terça-feira, 23 de agosto de 2011

Relatório do filme Pro Dia Nascer Feliz.

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História







Bruno Botelho Horta
Quarto Período







Relatório do filme Pro Dia Nascer Feliz.
Direção João Jardim (2007)
Matéria: Educação Inclusiva
Professor: Francisco







Macaé/RJ
Agosto de 2011.



O primeiro e grave alerta do filme é um relato de 1962, onde o jornalista mostra o problema da educação que não atinge a todos, pois somente a metade dos que iniciam a vida escolar conseguem terminar o primeiro grau. Comparando 1962 e 2011, podemos facilmente constatar que pouca coisa mudou.
O filme inicialmente nos leva a Manari – PE. Uma das cidades mais pobres do Brasil. E a ironia inicial sobre a verba escolar de mil e duzentos reais que o personagem revela “Quem dera que fosse por mês”. Logo chegamos a uma sala de aula e a excelente iniciativa de uma aula sobre história regional. Não seria adequado ter exatamente o mesmo conteúdo em todo o país, respeitar a história regional de cada população é uma iniciativa que facilita o aprendizado e diminui a evasão escolar. O que mais impressiona no relato da menina Clécia, de 13 anos, além das tristes condições de estudo, é a sua pequena estatura da personagem, certamente por viver em deficientes condições alimentares. E para fugir dos generalismos podemos encontrar Valéria de 16 anos que admira e lê Vinícius de Moraes e Manuel Bandeira. E ainda enfrenta a dúvida dos professores que não acreditam que ela é a autora de seus próprios textos, certamente pelo próprio professor não ser capaz de produzir textos melhores do que o da aluna, não por culpa do professor, mas sim do contexto ruim em que ele se encontra. Falta de transporte, evasão de professores e evasão escolar são outros graves problemas denunciados ao fim da reportagem da cidade.
Tendo agora a cidade de Duque de Caxias – RJ. Como pano de fundo, encontramos a mesma precariedade de estrutura só que agora é a pobreza urbana retratada. Alunos dispensados e professores faltosos demostram que mesmo mudando de cidade os problemas são os mesmos. O agravante é o maior nível de influência negativa da vida urbana, concorrendo com a vida escolar. O aluno Deivison retrata muito bem o aluno descompromissado e que, da mesma forma que na cidade de Manari só frequenta o ambiente escolar para adquirir um status social e ter acesso a outros objetivos que não educacionais. Por fim o conselho aprova o aluno sem notas, muito mais para passar o problema pra frente do que para tentar resolve-lo.
A influência de bailes funkes, armas, mulheres é uma concorrência desleal para uma educação sem atrativos para o jovem de periferia da cidade grande. O único motivo para o Daivison continuar na escola é a banda de tambores, que representa mais um status social do que uma integração cultural. A escola em nada atrai o aluno, não o estimula e não consegue mantê-lo no circulo escolar, perdendo-o facilmente para qualquer outra atividade.
O filme chega a Itaquaquecetuba – SP. A escola bem organizada, limpa e com bons resultados consegue se destacar em uma periferia sem recursos. Na mesma faixa de idade dos personagens anteriores Ronaldo de 16 anos tem uma visão crítica sobre os avanços da educação no país, contestando as políticas de educação e os falsos resultados positivos. Mas os problemas de falta de professores são recorrentes. A professora Suzana é muito consciente ao afirmar que a escola tem que ser repensada. E certamente o formato já se esgotou, hoje, para o jovem em geral, tudo é mais importante que a escola, tudo é mais divertido que a escola, tudo dá mais resultados positivos que a escola. O fanzine feito por alunos dentro da escola foi uma atividade transformadora que aproximou os dois mundos, o escolar e o social, transformando realidades e criando um elo entre educação escolar e a vida cotidiana.
Ainda em São Paulo entramos em um colégio de classe alta. Onde o discurso do jovem já muda, entendendo porque o colégio deve exigir dos alunos, mas ao mesmo tempo se colocando em uma “bolha” social diferente e justificando sua condição social pelo acaso e ainda não procurando meios de diminuir essa distancia. Mostrando que mesmo os jovens que tiveram acesso a uma educação privilegiada tem um comportamento de exclusão social. Mas os índices de reprovação são grandes também. Mostrando que alguns dos problemas se repetem independente de condição social. Tanto os problemas educacionais quanto os sociais. Pode-se encontrar neste ambiente social de maior poder financeiro o reverso da moeda, o comércio da educação, o controle dos pais sobre o futuro dos filhos e a falta de controle sobre o próprio futuro.
O filme começa a retratar o problema das famílias desestruturadas em todas as classes sócias, de como essa falta de base familiar dificulta a formação de um bom ambiente escolar. Os problemas de relacionamento interno como briga entre alunos e a falta de apoio especializado para resolver esses conflitos.
O filme termina de forma chocante com os depoimentos de casos extremos mostrando o caminho que a grande maioria dos jovens pode tomar se a desassistência, o comodismo e a falta de ações efetivas continuarem. Por fim todos, por mais diversos que pareçam ser, são muito parecidos em seus problemas, suas dúvidas e suas necessidades.

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