terça-feira, 27 de novembro de 2012

Fazenda Campos Novos, uma História de troca de posses.

Fazenda Campos Novos, uma História de troca de posses.
Por mais absurdo que possa parecer essa é placa de entrada da Fazenda Campos Novos em Cabo Frio – RJ. Completo absurdo por ser uma placa incrivelmente simples e mesmo assim mal cuidada. A placa ainda informa ser um Sítio Histórico, quando na verdade foi uma fazenda Jesuíta e ainda informa estar sob a administração da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, fato inaceitável, pois a fazenda é tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), processo nº 01500.005719/2010-49 e foi publicado no Diário Oficial da União em 23 de novembro de 2011.
Logo na entrada da fazenda encontro a senzala ou o que restou dela, hoje já reformada e utilizada como depósito de material da Secretaria de Agricultura de Cabo Frio. É possível observar que é uma grande senzala e que não seguia o modelo familiar, isto é, todos os negros permaneciam juntos e ficavam trancados enquanto não trabalhavam. Mesmo já bastante modificada é importante ressaltar que ela permanece no local original, cerca de 50 metros dos fundos da casa grande e ao lado de uma antiga horta.
As terras da Fazenda Campos Novos tinham de testada quatro léguas e meia principiando a mesma no sítio chamado de Genipapo partindo da parte do Norte com os moradores da baía Formosa, do Sul com as terras da aldeia dos índios de São Pedro e da do Norte correndo rumo ao Nordeste por costa do mesmo mar até a praia do Rio de São João e do Poente com o sertão até intestar nas terras de Bacaxá... (Carta de Sesmaria).
Já bastante alterada de sua forma original aqui se pode ver a Casa Grande da visão de quem está na senzala. É o fundos onde fica a cozinha (portas abertas ao centro da imagem). Acima e a direita é a varanda com ligação a igreja que fica do outro lado da casa. A fazenda fica no caminho entre Campos dos Goytacazes e a cidade do Rio de Janeiro e servia de descanso e engorda para o gado que seguia para a capital. A fazenda produzia açúcar e depois café. A produção era levada para a lagoa de Araruama por carros de boi e de lá seguiam para o Rio de Janeiro.
Em 1759 a fazenda é tomada pelo governo português e recebe o nome de Fazenda D’el Rey e é colocada a venda. O fazendeiro Manoel Pereira Gonçalves compra a fazenda. Durante esse período a fazenda recebe a visita de Auguste de Saint-Hilaire em 1820 onde o naturalista francês recolhe espécies de plantas e deixa registrada a decadência da região em seus livros.
Outro importante visita a fazenda foi de D. Pedro II que em 1847 almoçou na fazenda em uma viajem para Campos dos Goytacazes. Naquele ano o proprietário da fazenda era o padre Joaquim Gonçalves Porto. A fazenda troca de donos diversas vezes até que na década de 50 do século XX o proprietário Antonio Paterno faz um completo loteamento da fazenda, cedendo terras para loteamento e grileiros. Depois de uma disputa judicial com os ocupantes da fazenda Antonio Paterno vendeu 25% das terras a Destilaria Medelin S.A. O restante foi vendido ao Sr. Henrique da Cunha Bueno que até os 1970 tentou expulsar os colonos da terra. Mas ainda em 1960 um jagunço foi contratado para expulsar os colonos a força, ele era conhecido como “Goaquica” que atacava violentamente os moradores da fazenda e apoiava os grileiros que também tinham interesse em expulsar estes colonos. O resultado deste conflito foi a criação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cabo Frio, propondo a reforma agrária já em 1961.
O novo dono da Fazenda, na época chamada Companhia Agrícola, Jamil Miziara, havia recebi a posse das terras de volta no fim dos anos 60, pois o golpe de 64 temia os movimentos sociais, chamando-os de comunistas, expulsou os movimentos sindicais da terra a garantiu a propriedade particular. As únicas vozes que defendiam os colonos eram do padre Aldo e do vereador José Bonifácio Ferreira Novelino. Entre os anos de 1972 e 1976 o Sr. Jamil loteou a fazenda e vendou alguns lotes com a autorização do prefeito de Cabo Frio Antonio Castro. Mas o fracasso das vendas e a improdutividade da terra levou a fazenda a ser incluída no projeto de reforma agrária em 1982, promovida pelo governo Figueiredo. Já em 1993, José Bonifácio se torna prefeito de Cabo Frio e depois de um período de lutas e assassinatos locais, desapropriou a fazenda e deu direito de uso aos antigos colonos que lutaram pela terra.
A sede da fazenda continua mesmo tombada pelo IPHAN, sendo utilizada pelo governo municipal e não permitindo que a população tenha acesso a essa importante obra e fundamental história para compreender a região de Cabo Frio de forma ampla e esclarecedora. Para finalizar deixo a foto de um tumulo do cemitério local, sem identificação e sem data, mas informado pelo coveiro local que se trata da cova mais antiga do local.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Macaé 2012: As diferenças sociais.

Macaé 2012:
As diferenças sociais.
No dia 26 de novembro de 2012 aconteceu na cidade do Rio de Janeiro mais uma manifestação em defesa dos Royalties do petróleo que desde a década de 1980 chega aos municípios da região no norte e lagos fluminense como compensação pelos impactos produzidos pela extração do petróleo. Recentemente o Brasil atravessa uma discussão sobre uma divisão igualitária destes recursos para todos os municípios brasileiros. Os chamados “municípios produtores” protestam e todos os demais reclamam esses recursos. Matematicamente qualquer votação política resultará em vitória para os “não produtores” que são em número muito maior, mas como a questão é política pode-se esperar qualquer resultado em um futuro próximo.
Mas o que seria uma fonte de soluções se torna a origem dos problemas políticos, econômicos e sociais. Políticos pela guerra pelo poder nesses municípios milionários. Campanhas políticas que fogem do seu principal objetivo que é o debate de idéias e se transformam em uma novela de intrigas, fofocas e agressões. Problemas econômicos que percebemos claramente nas grandes cifras divulgadas pela imprensa e que pouco resulta em benefícios para a população. Em todos os municípios que recebem a maior parte dos recursos é possível identificar um grande crescimento da máquina pública como: Grande numero de secretarias, contratações e assessorias que pouco resulta em bom serviço prestado a sociedade. Socialmente os impactos são ainda mais devastadores bolsões de excluídos se formam nas cidades, bairros nobres tornam-se cada vez mais elitizados e hiper valorizados, enquanto os excluídos estão distantes, sem assistência governamental e quase sempre muito fiscalizado pelos órgãos de meio ambiente, de posturas ou policiais.
Um elemento geográfico divide socialmente a cidade. O Rio Macaé divide a cidade em norte e sul, onde o norte é prejudicado pela falta de políticas públicas e o sul, parcialmente, recebe grande parte dos investimentos. Neste ano de 2012 foi iniciada a obra de reurbanização da Imbetiba, iniciada porque até o momento, mês de novembro, a obra está parada. Enquanto bairros que jamais foram urbanizados, como o Jardim Carioca, não receberam qualquer serviço publico. As ruas continuam feitas de terra, sem água, sem esgoto e de frente para um valão (canal Campos – Macaé) sem tratamento e completamente abandonado. Imbetiba fica no lado sul e o Jardim Carioca no lado norte.
O lado sul recebeu a sede administrativa da Petrobras e o Parque de Tubos, local onde a base operacional funciona. Bairros como Miramar, Visconde, Sol y Mar, Glória, Cavaleiros e Lagoa experimentaram um crescimento quando não espetacular, pelo menos, notável. Mas como em toda cidade que não planeja seu crescimento bairros adjacentes cresceram ou surgiram de forma desordenada e sem receber as políticas de desenvolvimento urbano. São bairros populosos como Aroeira, Malvinas e Botafogo que não recebem uma estrutura mínima para garantir o bem estar social. Como: postos de saúde, creches e escolas, além de transporte público de qualidade.
O lado norte concentrou a maior parte da população da cidade, grandes bairros como Barra, Aeroporto e Lagomar estão sempre em destaque, pois protagonizam as mazelas da cidade. Problemas de abastecimento de água, esgoto não tratado, transportes lotados e postos de saúde que não atendem os casos com média ou alta complexidade deixam os moradores com a certeza do abandono e da mesma forma, estes moradores, tornam-se alvo das especulações políticas. Política que sempre chega mas nunca garante efetivação das promessas feitas.
Portanto a cidade continua divida e se apresenta, a quem decide circular de norte a sul, como um espetáculo de desigualdades de exemplo como o Parque Valentina Miranda( lado sul) e a Nova Holanda (lado norte)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

A História é Moderna

A História é Moderna
Sempre que ouvimos ou falamos sobre a matéria História imaginamos reis, impérios, caravelas e pirâmides. Não posso deixar de concordar que esse pensamento é correto, mas que representa apenas uma parte da história. Mas antes de entrar diretamente nesse assunto é importante deixar claro que estudar ou ensinar a História tem que ser um prazer, uma tarefa agradável e que possamos interagir com ela (a História) de uma forma simples e inteligente. Complicar ou tentar ser “intelectual” sem necessidade é só uma forma de afastar as pessoas da matéria que tanto amo.
É impossível negar que a História conta o passado, qualquer coisa diferente disso é discutir o que não é verdadeiramente importante. Para prever o futuro deixamos essa tarefa para praticantes de outras artes. Mas nem tudo é tão exato assim, afinal, estudamos uma ciência chamada de “humana”, não que a matemática ou a física não seja feita por homens e mulheres, assim como a História é feita.
Agora sim chego ao ponto de nossa conversa. O que é a História? E quem faz essa História? A História é a nossa vida, nossa data de nascimento, nossas formaturas, filhos, casamentos, falecimentos, títulos no futebol ou viagens inesquecíveis. Nossa História particular nasce e vive junto a toda a História mundial. Sabemos ou procuramos saber o que estava acontecendo no mundo no ano em que nascemos, ou o que era importante na época. Por exemplo: Muitos nomes de bebês foram escolhidos por influência de nome de personagens de novelas, musicas ou acontecimentos marcantes. O casamento da princesa Diana em 29 de julho de 1981(por coincidência aniversário de Macaé), levou a um grande número de mães a registrarem suas filhas como o mesmo nome da princesa.
E é justamente ligar os fatos que dá a história esse caráter interessante. Colocar esses fatos na nossa vida e ao mesmo tempo estar dentro destes fatos. Como o 29 de julho de 1981 que é aniversário de Macaé, o casamento da princesa Diana e o nascimento do piloto Fernando Alonzo. É possível lembrar onde estávamos nesse dia devido aos fatos importantes que aconteceram nesta data. Assim como é fácil lembrar onde estávamos em finais de campeonatos, natais e aniversários.
Por isso é importante lembrar essa cara moderna da História. A História que nós mesmos construímos. Nossos filhos, trabalhos e atividades que exercemos em sociedade são a nossa contribuição para a História. A História é moderna também, está viva e fazemos parte dela. Ela não é um peso morto e mofado do passado. Afinal o passado já foi o presente e o que vivemos hoje, logo será passado. Agora pense bem. O que vivemos hoje não é importante?
Até a próxima oportunidade de falar sobre a História viva.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O Feudalismo: Economia e Sociedade

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé Graduação em História
Bruno Botelho Horta Quinto Período
O Feudalismo: Economia e Sociedade De: Hamilton M. Monteiro Matéria: História Geral Professor: Rodolfo Maia
Macaé/RJ
Do século IV ao VII a sociedade européia rompe os limites políticos, geográficos e culturais impostos pelo Império Romano e o resultado foi a chamada sociedade feudal ou Feudalismo. Sociedade baseada no regime de servidão. Onde a nobreza domina os servos para que a sociedade funcione.
A servidão é a elevação do escravo, que eram utilizados pelos romanos, a condição de servo e na mesma medida a opressão e destituição do camponês, rebaixado a condição de servo. A terra que só pertence a nobreza é trabalhada pelo servo que paga ao nobre, como sua produção, o direito de usar a terra e ainda deve trabalhar na terra dos nobres. Os elementos que mantinham essas relações em funcionamento eram o Rei e a igreja. O poder real é lentamente ursupado pelos proprietários das terras que se estabelecem como senhores feudais. É importante ressaltar que o feudalismo não era a ausência de comercio, mas sim a interiorização das praticas comerciais. Os feudos fechavam-se em si mesmo na primeira fase do feudalismo.
O Império romano que teve seu auge no século I entra em crise devido ao esgotamento da mão de obra escravista, o aumento da população e o esgotamento dos recursos naturais. As cidades se esvaziam, pois não há alimentos para todos e o colonato passa a ser o método de utilização da terra.
Um dos principais povos que invadiram o fragilizado Império Romano foi os germânicos. Um povo que não conhecia a propriedade privada e conviviam em uma sociedade compartilhada e comunal. Foi a influencia destes povos, com a dissolução das cidades romanas que surgiu o feudalismo. Uma síntese de modos de vidas em transformação. Outro aspecto que não pode deixar de ser considerado é de que o modelo feudal não foi único. Na região de Inglaterra, Espanha, Alemanha e Itália, vários foram as formas de funcionamento do feudalismo.
Na primeira idade feudal o vazio demográfico caracterizou a forma de ocupação do espaço. As guerras, a falta de alimentos e as epidemias contribuíram para este quadro até o século VII. O crescimento passa a ser significativo do século VII ao IX devido ao fim das invasões que geravam as guerras e o controle das epidemias. Após o século IX o crescimento se intensifica devido ao progresso das técnicas agrícolas.
A produção desta primeira idade feudal era caracterizada pela pequena produção camponesa para atender as suas próprias necessidades. O pouco de excedente da produção era comercializado, mas sempre em curtas distancias.
Os senhores feudais se estabeleceram pela prática dos monarcas de ceder terras para seus guerreiros em forma de pagamento e de terras a igreja com a particularidade de imunidade de taxas as terras da igreja. Esses donos de terras reproduziam a atitude dos monarcas cedendo porções menores de suas terras. A hierarquização se completa no processo de vassalagem onde o vassalo se entrega a proteção do suserano que em troca promete servi-lo. Este juramento é feito diante de algum objeto religioso para sacralizar o compromisso. Esses servos se dividiam em rês categorias: o Camponês, o livre e o escravo. Já no século VI era visível na sociedade a minoria de grandes proprietários de terras e ocupantes de cargos públicos e a maioria que vivia em estado de penúria, pagando altos impostos e a mercê das guerras. E pelas guerras uma nova classe dominante, mas intermediária, se estabelece. A elite armada e militar. Certamente que a servidão na era a única forma de trabalho neste período, mas era a mais utilizada.
A exploração do servo podia ser de duas formas. Pela corvéia, que é o trabalho gratuito para o senhor. Que pode ser na terra ou na reforma de pontes e estradas ou ainda em qualquer outro bem pertencente ao senhor feudal. Ou as cobranças em gêneros ou produtos manufaturados pelos servos.
O crescimento populacional se deve ao aprimoramento da metalurgia e o emprego do ferro na fabricação de instrumentos de trabalho e até da utilização do moinho de água na produção. As técnicas de plantio melhoram a produção gerando um excedente de produção, intensificando a necessidade de comercializar esse excedente.
O crescimento populacional separa a figura do artesão da figura do lavrador e as cidades se tornam o centro da produção secundária e terciária. Desta forma as cidades se estabelecem com centros mercantis.
O comércio se desenvolve a margem do mediterrâneo tendo como destaque as cidades de Genova e Veneza que controlam o comércio dos os produtos que tem origem na Ásia. Outras cidades se destacam no comércio, como Kiev e Birka pelo mar Báltico e depois de século X com o crescimento de Bruges. O norte da Europa cresce comercialmente e o resultado deste crescimento é a hansa Teutônica. Uma liga de cidades da região.
O crescimento das cidades é também o crescimento do campo. Pois a produção de alimentos e de matéria prima para a manufatura era o fortalecimento do campo na sociedade feudal.

A declaração de independência dos Estados Unidos.

A declaração de independência dos Estados Unidos.
Como a grande maioria dos países que se tornam independentes nas Américas, os Estados Unidos, nascem como uma república. Moderna para o seu tempo, liberal e humanista. Sua declaração de independência era uma forma de motivar seu povo e manter acessa a chama da liberdade. Mas de certa forma está declaração também incutia no povo Norte Americano as idéias de superioridade e liderança entre as nações.
O contexto que leva a independência norte americana pode ser traçado tendo como início o Tratado de Paris. A partir de então as posses britânicas se estendem de forma espetacular pelo mundo, exigindo maior controle e esforço administrativo. Atingidos por uma crise financeira, em virtude da Guerra dos Sete Anos, a Inglaterra estabelece que as colônias Américas devem ser responsáveis por gerar seu próprio sustento, criando assim, uma situação de virtual independência da metrópole.
A Lei do Açúcar que aumentava taxas de importação e restringia ainda mais o comercio da colônia, a Lei do Selo que taxava todos os documentos ou publicações emitidos nas treze colônias, as Leis de Townshend que aumentava as taxas dos produtos importados pela colônia e a Lei do Chá que entregou a Companhia das Índias o monopólio de comercio com a colônia foram motivo de revoltas e conflitos. Os congressos continentais buscavam uma solução americana para a crise e a solução, a princípio não era a independência e sim o autogoverno. Mas o governo inglês não estava mais disposto a negociar e declarou que as colônias estavam em estado de rebelião, determinando que a força militar fosse utilizada.
Thomaz Paine foi o autor, em 1774, de um panfleto chamado Senso Comum, onde ataca o regime monárquico e pela primeira vez, de forma pública, menciona a independência das colônias. A repercussão popular chegou ao congresso continental e gradualmente as colônias foram se mobilizando até que a decisão por uma república independente foi tomada.
A confecção do texto da declaração foi conduzida por Thomas Jefferson que não negou a influência de escritores como John Locke ou de autores clássicos como Aristóteles por exemplo. Mas como principal influência pode-se considerar o desconhecido Algernon Sidney que é antecessor ao pensamento liberal, mas já em sua obra defendia que o povo tem o direito de criar, eleger e dissolver seus governantes conforme a vontade do próprio povo.
Neste período antes da independência, as declarações eram instrumentos institucionais utilizados para determinar uma política oficial dos governantes. O próprio governo inglês utilizou esse instrumento em diversos momentos de sua história. A constituição da Virgínia, com prefácio de Thomas Jefferson, foi um documento base para a Declaração de Independência americana. Muito pelo fato de todas as outras colônias, também, redigirem suas constituições liberais. O texto final de Thomaz Jefferson foi submetido ao congresso americano que promoveu algumas alterações. Mesmo com essas retificações o texto se destaca pela qualidade e importância para o pensamento liberal.
Após a assinatura das ex colônias o próximo passo foi imprimir e divulgar pelo país a declaração. Copias foram impressas para mostrar a população que uma decisão definitiva havia sido tomada. O principal instrumento de divulgação da declaração foi a leitura pública, onde uma grande festa era montada para completar a cerimônia.
A Declaração era tão importante que foi considerada um objeto de valor inestimável para o país. Durante a guerra com os ingleses e as mudanças de cidade do Congresso americano a declaração era levada junto com os congressistas e mantida segura como símbolo nacional.

Aula de História: Que bagagem levar? De: Helenice Rocha

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé Graduação em História
Bruno Botelho Horta Quinto Período
Aula de História: Que bagagem levar? De: Helenice Rocha Matéria: Metodologia do ensino de História Professor: Rodolfo Maia
Macaé/RJ
Idéia central: A autora procura desvendar alguns mitos sobre o ensino da História, tais como a diferença entre as escolas públicas e particulares e o envolvimento dos professores no sentido de superar essas dificuldades. Sua pesquisa de campo direciona o leitor para o entendimento prático de como os alunos percebem e reage a abordagem dos professores. Tendo como finalidade mostras problemas e apontar soluções no ensino da História.
Não se pode fugir do ensino ou do aprendizado de História sem a leitura de textos. Leitura necessariamente liga ao entendimento do texto. Já essa compreensão é o ponto mais variável e pessoal desta questão. A forma em que esse texto é entendido pelo aluno ou pelo professor é uma forma única que depende, em um dos aspectos possíveis, do acúmulo de conhecimento relativo a outros textos, como a autora descreve a bagagem que o leitor trás. Na página 83 ao fim do primeiro parágrafo a autora escreve.
“No ensino de História, a escrita das tarefas escolares se apresenta como tecnologias da memória”
Em seu trabalho de pesquisa a autora relata que muitos professores de História da rede pública, atribuem a uma má alfabetização, os problemas de entendimento dos textos da matéria. O que de fato não deixa de contribuir para esse problema. Mas cabe ao professor, em sala de aula e em tarefas fora dela, promover e incentivar a escrita dos alunos. Para que eles possam, de forma natural, adquirir está bagagem ou biblioteca pessoal. E, cada vez mais, ter uma relação mais dinâmica e prazerosa com os textos da matéria. Já a mesma dificuldade não ocorreu nas escolas particulares, onde os alunos possuem um letramento maior e de melhor qualidade, deixando os problemas encontrados apenas a alguns alunos de forma isolada.
A excelente pesquisa da autora deve ser analisada de forma mais abrangente, pois se trata de alunos das séries inicias e de escolas públicas. Na página 87, no primeiro parágrafo a autora escreve:
“Eles (os alunos) parafraseiam o que seus professores definem como História, como estudo do passado, mais ou menos remoto. Assim, constituem um tautologia, prática escolar de repetição sempre presente em exercícios escolares.”
Os alunos do nível fundamental, e ainda mais intensamente, os de escolas públicas, refletem inevitavelmente os pensamentos e ensinamentos transferidos por seus professores. Certamente os resultados serão diferentes se a mesma pesquisa for executada em séries superiores. De certo que é um alerta é uma significante abordagem sobre esse problema. Mas deve ser contextualizada e ponderada. A medida que as séries avançam e os professores são alterados por outros de formação ainda mais específica ou atualizada. Certamente as resposta serão diferentes.
Citando o ultimo parágrafo da página 90: “Na escola, o capital cultural constitui uma biblioteca partilhada entre alunos e professores, pois as referências culturais são próximas, e uns e outros vivenciam práticas culturais semelhantes. Muitas vezes, como observamos, vêem os mesmos filmes e noticiários, conhecem as mesmas histórias, conversam sobre assuntos semelhantes, com diferenças de preferências relativas a faixa etária.”
Esse parágrafo reflete a perigosa aproximação entre o professor, que na sua maioria das vezes é um profissional de classe média, como o seu público semelhante, que são os jovens de classe média/alta. As conseqüências são o distanciamento das escolas que atendem as classes mais baixas da sociedade. A dificuldade de se expressar, de aplicar seus planos de aula, de utilizar recursos matérias e de motivar seus alunos. O professor de história deve utilizar essas dificuldades como motivação para superar essa distancia. Deve buscar caminhos alternativos para que sua aula funcione não de forma uniforme onde quer que ele atue, mas como um elemento que se adapta ao lugar e ao aluno que frequenta suas aulas.
Estimular o acúmulo de memória é uma ferramenta eficiente para iniciar o processo de recuperação dos alunos que não conseguiram adquirir essa bagagem histórica. Criatividade, bom senso e dedicação são instrumentos indispensáveis para essa tarefa. E ninguém melhor que o professor de história para criar os métodos necessários para que essa falta de bagagem seja supera em um tempo menor do que o habitualmente se faria com outras matérias e assim garantir um equilíbrio de informação e aprendizado para todos os alunos. Independente de sua escola ou classe social.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Resenha da segunda parte de Leviatã de Thomas Hobbes.

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé Graduação em História
Bruno Botelho Horta
Resenha da segunda parte de Leviatã de Thomas Hobbes. Matéria: História da América Professor: Meynardo.
Macaé/RJ
Leviatã
Segunda Parte - Do Estado
Thomas Hobbes escreve Leviatã em 1651, onde procura explicar e justificar a dominação e controle do estado absolutista, fundamentando e estabelecendo está forma de governo. Podemos entender que o texto que justifica o Estado Absolutista, também pode justificar o movimento de independência e as forças revoltosas ansiosas por estabelecer o seu próprio estado e o seu próprio poder. Portanto pretendo, nesta resenha, utilizar o texto de Hobbes para entender e justificar os movimentos de independência da América Espanhola. E de alguma forma inverter o sentido do pensamento dominador. Explicando a revolta pelo ponto de vista dos revoltosos.
O início do texto pode ser muito bem relacionado com o momento em que viviam os habitantes das colônias espanholas no início do século XIX. Principalmente antes dos movimentos por independência. Pode-se citar o trecho “o desejo de sair daquela mísera condição de guerra que é a conseqüência necessária (conforme se mostrou) das paixões naturais dos homens, quando não há um poder visível capaz de mantê-los em respeito (...)” A península atravessava a crise napoleônica e as colônias, refletindo a crise peninsular, buscava sua nova organização reagindo as fatos que ocorriam na metrópole.
A formação social das colônias espanholas era caracterizada por uma maioria nativa indígena, um segundo grupos de descendentes peninsulares nascidos na América e outro menor de peninsulares, que dominavam os principais cargos de poder. Como a maioria da população era formada por nativos a justificação encontrada no livro explica o início do pensamento libertador “A multidão que pode ser considerada suficiente para garantir nossa segurança não pode ser definida por um número exato, mas apenas por comparação com o inimigo que tememos”. A superioridade numérica dos nativos era evidente no início de século XIX. Este foi mais um motivo que ajudou na transformação do pensamento colonial.
O capítulo “Dos direitos dos soberanos por instituição” trata exatamente da formação da base de pensamento que ocorreu na colônia. Os colonos formavam um grupo que adquiria personalidade e pensamentos em comum. A formação de um Estado era cada vez mais necessária. A metrópole representava cada vez menos o interesse das colônias e esses colonos precisavam ser representados. Os americanos queriam o poder e a formação de um novo Estado para expressão de seus pensamentos. O desejo pela formação dos Estados americanos pode ser justificado pelo mesmo motivo da formação do estado espanhol. Onde a cultura em comum e a necessidade de fortalecimento político e militar para combater ou expulsar invasores ou conquistadores foram fundamentais para as transformações visando a unificação e independência.
As justificativas absolutistas utilizadas pelo autor certamente seriam utilizadas nos Estados americanos que se formavam, mesmo sem que os revolucionários não tenham lido ao menos uma linha de O Leviatã, o pensamento revolucionário que busca o poder desenvolve práticas absolutistas para manter suas posições conquistadas e defender seu novo Estado. Hobbes fundamenta a necessidade de que o governo, seja ele qual for: Monarquia, Democracia ou Oligarquia deve ser estável e não sofrer ataques ou possibilidade de divisão. Uma vez em que o povo determinasse quem seria seu representante, ou representantes, essa vontade deveria ser respeitada e mantida a todo custo. E certamente esse desejo foi sentido pelos habitantes da colônia que necessitavam escolher seus representantes, diferente dos peninsulares, que já possuíam seus representantes estabelecidos. O povo nativo necessitava passar pelo processo de escolha de seus líderes e a crise imposta por Napoleão apenas reforçou esse sentimento nativo colonial.
Hobbes justifica e praticamente normatiza como os processos sucessórios devem acontecer no Estado monárquico. Certamente essa dominação do Estado monárquico foi reproduzida após a independência das colônias espanholas, onde os governos constituídos expropriaram bens, confiscam terras e estipulam pesados impostos para manter no novo regime funcionando. A definição de liberdade utilizada pelo autor é de perfeito entendimento quando se analisa as questões coloniais. Por definir liberdade como ausência de oposição e essa oposição entendida como impedimentos externos. Pode-se entender que os movimentos colônias, que buscavam a liberdade, possuíam essas características definidas por Hobbes e as utilizavam na tentativa de libertação do controle externo.
Após a conquista desta liberdade vem a necessidade de mantê-la. Então criam regras, leis e elegem representantes. É o chamado “Homem Artificial” ou o Estado. E esse Estado constituído tem o direito de exigir que o homem combata em seu nome, que defenda esse novo Estado com sua própria vida. A recusa a servir esse novo estado é passível de morte. A liberdade individual deve ser submetida a vontade do Estado e neste ponto de vista a antiga colônia e agora um Estado independente começa a reproduzir as práticas da ex metrópole.
No mérito das partes que constituem o Estado. Hobbes valoriza e reconhece apenas os sistemas, isto é, onde um homem ou um conjunto de homens representa os demais. O significado de província abordado no texto faz referência a porção territorial afasta da metrópole e que são governadas por delegação de poder. Esse poder delegado deve ser exercido e representado por uma assembléia: “Primeiro, o governo de uma província pode ser delegado a uma assembléia, cujas resoluções dependem todas do voto da maioria; esta assembléia será um corpo político, e seu poder será limitado pela delegação.” Essa representação foi, por muitas vezes, o maior motivo de tensão entre colonos e colonizadores. O sentimento de independência só amadureceu pela opressão e pela exploração exercida pela metrópole. Se o pensamento do autor fosse colocado em prática, como por exemplo, instituindo uma assembléia popular colonial, muitos conflitos teriam sido evitados e as revoltas por independência não surgiriam com tanta força. Sobre a divisão do Estado é admitido abertamente pelo autor a possibilidade de que uma colônia se torne um Estado, onde apenas se mantém laços e amizade. “E, depois de estabelecida a colônia, ou esta constitui por si só um Estado, dispensado da sujeição ao soberano que a enviou”. Esta parte do texto deixa claro que qualquer submissão não se sustentaria por muito tempo e que o pensamento das colônias é alcançar a independência. Hobbes sabia disso e as colônias mesmo sem conhecer o pensamento teórico do autor, também sabiam e buscavam, na prática, a sua independência.
Hobbes afirma que o Estado é finito e que o principal responsável por esse fim é o próprio homem. Ele determina que o homem, por não ser a todo tempo um ser racional, perde o controle sobre si e sobre os outros homem, possibilitando assim, o fim do Estado, que sem margem para dúvidas é substituído por um novo Estado. E é atribuído aos “males internos” a força responsável por essa destruição. Analisando esse pensamento de Hobbes podemos justificar todos os movimentos revolucionários da América espanhola. Pois foi a má administração da metrópole que permitiu que os “males internos”, isto é, os nativos das colônias, concretizassem o movimento de independência, confirmando assim, a teoria do autor.

Hosni Mubarak

1979 - acordo de Camp David é assinado
6 Outubro de 1981 – Hosni Mubarak chega ao poder após o assassinato do presidente Anwar Sadat. Mubarak era Vice Presidente e chega ao poder após um referendo popular. Militar de carreira na Força Aérea chegou a Ministro da Defesa e então a Vice Presidente. Ferido no atentado que matou o presidente Anwar Sadat assumiu o poder com mão de ferro, justificada pelo atentado, decretou estado de sítio no país que perdurou enquanto esteve no poder.
Aliado de Washington na região, o ditador usufruía de boas relações com o Ocidente embora fosse fato conhecido de que seu governo era uma ditadura de mão de ferro.
Mubarak também era bem visto por ter mantido um acordo de paz com Israel, assinado em 1979, país com o qual o Egito travou três guerras.
Ganha apoio dos EUA e de Israel. Fortaleceu relações militares com os EUA de onde recebia verbas para aparelhar e treinar seu exército.
1987, 1993, 1999 e 2005 foram as reeleições consecutivas de Hosni Mubarak em processos eleitorais cada vez mais obscuros. As eleições de 2005 permitiram mais de um candidato, antes apenas a população dizia sim ou não. 1995 foi alvo de tentativa de assassinato na Etiópia, em 1995.
25 – 1 – 2011 – dia de fúria mais de um milhão de pessoas pedindo a saída de Hosni Mubarak Apesar do forte crescimento econômico dos 30 anos que esteve no poder. A sociedade ficou pobre enquanto o Estado enriquecia. E foi as péssimas condições de vida que impulsionaram os protestos contra Hosni Mubarack. Mohamed ElBaradei
3-2-11 Hosni Mubarak anuncia que não tentará mais a reeleição. Quando perde o apoio dos EUA.
11-2-2011 Hosni Mubarak renuncia e entrega o poder ao comando militar.
Neste mesmo dia a Praça Tahrir amanheceu tomada por opositores e o prédio da Tv estatal e o palácio de governo cercado por populares a pressão foi tanta que o vice renunciou no dia seguinte.
Para 2011, o Presidente norte-americano, Barack Obama, preparava-se para pedir ao Congresso para aprovar um novo pacote de apoio militar. Quando a Casa Branca já condenava publicamente a resposta musculada do regime de Mubarak ao início da vaga de protestos no Egito, ainda choviam sobre os manifestantes granadas de gás lacrimogêneo de fabrico norte-americano.

John Luccock

Ele era um comerciante de Yorkshire, que desembarcou no Brasil em junho de 1808, três meses depois da corte portuguesa, e permaneceu neste país até 1818. Permaneceu no Brasil durante dez anos, realizando negócios, procurando enriquecer e observando a terra e a sociedade tão diferentes de seu país
Sua obra "Notas sobre o Rio de Janeiro e partes meridionais do Brasil", publicado em 1820 na Inglaterra e em 1942 no Brasil., também fazia um juízo pouco favorável acerca das condições culturais brasileiras: A maioria não é nem mais culta nem menos avessa a dar provas públicas de sua ignorância. Se isso se dá com as camadas superiores da sociedade brasileira, que esperar do vulgo? Cada um que decida disso como quiser e dificilmente o fará de maneira demasiadamente desfavorável. É difícil conceber que um país, que por tanto tempo participou da civilização, possa cair mais baixo do que na realidade se encontra a Colônia a esse respeito. (LUCCOCK, 1975, p. 87)
Escritor utilizado por trabalhos de arquitetura. Onde se buscas referências da época do império.
Crítica: "O negociante Luccock tem espírito e descreve muito bem, mas exagerado na malignidade. E, como é surdo, não se pode ter tanta confiança no que afirma ter ouvido como no que observou" (Saint-Hilaire).
Muitos desses viajantes realizavam sozinhos a sua empreitada, como Saint-Hilaire, que percorreu o centro-sul do Brasil de 1816 a 1822. Ainda, Luccock e Mawe também eram viajantes solitários. O primeiro percorreu o Rio de Janeiro e as províncias setentrionais do Brasil em duas viagens, uma em 1813 e outra em 1818. Lupton & Luccock empresa criada no Rio de janeiro
Segundo Elizabeth Mendes, os viajantes que aportaram no país entre 1808 e 1822 [1] podiam ser classificados como: naturalistas, assim como Auguste de Saint-Hilaire, Edward Pohl e Johann von Spix e Carl von Martius; artistas, como Jean Debret e os membros da missão artística francesa; militares, como os prussianos Leithold e Raugo; alguns especialistas contratados pela Coroa para um serviço específico, como o mineralogista Eschwege; e ainda os viajantes renomados, membros de uma burguesia comercial inglesa e francesa, como John Luccock, Koster e Tollenare, geralmente interessados em verificar assuntos de importância econômica. As descrições políticas foram contempladas mais por estes últimos, que geralmente se mantinham apenas nas cidades [2] ; o estudo da natureza coube, no entanto, como é de se prever, aos viajantes naturalistas, que se propuseram a adentrar o interior do Brasil em busca do conhecimento de novas espécies.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Resenha de A Declaração de Independência dos Estados Unidos de DRIVER, Stephanie Schartz

A declaração de independência dos Estados Unidos.
Como a grande maioria dos países que se tornam independentes nas Américas, os Estados Unidos, nascem como uma república. Moderna para o seu tempo, liberal e humanista. Sua declaração de independência era uma forma de motivar seu povo e manter acessa a chama da liberdade. Mas de certa forma está declaração também incutia no povo Norte Americano as idéias de superioridade e liderança entre as nações.
O contexto que leva a independência norte americana pode ser traçado tendo como início o Tratado de Paris. A partir de então as posses britânicas se estendem de forma espetacular pelo mundo, exigindo maior controle e esforço administrativo. Atingidos por uma crise financeira, em virtude da Guerra dos Sete Anos, a Inglaterra estabelece que as colônias Américas devem ser responsáveis por gerar seu próprio sustento, criando assim, uma situação de virtual independência da metrópole.
A Lei do Açúcar que aumentava taxas de importação e restringia ainda mais o comercio da colônia, a Lei do Selo que taxava todos os documentos ou publicações emitidos nas treze colônias, as Leis de Townshend que aumentava as taxas dos produtos importados pela colônia e a Lei do Chá que entregou a Companhia das Índias o monopólio de comercio com a colônia foram motivo de revoltas e conflitos. Os congressos continentais buscavam uma solução americana para a crise e a solução, a princípio não era a independência e sim o autogoverno. Mas o governo inglês não estava mais disposto a negociar e declarou que as colônias estavam em estado de rebelião, determinando que a força militar fosse utilizada.
Thomaz Paine foi o autor, em 1774, de um panfleto chamado Senso Comum, onde ataca o regime monárquico e pela primeira vez, de forma pública, menciona a independência das colônias. A repercussão popular chegou ao congresso continental e gradualmente as colônias foram se mobilizando até que a decisão por uma república independente foi tomada.
A confecção do texto da declaração foi conduzida por Thomas Jefferson que não negou a influência de escritores como John Locke ou de autores clássicos como Aristóteles por exemplo. Mas como principal influência pode-se considerar o desconhecido Algernon Sidney que é antecessor ao pensamento liberal, mas já em sua obra defendia que o povo tem o direito de criar, eleger e dissolver seus governantes conforme a vontade do próprio povo.
Neste período antes da independência, as declarações eram instrumentos institucionais utilizados para determinar uma política oficial dos governantes. O próprio governo inglês utilizou esse instrumento em diversos momentos de sua história. A constituição da Virgínia, com prefácio de Thomas Jefferson, foi um documento base para a Declaração de Independência americana. Muito pelo fato de todas as outras colônias, também, redigirem suas constituições liberais. O texto final de Thomaz Jefferson foi submetido ao congresso americano que promoveu algumas alterações. Mesmo com essas retificações o texto se destaca pela qualidade e importância para o pensamento liberal.
Após a assinatura das ex colônias o próximo passo foi imprimir e divulgar pelo país a declaração. Copias foram impressas para mostrar a população que uma decisão definitiva havia sido tomada. O principal instrumento de divulgação da declaração foi a leitura pública, onde uma grande festa era montada para completar a cerimônia.
A Declaração era tão importante que foi considerada um objeto de valor inestimável para o país. Durante a guerra com os ingleses e as mudanças de cidade do Congresso americano a declaração era levada junto com os congressistas e mantida segura como símbolo nacional.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Resenha de: Relativizando. Terceira Parte. Trabalho de Campo De: Roberto Damata

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História







Bruno Botelho Horta
Quinto Período






Resenha de:
Relativizando. Terceira Parte. Trabalho de Campo
De: Roberto Damata
Matéria: metodologia do Ensino da História.
Professor: Rodolfo Maia







Macaé/RJ
Março de 2012.


1 – O trabalho de campo na Antropologia Social.

Foi o abandono da visão evolucionista no final do século XX que levou o antropólogo ao campo de pesquisa. Tendo como principal método de trabalho a não intervenção em seu campo de pesquisa. Os fatores sociais devem seguir o seu curso normal sem a retirada ou introdução de elementos por parte do pesquisador. Esse é o funcionalismo proposto por Damata. No funcionalismo o Etnólogo deixa a cadeira da biblioteca e junto com ela suas frases soltas e puramente classificatórias e entra no convívio social de diversos grupos, percebendo que os costumes são interligados e que todo o contexto funciona com um interdependência normalizadora do ambiente social.
E como define Malinowski o desejo do etnólogo deve ser de transformar conhecimento em sabedoria, isto é, aprofundar nossa visão sobre o mundo e compreender nossa própria natureza..
O Neófito da antropologia é encorajado a se afastar do aprofundamento teórico e se dedicar ao trabalho de campo. Sendo assim, todo antropólogo é estimulado a repensar a sua ciência.
A antropologia possui uma longa, saudável a tradicional base pluralista. Ela é uma e múltipla ao mesmo tempo, com pleno respeito a todas as formas de sociedade e sem se prender a qualquer doutrina social, moral ou religiosa. É tomar como ponto de partida o ponto de vista e a posição do outro.
2 – O Trabalho de campo como um rito de passagem.

O antropólogo se retira de sua sociedade e fica por um período invisível para ela. Passa a viver em um ambiente marginal e perigoso e por muitas das vezes por seus próprios custos. Esse afastamento proporciona uma liberdade pessoal que o liberta para experiências e relações sociais que seriam impossíveis dentro de sua sociedade natural. E por essas experiências retorna ao convívio com um novo papel e com uma nova perspectiva de sociedade. Seu papel é uma busca por controlar seus preconceitos, que é facilitada pelo distanciamento de suas relações sociais naturais.
O trabalho de campo é um processo cheio de dilemas e problemas existenciais.
A noção de sociedade parte de idéia de relacionamentos com um mínimo de coerência e essa coerência não implica na ausência de conflitos, contradições e divergências. Elementos, estes, que são, inclusive, fundamentais para se formar uma sociedade.

terça-feira, 6 de março de 2012

Resenha de O Oficio de Etnólogo, ou como Ter "Anthropological Blues" de Roberto DaMatta

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História







Bruno Botelho Horta
Quinto Período







Resenha de O Oficio de Etnólogo,
ou como Ter "Anthropological Blues"
de Roberto DaMatta
Matéria: Metodologia do Ensino de História
Professor: Rodolfo Maia







Macaé/RJ
Março de 2012.

Em Etnologia, como nos "ritos de passagem", existem três fases (ou pianos) Fundamentals quando se trata de discorrer sobre as etapas de uma pesquisa, vista pelo prisma do seu cotidiano.

E a fase que denomino de teorico-intelectual. Nesta fase as aldeias são diagramas, os matrimônios se resolvem em desenhos geométricos perfeitamente simétricos e equilibrados, a patronagem e a clientela política aparecem em regras ordenadas, a própria espoliação passa a seguir leis e os índios são de papel.

Uma segunda fase pode ser denominada Período Prático.
Ela diz respeito, essencialmente, a nossa ante véspera de pesquisa. Mas planejar a quantidade de arroz e remédios que deve se levar do que as características que serão estudadas no futuro breve.


A fase final, a terceira, e a que chamo de pessoal ou existencial. Essencialmente globalizadora e integradora: ela deve sintetizar a biografia com a teoria, e a pratica do mundo com a do oficio.
É vivenciando esta fase que me dou conta (e não sem susto) que estou entre dois fogos: a minha cultura e uma outra, o meu mundo e um outro.
Esses são os chamados aspectos românticos da disciplina quando o pesquisador se vê obrigado a atuar como medico, cozinheiro, contador de historias, mediador entre índios e funcionários da FUNAI, viajante solitário e ate palhaço, lançando mão destes vários e insuspeitados papeis para poder bem realizar as rotinas que infalivelmente aprendeu na escola graduada.

II

De fato, só se tem Antropologia Social quando se tem de algum modo o exótico. E o exótico depende invariavelmente da distancia social, e a distancia social tem como componente a marginalidade (relativa ou absoluta), e a marginalidade se alimenta de um sentimento de segregação e a segregação implica estar só e tudo desemboca — para comutar rapidamente essa longa cadeia — na liminaridade e no estranhamento.

O Oficio do etnólogo se compõe em duas transformações: A do exótico em familiar e do familiar no exótico. Sendo a primeira transformação o movimento original da antropologia. A segunda transformação é quando a disciplina se volta para a sociedade em um autoexorcismo.

A transformação do exótico em familiar requer um desligamento já que não a familiaridade com os costumes observados. E quando se aproxima o “anthropological blues” que é o elemento inesperado que desponta na observação do etnólogo.

“Da mesma maneira que a tristeza e a saudade (tambem blues) se insinuam no processo do trabalho de campo, causando surpresa ao etnólogo.” (Pg. 30).

O antropólogo só existe se um canal de informação for aberto com seu objeto de estudo e esse canal de informação é a empatia com o grupo estudado.

sábado, 3 de março de 2012

O Brasil nos relatos de viajantes ingleses do século XVIII: produção de discursos sobre o Novo Mundo. De: Ângela Domingues

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História







Bruno Botelho Horta
Quinto Período





O Brasil nos relatos de viajantes ingleses do século XVIII: produção de discursos sobre o Novo Mundo.
De: Ângela Domingues

Matéria: História do Brasil Império
Professor: Marcelo Abreu







Macaé/RJ
Março de 2012.


O texto começa afirmando que o Brasil só passa a ter alguma relevância científica a partir de 1808, ano da chega da família real ao país, e que os principais cientistas e acadêmicos europeus, de início, era formados na sua maioria por ingleses e alemães. Os ilustrados europeus utilizavam como fontes de informação, relatos, cartas, exames laboratoriais de elementos levados à Europa e viagens e expedições as terras brasileiras. Relatos não acadêmicos, como os de corsários e aventureiros, também contribuíram para o esclarecimento de aspectos geográficos e comportamentais do novo mundo.

VIAJANTES, DIÁRIOS DE VIAGEM E ESCALAS


O litoral brasileiro se tornou um ponto estratégico para os navios tanto de governos, empresas ou armadores particulares. Franceses, holandeses e ingleses utilizavam os portos brasileiros para reparos e para o reabastecimento dos navios. O comércio era proibido.

TOCAR O LITORAL BRASILEIRO: COMPETIÇÃO COMERCIAL, POLÍTICA E ESTRATÉGICA ENTRE NAÇÕES

O Rio de Janeiro era considerado o porto mais importante do sul do atlântico, principalmente por ser a porta para as regiões das minas. Esse interesse internacional pela cidade foi benéfico por fornecer, aos pesquisadores, uma grande quantidade de informações sobre a cidade como as características geográficas, cartografia e descrição de seus moradores. Já sob o ponto de vista estratégico as informações sobre os portos coloniais eram preservadas, pois a metrópole precisava manter o controle, mas o caso do Rio de Janeiro já era bastante conhecido. Suas facilidades e suas riquezas já eram conhecidas em toda a Europa. Isso chegou a promover a intenção de ingleses e franceses invadirem e conquistarem o território da colônia.




UM CONHECIMENTO RENOVADO: “INTELIGÊNCIA E LUZES” DE HOMENS ESCLARECIDOS E IMPARCIAIS

Estes viajantes que percorriam e descreviam o local, transformaram o desconhecido litoral do Rio de Janeiro em um lugar cientificamente mapeado e descrito. Oferecendo segurança aos navegantes que chegavam ao local. Este século setecentista foi conhecido como século das luzes, pelo “desbravamento científico” do litoral brasileiro e de outras colônias ibéricas pelos seus colonizadores. Um fator importante desta época de aprimoramento das ciências foi a passagem das histórias orais para o registro escrito. Onde os relatos de viajantes eram formatados pelos intelectuais e colocados em suas obras. As publicações ganhavam formatos diferentes, edições simples e luxuosas, além das traduções para diversos idiomas europeus.
Pode-se concluir que a Inglaterra, por sua força econômica, foi a nação que mais influenciou e proporcionou o movimento científico no século XVIII e está influência atingiu terras brasileiras de forma indiscutível.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Resenha de: Brasil e Portugal: A história nacional entra a tradição e a renovação de: Ana Lúcia Lana Nemi

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História







Bruno Botelho Horta
Quinto Período







Brasil e Portugal:
A história nacional entra a tradição e a renovação
de: Ana Lúcia Lana Nemi
Matéria: História do Brasil Império
Professor: Marcelo Abreu







Macaé/RJ
Março de 2011.
O texto começa com a abordagem de Antero de Quental e Teófilo Braga, escritores e poetas portugueses, além de expoentes de geração de 70, sobre os motivos da decadência dos povos ibéricos e as soluções para a retomada do crescimento e importância. Trazem a proposta do liberalismo português a partir de 1848, devido ao fracasso das idéias liberais difundidas na Europa desde 1789.
As idéias da Geração de 70 (1870) em Portugal era basicamente desenvolver o pensamento e a transformação de um país que de um passado imperial e colonialista, mergulha em um presente decadente e criticamente se avalia atrasado em relação aos demais países europeus. Um dos pensamentos da época era a forte valorização do passado, que em pleno século XIX, nada mais era que pura história ocorrida na idade média, entre os séculos XV e XVII. A busca pelos motivos históricos da decadência era mais importante que a busca atual por soluções.
Antero de Quental acreditava que o caminho da modernização passa pela crítica ao concílio de Trento, onde, ali, a centralização e o absolutismo foram valorizados e qualquer iniciativa industrializante foi sepultada. A liberdade moral foi barrada e a valorização da conquista e a colonização, deu lugar a mentalidade trabalhista e industrializante, isto é, Portugal procurava apenas explorar suas colônias e viver luxuosamente com a riqueza que delas retirava. Por isso não desenvolveu seu trabalho, suas idéias e sua indústria. Antero era anticlericalista, antiabsolutista e se aproximava do republicanismo como solução dos problemas portugueses.

A geração de 1870 e o Brasil.

Beatriz Berreni sugere uma ligação entre Brasil e Portugal nos objetivos da geração de 1870. Intelectuais brasileiros estariam em conformidade com os portugueses na busca de resgatas os valores perdidos e direcionando o caminho político para a república, conseguiriam reerguer o império português, principalmente as colônias da África. Os intelectuais, quase todos da área literária, pretendiam com o seu destaque na sociedade, levantar as questões, já propostas internamente, para a sociedade. Contando com a participação de alguns historiadores a geração de 1870 atravessa as décadas e ainda se encontra atuante em 1890. A estabilidade trazida pelo Brasil republicano é um caminho escolhido como ideal pelos intelectuais para resgatar o passado glorioso, já muito distante de Portugal e do Brasil.
A revista semanal O Besouro foi por quase um ano 1878 – 79 um importante veículo dos geracionistas. Lá eram debatidos temas como a escravidão, a monarquia e a pobreza cultural.


Entre autores, idéias e gerações.


Destaca-se que o ecletismo marcou o movimento setentista. Atravessando as décadas até o século XX e a importante semana de arte moderna. E pode-se destacar também a análise de Pierre Bourdieu, onde o artista esquadrinha sua obra dentro do “habitus” social e assim permanece influente e modificador. Já o historiador presente no movimento setentista constrói a memória histórica e desta forma pode indicar as massas a superar o atraso e a decadência.
Os periódicos contribuíram não apenas para a divulgação das idéias renovadoras mas também como relatos das mudanças que ocorriam na península ibérica e a republica espanhola e a conseqüente modernização do país foi um exemplo de sucesso que freqüentava as páginas dos semanários.
Um exemplo do pensamento transformador era a necessidade de Portugal abrir rotas comerciais para o interior da África, mas a falta de recursos e de pessoal impossibilitava que essa medida fosse tomada. O PRP tentou uma aproximação com a Inglaterra para financiar esse empreendimento, mas os intelectuais e historiadores portugueses acharam a opção como uma forma de entreguismo e em desencontro com a vocação colonizadora e civilizatória de Portugal.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Porto Rico por Phyllipi Sales Gaetani

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Macaé
Graduação em Licenciatura em História






Phyllipi Sales Gaetani




Porto Rico








Macaé
2011

Porto Rico no contexto mundial
Origem: A colonização espanhola

Em seus primórdios, Porto Rico foi habitado por populações indígenas que vieram da região do Orinoco, situado na América do Sul.
Quando os espanhóis atingiram Porto Rico, os nativos já contabilizavam uma população que variava entre 30 e 60 mil indígenas. Contavam com uma organização política bastante complexa e se encontravam em luta contra a invasão dos índios caribes.
A Ocupação espanhola numa primeira etapa estendeu-se somente as ilhas de São Domingo, Porto Rico e Cuba. Os primeiros colonizadores desconheciam a existência do México, do seu imenso território e suas civilizações.
Os primeiros espanhóis que chegaram a Porto Rico procuravam acima de tudo o ouro porém, perante à limitação dos recursos da ilha, logo tiveram que assentar-se, fundar granjas e criar animais para subsistir. Por conta de suas riquezas e a evidente localização estratégica, Porto Rico foi alvo de várias tentativas de invasão por parte de outras nações mercantilistas. Assim, o Governo espanhol levantou uma série de fortificações entre as quais destaca-se “O Morro”, posicionado a dominar o Porto de São João. No transcurso dos três séculos posteriores, os colonizadores tiveram que defender a ilha em numerosas ocasiões dos ataques de franceses, holandeses e ingleses, inimigos tradicionais do império espanhol.
Esses foram os primeiros acontecimentos que mudaram completamente o modo de vida do povo, principalmente dos índios, do que mais tarde seria Porto Rico.
Após a conquista e colonização Porto Rico se tornou colônia espanhola.



EUA e a politica intervencionista: A Independência de Porto Rico da Espanha e sua submissão ao “protetorado” norte-americano

"Os Estados Unidos, ainda que relutantemente, em caso flagrante de desordem ou total impotência, exercerá o poder internacional de polícia.”
Corolário Roosevelt, 1904.

Essa fala de Theodore Roosevelt, que seria uma previsão, reflete o desejo que ele tinha para os EUA; porém para chegar a esse desejo Roosevelt, teve que aplicar uma politica que fez dos EUA um país hegemônico. Para alcançar essa hegemonia seria necessário, primeiramente, exercer o controle hemisférico.
No inicio do século 19, os EUA já demonstravam uma tendência hegemônica. Em sua declaração, James Monroe afirmava que os EUA interviriam militarmente para ajudar qualquer país já independente do continente, em caso de invasão por alguma nação européia. A declaração ficou conhecida como doutrina Monroe e foi sintetizada na frase “América para os americanos”.
No processo de construção de uma hegemonia, os países economicamente mais fracos concedem ao país dominante o poder de “gerenciá-lo” de forma indireta, com isso as ações dos países dominados são alinhadas ao interesse do país hegemônico. Esse conceito é bem explicado por Gramsci.

Gramsci retirou de Maquiavel a imagem do poder como um centauro, metade homem, metade animal, uma combinação necessária de consentimento e coerção. Enquanto o aspecto consensual do poder está em primeiro plano, a hegemonia prevalece. A coerção está sempre latente, mas só é aplicada em casos marginais, anômalos. A hegemonia é suficiente para garantir o comportamento submisso da maioria das pessoas durante a maior parte do tempo.

A doutrina Monroe visava a “tirar do caminho” toda e qualquer influência europeia nos países das Américas; essa doutrina demonstrava confiança no poderio militar dos EUA. No próprio fato de os Estados Unidos se auto-atribuírem uma função de “defender” o continente já demonstrava que se consideravam fortes o suficiente para fazê-lo.
Em Porto Rico, no ano de 1868, uma tentativa de revolução se desenhou com o estabelecimento de uma revolta chamada “Grito de Lares”, uma insurreição armada ocorrida em 23 de Setembro de 1868 que visava obter a independência de Porto Rico em relação à Espanha. Logo em seguida, uma série de reformas liberais na Espanha determinaram o fim da escravidão naquele lugar.
Na década seguinte, temos a formação de vários partidos políticos em Porto-Rico. Em novembro de 1897, o governo espanhol abriu caminho para uma independência relativa ao oficializar a Carta Autonômica. Através desse documento, o comércio com outras nações foi definitivamente liberado. No entanto, o governo espanhol assegurava alguns direitos que limitavam essa independência concedida. Dessa forma, grupos favoráveis à independência definitiva acionaram o apoio dos norte-americanos para que o domínio espanhol fosse extinto.
Em 1898 os Estados Unidos intervieram na guerra de independência de Cuba, que ainda lutava contra o domínio espanhol, sob o pretexto de defender o povo cubano da feroz repressão espanhola à Insurreição de 1895. O país norte-americano lutou ao lado dos cubanos e garantiu a vitória contra a Espanha que, além de Cuba, perdeu os territórios do atual Porto Rico e as ilhas Filipinas e Guam, no Pacífico. A partir desse momento, a independência de Porto Rico seria sustentada à custa da intervenção política e econômica dos Estados Unidos.
O verdadeiro motivo para os EUA intervirem na guerra de independência de Cuba e de outras colônias espanholas , foi econômico; por isso a guerra hispano-americana.
Cuba era considerada o maior produtor de açúcar do mundo, colocando no mercado mais de um milhão de toneladas de açúcar por ano, quase metade da produção mundial. Antes da guerra, empresários norte-americanos tinham investido grandes quantias na ilha, com um intercâmbio comercial de aproximadamente cem milhões de dólares anuais. Além disso, Cuba ocupava uma área de enorme importância estratégica na entrada do Golfo do México e, juntamente com Porto Rico, resguardava os acessos ao Mar do Caribe. Os EUA já haviam tentado, sem sucesso, comprar a ilha aos espanhóis em diversas ocasiões.
Nenhum outro conflito americano proporcionou aos EUA lucros tão rápidos quanto a Guerra Hispano-Americana: de acordo com o tratado assinado em Paris em fins de 1898, os Estados Unidos tomavam a seu cargo as Ilhas Filipinas, a Ilha de Porto Rico e a Ilha de Guam. Porto Rico até hoje não é uma nação independente, mas pertence aos Estados Unidos, sob o estatuto de um “estado livre associado”. Com isso os EUA concretizaram sua hegemonia regional, tornando possível, mais tarde, a implantação de sua hegemonia global.
Esse estatuto de “estado livre independente” é politicamente favorável aos Estados Unidos, em função do Poder de Estado, como é explicado por Althusser.

O Estado só tem sentido em função do Poder de Estado. Toda luta política das classes gira em torno do Estado. Em torno da posse, isto é, da tomada e manutenção do poder de Estado por uma certa classe ou por uma aliança de classes ou frações de classes.

Os acontecimentos internacionais da década de 50 e sua influencia em Porto Rico

O final da segunda guerra mundial impôs grandes mudanças em todo cenário mundial. EUA e URSS compunham os dois blocos econômicos engajados na Guerra Fria. Com o plano Marshall, o estilo de vida e cultura dos americanos foi penetrando em vários países. Era um momento em que os Estados Unidos estavam prosperando economicamente.
A nação porto-riquenha partilhava a mesma bandeira e moeda dos Estados Unidos. Na década de 1950, a ação intervencionista norte-americana foi respondida com uma revolta popular conhecida como o “Grito de Jayuya”. Por meio de pesada e violenta ação militar, os Estados Unidos evitaram que o levante se propagasse. O grito de Jayuya, ocorreu em 1950 em vários locais de Porto Rico, principalmente em Jayuya. E foi nessa mesma cidade que se proclamou a segunda república de Porto Rico por Blanca Canales, que pode ter sido a primeira mulher a ter liderado uma revolta contra os EUA.
Apesar de ser um “Estado Livre associado” aos Estados Unidos, muitos porto-riquenhos acreditam que a autonomia do pais está incompleta. Entretanto, vários plebiscitos realizados aprovaram a manutenção dessa condição política singular, ao mesmo tempo em que o desejo de independência e a criação de uma república autônoma ganhava força entre a população.
Após o fim da segunda guerra mundial, a Marinha dos Estados Unidos, que havia comprado cerca de dois terços de Viesque, continuou a ocupar a base que havia sido instalada na cidade como um campo de tiro e de teste para bombas, misseis e outras armas. Originalmente essa base tinha o propósito de fornecer refúgio seguro à frota britânica, porém esse propósito nunca foi implementado.
Em 1999, contudo, um protesto veio à tona quando David Sanes, um civil, morreu após ser atingido por uma bomba lançada de um posto de observação. A questão tornou-se uma causa célebre e, aos manifestantes locais juntaram-se grupos de simpatizantes Norte-americanos. Como resultado desta pressão, em maio de 2003 a Marinha americana se viu obrigada a desativar a base.

O Grito de Jayuya

Em 17 de Setembro de 1922 foi fundado o Partido Nacionalista e Jose Coll y Cuchí foi eleito o primeiro presidente. Coll queria mudanças radicais na economia e programas sociais em Porto Rico. Em 1924, Pedro Albizu Campos é nomeado vice-presidente. Albizu sentiu que Porto Rico devia se tornar uma nação independente, mesmo que isso significasse um confronto armado. Em 1930, Coll y Cuchi deixou a presidência do partido por causa de suas divergências com Albizu Campos. Em 11 de Maio 1930, Albizu Campos foi eleito presidente do Partido Nacionalista.
Pedro Albizu Campos liderava o foco de oposição e rejeição da política imperial dos Estados Unidos. O Partido Nacionalista concordou em dar apoio incondicional a greves de trabalhadores da indústria açucareira.
Em 21 de Março 1937, os nacionalistas realizaram um desfile em Ponce e a polícia abriu fogo sobre a multidão. Episodio que ficou conhecido como o Massacre de Ponce.
Em 11 de junho de 1948, os Estados Unidos nomearam governador de Porto Rico Jesús T. Piñero. Na mesma época foi assinada a infame "Ley de la Mordaza" (Lei da Mordaça) ou Lei 53, como era oficialmente conhecida, aprovada pelo Legislativo porto-riquenho e que tornava ilegal promover, defender, aconselhar ou pregar, voluntária ou inconscientemente, a necessidade ou conveniência de derrubar, destruir ou paralisar o Governo Insular, ou de criar qualquer subdivisão política, usando a força ou a violência. O objetivo da Lei da Mordaça foi o de coibir o nacionalismo militar, e reprimir as ações do Partido Nacionalista e de seu líder, Albizu Campos.
Em 21 de junho de 1948, Albizu Campos fez um discurso na cidade de Manati, havendo na ocasião uma tentativa por parte da polícia para detê-lo. Mais tarde, naquele mês Albizu visitou Blanca Canales, seus primos e Elio Griselio Torresola, líderes nacionalistas da cidade de Jayuya. Griselio logo se mudou para Nova York onde se encontrou com seu amigo Oscar Collazo.
Entre 1949 e 1950, os nacionalistas da ilha começaram a planejar e se preparar para uma revolução armada. Em 03 julho de 1950 foi aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos a lei de Direito Público 600, que permite ao Legislativo formar uma Assembléia Constituinte para a criação da Constituição de Porto Rico, sujeita à aprovação pelo Presidente do Congresso dos Estados Unidos.
Em 30 de outubro de 1950, Blanca Canales e seu grupo entraram na cidade de Jayuya usando um ônibus e um carro. Os homens atacaram a delegacia e Blanca dirigiu-se à central telefônica cortando as linhas da cidade. Ela levou o grupo à praça da cidade onde levantou a bandeira de Porto Rico (o que fora proibido na pela “Lei da mordaça”) e declarou Puerto Rico uma república livre, em um discurso que ela pronunciou da varanda de um edifício em torno de praça da cidade. A cidade de Jayuya foi assim tomada pelos nacionalistas por três dias.
Os Estados Unidos declararam lei marcial em Porto Rico e Jayuya foi cercada pela Guarda Nacional. A cidade foi atacada por bombardeios aéreos e por artilharia. Embora parte da cidade tenha sido destruída, a divulgação de notícias desta ação militar fora de Porto Rico foi impedida pelos EUA.
A revolução foi ter lugar em 1952, data em que o Congresso dos Estados Unidos aprovou a criação da Commonwealth sob a própria Constituição, que é a atual situação política na ilha, ou seja, o status de Estado Livre associado sob a própria Constituição.
Albizu chama o povo para uma revolução armada, porque ele acreditava que o novo status era como uma "colônia de falso." Albizu Campos escolheu a cidade de Jayuya como a sede da revolução devido à sua localização.
A partir de 1952, os principais líderes do partido nacionalista foram presos, incluindo Albizu Campos e Blanca Canales, e condenados a longas penas de prisão. Desde então, o Partido Nacionalista não voltou a exercer um papel de relevância no cenário político porto-riquenho. Com todos os seus lideres presos e a organização destruída, tanto do partido como do Exército Libertador, a recuperação do Partido Nacionalista não foi possível. O Partido ainda existe, nominalmente, mas é pequeno e formado pelos ex-militantes dos tempos de Albizu.
Um dos acontecimentos mais emblemáticos da insurreição nacionalista foi o fato de a maioria dos líderes do Movimento Nacionalista não ter sido detida por cometer atos violentos ou pelas armas encontradas - o que lhes era vetado constitucionalmente. Ao contrário, foram presos por violar a lei da mordaça. Em outras palavras, foram processados por expressar abertamente seu repúdio ao governo em várias ocasiões e por diferentes meios de comunicação.



“Los Macheteros”

Os “Macheteros” foram uma organização com base na ilha de Porto Rico e organizada em 1970 por Filiberto Ojeda Rios, Juan Enrique Segarra-Palmer e Orlando Gonzalez Claudio. O grupo assumiu a responsabilidade por numerosos atentados e ataques contra as forças armadas dos Estados Unidos e assaltos a mão armada desde 1978. Seu líder era o ex-procurado pelo FBI Filiberto Ojeda Rios.
O nome “Machetero” evoca a imagem de um bando improvisado de porto-riquenhos que se reuniu para defender a ilha de Porto Rico durante a guerra Hispano-Americana. O grupo atraiu uma grande variedade de apoiadores, incluindo alguns membros da Pró-independência, uma organização de estudantes que tem como princípios fundamentais a independência de Porto Rico, a adoção do socialismo e uma reforma do sistema universitário
Em 12 de Setembro de 1983, dia do aniversário do nacionalista Pedro Albizu Campos, “Los Macheteros” realizaram um roubo ao Wells Fargo Depot. O assalto aconteceu em West Hartford, Connecticut, e rendeu mais de 7 milhões de dólares. Foi até então o maior roubo na historia dos EUA.
De acordo com os “Macheteros”, parte do dinheiro foi dado para as comunidades pobres de Porto Rico para financiar educação, alimentação, moradia, vestuário e brinquedos para as crianças. Segundo os promotores, o dinheiro foi usado para financiar “Los Macheteros”. Cerca 80 mil dólares que se acreditava ter sido fruto do assalto foi apreendido por agentes do FBI em Porto Rico e em Boston. O governo federal alega que o grupo gastou cerca de um milhão, mandou mais de dois milhões para Cuba, e escondeu 4 milhões em cofres, certificados de depósito, contas de poupança e fazendas em Porto Rico.
Em 1985, 19 membros de “Los Macheteros” foram indiciados por crimes associados ao roubo de Wells Fargo. Ojeda Ríos foi capturado como parte de uma operação do FBI que ocorreu após dois anos de vigilância sobre o grupo, sendo liberado sob fiança depois de seus advogados argumentarem que a ele tinha sido negado um julgamento rápido. O atraso em levá-lo a julgamento foi em grande parte resultado de movimentos da defesa. Em 23 de setembro de 1990, o aniversário do Grito de Lares, Ojeda Ríos cortou a etiqueta eletrônica que havia sido colocada em seu tornozelo como condição de sua libertação, e tornou-se um fugitivo.
Quatorze, dos 19 acusados, foram condenados após o julgamento e um foi absolvido. As acusações contra os outros foram retiradas. Três, incluindo Ojeda e Victor Manuel Gerena, foram capazes de enganar as autoridades e fugir. Em julho de 1992, Ojeda Ríos foi condenado, à revelia, a 55 anos de prisão e multado em 600 mil dólares por seu papel no assalto da Wells Fargo. Seu advogado afirmou que Ojeda fugiu por não acreditar que poderia obter um julgamento justo. Em um caso que atraiu críticas do governo de Porto Rico, Ojeda foi baleado e morto em um tiroteio quando o FBI invadiu seu esconderijo em Porto Rico em 2005.
Juan Segarra Palmer , um dos líderes do grupo, foi condenado a 65 anos de prisão. Em 1999, ele foi um dos membros da FALN cujas sentenças foram comutadas pelo presidente Bill Clinton. O grupo afirma que o dinheiro não foi usado para o ganho pessoal, mas para continuar a luta pela independência de Porto Rico.
Em 2010, Avelino González Claudio foi sentenciado, por sua participação no planejamento do assalto, a sete anos de prisão e "condenado a devolver o dinheiro".

Politica Porto-riquenha
Partido Independentista Porto-riquenho
Partido fundado em 1946, é um dos três partidos oficialmente reconhecidos no país. Sua trajetória política é pelo reconhecimento de Porto Rico como uma república independente, distante da estrutura econômica colonial que engessa os acordos e tratados comerciais com outros países. O seu presidente é Rubén Berríos Martínez. O Partido Independentista Porto-riquenho é inicialmente composto pela ala eleitoral do movimento pró-independência. Atualmente, é o maior partido independentista do país e o único nas votações eleitorais.

Partido Democrático Popular de Porto Rico
O Partido Democrático Popular é um dos três principais partidos registrados em Porto Rico, juntamente com o Novo Partido Progressista de Porto Rico (NPP) - que favorece o protetorado Americano - e do Porto Rico Independence Party (PIP), que favorece a independência completa.
Os dissidentes expulsos do Partido Liberal de Puerto Rico fundaram o PPD(Partido Popular Democrático De Porto Rico) em 1937-1938. Muitos deles faziam parte do velho movimento socialista de Porto Rico
A Facção dissidente, inicialmente chamava-se “Partido Liberal, en Rede, Auténtico y Completo” (Clear, Net, Authentic, and Complete Liberal Party) e era liderada por Luis Muñoz Marin. Alegadamente, o primeiro eleitor do partido inscrito era um morador de San Lorenzo, que tinha 120 anos de idade na época.
Partido Progressista de Porto Rico nova
É um partido político que defende a anexação de Porto Rico aos Estados Unidos da América, como o 51º estado. Membros do partido são comumente chamados de penepés, progresistas, ou estadistas
O partido traça as suas origens de um complexo desportivo em 1967, (que é atualmente conhecido como “El País Estadio Club” ) no setor de Country Club, em San Juan, Porto Rico .
Em 05 de janeiro de 1968 (véspera da Epifania ), a festa foi tardiamente certificada como um grupo político oficial pela Comissão Eleitoral Estado de Porto Rico. O partido tinha raízes em um partido pró-estado, antes liderado por Miguel Angel García Méndez . O partido incipiente fez campanha sem sucesso em favor de um estado em Porto Rico no referendo de 1967. Embora historicamente fosse pró Estado livre associado, o Partido Republicano decidiram boicotar a plebiscito. O Principal fundador do partido, e seu presidente, é Luis A. Ferré. Recentemente, Hon Luis Fortuño, membro do Partido Progressista, ganhou as eleições para governador de Porto Rico.

Cultura & Economia

A cultura de Porto Rico é o resultado de inúmeras influências de povos nativos e estrangeiros, tanto no passado, quanto no presente. As manifestações culturais contemporâneas dos porto-riquenhos demonstram a riqueza da história da ilha e ajudam a criar a identidade do país, que advém da fusão de diversas culturas: taínos (índios nativos), espanhóis, africanos, outros europeus, asiáticos, árabes e norte-americanos.
A base de muitos pratos de Porto Rico é o plátano (plantain) que é um "primo" da banana. Eles usam o plátano verde para fazer pratos salgados como mofongo (purê de plátano), sopa, tostones (plátano achatado e frito).
A música sempre desempenhou um papel importante na vida da ilha, desde os tempos dos primeiros povoadores. Os taínos tinham seus próprios instrumentos e, mais tarde, a aristocracia criolla encontrou na música e na dança a melhor forma de entretenimento. Porém, o principal ritmo de Porto Rico é a salsa, produto do encontro das músicas afro-caribenhas como o jazz. O Latin Jazz Ensemble de Tito Puente ainda é uma das bandas mais famosas do mundo e a salsa tem situado Porto Rico no mapa internacional da música popular.
A economia de Porto Rico é uma das mais dinâmicas do Caribe. Seu maior parceiro comercial são os Estados Unidos da América, do qual Porto Rico é um território associado. O país possui uma política de incentivos tributários que motiva as empresas norte-americanas a investirem no país. O café e o tabaco são uma das culturas mais importantes, sendo seguidos por produtos hortifrutigranjeiros. A agropecuária e a pesca ainda desempenham um importante papel na economia porto-riquenha.
Conclusão
Porto Rico, desde sua época Colonial, vive intensos conflitos para seu processo de independência e graças à politica intervencionista essa independência foi “boicotada”, fazendo com que Porto Rico se tornasse primeiramente colônia norte-americana. Após muitos conflitos entre os Porto-riquenhos e os Americanos, Porto-Rico conseguiu passar a ser um Estado sob protetorado norte-americano.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Porto Rico passou a ter ainda maior importância estratégica. Assim, qualquer manifestação nacionalista foi severamente reprimida, visando a prevenir que qualquer governo socialista se manifestasse dentro da área de influencia dos Estados Unidos da América.
Apesar de Porto-Rico estar dividido entre continuar o status de “Estado Livre associado” ou se tornar um pais independente, Porto-rico deseja maior participação nas decisões que são tomadas com relação à ilha, que é de grande interesse econômico e estratégico para os Estados Unidos. Assim, é interessante para os Estados Unidos da América manter o status de Porto Rico como “estado livre associado”.








Referências Bibliográficas

ALTHUSSER, L. P. Aparelhos Ideológicos de Estado: notas sobre os aparelhos ideológicos do Estado. Rio de Janeiro: Graal, 1985.
COX, Robert W. Gramsci, materialismo histórico e relações internacionais. Rio de Janeiro, Ed. UFRJ. 2007.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Honduras por Moisés Pires Teixeira.

FAFIMA






CURSO DE HISTÓRIA


Honduras



Disciplina: História da América Latina no contexto capitalista

Professor: Victor Tempone.

Aluno: Moisés Pires Teixeira.




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FAFIMA.

Professor: Victor Tempone.

Aluno: Moisés Pires Teixeira.



1. As heranças da América Latina


Sob o nome de América Latina foram inicialmente agrupadas as sociedades em que a língua dominante tinham origem no latim, como é o caso do português e do espanhol, principais povos colonizadores da América Continental. Esse território compreende desde o México até o extremo sul da América do Sul.
A expressão América Latina refere-se também a países onde se fala inglês, como a Jamaica, ou Holandês, como o Suriname. Isso acontece porque o critério passou a levar em conta outros aspectos: predominância da religião católica e o desequilíbrio das condições socioeconômicas da população, com muitos de seus habitantes vivendo abaixo da linha de pobreza.
A maior parte dos países da América Latina pertence ao grupo dos subdesenvolvidos. Caracterizados pelo baixo desenvolvimento econômico, muito deles produzem e exportam matérias-primas agropecuárias ou minerais para os países desenvolvidos e importam tecnologia e produtos industrializados.
Apenas três países latino-americanos podem ser considerados em desenvolvimento: Brasil, Argentina e México. Eles têm parques industriais e economia diversificada. Em contrapartida, países como o Haiti, Honduras e Nicarágua têm como base de sua economia os produtos primários, como minérios e itens agropecuários.
A América latina encontrou, desde a segunda metade do século XIX, dificuldades para concretizar suas comunidades nacionais. Diferentes correntes modernizadoras, entre elas o cientificismo, se defrontaram com correntes nacionalistas, preocupadas com a identidade, com o passado representado pelas culturas indígena e ibérica. É nesse quadro histórico-cultural que são mencionadas as relações de identidade e de diferenciação entre os países da América Latina.
É difícil não falar dos antecedentes históricos de uma área tão explorada, mesmo delimitando um período histórico para esse fim. As heranças deixadas pelos colonizadores se fazem presentes até aos dias atuais. Assim, os Estados nacionais latino-americanos foram marcados, desde a independência política por sua herança colonial de países exportadores de produtos primários. Assim as antigas colônias continuaram economicamente dependentes das nações industrializadas.
Tal região permaneceu sujeita às crises econômicas internacionais, cujas repercussões provocaram freqüentes períodos de instabilidade social e política, dificultando o desenvolvimento latino-americano. A propriedade de terras e minas permaneceu nas mãos de uma pequena oligarquia, que se interessava pouco pelo desenvolvimento técnico mantendo a dependência econômica da América Latina.
A formação de uma elite executiva, capaz de programar o projeto desenvolvimentista para toda a América Latina, comprometida com os interesses gerais da nação e atuando acima dos interesses dos diferentes grupos, marcou o período dos anos 1950 em diante. Foram feitos esforços para formar uma burocracia/tecnocracia capaz de levar adiante as idéias de desenvolvimento, de promover a modernização do continente, e isso permitiu a emergência de um conjunto de questões e temas, que tornou possível uma conversa entre profissionais e intelectuais de vários países latino-americanos.
A suposição era que o processo de modernização em curso faria desaparecer não só o subdesenvolvimento, mas também os desequilíbrios regionais e as injustiças sociais. Eliseo Verón, em artigo crítico em relação à Sociologia do desenvolvimento (América Latina, n. 4, 1968), faz um balanço das pesquisas em curso na América Latina, apontando três tipos: a) aquelas que reuniam dados sobre a estrutura social (estratificação, mobilidade, urbanização e industrialização; b) aquelas centradas em aspectos particulares da estrutura social e que permitiam avaliar os recursos disponíveis para o desenvolvimento (educação primária, secundária e universitária, capacitação profissional, incorporação de migrantes à vida urbana, entre outros; c) pesquisa sobre atitudes e opiniões. Para Verón, entretanto, essa sociologia, elaborada, sobretudo nos Estados Unidos, envolvida na produção de índices múltiplos para classificar países como "em vias de desenvolvimento", não estaria sendo capaz de ver a realidade.
O colapso das chamadas “economias cíclicas”, que até então haviam dominado o cenário econômico, determinou o início do processo de reestruturação das economias latino-americanas. Essa reestruturação vinculou-se à aceleração do processo de industrialização, que foi beneficiado pelos seguintes fatores: diminuição das receitas decorrentes da exportação, a possibilidade de importar máquinas de “segunda mão”, aceleração do êxodo rural aumentando a concentração urbana e proporcionando mão de obra e mercado consumidor para a industrialização, além da intervenção estatal.
A modernização da economia e a crescente urbanização se fizeram acompanhar de uma modernização, ainda que conservadora, das próprias instituições políticas. Foi nesse contexto que se inseriu o fenômeno político-social do populismo na América Latina. Conforme observou a historiadora Maria Lígia Prado: “alguns autores partem do pressuposto de que o populismo ocorre numa situação de “transição”, isto é, na passagem da assim chamada sociedade tradicional – agrária, pré-capitalista, atrasada – para a sociedade moderna – capitalista, urbana e industrial”. (Prado, 1981, p. 10).
De maneira geral, o populismo latino-americano apresentou as seguintes características: relações de classe mais complexas entre o capital e o trabalho, cabendo ao Estado o papel de mediador e ao mesmo tempo agente modernizador, respostas aos anseios políticos das camadas populares por parte do Estado, desenvolvimento de extensa legislação trabalhista, apelo ao nacionalismo, o “culto” à personalidade dos chefes de governo por meio de intensa propaganda e controle do movimento sindical.
Mas foi nas décadas de 60 e 70 do século XX que os regimes populistas entraram definitivamente em colapso. Os fatores que explicam a desintegração dos regimes populistas na América Latina são os seguintes: a crescente desconfiança das elites e do capital estrangeiro ante aos avanços dos movimentos sindicais, o crescimento do movimento popular e social, a radicalização ideológica, o temor de ocorrer movimentos com tendências comunistas, a desestabilização política e econômica dos regimes populistas em função da retração dos investimentos estrangeiros, as intervenções militares, entre outros.
A experiência populista representou, pela primeira vez e ainda que de maneira controlada, um desafio às elites latino-americanas, pois possibilitou a incorporação das massas populares, tradicionalmente subjugadas, à cena política.
Como se vê, a história da América Latina é diversa. Mas segue uma linha clara: a da opressão iniciada quando Colombo e suas naus pisaram nas terras do Caribe – opressão que dizimou as populações indígenas e instituiu o caráter econômico e exportador das sociedades latino-americanas, o qual elas ainda não perderam. Até hoje, as desigualdades sociais que se multiplicam nesses países, aliadas a movimentos de guerrilha civil, crises econômicas cíclicas e dependência dos mercados internacionais, caracterizam a formação social destas terras e são o grande desafio a ser enfrentado no século XXI: a proposta de romper com o desenvolvimento regulado ou a submissão extrema para se construir um crescimento autônomo e integrado entre todas as nações continentais – o mesmo sonho de Simón Bolívar, quando, há quase dois séculos atrás, iniciou os movimentos de libertação que resultaram nos atuais países que compõem a América Latina.

2. Panorama da história geral de Honduras

A América Central, com 2% do continente americano, tem uma parte continental e outra insular. A primeira, o istmo, liga as duas grandes porções de terra e abriga sete países independentes, dentre eles Honduras – objeto dessa pesquisa.. A outra parte, um conjunto de ilhas denominado Caribe, constitui-se de 13 países.
Muito antes de falar dos principais acontecimentos, vale destacar a história de Honduras desde a época pré-colombiana, quando os maias habitavam este território, sobretudo na zona de Copán, na parte mais a oeste do país. Copán foi uma das grandes cidades hondurenhas antes da chegada dos espanhóis.
Honduras, séculos mais tarde, formava parte da província da Guatemala, em concreto desde 1812 até 1821 aproximadamente, na época em que a Constituição Liberal de Cadiz estava em vigor. Em 1821, Honduras tornou-se independente da Espanha, e o país formou parte do Império Azteca durante anos. Em 1838, Honduras tornou-se independente da República Federal da América Central e converteu-se num país livre e independente.
Esse novo status, longe de trazer paz a Honduras, trouxe diferentes guerras civis, guerras que levaram ao fundo a economia do país, uma crise da qual não só começou a sair em 1876 sob o governo liberal de Marco Aurélio Soto, depois foram os anos de melhoria, pequenas, é verdade, entremeadas continuamente por outras.
Com a emergência do Século XX, chegaram os americanos com a United Fruit Company, algo que proporcionou mudanças no país, mas também uma notável influência na sua política, o que não evitou novas crises e situações desagradáveis e tensas, com ditaduras militares, golpes de estado, zona de instabilidade... As conseqüências políticas da grande depressão foram diferentes em cada país, mas ficou evidente uma tendência para o nacionalismo e para as ditaduras de direita ou populistas. Os conflitos ideológicos mundiais, após 1945, refletiram-se nas revoluções da Guatemala, Bolívia e Cuba. A revolução cubana teve seguidores, nenhum bem sucedido. A economia de exportação primária foi modificada embora, embora não totalmente, pela depressão e pela Segunda guerra mundial.
A região permaneceu dependendo dos países desenvolvidos para a exportação de suas matérias-primas e importação de bens de produção, além de dependência em tecnologia e capitais. O crescimento demográfico tem sido tão rápido que nem a modernização da agricultura, nem a expansão industrial foram capazes de absorvê-lo. A reforma agrária não conseguiu transformar as condições do campo e nem deter a migração das populações rurais para as cidades.
Após a Segunda Guerra Mundial, fazendo uso de seu poderio econômico e militar, os EUA tornaram-se uma superpotência mundial, assumindo o papel de sustentáculo contra ameaça comunista e assegurando a preponderância da cultura popular americana no mundo.
Muitas nações da América Central e do Sul eram governadas por ditaduras militares, que restringiam severamente a liberdade de seus cidadãos. Após o final da década de 1970, os países da América Central e do Sul se voltaram para a democracia, mas a instabilidade econômica e a inflação crônica ainda são grandes problemas. Tudo isto até que em 1982 se produziram as que podemos chamar primeiras eleições livres nas Honduras, com Roberto Suazo como vencedor. Tinha nascido uma nova etapa na política das Honduras.
Em 1982 aprova-se a constituição hondurenha. Os Estados Unidos forçaram o governo hondurenho a ceder a utilização do seu território como base de atuação dos “Contras”, apoiados pelo governo norte-americano, em seu conflito contra Nicarágua sandinista. Concederam, também, importantes doações econômicas ao país, algo que foi convertido em gasto militar e que se traduziu em mais pobreza para o povo hondurenho, que via a economia do país se deteriorar.
Nos anos 90, o Presidente Rafael Leonardo Callejas chega ao poder e inicia um plano econômico para tratar de sair da crise, mas não consegue. Em 1994 o povo põe Carlos Roberto Reina no poder. Também não solucionou nada, mas o golpe maior foi o furacão Mitch, que ocasionou mais de 10,000 mortos e mais de 4 milhões de dólares em perdas.
No século XXI chega ao poder Manuel Zelaya, do Partido Nacional das Honduras. O país inicia um novo processo de reformas, com leves melhorias, até os nossos dias.
É nesse contexto que está inserido Honduras, um país da América Central Ístmica com a maior parte de sua população resultante da miscigenação entre indígenas e espanhóis. A baixa qualidade de vida, expressa pelas altas taxas de mortalidade infantil e de analfabetismo, os grandes desníveis sociais e a elevada concentração de renda são características marcantes desse país.

3. Honduras – ponto de apoio militar dos EUA na década de 1980

Os anos 80 ainda são tempos de Guerra Fria. Os Estados Unidos insistem na luta contra Cuba e também contra a Nicarágua, que busca sua autonomia através da revolução sandinista. E, assim, com o mesmo velho discurso de combater o comunismo, Jimmy Carter manda para Honduras os seus “boinas verdes” para ajudar na defesa das fronteiras, uma vez que o país faz limite com a Nicarágua.
Além disso, os EUA abocanham mais de três milhões de dólares pela venda de armas e aluguel de helicópteros. Na verdade, lucram e ainda usam o exército hondurenho para realizar numerosas matanças de refugiados salvadorenhos e nicaraguenses.
É ali, em Honduras, que, com o apoio da CIA, se leva a cabo o treinamento dos “Contras” que, por anos, assolaram a revolução sandinista e o próprio governo revolucionário. Era o tempo em que um batalhão especial, liderado por um general hondurenho anti-comunista, promoveu massacres contra lideranças de esquerda de toda a região.
E assim, durante toda a década, apesar dos escândalos políticos e mudanças de mando, a “ajuda” estadunidense aos generais de plantão sempre se manteve impávida, com milhões de dólares sendo investidos nos acampamentos dos “Contras”, que somavam mais de 15 mil soldados.
Nos anos 90 a situação em Honduras era tão crítica que até a conservadora igreja católica passou a apoiar os militantes dos direitos humanos, que denunciavam estar o país à beira de uma guerra. A derrota dos sandinistas na Nicarágua refreou os ânimos, mas ainda assim, seguiram as denúncias de assassinatos e violações... No final da década, os governos neoliberais já haviam destruído as cooperativas de trabalhadores e devolvido terras às companhias estadunidenses. Nada mudava no país.
Assim, nos anos de 1980, com os sandinistas no governo da Nicarágua e o fortalecimento da guerrilha em El Salvador, Honduras tornou-se o foco central da política norte-americana na América Central continental.
A ajuda econômica e, sobretudo militar dos Estados Unidos ao país aumentou quase dez vezes nesse período. Honduras, sem tradição militar, viu-se em poucos anos transformada em centro militar norte-americano. Era a partir daí que os Estados Unidos combatiam direta e indiretamente os movimentos guerrilheiros na região.
A constante intervenção dos Estados Unidos no aumento das Forças Armadas ocasionou, ao longo da década de 1980, uma desigualdade de orçamento entre o setor militar e os setores voltados para o desenvolvimento social.
O poder militar foi predominante até o início dos anos de 1990, quando o governo eleito democraticamente começou a reduzir a interferência das Forças Armadas sobre o Estado.




4. A importância da memória social para a história local, regional e nacional com enfoque em Honduras.

A História por muito tempo utilizou personagens heróicos e/ou polêmicos como também fatos considerados importantes para descrever períodos de transformações sociais. Muitos desses relatos se baseavam nas opiniões da elite, deixando de lado as experiências de mulheres e homens consideradas pessoas comuns: “... não crer que somente os atores que fazem barulho sejam os mais autênticos, há outros e silenciosos...” (BRAUDEL, 1992, p. 59).
Esse foi o motivo principal que fez com que esse trabalho fosse escrito considerando a experiência vivida pelos movimentos sociais de Honduras. Vários autores acreditam que a preferência na escolha de heróis como principais atores é devido à existência de poucas fontes sobre pessoas comuns: “Em geral, entretanto, para trás vão os historiadores, buscando reconstruir a experiência das classes sociais inferiores, mais restritas se tornam à variedade das fontes a disposição” (SHARPE, 1992, p. 43),
Geralmente, por não ter sido valorizada durante muito tempo, essa história foi se perdendo ou apenas ficou restrita à memória de algumas pessoas que a viveram ou a ouviram através da história oral; comparando com os arquivos criados pela burocracia, podem ser utilizados como fonte para comprovar com documentos, as experiências de pessoas comuns. “Hobsbawn citou a ação conjunta da massa populacional e os arquivos criados por ‘uma vasta e diligente burocracia’, que documentava os atos das pessoas comuns e depois passou a classificar e preencher seus registros ‘em beneficio do historiador’ ”. (SHARPE, 1992, p. 46).
Vale salientar que as histórias de alguns dos movimentos sociais hondurenhos aqui foram contextualizadas com as informações oficiais buscadas no capítulo anterior, para que não se caísse na subjetividade e para que sirva de um instrumento que faça expandir o conhecimento acerca da época analisada, a partir de 1950 até os dias atuais. “A história é a soma de todas as histórias possíveis – uma coleção de misteres e de ponto de vista, de ontem, de hoje, de amanhã”. (BRAUDEL, 1992, p. 53),
Por isso, foi fundamental construir essa perspectiva histórica sobre a base da fusão entre o cotidiano vivido pelas pessoas e a história acadêmica. Sabe-se que a memória de uma sociedade é uma das formas mais eficazes de construção de sua identidade cultural, que faz despertar um sentimento de maior participação dos cidadãos:

..., a história vista de baixo abre a possibilidade de uma síntese mais rica da compreensão histórica, de uma fusão da história da experiência do cotidiano das pessoas com a temática dos tipos mais tradicionais da história. (SHARPE, 1992, p. 53 e 54).

Essa outra visão histórica também pode contribuir para a formação de identidades, pois pessoas ou grupos sociais que achavam que as experiências vividas por seus antepassados tinham desaparecido na dimensão da história oficial, acabam revivendo e/ou conhecendo e entendendo muito mais a sua vida pessoal e coletiva. “Ela proporciona também um meio para reintegrar sua história aos grupos sociais que podem ter pensado tê-la perdido, ou que nem tinham conhecimento da existência de sua história”. (SHARPE, 1992, p. 59).
Conhecendo a história vista por esse ângulo, as pessoas que compõem os grupos que não são da elite podem se interessar mais pela leitura e fazendo assim nascer um sentimento de pertencimento e de orgulho por saber que participaram ativamente da história do seu lugar de vivência. “A história vista de baixo ajuda a convencer aqueles de nós nascidos sem colheres de prata em suas bocas, de que temos um passado, de que viemos de algum lugar”. (SHARPE, 1992, p. 43).
E em Honduras há muitas pessoas que viveram as transformações sociais, econômicas, políticas e urbanas que podem ser utilizadas, através de suas memórias históricas, para trazer conhecimento sobre a história da cidade de um ponto de vista talvez ainda não analisado. “É preciso abordar, em si mesmas as realidades sociais. Entendendo por isso todas as formas amplas da vida coletiva, as economias, as instituições, as arquiteturas sociais, as civilizações enfim...” (SHARPE, 1992, p. 25).
Ignorar as memórias dessas pessoas comuns é dizer que somente a elite participou do processo de construção e desenvolvimento de Honduras. Ao ouvir as pessoas comuns, pode-se perceber que tiveram uma participação bastante ativa no processo de construção histórica, não somente do local onde atuaram, mas também na do país em diversos momentos, como na Ditadura Militar e até mesmo antes, buscando seus direitos através de sua organização nas greves que realizaram. Assim,

A memória, para prolongar essa definição lapidar, é uma reconstrução psíquica e intelectual que acarreta de fato uma representação seletiva do passado, um passado que nunca é aquele do indivíduo somente, mas de um indivíduo inserido num contexto familiar, social, nacional. (ROUSSO, 2005, p. 94).

Fica evidente que a memória de pessoas consideradas comuns servirá como fonte histórica de suma importância para completar as informações oficiais e assim poder contribuir com um conhecimento mais completo e contextualizado. “... a história pertence, sobretudo àqueles que a viveram e que ela é um patrimônio comum que cabe ao historiador exumar e tornar inteligível aos seus contemporâneos”. (ROUSSO, 2005, p. 98).
Através dos relatos, ou seja, da historia oral, a memória das pessoas vai sendo passada de geração a geração, por isso é importante confrontar as memórias de um grupo que viveu num mesmo espaço e período histórico para que a analise possa ser mais completa:

Esses historiadores orais consideram a fonte oral em si mesma e não só como mero apoio factual ou de ilustração qualitativa. Na prática, eles colhem, ordenam, sistematizam e criticam o processo de produção da fonte. Analisam, interpretam e situam historicamente os depoimentos e as evidências orais. Complementam suas fontes orais com as outras fontes documentais tradicionais no trabalho historiográficos. Não se limitam a um único método e a uma técnica, mas a complementam e as tornam mais complexas. (LOZANO, 2005, p.23).

Trata-se de saber utilizar a análise micro-histórica, que busca o contexto histórico-social a partir das experiências de um indivíduo a fim de atrair leitores, porém utilizando documentos oficiais para isso. “O livro de Ginsburg deve ser considerado um caso extremo do método micro-histórico, visto que se preocupa em reconstruir as idéias, a visão do cosmo de um único indivíduo”. (BURKE, 2002, p. 61).
A partir desse foco, o autor pode tentar interpretar toda uma cultura da época do individuo analisado. Assim ao entrar nas memórias de alguns ferroviários, muitos fatos nacionais foram se deparando com os locais, imprimindo o sentido de uma cultura comum. Segundo Peter Burke (2002, p.46): “Se não aspiram mostrar o mundo em um grão de areia, esses historiadores garantem que tiram conclusões gerais a partir de estudos de dados locais”.
No caso de Menocchio, personagem de Ginsburg, um moleiro que desafiou a ordem da inquisição no século XVI ao dizer que o mundo se originou da decomposição. Neste caso, a análise foi feita para chegar à compreensão de um período histórico que contém muitos dados oficiais, mas com poucas evidências individuais e que são de extrema importância para não se ficar restrito aos pensamentos da elite dominante da época. “Todavia, em plena Contra – Reforma, as modalidades de exclusão eram outras – prevaleciam a identificação e a repressão da heresia”. (GINSBURG, 1997, p. 44).
Geralmente, o indivíduo é a cara da época vivida por ele e a pessoa que é considerada diferente pode ser utilizada como objeto de estudo para entender melhor o contexto de sua geração. Assim,
Essa utilização da biografia repousa sobre uma hipótese implícita que pode ser assim formulada qualquer que seja a sua originalidade aparente, uma vida não pode ser compreendida unicamente através de seus desvios ou singularidades, mas, ao contrário, mostrando se que cada desvio aparente em relação às normas ocorre em um contexto histórico que o justifica”. (Levi, 2005, P. 176)

Assim, as memórias dos atores sociais, além de servirem para compreendermos as épocas de maior importância de Honduras, podem completar lacunas que fazem parte da história nacional contribuindo, assim, com um conhecimento mais abrangente.

5. Zelaya e o golpe de Estado

Manuel Zelaya foi eleito presidente em 2005 pelo Partido Liberal, mas esteve em cargos importantes durantes os últimos governos. Era, portanto, um homem do sistema. Seus problemas com os Estados Unidos começaram em 2006, quando decidiu reduzir o custo do petróleo, passando a discutir com Hugo Chávez, da Venezuela, a possibilidade de negócios conjuntos, o que acabou culminando, em janeiro de 2008, com a entrada de Honduras na órbita da Petrocaribe, um acordo de cooperação energética que busca resolver as assimetrias no acesso aos recursos energéticos.
Este acordo incluiu Honduras na lógica da ALBA, a Alternativa Bolivariana para as Américas, projeto de Chávez em contraposição à ALCA, que tentava se impor a partir dos Estados Unidos. A proposta de Chávez foi a de vender o petróleo a Honduras com pagamento de apenas 50%, sendo a outra metade paga em 25 anos, com um juro pífio, permitindo assim que Honduras investisse em áreas sociais. O plano, apesar de bom para o país, foi duramente criticado pela classe política. E os Estados Unidos perderam um parceiro de TLC (os mal fadados acordos de livre comércio), o que provocou tremendo mal estar em Washington.
Assim, a crise em Honduras, que levou à retenção e ao exílio do presidente Manoel Zelaya, teve origem no seu enfrentamento com o Congresso, o Exército e o Judiciário. O presidente queria que houvesse, antes das eleições, uma consulta para mudar a Constituição. Seus críticos diziam que Zelaya pretendia se reeleger, algo que não é permitido pela Constituição.
O Congresso impediu essa consulta nos 180 dias anteriores e posteriores à data das eleições; além disso, Zelaya tinha retirado do cargo o chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, o qual havia se negado a apoiar a consulta popular. Assim, os outros comandantes militares também renunciaram.
O cenário mais provável é que, configurado o apoio popular e também o apoio da comunidade internacional, o presidente Zelaya colocasse para correr os golpistas e inaugurasse um novo tempo em Honduras. Caso tivesse sido assim, teria enfraquecido o domínio dos Estados Unidos na região e crescido o fortalecimento da Aliança Bolivariana dos Povos da América Latina.

6. Corrupção e movimentos sociais pós golpe de Estado

O Congresso Nacional de Honduras aprovou contratos de produção de energia, o que provocou a resistência dos povos indígenas e afro caribenhos, além de vários órgãos sociais, pois eles garantem os lucros milionários apenas para grandes empresários e pequenos grupos e mais miséria para a localidade explorada.

“Existem em Honduras 35 bacias hidrográficas primárias e seus rios se agrupam em duas vertentes costeiras: a do Caribe e a do Golfo de Fonseca. Só as bacias dos rios Patuca e Ulúa cobrem uma área de 25 mil e 22 mil km², respectivamente. Uma riqueza hidrográfica que agora corre sério perigo.”

Após o golpe de Estado que derrubou o Presidente Manuel Zelaya, o Congresso Nacional aprovou a Lei Geral de Águas, que dá o direito de conceder a terceiros os recursos hídricos do país. Segundo alguns moradores, não ocorreu licitação e sim um acordo manipulado entre as partes e que favorece os empresários. Além disso, as comunidades onde os projetos serão desenvolvidos nunca foram consultadas.

Foram revogados decretos ambientais que protegiam essas zonas. Agora poderão devastar matas, inundar as áreas dos rios, contaminar as águas, com fortes impactos nos aquíferos e na distribuição das águas subterrâneas.

A organização indígena e popular iniciou também uma longa viagem por todo o território nacional, visitando povoados e comunidades para organizar a resistência aos projetos e "exigir que se respeite sua decisão e o rechaço à privatização dos recursos naturais".
Nas principais vias de passagem da população, militantes contrários ao golpe colhem assinaturas para a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Até o momento, mais de 600 mil cidadãos subscreveram o manifesto. A expectativa da FNRP é coletar 1,2 milhão até setembro.
Em 28 de junho de 2009, os hondurenhos iriam às urnas para decidir se, nas eleições gerais de novembro do mesmo ano, haveria também uma consulta sobre a instalação ou não de uma constituinte. Mas o pleito foi frustrado pelo sequestro do presidente Zelaya, surpreendido de pijama na residência oficial e levado à Costa Rica.
Mesmo diante do entusiasmo nacional em torno da participação pífia da seleção nacional na Copa do Mundo pela segunda vez, as mobilizações não cessaram. Quase todos os dias há algum tipo de vigília ou marcha para pressionar pelo fim ao que os movimentos hondurenhos chamam de falsa democracia.
O direito à livre manifestação – parcialmente assegurado pelo regime hondurenho – pode trazer a imagem de uma redução da repressão. No entanto, os movimentos sociais denunciam constantes ameaças a dirigentes, prisões e assassinatos. Estes últimos têm crescido de forma assustadora na capital, em San Pedro Sula e outros centros urbanos.
A resistência continua forte e como a maior força social do país, porém, sofre com cisões. O então partido de esquerda União Democrática (UD), por exemplo, não boicotou as eleições pós-golpe, como clamavam as organizações sociais. Como resultado, obteve a pior votação de sua história, amargando a última colocação. Antes, a UD era a terceira força política do país, atrás do Partido Nacional e do Partido Liberal – uma confusa agremiação que abriga, ao mesmo tempo, políticos golpistas e pró-Zelaya.
Em momento de crise, marcado por perguntas difíceis de serem respondidas ao calor dos fatos, não deve nos esconder, todavia, da necessidade e da responsabilidade de realizar uma reflexão crítica e em perspectiva histórica sobre os desafios que a América Latina deverá enfrentar para sustentar nas próximas décadas suas conquistas democráticas.
A América Latina nasceu para poucos desfrutarem da riqueza da terra e do trabalho de muitos. O sangue das "veias abertas" do continente é um manjar que alimenta o crescimento das potências e das elites locais, mas também faz-se veneno que mata a população de sua terra.
No entanto, esse continente, mesmo protagonizando uma história trágica e permeada da exploração, elites de interesses limitados e governos repressores, nunca deixou de ter esperanças de mudar. Afinal, a América Latina também protagonizou acontecimentos que tentaram desviar o rumo da história e soam até hoje como esperanças de transformação.
São casos como a Revolução Cubana, ocorrida há 40 anos, e a atual guerrilha zapatista no México que ainda permitem o sonho em uma terra melhor. Como disse Marx, a respeito do processo histórico, são os homens que fazem a história, na sua luta diária pela sobrevivência e pelo bem-estar. Assim, somente a luta do povo latino-americano, após séculos de exploração e pobreza, poderá libertar o continente das amarras que o oprimem, desenvolvê-lo em suas potencialidades e, principalmente, dar-lhe uma cara latino-americana, ou seja, voltada às necessidades de seu povo. E, para incitar essa reflexão, apresenta-se agora alguns dos movimentos que tentaram mudar a ordem das coisas no continente.








REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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