sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Resenha de Gramsci, Materialismo e Relações Internacionais. De: Stephen Gill

Bruno Botelho Horta
Quarto Período







Resenha de Gramsci,
Materialismo e Relações Internacionais.
De: Stephen Gill

Matéria: História da América
Professor: Victor






Macaé/RJ
Setembro de 2011.
Gramsci, Hegemonia e relações internacionais: Um ensaio sobre o método. – Robert W. Cox

Baseada na leitura de Os Cadernos do Cárcere do ex líder do partido comunista italiano Gramsci, o autor ressalta a importância do estudo do conceito de hegemonia. Principalmente nas teorias e estudos das relações internacionais.

Gramsci e hegemonia.

Gramsci utiliza sua própria experiência pessoal pra adaptar e evoluir conceitos que, segundo ele, não podem ser abstraídos de suas aplicações, evitando assim contradições e ambigüidades. A validade dos conceitos só pode ser confirmada se postos em prática resolvem situações e as deixam claras.



Origens do conceito de hegemonia.

Partindo da terceira internacional comunista e passando pelos conceitos de Maquiavel o pensamento de Gramsci nos caminhos do e Lênin leva a definição de liderança com consentimento das classes aliadas. Mas adaptando esse pensamento Gramsci aplica a classe burguesa o conceito de hegemonia observando ainda que para se estabelecer no comando e no controle a burguesia até oferece concessões para manter a subordinação das classes assalariadas. Essa hegemonia permanecerá enquanto a classe dominada permanecer passiva, mas os casos em que a ordem for ameaçada a latente coerção se fará sentir pela classe dominante.
Para combater essa hegemonia das sociedades européias Gramsci defendia a utilização da guerra de posição e não a de movimento, pois a hegemonia só seria derrubada com ataques constantes a base de sustentação da hegemonia, que são os aspectos sóciais do estado.
Esse combate é a construção da contra hegemonia, que se forma no interior da atuante hegemonia, e que deve resistir as tentações de não ser incorporado pela atual hegemonia.



Revolução Passiva


Para Gramsci existiam dois tipos de sociedades que haviam se transformado socialmente: as completas como Inglaterra e França. E as que a nova ordem havia sido imposta, ordem esta criada no estrangeiro. A principal característica desta segunda sociedade é a dialética revolução-restauração. Aqui mesmo no Brasil podemos ver as constantes revoluções e golpes que transformaram a sociedade e mudou, por diversas vezes o pode de mãos.
Achei importante e esclarecedora pra mim a definição “progressistas, quando o governo forte preside um processo mais ordenado de criação de um novo Estado; reacionárias, quando estabiliza o poder existente.”
O transformismo definido por Gramsci era uma coalização de forças de amplo aspecto formando um grupo de interesses com objetivos comuns e transformadores.


Bloco Histórico


A estrutura formada por estado e sociedade representa um contexto estabelecido e que só poderiam ser modificados por um evento catastrófico que derrubando a atual estrutura possibilitaria a o surgimento de um novo bloco, o bloco histórico.
O bloco histórico não existe sem uma estabilidade da conjuntura dominante. Só a permanência de um Estado, suas forças sociais, políticas e econômicas caracterizam o bloco histórico. Para manter a estabilidade do bloco histórico os intelectuais desempenham um papel importante em manter imagens mentais da funcionalidade da organização ou, ao contrario, para derruba-la.

Teoria da dependência, neoliberalismo e desenvolvimento: Reflexões para os 30 anos da teoria

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História






Bruno Botelho Horta
Quarto Período








Teoria da dependência, neoliberalismo e desenvolvimento:
Reflexões para os 30 anos da teoria
Matéria: História da América
Professor: Victor Tempone.





Macaé/RJ
Setembro de 2011.




Duas principais teorizações da dependência podem ser definidas como:
I – A marxista onde a luta de classes é a principal conseqüência da dominação, onde essas classes buscam na periferia uma organização socialista.
II – E a weberiana onde as estruturas de dominação são as responsáveis por manter o sistema dominante operando.

Para Cardoso foi o crescimento da unidade nacional que iniciou o rompimento com as estruturas dominadoras caracterizou o verdadeiro insucesso dos países que, no contexto internacional, não conseguiram encontrar os seus nichos internacionais de mercado, terminando como grupos irrelevantes para o mercado global.
A vertente econômica da dominação é a mais esmagadora e eficaz. Impões que estruturas internas só funcionem para manter ou abastecer as estruturas externas e dominadoras. A estrutura política pouco pode contribuir para buscar um ajuste que diminua ou termine com a dependência, pois esta se encontra funcionando apenas na ordem interna, sem poder, verdadeiramente influencias em estruturas internacionais.
Para fugir das estruturas de dependência Cardoso sugere que a centralidade do mercado se estabeleça no aspecto político, nas relações internacionais e no desenvolvimento econômico. Voltando para o lado da ética as ações dominadoras. Colocando, desta forma, barreiras morais para evitar dominações e massacres econômicos.
Ainda para Cardoso a globalização trouxe práticas ainda mais negativas, pois o capital especulatório se movimentava de forma muito dinâmica no mercado internacional, gerando crises e ainda mais dependência do sistema financeiro. E para Cardoso somente quando os mercados se tornarem únicos internacionalmente que os problemas gerados pela globalização poderão ser controlados.
A entrada do capital internacional nos mercados internos primeiro funcionou como amortização das tensões sociais, mas logo se transformou em mais uma forma de ameaçar as estruturas de desenvolvimento interno.
O caminho proposto para fugir das armadilhas impostas pelo capital internacional é abrir o mercado para atrair investimentos e manter a moeda forte para escapar de ataques especulativos.
A saída marxista para a dominação é a integração nacional para comandar os processos criados pela entrada do capital estrangeiro. A melhor distribuição das indústrias no território nacional, investimentos sociais para a qualificação do trabalhador, seriam políticas de integração nacional que fortaleceria as estruturas internas, diminuindo a dominação e a dependência externa a cada momento.

Características gerais da colonização portuguesa do Brasil: formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida.

Características gerais da colonização portuguesa do Brasil: formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida.

O primeiro destaque é a tendência histórica do povo português em se miscigenar e conviver com outras raças e culturas. “o ar da África, um ar quente, oleoso, amolecendo nas instituições e nas formas de cultura as durezas germânicas; corrompendo a rigidez moral e doutrinária da Igreja medieval; tirando os ossos ao cristianismo, ao feudalismo, à arquitetura gótica, à disciplina canônica, ao direito visigótico, ao latim, ao próprio caráter do povo.” Fica clara a idéia de miscigenação e da constante influência dos mais variados povos e culturas por toda a história de Portugal. Um país caracterizado pelo bi continentarismo. O caráter do povo definido por suas contradições entre o cristão e o mulçumano. E ainda uma miscigenação semita que levou a mobilidade e adaptabilidade resultando no perfil do português colonizador que chegou ao Brasil.
Essa mobilidade combinada com a facilidade de miscigenação facilitou a expansão de um povo diminuto em recursos humanos “dominando espaços enormes e onde quer que pousassem, na África ou na América, emprenhando mulheres e fazendo filhos,” A aclimatabilidade foi outro fator que facilitou a adaptação portuguesa em terras brasileiras, por seu clima único da Europa, devido a sua proximidade com a África, os portugueses não encontraram muitas dificuldades para as adaptarem ao clima tropical. Ingleses, franceses, holandeses entre outros tentaram suas aventuras pelos trópicos e suas empreitadas invariavelmente amoleceram pelo clima quente, que impediu seu estabelecimento nas terras das novas colônias. Foi pro motivos como estes que as metrópoles utilizaram a exploração comercial e não a dominação étnica para continuarem dominando suas colônias.
Foi o colonizador português o primeiro a iniciar o trabalho na terra e não apenas retirar dela sua riqueza natural. Foi a “Colônia de Plantação” a nova atividade imposta pelos portugueses, utilizando para isso escravos na produção agrícola. Foi essa sociedade que estabeleceu a formação de uma família patriarcal e aristocrática. A descrição resumida deste inicio de colonização feita por Ruediger Bilden. Resume bem esse momento que o Brasil atravessava. “no Brasil a colonização particular, muito mais que a ação oficial, promoveu a mistura de raças, a agricultura latifundiária e a escravidão, tornando possível, sobre tais alicerces, a fundação e o desenvolvimento de grande e estável colônia agrícola nos trópicos.”
O português tinha uma tendência de espalhar-se ao invés de condensar-se e foi assim com os bandeirantes desde o século XVI, fundando subcolônias e expandindo as fronteiras.
Um outro fator que foi importante no início e por um bom período da colonização brasileira foi a questão religiosa onde transformar os índios em novos cristãos foi motivos de expansão das atividades colonizadoras. O sentimento de antagonismo permanece quando os jesuítas ampliam suas conversões, atingindo os escravos e assim contrariando os interesses dos fazendeiros, que usavam de duras medidas para manter seus escravos em uma condição abaixo da humanidade, evitando assim, revolta e conseqüente prejuízo.
Mesmo com todas as dificuldades climáticas, geográficas, intelectuais, raciais e religiosas a sociedade colonial foi harmonizando-se e criando mecanismos de manter funcionando suas estruturas sócias e estruturas de poder. Os fatores que facilitaram a chegada do português ao território brasileiro continuaram existindo em favor de sua permanência e estabilização. A miscigenação entre europeus e índios, europeus e negros, negros e índios teve continuidade. Criando um povo cada vez mais adaptado a terra em que viveram. Essa adaptação tanto no início da colonização, quando durante o seu processo contou, além da mobilidade de seu povo sua adaptação a mudança de atividades e de residência. A característica hospitalidade deste povo contribuiu ainda mais para expandir o processo de estabilização da colonização. Ampliadas ainda por facilidades geográficas por não contar com uma importante cadeia de montanhas ou um rio que de forma importante consista em barreira realmente dificultadora de um processo de expansão.

Um Visionário na Corte de D. João V. Cap. V De: Adriana Romeiro.

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História







Bruno Botelho Horta
Quarto Período







Um Visionário na Corte de D. João V
Cap. V
De: Adriana Romeiro.
Matéria: Historia do Brasil Colônia
Professor: Meynardo.







Macaé/RJ
Outubro de 2011.


Pedro de Rates Hanequim é um português que no Brasil se tornou um minerador. Suas práticas o levaram a ser acusado, preso e morto por crime de Lesa-Majestade. Hanequim era milenarista e acreditava na vinda do quinto reino para o Brasil. Crenças que o colocava diretamente em conflito com o governo português. Seu caso foi conduzido em segredo e os registros destruídos. Fato que dificultou o trabalho de historiadores que pesquisaram seu caso. As partes das investigações que puderam ser esclarecidas sobre o episódio, deixaram claro que Hanequim ou havia agido sozinho ou ocultou seus cúmplices.
O desembargador Santa Marta, responsável pelo caso de conspiração, restringiu sua área de ação limitando suas investigações somente a este aspecto e encobrindo provas documentais do processo de Hanequim. É entendendo sua cultura e sua política que estava ambientada em Minas Gerais é que podemos entender o que se passava nessa região.
Para entender o ambiente em que Hanequim circulava é preciso entender que ele vivia sob um viés subversivo que seu pensamento foi construído na relação com letrados e acadêmicos.
Dos poucos registros que restaram da inquisição de Hanequim, o que se pode confirmar é que ele permaneceu por cerca de vinte anos na região de Sabará, Vila Rica, Serro Frio, Ribeirão do Carmo, entre outras. O interessante é observar que o regime de D. João V teve grande preocupação em apagar todos os vestígios do ocorrido com o mineiro Hanequim, provavelmente para manter a estabilidade do regime e impedir que idéias inconfidentes tomem conta do pensamento popular. Principalmente em uma região rica em ouro e diamantes. Durante seu interrogatório em Portugal foi constatado que o auxilio do padre Inocêncio de Carvalho era verdadeiro e que também o ouro descoberto e minerado por ele foi quintado de acordo com a lei portuguesa, mostrando que seus atos estavam todos dentro da lei.
O caso de Hanequim revelava implicações maiores e que demonstravam a complicada política econômica na colônia no início do século XVIII. Uma testemunha citada por Hanequim, durante o processo de inquisição, foi o capitão mor João Ferreira dos Santos. Dono de uma sesmaria na região do Caeté, ele foi influente na região ajudando com escravos no combate a invasão francesa no Rio de Janeiro, onde conseguiu seu título militar. Suas atividades auríferas foram exercidas de forma ilegal, falsificando o selo real sonegou impostos à coroa portuguesa, foi preso e condenado. Não foi queimado por uma manobra legal onde conseguiu provar que reconhecendo o crime e fornecendo informações a seus inquisidores poderia reduzir sua pena. Conseguiu escapar da morte e do exílio em Angola, permanecendo em Lisboa. O caso do capitão revela que grandes manobrar ilegais ocorriam na região para lesar a coroa na taxação do ouro. Por ser um minerador Hanequim, que viveu na mesma região que o capitão, certamente conviveu com ele, mas o capitão negou conhecer o condenado Hanequim. Provavelmente por temer se envolver em ainda mais problemas com Portugal.
Para fugir do casamento Hanequim chegou a usurpar a identidade de Frei Simão de Santa Teresa. Este frei que realmente habitava a região. Era um religioso culto e pagador de impostos, além de ter uma participação importante na guerra dos emboabas. O frei ocupou funções de destaques no governo ilegítimo dos emboabas. Certamente uma estratégia pra fugir do controle da coroa portuguesa e de sua dominação.
Oficialmente Hanequim chegou a ser registrado em um livro de pagamento de impostos na Vila de Sabará entre 1714 e 1715, descartando assim, a possibilidade de sempre utilizar nomes falsos para escapar de alguma perseguição real. Os registros sempre foram muito contraditórios. Durante o tribunal do ofício testemunhas alegaram que Hanequim possuiu grandes posses e outras já afirmavam que ele nada tinha. Sua vida foi marcada por uma grande variedade de acontecimentos, onde Hanequim demonstrava sua inteligência e capacidade de adaptação. Tentou assumir a responsabilidade da descoberta do ouro para os espanhóis, participou de estudos das escrituras e foi escrivão em Rio das Velhas entre 1709 e 1710 onde atuava no ato de apreensão de entrada ilegal de mercadorias em Minas Gerais.
Acredito ser uma estratégia de Hanequim, onde ao pagar e impostos e trabalhar em serviços oficiais proporcionava a ele uma aparência de legalidade, para esconder seus atos revolucionários contra a coroa portuguesa.
Foi ainda no início do século XVIII que Portugal intensifica as ações de controle sobre sua colônia e a região das minas sofre intenso combate aos desvios de pedras preciosas. Uma das medidas é a proibição de comércio com a Bahia e posteriormente a instauração de postos de controle para selar o ouro. Portugal precisava explorar ao máximo esse empreendimento de metais preciosos e coibir movimentos revoltosos que foram surgindo e sendo debelados, como foi a guerra dos emboabas.
É importante notar como o governo colonialista estabelece uma hierarquia de imposição do poder. Os governadores nomeados pela coroa nomeiam seus assessores, que por sua vez possuem outros assessores que até quando não remunerados tem grande interesse em ocupar um cargo oficial. Como no caso de uma carta régia de 7 de maio de 1703, autorizando que a superintendência nomeasse os guardas mores sem a obrigação de aprovação do rei. Estes “registradores” não possuíam salários, só recebiam de acordo com os emolumentos que praticavam, mas era um cargo de boa visibilidade social, mas que ainda assim, permanecia sob os domínios da coroa portuguesa e precisavam trabalhar de acordo com os interesses do rei..
Hanequim viveu em um mundo em que ele construiu com seus conhecimentos religiosos e milenaristas, acreditava em uma América longe dos domínios de Portugal. E justamente por isso pagou com a vida perante a inquisição. A imposição do regime colonial não poderia permitir que idéias separatistas, ainda mais em uma região aurífera, progredissem. Era uma clara ameaça a ordem vigente do antigo regime.