quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O Imaginário Trabalhista Getulismo, PTB e Cultura Popular 1945-1964 De: Jorge Ferreira

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História







Bruno Botelho Horta
Segundo Período







O Imaginário Trabalhista
Getulismo, PTB e Cultura Popular 1945-1964
De: Jorge Ferreira
Matéria: História do Brasil República
Professor: Victor







Macaé/RJ
Novembro de 2010.
1 – Quando os trabalhadores “querem”: Política e cidadania na transição democrática.


No segundo semestre de 1944 o Estado Novo já demonstra o “cansaço” de seu sistema. Mas é em janeiro de 1945 que as manifestações de oposição são expostas de forma mais contundente, os jornais já criticavam Vargas abertamente e o movimento estudantil ganha força de oposição chegando a patrocinar comícios públicos contra o ditador Vargas. Mas essas atitudes não ficaram sem resposta popular, getulistas de classe baixa saem em defesa de Vargas, frustrando muitas manifestações ditas populares. Uma vertente política passa a dominar esse momento de transição o Queremismo, onde a democracia é reivindicada, mas o ditador é estimado e desejado a permanecer no poder.
O Queremismo se espalha pelo País. De um lado a UDN reunia a oposição representada pela direita e a extrema direita, do outro lado com um discreto apoio oficial, a população beneficiada pelas leis trabalhistas e o empresariado simpático a Vargas lançava cada vez mais alto e longe o “Queremos Getúlio” o queremismo.
A oposição de direita oficializa em 7 de abril de 1945 a União Democrática Nacional (UDN). Que mais do que a candidatura do Brigadeiro Eduardo Gomes era uma reunião de oposicionistas a Getúlio. Oposicionistas de todos os estilos e de todas as filosofias, militares e intelectuais, donos de jornais e fazendeiros. E como esse partido era composto da elite financeira do Brasil, uma forte campanha na imprensa foi realizada em favor do brigadeiro, mas nas camadas mais pobres e dos trabalhadores era o nome de Vargas que surgia espontaneamente.
O imaginário trabalhista referido no título deste texto começa a se manifestar quando o queremismo se organiza politicamente com comitês e comícios. A oposição mistifica a adoração por Getúlio como coisas sobrenaturais, citando eventos praticados por Pais-de-Santo e jogando na imprensa uma grande sombra sobre as práticas dos queremistas. Já os partidários de Getúlio mitificam o ditador, atribuindo a eles qualidades de um ser ideal, perfeito, digno de ser adorado e imitado.
Foi em 20 de agosto de 1945 que o Largo da Carioca no Rio de Janeiro presenciou a maior manifestação de apoio do queremismo. A oposição estava com sérios problemas, pois, apesar de todos os ataques, a população a cada dia adorava mais a Getúlio. O apoio crescia tanto que levou o PSD e o PTB a apoiarem Vargas, mas ao fim do prazo de descompatibilização, Vargas permaneceu na Presidência, deixando claro que não concorreria. Caía o Estado Novo, mas crescia o prestígio de Vargas.
Depois de todas as pressões para que Vargas convocasse uma assembléia constituinte e somente a partir dela seja marcada uma nova eleição presidencial. Pressão que culminou na Assembléia Geral do Povo Brasileiro, ato realizado simultânea mente em todo o Brasil, exigindo de Getúlio, aqui já aclamado como herói do povo, que tomasse estas providencias. Em discurso neste mesmo dia 3 de outubro Vargas revela que não pretende se candidatar e que pretende descansar. Os trabalhadores são encorajados a entrarem nas fileiras do PTB.
Em 29 de outubro Vargas nomeia seu irmão Benjamim para chefe da polícia do Distrito Federal, foi o ato que faltava para desencadear o golpe militar contra Vargas. Liderados por Góis Monteiro e Eurico Dutra e ainda com apoio do DOPS, Getúlio foi deposto e presidente do STF assumiu a presidência até as eleições. Vargas se retira para São Borja e Eduardo Gomes é o virtual vencedor das eleições. Mas o articulador Hugo Borghi consegue reverter um discurso de Eduardo Gomes e joga a população trabalhadora contra o General. Atendendo aos apelos de Borghi, Vargas declara apoio ao PDS de Dutra, desta forma, revertendo à situação e fazendo de Dutra o ganhador das eleições.

3 – O Carnaval da tristeza: os motins urbanos do 24 de agosto.

A manhã de 24 de agosto surpreendeu a todos com a notícia do suicídio do presidente Vargas. O último ato de Vargas foi o suficiente para impedir um golpe militar, suficiente não pelo ato em si, mas por desencadear uma onda de protestos e um sentimento de revolta na população que desarticulou a oposição de intenção golpista.
A UDN e as forças armadas atacavam sistematicamente o governo de Getúlio que já havia perdido todo o espaço de manobra para garantir sua governabilidade. E a apenas 41 dias da eleição Vargas percebeu que seria deposto, pois eram justamente as eleições que os militares e a oposição queriam evitar. Mas o suicídio de Vargas impediu esse golpe.
A conseqüência popular foi muito forte. Mesmo com a prisão de mais de 50 lideres sindicais que apoiavam e eram apoiados por Vargas. Uma multidão tomou conta do centro do Rio. Destruiu comitês da oposição, faixas e cartazes. Depredaram veículos de comunicação, como a fachada da radio Globo e só puderam ser contidos, mas não dispersados pela polícia especial.
Do velório a despedida no aeroporto Santos Dummont a multidão que a cada momento só crescia, amotino-se contra a base da aeronáutica, onde disparos de arma do fogo foram feitos contra a multidão. Refugiados na Cinelândia o povo foi novamente incitado a lutar contra a oposição, somente a chegada da “Polícia de Getúlio” a Polícia Especial que a multidão foi convencida a voltar para casa e evitar em massacre proporcionado pelo exercito que já se aproximava do local.
Em Porto Alegre a mesma revolta popular teve caminhos diferentes. Primeiro pelos ataques serem direcionados não somente a adversários políticos diretos de Vargas, mas também a símbolos representativos do governa Norte Americano, embaixada e empresas foram atacadas e destruídas. O Governador primo de Vargas propositalmente demorou a solicitar ajuda ao exercito, só o fazendo quando a cidade em um todo estava ameaçada.
Já em menor escala os protestos em São Paulo limitaram-se a uma greve geral. Casos violentos só foram registrados contra as empresas que se recusaram a fechar suas portas e acompanhar o movimento grevista. Em Belo Horizonte símbolos Norte Americanos foram atacados e destruídos, além da propaganda oposicionista. Por todo o nordeste principalmente nas capitais houve uma grande manifestação de pesar. Prejudicada pela distancia geográfica dos acontecimentos as manifestações não tiveram a intensidade registrada nos estados do sul e do sudeste.
Restava ao PTB assumir a bandeira de defensor trabalhista e social e iniciar uma onda de propostas cada vez mais ousadas e reformistas mobilizando trabalhadores, sindicalistas, estudantes e militares.

Nenhum comentário:

Postar um comentário