sábado, 10 de setembro de 2011

Antropologia e História De: Roberto Damata

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História







Bruno Botelho Horta
Quarto Período







Antropologia e História
De: Roberto Damata

Matéria: Antropologia Cultural
Professor: Dauro






Macaé/RJ
Setembro de 2011.
1 – Introdução.
Partindo do posicionamento de que um encontro com o começo não é a garantia de um sucesso intelectual, o autor inicia o capítulo alertando para esse tipo de erro, pois analisando antropologicamente a civilização da Grécia antiga é possível dividir o mundo em dois tipos de homens os gregos e os bárbaros. Outro alerta é a atenção para diferenciar história, estória, mitos e relatos de viagens. Relatórios de viajantes que descrevem a fauna e a flora de um lugar costumam não tomar em vista o ponto dou “outro” e sim seu próprio ponto de vista. O principal objetivo do autor não é somente apresentar uma história antropológica, mas sim relacionar os fenômenos antropológicos com a dimensão temporal. Tendo desta forma informações de grande importância para demostrar fatos e estudar o comportamento do homem.

2 – História da Antropologia.
É especular sobre como os homens percebem suas diferenças ao longo do tempo. E desta análise pode-se justificar diversos comportamentos, como dominações e destruições de sociedades inteiras. Para que esse pensamento não seja dominante e justificador de barbaridades criou-se a Teoria das Diferenças, onde uma capa de responsabilidade científica protege o sentido e o valor da existência do outro.
Foi esse pensamento dominador que justificou as colonizações européias dos séculos XV e XVI. Mas também justificou os movimentos contrários de reação e independência.
O pensamento antropológico fica dividido em duas correntes que Edmund Leach exemplifica como o Evolucionismo de James Frazer e o funcionalismo de Bronislaw Malinowski. Frazer em sua linha vitoriana e eurocentrista com certezas racistas e superioridade política, econômica e intelectual. E Malinowski com seu relativismo que impede sínteses grandiosas.



A) O Evolucionismo.

Esse método de pesquisa separa e classifica todos os elementos dos dados sociais ou culturais. Mas não como o cientista que logo depois reúne todos os elementos para uma análise completa, mas deixa a classificação e separação como uma via de mão única. Separando os fatos dos conceitos de onde surgiam. Os evolucionistas não comparavam os fatos dentro de seu próprio contexto e sim com outras sociedades. Trabalhavam com o método de classificar tudo, de anexar tudo ao pensamento evolucionista situando-os em uma escala apropriada. O evolucionismo pode ser caracterizado por quatro ideias gerais.
Primeira, as sociedades humanas devem ser comparadas entre si. E seus costumes são definidos pelo investigador. Exemplificando-se temos o exemplo de Morgan para a família que no século XIX era nucleado por pai, mãe e filhos. Seguindo a linha evolucionista em tempos anteriores teríamos famílias onde não de diferencia pais e mães, isto é, seus genitores seriam inseridos no contexto dos adultos da mesma faixa de idade, sem diferença entre eles. Hoje sabemos que tal forma de explicação não passa de uma fantasia sociológica.
Segunda, os costumes têm uma origem, uma individualidade e um fim. O fim não é discutido pelos pesquisadores, pois é a atual sociedade do século XIX que representa o modelo final de evolução. A síntese religiosa é um dos problemas apontados para o evolucionismo. O fato de sintetizar religiosidade a crença em almas coloca a religião dos romanos e dos Neures no mesmo plano. Essa falha de argumentação reduz o jogo dos fatos sócias é uma lógica psicologizante.
Terceira, as sociedades se desenvolvem de modo linear, onde os eventos possuem causas e consequências, formando assim a ideia de progresso e determinação. O pensamento evolucionista segue pelo conceito de processo civilizatório, onde o contato com o mundo capitalista era o momento de a força social atuante romper com as amarras do atraso e do primitivismo da sociedade referida.
O determinismo evolucionista é baseado em forças das quais a sociedade não tem consciência e nem controle. Mas sua fraqueza é não considerar o múltiplo jogo de realidades que atuam no mundo das consciências e desta forma aprisionar o espírito.
Quarta o evolucionista trata as diferenças como se tratam etapas reduzindo-as ao eixo do tempo, situando no sistema classificatório e explicando essas diferenças como atraso evolucionista no eixo deste tempo. O tempo não conduz uma dimensão genética exclusiva, com um caminho único, que leva ao progresso da sociedade.

B) O Funcionalismo.
A palavra funcionalismo é usada dentro dos conceitos estabelecidos por Malinowski e Radcliffe Brown, onde primeiramente é uma reação as teorias evolucionistas. O funcionalismo busca a sobra que ocorre na passagem do tempo, o resíduo da instituição ou do costume que sobrevive ao tempo e que indica o passado no meio do presente.
Existe a possibilidade de estudar a sociedade como um sistema coerentemente e interligado de relações sociais. Um sentido básico ao funcionalismo é de que nada num sistema ocorre ao acaso ou está definitivamente errado ou deslocado. A postura definidora do papel social é de que nada deixa restos, tudo desempenha um papel, tudo tem sentido ainda que esse sentido não seja facilmente localizável e os costumes e hábitos sociais devem ser compreendidos dentro do sistema do qual provém. O funcionalismo se preocupa com alguns fenômenos sociais. Como as sociedades que temem o conflito e se armam de um aparato repressivo para isso e sociedades com dinâmicas de conflitos. O centro de referencia é a própria tribo, segmento ou cultura em análise.


3. Uma antropologia da História?
O funcionalismo revelou que a pesquisa antropológica era um caminho de duplo movimento, um em direção ao desconhecido e outro de volta ao etnólogo que reexamina seus dados e os integra no plano das escolhas humanas. E revela-se que o que se chamava de exótico ou irracional é apenas um traço conhecido para a própria sociedade. A sociedade marcada pela mudança do eixo do tempo tem valores que estão fora da temporalidade, relíquias reais ou religiosas marcam uma dimensão que atravessa o tempo. Esse entendimento pela via temporal é uma linha contínua onde um evento provoca outro, onde os acontecimentos têm antecedentes e consequentes.
A antropologia social pode relativizar o tempo e utilizar vertentes comparativas que podem substituir o tempo para refletir sobre as semelhanças e diferenças entre as sociedades. Tudo que o homem está realizando em todas as suas manifestações sociais de todos os tempos e lugares são formas sociais imperfeitas quando relacionadas com outras formas sociais da mesma forma que não existe uma cultura ou sociedade mais acabada que outra.
Para Lévi-Strauss o inconsciente não é uma substancia social, moral ou filosófica, mas um lugar ou uma posição em que podemos tomar consciência das diferenças e por meio delas alcançar as semelhanças entre as sociedades. Esse lugar não se situa mais no tempo mas no seu espaço complementar, um ponto vazio de conteúdo e de tempo, onde o observador pode se situar para observar as diferenças e semelhanças entre as sociedades humanas.

4. Tempo e História.
As críticas ao estruturalismo de Lévi-Strauss pregam uma forma de consciência continua aonde estruturas cada vez mais desalienadas vão substituindo as outras mais atrasadas. Já a antropologia funcionalista se aproxima do olhar do selvagem que foi uma abordagem inovadora de Malinowski. Atitude que levou a uma separação epistemológica dos pontos de vista e fundamentando uma teoria baseada na descontinuidade do tempo.
A temporariedade histórica se situa em uma idéia de passagem do tempo onde nem todas as sociedades o percebem ou o operam da mesma forma. Utilizando o tempo como uma ideologia que serve para expressar sua própria identidade.
Algumas perguntas surgem no plano estruturalista. Quem realmente faz história? Os homens do passado que deixam seus resíduos. Ou os resíduos são próprios da história humana? E qual história escolherá o historiador para contar a história dos homens?
Uma percepção diferente do tempo é do povo Apinayé. Onde o passado e o presente se refletem um no outro, a sociedade não possuiu interpretes do passado e nem transformadores do presente, não existe o herói histórico, a grande personalidade e nem um admirável mundo novo no futuro. Existe o presente anterior e um presente presente. Mas é importante salientar que as sociedades construídas desta forma são formadas por grupos, segmentos, categorias, classes, indivíduos e elementos absolutamente descontínuos e em conflito.
Para Lévi-Strauss a história também precisa de um significado, pois quando se escolhe um período histórico ao mesmo tempo se condena a escolher regiões, épocas, grupos de homens e indivíduos nestes grupos e se fazem parecerem figuras descontínuas.
O significado só aparecerá na forma de um jogo complexo entre o esquecido e o permanentemente lembrado. Um tempo totalizado é um absurdo para Lévi-Strauss, pois o seu próprio sentido se perderia.
O romancista Thomas Manm trás uma análise de tempo que mercê uma reflexão. Ele trás a narrativa temporal como um aspecto relevante do tempo, onde diferenciamos o tempo que se pode cronometrar e o tempo de duração. Um tempo visto de fora, como uma musica ou a leitura de um livro ou o tempo vivido por uma peça de teatro ou de um livro que conta a história de um homem que viveu 80 anos.
O estudo da história é abordado por Van Gennep na sua dificuldade em se estudar fatos recentes e em desenvolvimento. Restando aos fatos mais antigos a facilidade de estudo devido a sua consolidação. Lévi-Strauss qualifica como eventos frios ou quentes, dependendo da distância em que se encontram do presente.
Outro problema abordado pela perspectiva histórica são as restrições metodológicas quando se trabalha em uma sociedade desconhecida. Uma abordagem religiosa, por exemplo, vai excluir de imediato as abordagens financeiras ou políticas.

5. A Lógica do Totemismo e a Lógica da História.
Em muitos sistemas tribais a continuidade social é obtida por meio das diferenciações como a identificação com a natureza, a identidade entre homens e grupos de homens, espécies de plantas, animais, fenômenos meteorológicos e geográficos. Este sistema foi definido como Totemismo por Claude Lévi-Strauss. Essa mentalidade pré-lógica é um tipo de inteligência que segundo Levy-Bruhl se caracteriza pela confusão mental, que mistura a classificação das coisas do universo.
A relação entre historicidade e a lógica totêmica é de que a historicidade trás a ideia de que uma forma social sai de dentre de outra anterior que lhe causou o nascimento. Já a totêmica relaciona homes com plantas, animais e fenômenos naturais e geográficos.
Chega-se ao indivíduo, razão do nosso sistema social que possui esferas que lhes são ligadas como o amor, a justiça, a igualdade, o trabalho e a arte. Isto é o indivíduo precisa criar um espaço interno onde as coisas particulares possam ter livre curso.
Descobrimos na música popular, na publicidade, na moralidade, no amor e na arte em geral a atuação da lógica totêmica que aspiram à junção de tudo com tudo dando significado a nossa sociedade.
A Antropologia propõe um diálogo aberto e sistemático com a temporalidade vivida pelos homens de diversas sociedades para poder relativiza-los e conseguir alcançar tudo aquilo que pode oferecer.

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