compactos, marcando definitivamente a entrada da guitarra elétrica na cultura e no mercado brasileiro. É importante perceber que a capa do disco aqui ilustrada já demonstra uma postura rebelde e bem humorada. O guitarrista no canto superior esquerdo brinca com seu instrumento com se o mesmo fosse um violino, instrumento considerado erudito e conservador, enquanto o outro guitarrista, logo embaixo, assume uma postura que remete a Elvis Presley, considerado o Rei do Rock. Os demais componentes procuram pses que claramente demonstram o não conformismo com o padrão reinante e o desejo de uma vida com mais liberdade.  
            É importante ressaltar que em 1964 Roberto Carlos Estourava com “É proibido fumar” e já havia lançado um disco com forte presença do Rock “Splish Splash, onde as guitarras eram executadas pela banda Renato e Seus Blue Caps. A maior diferença entre os The Clevers e Roberto Carlos era a intensidade e freqüência de seus trabalhos. Enquanto a banda fazia excursões pela América do Sul e gravava intensamente. Roberto permanecia com aparições isoladas e produzindo um disco por ano. Comparando as capas fica evidente a postura tradicional e conservadora de um artista que produzia o mesmo tipo de música, mas que por ser uma carreira solo e não um grupo musical, fica valorizada a imagem de um artista e que, neste caso, não toca nenhum instrumento.
            Ainda podemos citar artistas como Golden Boys, Jerry Adriani, Os Mutantes e Caetano Veloso, que fizeram da guitarra seu instrumento de expressão artística a cultural.


Jair Rodrigues, Elis Regina, Gilberto Gil e Edu Lobo.
            Em contrapartida um movimento liderado por Elis Regina e Jair Rodrigues intitulado “Passeata contra as Guitarras Elétricas” em 17 de Junho de 1967, chegou a colocar em debate a desvalorização da cultura brasileira e a super valorização da cultura americana (Estados Unidos), tendo um fundo nacionalista. Foi uma briga de ideologias em que sabemos muito bem quem saiu vitorioso. Já que estes mesmos músicos depois se renderiam ao valor e importância do instrumento.


            Enquanto isso os Beatles ganhavam os Estados Unidos e iniciava o processo que os tornariam uma das mais importantes bandas do mundo.     

Os modelos de guitarra.
Os modelos de guitarras são muitos e ter a pretensão de fechar uma lista perfeita com os mais representativos modelos de guitarra do mundo, seria, no mínimo, uma prepotência de minha parte. Para representar nesta pequena lista ilustrada de guitarras, utilizei o critério de tempo no mercado comercial e por qual músico o modelo se fez popular. Já o critério para escolher os músicos (guitarristas), utilizei o critério de popularidade e reconhecimento pela obra já composta e gravada.





Stratocaster, desenhada por Leo Fender e produzida até os dias de hoje, se imortalizou por ser a guitarra usada por Jimi Hendrix. No Brasil Sergio Dias dos Mutantes é fã do modelo.






Telecaster. Também desenha por Leo Fender, tinha o objetivo de ser uma guitarra mais simples e propícia para a produção em massa. Seu projeto é de 1948. Rick Sambora do Bom Jovi é um exemplo de utilizador do modelo







Mockingbird. Fabricada pela B.C. Rich. É reconhecida pelo seu desenho arrojado e muito utilizadas por guitarristas de Heavy Metal. Como Slash – Ex Guns N Roses.




Explorer. Desenhada pela tradicional fábrica Gibson, foi um modelo que fugiu do tradicional desenho do fabricante. Mas caiu no gosto de artistas que produzem um som mais pesado como James Hetfield do Metallica.



Flying V. Foi a primeira guitarra Gibson com linhas mais modernas, isso em 1957. Inicialmente não teve uma boa receptividade, mas dez anos após seu lançamento e já fora de linha, foi utilizada por músicos que queriam um visual mais arrojado, como Albert King.
Firebird. Lançada pela Gibson para que a marca não perdesse o seu caráter tradicional. Chegou ao mercado em 1963. Por ser um modelo caro de se fabricar e tendo os concorrentes da Fender com vendas superiores o modelo foi abandonado em 1965. Mas seu desenho ainda agrada a músicos como Dave Grhol e Eric Clapron



As técnicas dos guitarristas.
As técnicas aqui descritas também, como nos modelos, está longe de ser um conceito fechado entre os principais guitarristas do mundo. Técnicas são descobertas a cada nova investida no mercado musical. Estilos são criados por músicos de extrema competência e logo incorporados por outros músicos e fundidos e associados a outros tantos estilos e técnicas já existentes. Descrevo aqui um breve resumo que pode servir como pinto de partida para quem deseja informações mais completas do assunto.




Alavancadas. Apertando a alavanca contra o corpo da guitarra. O efeito produzido é como se a nota executada estivesse tremendo.














Diving Bomb. Utilizando a alavanca para cima e rapidamente puxando pra baixo e ao mesmo tempo utilizando harmônicos no braço da guitarra o som produzido se assemelha a uma bomba caindo.






Drop C. É uma mudança de afinação na guitarra, onde todas as cordas são afinadas um tom abaixo do normal









Feedback. São os sons agudos parecidos com gritos que alguns guitarristas executam, tocando com o dedo que não segura a palheta na corda solta.






Harmônicos. É a utilização do dedo tocando levemente a corda depois de ser paletada. O som produzido é semelhante ao feedback.






Palm Mute. Após a utilização de algum acorde ou nota o guitarrista encosta levemente a base da palma da mão nas cordas, perto da ponte. Técnica também conhecida como abafamento.



Riff. É uma progressão de notas ou acordes. Que formam a base de uma estrutura musical. Geralmente repetidos para caracterizar uma determinada música. Muita das veses as musica ficam famosas por seus riffs como Iron Man do Black Sabbath e Smoke on The Water do Deep Purple.



Shred. É o termo utilizado para quem executa as notas de forma rápida e virtuosa. Utilizando muita técnica e estudo do instrumento. Para muitos puro exibicionismo, mas na verdade demonstra todo o conhecimento do músico.






Slide Guitar. Consiste na utilização de um tubo de metal encaixado no dedo, para tocar as cordas do braço da guitarra. Originalmente foi utilizada uma garrafa. Certamente por ser o objeto mais “próximo” do guitarrista. Inicialmente utilizada no Blues essa técnica rapidamente foi abraçada pelos guitarristas de rock e Jazz. 




 

Sweep Picking. Nesta técnica a palheta se move como uma vassoura e em harmonia com os movimentos da mão que está no braço da guitarra. O efeito produzido é fluído e rico em detalhes e sonoridade.







Tapping. É a utilização de uma ou até mesmo as duas mãos do guitarrista para martelar as cordas. O efeito produzido é de continuidade e geralmente é utilizada essa técnica com grande velocidade.  












O símbolo de uma geração.
 Jimi Hendrix. Se o nome herói pode ser usado para um músico marginal, no sentido de estar fora do grande esquema reinante na mídia, independente e principalmente, confiante nas idéias que tem. Esse título deve ser dado à James Marshall Hendrix, considerado por quase todos, retirando apenas um punhado de radicais que mais parecem querer aparecer as custas de seus comentários bombásticos, do que realmente ter um atitude crítica inteligente sobre os grandes nomes da música, como o maior guitarrista de todos os tempos.  

Jimi Hendrix Hey Joe album coverAté 1966, Jimi era um musico desconhecido. Tocava em bailes, bandas e qualquer um que o pagasse, até que Chas Chamdler, baixista da famosa banda The Animals, reconheceu seu talento e o levou para Inglaterra. Parecia que queriam domar a fera, arrumaram um grupo para ele o Jimi Hendrix Experience, onde seus parceiros de banda nem foram escolhidos por ele. Mas Jimi tinha sua personalidade e musicalmente não abriu concessões. Foram os produtores do The Who que colocaram Jimi em um estúdio para gravar seu primeiro Single (pequeno disco em tamanho e que só tinha uma ou duas músicas, equivalente ao antigo compacto no Brasil).  


Capa do Single de 1967



Caetano Veloso em 1967
Caetano Alegria, AlegriaDeste registro saiu Hey Joe que imediatamente alcançou o Top 10 britânico e encabeçou uma lista de sucessos tais como Purple Haze e The Wind Cries Mary. Mas na verdade não eram as letras e nem as harmonias das músicas que se destacavam tão pouco eram estes lançamentos que impressionavam. A grande explosão que acontecia na carreira do guitarrista eram seus shows. Apresentações devastadoras na execução de sua guitarra.
         Paralelamente no Brasil, neste mesmo ano de 1967, Roberto Carlos lançava seu álbum e filme “Em ritmo de Aventura” que por mais estrondoso sucesso que fez, mostrou que tecnicamente a indústria fonográfica brasileira ainda estava na idade da pedra, em comparação a qualidade técnica das produções internacionais.  

Caetano Veloso lançava Alegria, Alegria que apesar de utilizar uma guitarra em sua gravação, o instrumento ficava em segundo plano, compondo uma pequena harmonia ao fundo da canção. Nas gravações do já citado disco de Roberto Carlos, a precariedade de gravação e inconsistência da técnica utilizada pelo guitarrista (infelizmente a ficha técnica não consta o nome do músico, mas provavelmente algum musico do Renato e Seus Blue Caps), demonstra que o instrumento até então estava sendo subutilizado pela grande mídia. Seria medo da rebeldia? Na Europa artistas com fama de drogados, alcoólatras e sexualmente livres, eram os maiores expoentes com suas guitarras na mão. Certamente não era essa “subversão” que os governantes do Brasil queriam para sua juventude. Marechal Castello Branco acabava de assumir o poder, na revolução de 1964, estava passando o poder para o já eleito pelo Congresso Nacional, Marechal Costa e Silva, um militar ainda mais radical e linha dura que Castello Branco, junto com Costa e Silva vinha o AI-5 e o Brasil mergulha em um período controverso e nebuloso da sua história. Imaginar um “Jimi Hendrix” brasileiro neste período seria realmente muito difícil.
             Voltando a carreira do nosso herói ou seria anti-herói. Jimi passa uma fase inquieta e maravilhosa musicalmente. Grava os maiores clássicos da história do rock e protagoniza os maiores festivais do mundo com performances históricas. Passando por Woodstock em 1969 e pelo Festival da Ilha de Wight em 1970. Poucos meses depois foi encontrado morto (18/09/1970), sufocado pelo próprio vômito nos eu quarto de hotel.
            No Brasil o ano de 1970 tinha o General Médici como presidente, onde os chamados anos de chumbo continuavam apesar de alguns avanços econômicos. A repressão ainda era grande e as liberdades artísticas muito restritas. No cenário rock do Brasil, os anos 70 que viriam a ser muito criticados pela falta de criatividade, na verdade se tornavam o berço de uma grande virada que viriam nos anos 80. Os artistas da década de 70 não tinham a mídia para expandir suas idéias e expressões. Os nossos guitarristas já tinham um maior acesso ao que acontecia nos Estados Unidos e na Europa. Ainda não conseguiam importar equipamentos e instrumentos, mas já sabiam qual era a estética que dominava a cultura no exterior. Excelente exemplo de absorção desta cultura foi a banda brasileira  



28.09.1968 III Festival Internacional da Canção.
Os Mutantes, que para muitos é considerada a primeira banda de rock do Brasil. Prefiro não chegar a esta definição, pois a banda começou de forma muito tímida e sem nenhum reconhecimento da mídia de 64 a 68. Associaram-se a nomes como Ronie Von e a artistas da Jovem Guarda, movimento considerado comportado e que não comprometia a política dirigida dos generais. Tocavam e cantavam o amor e a vida urbana. Protestos e contra cultura só viriam mais tarde. Tanto que no primeiro disco de 68 é bastante dominado pela temática da MPB com alguma influencia dos Beatles. A banda foi considerada uma das percussoras do tropicalismo, movimento que não tinha qualquer direcionamento político ou de protesto. Portanto ainda nesta época a guitarra não incomodava ninguém.         
            Somente na virada da década é que temos um marco no rock nacional a banda lança A Divina Comédia ou Ando Meio desligado.     





A alma do Rock and Roll.
    
      Paralelamente a toda esta evolução da guitarra elétrica, um estilo musical cresceu tão meteoricamente quanto o instrumento. O Rock and Roll ganhava força. Utilizando uma ou duas guitarras, o estilo se apropriou deste instrumento, fazendo-o de seu símbolo e do seu som sua voz. Considerado de início, por fim dos anos 40, como um Country mais acelerado, o estilo logo ganhou pernas próprias através do guitarrista e cantor Chuck Berry. Chuck foi um fazedor de sucessos e de polêmicas, retratando bem a essência de um astro do rock. Chuck chegou a levar uma índia de 14 anso pela qual se apaixonou para trabalhar com ele em sua casa noturna. A polícia que descobriu tudo, prendeu Chuck no auge do sucesso por cinco anos, desde então sua carreira nunca mais foi a mesma.  


Ronda de Nora Ney
      No Brasil o rock n roll jega no mesmo ano. 1955 a diva da fossa Nora Ney, grava uma versão em português para Rock Around The Clock, de Bill Haley. O ritmo original não foi preservado, Nora Ney remodelou a música para um Fox Trot. Outros artistas, temendo por ter seus lugares ameaçados por esse ritmo que ganhava o mundo, resolveram abraçar a “causa” do Rock n Roll. Desta forma Cauby Peixoto lança em 1957 o disco Rock na Roll em Copacabana. Além de Celly Campello e suas versões para músicas italianas e Ronnie Cord (Ronaldo Cordovil), preparam o mercado nacional para a jovem guarda de Roberto Carlos.  Como se poder notar ninguém realmente rompia as regras da sociedade e desafiava o sistema governamental. Ninguém no Brasil realmente penetrou na alma do Rock and Roll e decidiu que ninguém controlaria sua vida a não ser ele mesmo. No Brasil tivemos alguns artistas que, praticando outro estilo musical, resolveram ou foram impelidos a utilizar o rock para que a juventude não corresse riscos. Já que nosso regime militar era duro e não media atos para controlar o povo, não apareceu um roqueiro brasileiro que realmente desafiasse o sistema. Ficamos então entregues ao romantismo roqueiro da nossa jovem guarda.
      E a afinidade entre o rock e a guitarra evoluiu com o passar dos anos na década de 60. Ainda de forma calma e pacífica o grande expoente do início da década de 60 foram os Beach Boys, com guitarras havaianas e adocicadas agradaram em cheio o público americano e europeu.  Nesta foto de 1964 percebe-se claramente a intenção de mostrar as duas guitarras que faziam a base musical do grupo. Para deixar um claro paralelo, volto a ressaltar que no Brasil os grupos que se utilizavam de guitarras mais populares e representativos eram os The Cleveres e um pouco mais tarde os Mutantes. Exemplos de verdadeira revolução surgiam a todo instante fora do Brasil. Na Inglaterra os Beatles já davam entrevistas bombásticas, falando de nova sociedade e de liberdade de agir e de se expressar. Os Rolling Stones surgiam com o comportamento contestador de seus membros. E o Brasil ainda no mesmo passo.
      O The Who trazia o Hard Rock, estilo mais pesado e vigoroso, para as paradas de sucesso, ao mesmo tempo em que os Beatles gravavam Sgt Peppers e falavam abertamente de LSD. No Brasil o maior evento da música foi o III Festival Internacional da Canção, que de internacional não tinha nada, onde o velho representava o novo, artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé e Nara Leão, eram eleitos os reis do Iê Iê Iê. Era o Hard Rock do The Who na Inglaterra e Nara Leão com o disco Vento de Maio e o sucesso A Praça, no Brasil. A guitarra revolucionava no exterior e no Brasil se adequava ao que a sociedade e o governo queriam.


Led Zeppelin em 1968
      Na mesma balada vieram o já citado Jimi Hendrix (1967), Pink Floyd e a psicodelia de The Pipers At The Gates Of Dawn (1967), Led Zeppelin (1968), culminando no Woodstock de 1969.


Paulinho da Viola em 1968
      Enquanto no Teatro Record, em novembro de 1969 no V Festival de Música Popular Brasileira, Paulinho da Viola ganhava o primeiro lugar com Sinal Fechado e em segundo lugar ficava Agnaldo Rayol com a música Clarisse. Ainda tivemos Vanusa em terceiro lugar, com Originais do Samba em quarto e Maria Odete em quinto. As guitarras brasileiras estavam definitivamente fora da mídia. Não vendiam discos, não venciam festivais, isso  quando participavam e não influenciavam os jovens. Parecia tudo perfeito.





Sex Pistols - 1977
      A década de 70 começa e a alma do rock é cada vez mais forte e influente no mundo. A guitarra é o instrumento mais popular entre os meninos adolescentes e nem tanto mais assim. O número de bandas independentes se multiplica e as gravadoras estão de olho nessa importante fonte de receita. Vou até me privar de citar um grande numero de bandas de rock representativas no cenário internacional. Segue uma pequena amostra do que acontecia nos EUA e Europa. Black Sabbath, primeiro disco em 1970. Destaque para o impressionante guitarrista Tony Iommi. Kiss, primeiro disco em 1974, com duas guitarras potentes e muita maquiagem. Um ano depois o primeiro disco do Queen um novo movimento surgia o Glan Rock. Imediatamente depois a guitarra grita para o mundo “Faça Você Mesmo” e os Ramones lançam seu primeiro disco. E o mercado novamente mudava. O ouvinte de rock o amante da guitarra, agora podia comprar a sua própria guitarra e montar a sua banda. E o Sex Pistols decretam a vitória do proletariado sobre a burguesia com o álbum “Nevermind The Bollocks” que estrei como TOP  1, na parada da conceituada Billboard.
      O rock no Brasil reflete em muitos aspectos o que acontecia na Europa e Estados Unidos da década de 70, mas faltava o mais importante aspecto, a popularidade. As rádios não tocavam, os discos não eram gravados e as muitas bandas ficavam restritas a seus diminutos públicos e muitas nasceram e morreram na obscuridade. Basta ler este lista com nomes que trabalhavam no cenário rock Brasil dos anos 70: AERO BLUES ( Celso Blues Boy), BACAMARTE (Jane Duboc), BARCA DO SOL (Ritchie), BIXO DA SEDA (Vinícius Cantuária), MADE IN BRAZIL, PATRULHA DO ESPAÇO, SOM IMAGINÁRIO (Wagner Tisso), VÍMANA (Lulu Santos).
      Podemos dizer que o rock e as guitarras estavam lá, mas ninguém os ouvia.   
     


Casa das Máquinas - 1977
      Inevitavelmente os anos 80 começam no fervor do punk que domina a Europa e os EUA. Mas os rapazes crescem ninguém é adolescente para sempre. Muitos destes rapazes americanos e europeus, cresceram, trabalharam, ganharam dinheiro, constituíram família e agora são responsáveis cidadãos com deveres a cumprir e algum tempo para o lazer. Mesmo sem deixar de existir a rebeldia perde a força os jovens crescem e os novos jovens chegam. O discurso político tem que ser inteligente e as angústias que se vive em uma época em que o capitalismo trava uma fria batalha ideológica com o socialismo, fazem os adultos buscarem novas referencias e seus filhos seguirem seus caminhos. EUA e Europa apontam ainda na direção do rock e ainda no som das guitarras.  


Bono Vox (U2) - 1981
Em outubro de 1980 o mundo vê BOY da banda irlandesa U2. Em abril deste mesmo ano o R.E.M (Rapid Eyes Moviment), sobe no palco pela primeira vez na cidade de Athens, EUA. As bandas tem a mesma formação, guitarra, baixo, bateria e voz. David Evans (The Edge) do U2 e Peter Buck do R.E.M serão os ícones internacionais da guitarra neste período. Novos ícones, novas propostas, novos sons. Fora do Brasil a guitarra evolui com as linhas melódicas e limpas desdes dois personagens. Sem relegar o surgimento do Thrash Metal e a supervalorização do Tradicional Heavy Metal, ams a sensibilidade sempre vendeu muito mais que a brutalidade, por isso seguiremos a carreira inicial destes dois ícones, sem desmerecer os excelentes trabalhos de Deve Murray e Adrian Smith (Iron Maiden), Fast Eddie (Motörhead), Dave Mustaine (Metallica e Megadeath) entre outros.
      1980 não é um ano de referência para o rock Brasil. Os atores estavam lá, mas as luzes não se acendiam sobre eles. O País continuava com sua tradição de festivais e a MPB dominava a mídia. Ney Matogrosso, Alceu Valença, Bay Consuelo, Marina, entre outros velhos medalhões da música nacional ainda se encarregavam de deixar tudo “arrumadinho”. 1981 acende uma luz no rock nacional.



O MPB Shell daquele ano recebe 60 mil inscrições. 30 Músicas são pré selecionadas e 12 vão para a TV concorrer ao prêmio de melhor canção. E dentre elas está “Perdidos na Selva”  da extranha banda de nome Gang 90 e as Absurdetes. A música não ganha nenhum prêmio mas entra no LP do festival e mostra que o joven culto e bem informado pode produzir boa música.
     


Julio Barroso (Gang 90) - 1981

Em 1982 o R.E.M. assina seu primeiro contrato profissional e a banda estoura entre os universitários americanos. O U2 está excursionando seu segundo álgum (October) e é reconhecido por suas lera politico-religiosas. No Brasil a juventude intelectualizada entra em sintonia com o movimento cultural que aconteçe fora do País e de guitarra na mão começa a pensar. Um grupo de teatro leva suas idéias para o rock e o sucesso foi estrondoso. O primeiro mega sucesso do rock brasileiro depois de mais de uma década de ostracismo. A Blitz, depois de alguns shows no recém inaugurado Circo Voador no Rio de Janeiro, lança o compacto “Voce não soube me amar”.
     


Blitz em 1982
Ricardo Barreto, guitarrista e compositor foi o autor junto com Evandro Mesquita da maioria dos sucessos da banda. Sucessos em todas as rádios e televisões do País a Blitz não demora a lançar seu primeiro LP As Aventuras da Blitz.


O Guitarrista The Edge em 1983
      1983 marca a carreira das bandas de forma fundamental. O U2 lança War que contém a música que seria executada para sempre em qualquer apresentação da banda “Sunday Bloody Sunday” e o U2 passa a ser uma banda com o mundo a seus pés. R.E.M. Lança Murmur que é aclamado o álbum do ano na categoria rock, batendo na disputa, o própri War do U2 e Trhiller de Michael Jackson. A música “Radio Free  Europa” lança  abanda mundialmente. No Brasil a Blitz é considerada a maior banda do País e compre muito bem papel de abrir o mercado para as novas caras do rock brasileiro. É neste mesmo ano que a Legião Urbana toca no circo voador e é chamada para assinar seu priemiro contrato. A Legião Urbana se tornaria a mairo banda de rock que o Brasil conheceu. Dado Villa Lobos é o guitarrista da banda e assim como Peter Buck e The Edge, tem um estlilo limpo e melodioso, sem perder a força que uma canção rock precisa ter.


     
Caixa de texto: Legião Urbana - 1983Todos viriam a conhecer a força destas bandas a partir de então. Em 1984 o U2 lança The Unforgettable Fire, com produção do consagrado Brian Eno. E se torna a maior banda do mundo em sua época. O R.E.M grava em onze dias o álbum Reckoninge entre em uma turnê que vai enmendando em mais um álgum e depois em mais uma turnê até Out Of Time de 1991 quando a banda assume o posto de maior banda do mundo. Janeiro de 1985 marca o lançamento do primeiro disco da Legião Urbana que não parou mais até 1997 quando o líder Renato Russo veio a falecer. O álbum “As Quatro estações” de 1989 consolida a banda como a maior banda de Rock do Brasil.
       Assim se fez, se faz e será feita a história do rock. Com suas guitarras inventivas e emocionantes, continuará mechendo com o emocional e o racinal de uma juventude que busca mudanças e afirmação social. A guitarra continuará mudando cortes de cabelo dos jovens e nem tão jovens assim. Será a responssável por ditar modas e fazer a sociedade pensar. Continuará chocando e divertindo seus admiradores e detratores. Benditos sejam aqueles que inventaram, criaram e modernizaram a guitarra, pois graças a eles, muitos de nós poderam expresar seus sentimentos, protestos e amores. O Homem modificou a guitarra, mas ela fez muito mais por ele do que ele pode perceber.



Bibliografia

ABZ do Rock Brasileiro (Marcelo Dolabela, 1987)
Enciclopédia do Rock (Editora Somtrês, sem data)
Livro Negro do Rock (Leopoldo Rey e Gilles Philipe, Ed.Somtrês, s/data)
História do Rock (Roberto Muggiati, Ed.Somtrês, s/data)
Enciclopédia do Rock Progressivo (Leonardo Nahoum, 1984)