quinta-feira, 7 de março de 2013

O Rio de Janeiro no Século XIX: Da cidade colonial a cidade capitalista

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé Graduação em História
Bruno Botelho Horta Sétimo Período
O Rio de Janeiro no Século XIX: Da cidade colonial a cidade capitalista De: Maurício de A. Abreu
Matéria: História do Rio de Janeiro Professor: Ana Lúcia
Macaé/RJ
Introdução
Apenas no início do século XIX a cidade do Rio de Janeiro começa a adquirir aspectos urbanos e de estratificação das classes sociais. A cidade não possuía meios de transporte coletivos e a diferença das classes sociais não era representada por localizações diferentes, mas por construções diferentes. Todos moravam juntos, as casas estavam lado a lado entre ricos e pobres. A explicação era a necessidade de se defenderem juntos de invasores ou indígenas. Foi a chegada da família real (1808) que inicia a nova organização social e cria uma nova classe social na cidade. A nobreza. Acrescenta-se a isso a explosão do cultivo do café, atraindo trabalhadores e investidores nacionais e estrangeiros.
A cidade é movida pela lógica escravista e capitalista. São dois interesses distintos convivendo no mesmo espaço urbano. Esse espaço só tem sua divisão estabelecida no momento em que os meios de transporte passam a atuar na cidade. Primeiro o bonde puxado a burros e depois o funcionamento dos trens suburbanos. O ano de 1870 pode Sr considerado o marco dessa divisão. A estrada de ferro D. Pedro I aumenta a oferta de trens suburbanos e a partir desse momento a mobilidade urbana oferece a cidade maiores opções de moradia e trabalho.
O período anterior a 1870: A mobilidade espacial é privilégio de poucos.
A residência real ficou estabelecida em São Cristovão e foi de lá que o primeiro ônibus funcionou, era com tração a burros e ligava são Cristovão ao Centro em 1838. As áreas mais distantes da cidade permaneciam com características rurais e produtoras de gêneros alimentícios. Já as áreas mais próximas começavam a ser divididas em chácaras e depois em lotes de ocupação urbana.
O atual bairro de Botafogo foi ocupado pela aristocracia carioca em 1843 e no ano seguinte já dispunha de uma linha de barco a vapor ligando a região ao centro da cidade e a ponta do Caju. As classes menos favorecidas ocuparam a região do cemitério São João Batista, inaugurado em 1852. Em 1854 o centro da cidade, representado pela rua da Candelária recebe o primeiro calçamento em paralelepípedos e a iluminação a gás. Em 1862 é inaugurada a rede de esgotos e a cidade do Rio passa a estar entre as cinco únicas cidades do mundo a contar com esse serviço. Os pobres começavam a ser empurrados para os cortiços lugares da habitação coletiva, insalubres e foco de epidemias que atingem a cidade desde 1850.
Bondes e trens: A cidade cresce em direções qualitativamente distintas.
Entre 1870 e 1902 a cidade do Rio de Janeiro experimenta a expansão acelerada de seu ambiente urbano. As linhas de bonde, principalmente a partir de 1868, levam a cidade para as zonas sul e norte. O dinheiro para essa expansão veio dos cafeicultores brasileiros que compravam terrenos nas áreas em expansão e de empresas internacionais que investiam na infra estrutura urbana. Em 1871 os bondes já transportavam 3 milhões de passageiros por ano.
Com a chegada da república a área de interesse do Rio de Janeiro saí de São Cristóvão e se desloca para o centro. Em São Cristóvão permanece a estrutura ferroviária que logo recebe a aproximação de empresas que necessitam utilizar a ferrovia para ampliar seus negócios. Com isso a nova aristocracia se desloca para a zona sul da cidade e morar a beira mar passa a ser o estilo moderno de viver.
Tem destaque o prefeito Barata Ribeiro que em 1893 estabelece uma guerra contra os cortiços o mais famoso da época foi o “Cabeça de Porco” que necessitou de a atuação de polícia e do exército.
O papel dos trens.
Os trens foram responsáveis pela aceleração do desenvolvimento da cidade. Enquanto os bondes atendiam as recentes áreas urbanizadas os trens desenvolveram as localidades rurais. Em 1858 o primeiro trecho da estrada de ferro D. Pedro II foi inaugurado ligando o Centro à Queimados. Em 1870 o ramal de Cascadura é ampliado atendendo aos horários comerciais do Centro. E o subúrbio se desenvolvia ao lado dos trilhos e em volta das estações ferroviárias.
A Rio de Janeiro Northern Railway Company que se transformaria na Leopoldina Railway ligava a região da Leopoldina e Mitity (atual Duque de Caxias) em 1886. Neste mesmo período a estação da Central do Brasil atingiu a marca de 30 milhões de passageiros por ano de 1886 a 1896. Mas um número ainda abaixo dos apresentados pelos bondes que transportavam 73 milhões de passageiros por ano.
A industrialização Carioca no final do século XIX e a emergência da questão habitacional.
O início da industrialização do Rio de Janeiro no fim do século XIX e início do século XX aconteceu no Centro e ficou caracterizada pela fabricação de calçados, chapéus, confecções, bebidas e móveis. Logo a indústria mais pesada chega como gráficas, metalúrgicas e siderurgias leves e alimentação. As industrias têxteis que utilizavam máquinas a vapor para sua produção estabeleceram suas atividades em região afastadas do centro como a Companhia Progresso Industrial do Brasil em Bangu e a Companhia Tecidos de Seda Brasileira no bairro da Piedade.
Enfim o espaço capitalista a Reforma Passos
A primeira década do século XX é marcada pela entrada de grandes capitais internacionais no Rio de Janeiro e a cidade precisava se transformar para receber e manter esse capital. O prefeito Pereira Passos comanda a maior transformação que a cidade recebeu. A cidade cresce em direção a zona sul e o automóvel é o novo meio de transporte que determina uma nova divisão social no espaço urbano. O centro da cidade ainda misturava carroças, cortiços, bancos e sedes do poder em ruas com fortes características coloniais. A reforma era urgente.
Pereira Passos Ligou a lapa com o Estácio construindo ruas com 17 metros de largura. Asfaltou as ruas do Centro, Catete, Glória, Laranjeiras e Botafogo pela primeira vez e eram as primeiras ruas asfaltadas do Brasil. A reforma estabeleceu uma nova organização no Centro, provocou a primeira intervenção estatal no espaço urbano e provou que a tentativa de acabar com as contradições sociais gera sempre novas contradições. Como a ocupação de morros ainda não habitados.

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