quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Gestação da Economia Cafeeira De: Celso Furtado. (Resenha)

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História







Bruno Botelho Horta
Segundo Período







Título: Formação Econômica do Brasil
Capítulo XX – Gestação da Economia Cafeeira
De: Celso Furtado.
Matéria: Formação Econômica do Brasil
Professor: Victor







Macaé/RJ
Outubro de 2010.
Até a primeira metade do século XIX o Brasil vivia um período de estagnação onde os poucos pontos positivos, além do sistema administrativo, foram a criação de um banco nacional e a preservação da unidade do País.
O Brasil estagnado precisava expandir o seu comércio internacional. Para incrementar a economia o Brasil contraiu empréstimos no exterior que não surtiram efeito. Certamente pela grande burocracia e corrupção do Estado brasileiro, portanto as condições internas somente pioraram.
O comércio de açúcar e algodão estava decadente e o fumo, arroz, cacau e couro não eram grandes o suficiente para mover a economia brasileira. O Brasil precisava de uma cultura fundamentada no uso do solo, pois sua grande extensão territorial associada com terras improdutivas, praticamente empurrava o País para este tipo de solução comercial.
O café surge como força de uma nova produção no final do século XIX quando o Haiti sofre uma desorganização interna¹. O Produto que já era cultivado no Brasil desde o século XVIII, sobe de preço e se estabelece como principal produto de exportação. O custo de produção era menor do que a produção de açúcar, primeiro porque utilizava a mesma mão de obra escrava, mas a cultura é permanente e o equipamento utilizado era produzido localmente.
Um fator importante da expansão cafeeira foi a proximidade da capital, com a cultura concentrada nas regiões serranas de São Paulo, Rio de Janeiro e principalmente em Minas Gerais. Os produtores passam a ter uma relação política com a capital e não somente comercial. Este fato esclarece porque políticos ligados a produção de açúcar nunca se destacaram no cenário nacional.

1 – O Haiti conquistou sua independência em 1804. Logo depois do sucesso do movimento abolicionista de 1793. Transformando-se na primeira nação do mundo formada por apenas ex escravos. Depois das lutas contra o governo de Napoleão e de pagar uma quantia altíssima pela independência 150 milhões de francos. A terra foi loteada e os brancos e seus descendentes impedidos de tomar posse dela. Esse loteamento desorganizou a estrutura produtiva do Haiti. (Texto adaptada de reportagem de Ricardo Allan no Correio Brasiliense em 17/01/2010)


- O PROBLEMA DA MÃO DE OBRA
- OFERTA INTERNA POTENCIAL.

No censo de 1872 foi constatado que o Brasil tinha aproximadamente 1,5 milhões de escravos. Quantidade muito reduzida, comparando-a, por exemplo, com os EUA que alcançava os 4 milhões. Que no momento do fechamento do tráfico negreiro tinha números muito próximos do Brasil, indicando que no Brasil as condições de vida eram muito ruins.
Existia uma mão de obra não capitalizada na roça, trabalhando por subsistência nas grandes terras dos senhores fazendeiros e uma massa sem ocupação fixa nos centros urbanos. Mas o governo nunca pensou em uma campanha para aglutinar esses trabalhadores.


A IMIGRAÇÃO EUROPÉIA

O grande fluxo migratório de europeus para os EUA mostrava ao Brasil qual seria a saída para a escassez de mão de obra. De início com a subvenção do governo imperial algumas colônias de imigrantes se estabeleceram no sul do País. Mesmo com o grande vulto de dinheiro empregado nestas colônias elas minguavam quando a ajuda deixava de existir. Tanto que devido as más condições destas colônias a Alemanha proibiu a migração para o Brasil neste período.
Um pouco antes, em 1852, o senador Vergueiro, plantador de café, com ajuda governamental, transferiu para Limeira – SP. Oitenta famílias alemãs. Iniciando um processo copiado por outros fazendeiros. Que contando com o suporte do governo para o transporte e com a hipoteca de mão de obra do colono recém chegado, ficava com todas as vantagens.
Em 1870 o problema é equacionado com o governo brasileiro cobrindo as despesas com transporte e o fazendeiro garantindo o primeiro ano do colono e disponibilizando terras para que o mesmo tenha seu cultivo de subsistência. A partir de então um grande fluxo migratório se inicia da Europa para o Brasil, principalmente partindo da Itália.


TRANSUMÂNCIA AMAZÔNICA

No final do século XIX e início do século XX um movimento de migração do nordeste para a Amazônia registrou números significativos. Com uma pequena representatividade na extração do cacau a região amazônica começou a se destacar a partir da elevação do preço da borracha no mercado internacional. Existia um potencial muito grande para aumentar a extração na região, mas a falta de mão de obra, exatamente como no café, se tornou um grande empecilho para o aumento da produtividade. O aumento da produtividade inicial sem a melhora das técnicas de extração indica a expansão da mão de obra no local. Mesmo sem registros oficiais e estatísticos importantes ficou verificado que esta mão de obra se originou do nordeste e que aconteceu, também, pela saturação do mercado do sul pela mão de obra européia.
A situação da mão de obra nordestina na borracha era muito diferente da mão de obra européia no café. O nordestino já chegava endividado, comprava o produto para sua subsistência das mãos de seus empregadores, vivia no isolamento e em condições insalubres, se reproduzia pouco e morria cedo. Mais uma vez o Brasil dava privilégios ao produto, neste caso mão de obra, estrangeiros do que ao nacional.


ELIMINAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO

Para a sociedade e o empresário habituados ao trabalho servil a abolição da escravatura se configura como uma “Hecatombe Social”. Alguns alarmistas falavam em uma liquidação imediata de um grande patrimônio, já outros falavam em aumento do capital circulante no nordeste. A maior dificuldade para os libertos era que a terra já possuía donos e sobreviver se configurava uma difícil missão. Na região cafeeira os salários eram relativamente altos, mas de forma geral o Brasil não observou uma mudança da distribuição de renda.

NIVEL DE RENDA E RITMO DE CRESCIMENTO NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

Em números absolutos houve um crescimento nos últimos 50 anos do século XIX, as exportações aumentaram e os preços dos importados caíram.
Mas esse desenvolvimento atingiu o Brasil de forma desigual, os cultivos de açúcar e algodão do nordeste não tiveram números favoráveis como no restante do país.
A distribuição desta renda pode ser classificada em três faixas dentro do Brasil.
No nordeste, excluída a Bahia, a renda diminui devido as baixas do algodão e do açúcar. NO sul observa-se um aumento devido a adequação de produção da região para abastecer o mercado interno com seus produtos. No sudeste a exportação do café eleva consideravelmente a renda da região. Definindo assim contornos econômicos que podemos observar ainda nos dias de hoje, mês que de forma mais sutil.

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