quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

História da Nicarágua por: Aimee Leal.

História da Nicarágua por: Aimee Leal.

https://www.facebook.com/profile.php?id=1414722735

A descoberta da Nicarágua ocorreu em 1502, na quarta viagem de Colombo ao continente americano. De 1520 a 1524 se iniciou a colonização espanhola, o país esteve dominado por anos pela Espanha. A origem do nome é incerta, já que o país não conta com um registro indígena, assim basta recorrer às crônicas dos primeiros espanhóis. Nessas crônicas falavam sobre o povo náhuatl que vivia entre o grande lago (chamado de Nicarágua posteriormente) e o Oceano Pacífico; a esta terra eles davam o nome de nic–atl-nahauc que significa "aqui junto à água", palavra que foi castelhanizada e se tornou o atual termo de Nicarágua. Outros estudiosos, entretanto, acreditam que a palavra evoluiu da expressão Nican-nahuan, que por sua vez quer dizer "aqui estão os nahuan" (outro povo que habitava a região).
Durante anos a Nicarágua lutou para se tornar independente da Espanha, mas somente em 1821 foi possível a tão desejada independência espanhola, porém passando a pertencer ao México e depois à Federação da América Central , até que em 1838 se torna totalmente independente. Com a saída dos espanhóis, os britânicos e os norte-americanos mostraram grande interesse no país, pois pretendiam abrir um canal de comunicação entre o Pacifico e o Atlântico. A implantação desse canal fez com que os EUA criassem um sistema de barcos e veículos terrestres que passaria de um oceano a outro.
Durante esse período ocorreram vários conflitos, dentre eles uma luta entre os liberais de Léon e os conservadores de Granada, o que permitiu, em 1855, que a presidência fosse exercida pelo norte-americano William Walker, como uma tentativa de diminuir a luta entre os liberais e os conservadores. Foi assinado, em 1857, um compromisso pelo qual a cidade de Manágua passaria ser a capital da Nicarágua. Foi também em 1857 que William Walker foi deposto do poder, sua expulsão contribuindo para que o país assinasse o contrato de paz com a Grã Bretanha e reconhecesse o Reino de Mosquito .
Entre 1893 e 1909 o país esteve sobre o domínio do liberal José Santos Zelaya, um ditador que aumentou a autoridade nicaraguense sobre o Reino de Mosquito. Porém com a dificuldade de pagarem suas próprias dividas e com a pressão dos EUA e da Grã-Bretanha, os EUA tiveram de intervir e apoiaram a revolução de Zelaya em 1907, tendo assim os americanos passado a controlar as alfândegas, o banco central e as ferrovias do país.
Após a saída de Zelaya, Adolfo Díaz assume a presidência em 1911. Díaz permitiu que os EUA enviassem tropas para a Nicarágua a fim de estabilizarem os conflitos entre os liberais e conservadores; assim, foram mandados “marines” norte-americanos para o território Nicaraguense. Mais tarde Díaz foi substituído por Emiliano Chamorro.
Emiliano Chamorro se tornou presidente da Assembléia Constituinte e líder do Partido Conservador em 1909. Depois de contribuir para a derrota de Adolfo Díaz, se tornou Ministro plenipotenciário dos EUA. No poder, assinou em 1914 o Tratado de Bryan-Chamorro, pelo qual a Nicarágua concederia o direito exclusivo dos EUA nas terras e instalações necessárias para a construção de um canal inter-oceânico, tendo como rota o rio San Juan e o Lago Nicarágua. Permitiram que construíssem uma base naval no Golfo de Fonseca no Pacifico. Emiliano Chamorro se manteve no poder entre 1917 a 1921, quando deixou de ser ministro plenipotenciário dos EUA. Tentou se reeleger em 1923, mas foi derrotado por Carlos José Solórzano. Em 1926 após um golpe de estado em Solórzano, assumiu a presidência, mas pela pressão estadunidense foi obrigado a renuncia a favor de Adolfo Díaz que fica no poder até 1929.
José Maria Moncada se torna presidente da Nicarágua em 1929, e no seu governo teve de enfrentar a crise econômica de 1929 no país, a revolta de Sandino, e ceder às pressões estrangeiras. Moncada tinha o apoio total do Congresso, que tinha uma maioria liberal, e realizou algumas reformas econômicas e políticas destinadas a diminuir os efeitos da crise, embora houvesse interesses americanos na área.
Essa crise econômica em 1929 ficou conhecida como a grande depressão. Vários motivos levaram à crise, como superprodução agrícola, diminuição do consumo, livre mercado e a quebra da bolsa de Nova York. A quebra da bolsa trouxe medo, desemprego e falência. Milionários descobriram, de uma hora para outra, que não tinham mais nada e por causa disso alguns se suicidaram. O número de mendigos aumentou. A quebra da bolsa afetou o mundo inteiro, pois a economia norte-americana era a alavanca do capitalismo mundial.
Em 1933 Juan Batista Sacasa assume o poder, com Anastásio Somoza, ex-embaixador nos EUA, tornando-se comandante da Guarda Nacional Nicaraguense e garantidor de seu governo. Sacasa negocia com Sandino, um líder rebelde, o fim da rebelião contra o novo governo, em troca de terra e anistia aos seus seguidores. Sandino pediu para que se desmobilizasse a Guarda Nacional e se estabelecesse outra instituição de segurança, pois acreditava que o líder da Guarda Nacional a comandava para atingir os seus próprios desígnios.
Augusto César Sandino, um grande líder revolucionário na Nicarágua, lutava contra o domínio dos EUA no país. Sandino lutou contra os fuzileiros navais, e assim iniciou uma guerra civil entre liberais e conservadores. Negou-se a assinar um pacto negociado com os EUA, mas outros generais liberais concordaram em encerrar a guerra civil, estabelecer uma nova Guarda Nacional e realizar eleições presidenciais supervisionadas pelos EUA. As tropas de Sandino eram compostas, em sua maioria, por campesinos. Os seus seguidores admiravam sua força de caráter, humildade, honestidade e o desdém pelo ouro corrupto e bens materiais. Sandino conseguiu convencer Sacasa a permanecer com uma pequena força auxiliar e se estabelecer com os simpatizantes nos departamentos ao norte do país. Foi em um desses encontros que Sandino foi enganado e traído por Somoza, sendo assassinado no dia 21 de fevereiro de 1934.
Somoza obrigou Sacasa a renunciar ao poder em 1936 com um golpe de estado e assim assumiu a presidência com grande facilidade. Em seu mandato fez uma nova constituição, em 1939, que visava a uma reforma social e continha um forte apelo ao nacionalismo. Em 1942 Somoza tornou a luta contra o fascismo uma ideologia política, mesmo tendo Mussolini e Roosevelt como seus heróis pessoais. Iniciou também a adoção de políticas para fortalecer o Estado e sua força policial, a Guarda Nacional, e em 1940 ganhou o apoio do Partido Comunista da Nicarágua. Governou ditatorialmente até ser assassinado em 21 de Setembro de 1956 com um tiro no peito, desferido pelo poeta Rigoberto López Pérez.
A ditadura do clã Somoza continuou por quarenta anos, sob o comando dos seus filhos Luis Somoza e Anastasio Somoza Debayle.
Com a permanência do regime ditatorial e de sustentação dos próprios interesses familiares dos Somoza, foram crescendo movimentos de oposição ao regime; desses movimentos, destacou-se como o mais organizado, a Frente Sandinistas de Libertação Nacional (FSLN), fundada por Carlos Fonseca, líder estudantil de 22 anos e membro do Partido Comunista da Nicarágua.
Carlos Fonseca foi influenciado pela Revolução Cubana , que inspirou vários grupos estudantis radicais na Nicarágua entre 1959 e 1960, a Juventude Democrática Nicaraguense e a Juventude Patriótica Nicaraguense. A semelhança entre eles eram as demonstrações públicas de solidariedade a Cuba e contra o governo de Somoza. Também uniram-se a uma expedição militar contra Somoza organizada em Honduras, a Brigada Rigoberto López Pérez. Essa Brigada tinha o apoio e o treinamento dos cubanos. A brigada Rigoberto Lopéz Pérez não tinha experiência e nem disciplina militar, sendo os seus membros politicamente heterogêneos. Não chegaram a pisar na Nicarágua, pois o exercito de Honduras e a Guarda Nacional nicaraguense cercaram os rebeldes e mataram nove revoltosos, capturando o restante.
Em 1963 um novo presidente é eleito, René Schick Gutiérrez, com o apoio de Luis Somoza e seu irmão Anastasio, que era o chefe da Guarda Nacional. Durante sua administração, a Nicarágua foi parceira dos EUA na iniciativa de abafar movimentos revolucionários na América Central e no Caribe. Schick mandou tropas para ajudar os EUA em 1965, contra a República Dominicana.
Em 1964, Carlos Fonseca foi preso pela oitava vez em Manágua e levado a julgamento. Os estudantes reagiram a essa notícia e organizaram protestos e greves, chamando a atenção do público para o julgamento. Essa campanha serviu para que Fonseca não fosse maltratado na prisão e fosse solto depois de seis meses.
Depois de dois anos do julgamento, a FSLN praticamente deixou de existir, parecendo que os jovens sandinistas haviam desistido da revolução após a derrota da guerrilha. Cerca de vinte membros da FSLN continuaram se encontrando secretamente, tendo o restante abandonado as atividades clandestinas e passado a participar de pequenas atividades legais. Os líderes e fundadores mais conhecidos, como Silvio Mayorga, Tomás Borge e Carlos Reyna, passaram a atuar como membros de uma coalização legal orientada para a reforma social, chamada Mobilização Republicana (MR), em que a voz política mais forte era a do partido comunista.
Em 1966 os sandinistas trilharam um caminho mais radical e novamente a inspiração ideológica veio de Cuba. A FSLN enviou à Conferência Tricontinental em Havana, uma delegação pedindo apoio por parte da liderança cubana para reunir as forças revolucionárias de todo o continente americano a fim de barrar as políticas eleitorais conservadoras de partidos comunistas ortodoxos.
Uma campanha renovada de guerrilhas foi lançada em 1967 por Carlos Fonseca, na região de Pancasán. Os guerrilheiros estavam mais preparados, porém a campanha de Pancasán terminou como a dos rios Coco e Bocay: mais de dez guerrilheiros foram mortos, incluindo o fundador da FSLN, Silvio Mayorga. A FSLN não desistiu mesmo depois da derrota e abriu uma ofensiva política e militar, praticando ações armadas como assaltos a bancos e promovendo execuções de odiados membros da Guarda Nacional. Durante esse período, a FSLN ganhou reputação de um grupo disposto a arriscar tudo para derrubar Somoza.
As atividades legais da FSLN durante esse período estiveram exclusivamente destinadas às universidades e ao seu trabalho na FER (Frente Estudantil Revolucionária). Deixaram de lado a guerra de guerrilhas nas montanhas; os recursos humanos e financeiros da organização passaram a ser destinados sigilosamente ao desenvolvimento do movimento nas cidades. No fim dos anos 1960, a política da FSLN era proteger a vida e os direitos humanos de seus integrantes presos. Implantou–se assim uma cultura de prisão e clandestinidade na Nicarágua; os espaços físicos eram esconderijos e celas de prisão. Em julho de 1969, a Guarda Nacional encontrou esses esconderijos em um bairro de Manágua, e enviou mais de cem homens e tanques para lá. O ataque foi transmitido ao vivo pela televisão, deixando vários mortos.
Dez anos depois de Cuba ter inspirado a fundação FSLN, os estudantes revolucionários ainda não tinham um programa escrito, nem tarefas para aplicar em novos recrutas. Fonseca, que ainda vivia na clandestinidade na Nicarágua, tenta explicar que só a FSLN poderia liderar a Nicarágua. Assim, depois de apresentar várias propostas, foi divulgado em 1970 o “Programa Sandinista”, que ficou também conhecido como “Programa Histórico”. Esse programa convocava o povo nicaraguense a uma mobilização geral para as tarefas da revolução. O principal objetivo do programa era a derrubada da ditadura e uma reforma agrária radical; também prometia um governo revolucionário para garantir os direitos democráticos, tirando propriedades da família Somoza e seus cúmplices, e nacionalizando os bancos, o comércio exterior e os recursos naturais.
Em 1969, o assassinato de Julio Buitrago foi um duro golpe para o movimento sandinista no país, deixando acéfala a ala urbana da organização que deveria ser reorganizada. Fonseca deixa o país, com o objetivo de liderar uma nova guerrilha nas montanhas, porém ficou quase sete anos fora da Nicarágua. Fonseca foi descoberto pela policia da Costa Rica e preso no final de 1969. Tentou fugir várias vezes da prisão e, numa dessas tentativas, sua mulher entrou com uma pistola em baixo da saia durante uma visita íntima, mas foi descoberta. Isso só vez com que sua sentença se alongasse. Em 1970, a FSLN sequestrou um avião fazendo dois executivos americanos como reféns e os trocaram por Carlos Fonseca e dois sandinistas presos na Costa Rica. Fonseca passou cinco anos exilado em Havana.
Com as discussões em Havana e a colaboração de Cuba, foi fechado um acordo com os principais temas dos escritos de Sandino, feitos por Fonseca, e a aceitação do papel da FSLN e da sociedade nicaraguense.
A FSLN se separou em três subgrupos: A Guerra Popular Prolongada (GPP), a Tendência Proletária (TP), e a Tendência Insurrecional (TI); essa divisão durou até a revolução de 1979. Um dos motivos para essa divisão foram os fenômenos continentais e globais, que causaram rupturas em organizações esquerdistas por toda a América Latina.
A Tendência Guerra Popular Prolongada era a única que tinha liderança na Nicarágua. Essa organização estava preparada para executar recrutamentos e promover longos trabalhos de aperfeiçoamento militar dos guerrilheiros para os campos de batalha. Realizavam um trabalho político com estudantes e intelectuais e influenciaram a Frente Estudantil Revolucionária durante 1970. Era liderada por Ricardo Morales, um professor de matemática que lutava para manter uma presença nas áreas urbanas e ajudavam a fazer contato entre a FSLN e os grupos de cristãos radicais que começavam a se formar em 1970.
A Tendência Proletária era liderada por Jaime Wheelock, e não aceitava as guerrilhas rurais, enfatizavam uma política legalizada aos trabalhadores rurais e urbanos. Eram ativos no movimento estudantil.
A Tendência Insurrecional era liderada por Humberto Ortega, e eram também conhecidos como terceiristas. Queriam ações militares nos campos e em alvos selecionados nas cidades, sendo a favor das alianças com forças burguesas.
Ainda em 1970, na Nicarágua, as divisões de classe ficavam mais evidentes e a única redistribuição de renda que resultara de três décadas havia sido direcionada para a classe mais alta, os mais ricos. Metade da população nicaraguense não sabia ler e escrever e tinham a menor expectativa de vida da América Central, além do índice de natalidade mais elevado da América Latina.
Diante de tantas mudanças, em 1972 aconteceu um grande terremoto, que devastou toda a cidade de Manágua, matando mais de dez mil pessoas. A ajuda para a reconstrução de Manágua foi entregue a empresas de propriedade de Somoza ou roubadas. A capital nunca mais foi reconstruída. Os trabalhadores perceberam que a ajuda para a reconstrução não estava chegando ao destino desejado. Foi então que os jovens líderes da FSLN resolveram organizar uma greve de solidariedade de um mês com operários da construção civil e ajudar as famílias desabrigadas pelo terremoto, dentre outras ações.
Depois da grande catástrofe, foi realizado, em 1974, um ataque com quinze guerrilheiros da FSLN à casa de um importante empresário somozista e ex-ministro da agricultura. A FSLN conseguiu obter sucesso em algumas de suas exigências, como liberdade aos prisioneiros sandinistas presos, o pagamento do resgate de 1 milhão de dólares e a transmissão de dois manifestos por rádio e televisão, além de passagens seguras para Cuba. Esse ataque bem-sucedido ficou conhecido como “Rompendo o Silêncio”, pois permitiu que o movimento reaparecesse depois de anos no anonimato.
Durante 1976 e 1977, a Guarda nacional manteve as forças guerrilheiras em fuga, isoladas nas montanhas. A maciça ofensiva contra-revolucionária lançou bombas e napalm, queimou lavouras e residências, foi responsável por desaparecimentos, estupros e prisões em campos de concentração. A violência da Guarda Nacional gerou revolta, surgindo assim novos militantes, o que aumentou as atividades anti-somozistas da FSLN.
Em 1978, o ritmo dos acontecimentos aumentou rapidamente devido à repressão promovida por Somoza. Após a morte de Pedro Joaquim Chamorro , o oposicionista mais famoso do país, houve uma onda de protestos por parte de grupos de empresários da oposição, que organizaram uma greve nacional que intentava durar até que Somoza decidisse renunciar. Porém o movimento só durou duas semanas. A revolta tornou-se generalizada e a repressão do governo endureceu, vindo a reprimir com extrema violência a população civil. Esse movimento ganhou o apoio da FSLN e os protestos começaram a chegar de países estrangeiros para pressionar o regime de Somoza a buscar uma solução negociada para o conflito.
Numa ação ousada ocorrida em 1978, a FSLN mandou cerca de vinte guerrilheiros disfarçados de policiais para a Guarda Nacional. Dominaram o Palácio Nacional em Manágua e mantiveram 3.500 políticos e empresários reféns até que Somoza liberasse 59 membros da FSLN da prisão. Milhares de pessoas aplaudiram a FSLN nas ruas e o acontecimento foi difundido em todos os veículos de mídia. Essa operação bem sucedida chamou a atenção do público sobre a figura do comandante da operação, Éden Pastora, conhecido como Comandante Zero, e de sua vice-comandante, Dora Maria Téllez.
Finalmente depois de tantas lutas e rebeliões contra a ditadura de Somoza, a FSLN consegue assumir o poder e a mudar o país em 1979. A nova ordem revolucionária revogou a constituição, dissolveu o Congresso e substituiu a Guarda Nacional pelo Exército Popular Sandinista. Nacionalizou-se grande parte das indústrias e realizou-se uma reforma agrária. A gestão sandinista realizou intenso esforço nas áreas de educação e saúde, mas os conflitos da década de 1980 atrasaram outras conquistas sociais.
A política internacional sandinista caracterizou-se pelo estreitamento das relações com os países do bloco comunista o que levou à suspensão, em 1981, da ajuda econômica dos EUA à Nicarágua. Quanto à política interna, o governo sandinista teve que enfrentar os "contras", grupo formado por antigos membros da Guarda Nacional com base em Honduras e apoiados pelos EUA, além de forte oposição da alta hierarquia da Igreja Católica.
Em 1984 foram realizadas eleições para presidente e para uma Assembléia Constituinte. O líder da FSLN Daniel Ortega Saavedra vence o pleito e assume a presidência. Seu governo foi caracterizado por uma controvertida política de reforma agrária e distribuição de riquezas. A FSLN também conseguiu obter a maioria das cadeiras na Assembléia Constituinte.
Foi promulgada, em 1987, uma nova Constituição pela qual a Nicarágua passava a ser uma república presidencialista unicameral, com uma assembléia nacional de 92 membros eleitos por voto direto para mandatos de seis anos. A Constituição também consagrou os princípios de pluralismo político e economia mista, reconhecendo os direitos sócio-econômicos da população. Administrativamente, o país se dividiu em 16 departamentos. Prosseguiam na luta aos “contras” e os atritos com os Estados Unidos, que os esforços do chamado Grupo de Contadora (México, Venezuela, Panamá e Colômbia) não conseguiram extinguir. Em 1987 e 1988 firmaram em Esquipulas, na Guatemala, acordos para o desenvolvimento de um plano destinado a desarmar e repatriar os "contras" baseados em Honduras. Em 1988, governo e "contras" iniciaram negociações para um cessar-fogo, que foi uma suspensão temporária das hostilidades durante um conflito armado.
Depois de liberar quase dois mil ex-membros da Guarda Nacional, Ortega assinou, em 1988, uma lei de reforma eleitoral, pela qual as eleições seriam amplas e livres.
Em 1990 foi criada uma lei de imprensa que garantia a participação maior dos oposicionistas nos meios de comunicação. Para supervisionar as eleições, foi também criado o Supremo Conselho Eleitoral, com três membros sandinistas e três da oposição. Nas eleições os sandinistas perderam para o grupo de coalizão anti-sandinista liderado por Violeta Barrios de Chamorro, da União Nacional Opositora (UNO), viúva do líder Pedro Chamorro jornalista e político conservador, assassinado em 1978. Ao assumir o poder, Violeta Chamorro manteve Humberto Ortega no comando militar. Com a ajuda internacional, Chamorro pode governar a Nicarágua de forma conciliadora, conseguiu vitória contra a pressão direitista para a devolução das terras confiscadas pelos sandinistas aos seus donos originais.
A Chamorro, sucedeu o líder do Partido Liberal Constitucionalista (PLC), Arnoldo Alemán, que ganhou as eleições de 1996. O novo presidente, ligado a Somoza na sua juventude, representou o acesso ao poder do grande capital e teve que se aliar a Ortega para alcançar a maioria dos votos para governar; mas foram relações turbulentas. Alemán escolheu Enrique Bolaño para sucedê-lo o poder, pois queria um candidato que fosse fácil de manipular e que possibilitasse que ele pudesse continuar governando por trás dos panos. Bolaños foi considerado fraco por todo o país, principalmente por não ter conseguido frear a corrupção descontrolada iniciada no governo de Alemán. Diante disso Bolaños denunciou a corrupção na presidência, se afastando de Alemán, mesmo não o atacando publicamente. Acusou Daniel Ortega de destruir a economia do país durante a década de 1980 e criticou seus laços estreitos com Fidel Castro, Hugo Chávez e Muammar AL-Gaddafi. Bolaños tentou trabalhar em estreita colaboração com o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, na tentativa de reduzir a divida interna da Nicarágua por meio da cooperação com os Programas de Ajuste Estrututal. Ele também crio o Plano Nacional de Desenvolvimento destinado a reduzir e diversificar, a longo prazo, as atividades econômicas da Nicarágua, tradicionalmente dominadas pela agricultura. Em 2006 entregou a presidência para seu antigo adversário político, Daniel Ortega. Desde que voltou ao poder em 2006, Ortega buscou estreitar os laços com o Irã, Rússia e os Estados integrados à ALBA , especialmente a Venezuela.
A nova candidatura de Daniel Ortega causou controvérsia na Nicarágua. A oposição anunciava que as pretensões políticas do presidente eram ilegais porque a Constituição do país proíbe mandatos consecutivos para pessoas que já ocuparam o poder anteriormente. Porém, a Justiça nicaraguense autorizou a entrada do presidente na corrida eleitoral. Daniel Ortega está no poder até os dias atuais.
Atualmente a Nicarágua recebe muitos turistas. O país possui atrações históricas como o Museu Internacional Augusto César Sandino, onde se encontram documentos relativos à história do país a partir de sua independência. O principal aeroporto do país, na capital Manágua, tem o nome de Augusto César Sandino, homenagem ao grande líder revolucionário. Os turistas que vão à Nicarágua podem visitar as principais cidades do país como Manágua, Granada, León, Masaya, entre outras, também visitar as praias, tanto do litoral Atlântico como do Pacífico.
Devido à influência de imigrantes e turistas, é frequente encontrar as especialidades gastronômicas de diversas regiões da Nicarágua. Os alimentos mais comuns incluem arroz, banana, feijão, couve e variedades de queijos. Existe uma tradição local de fabricação de queijos e não é incomum encontrar queijo frito como um prato lateral de muitos dos pratos mais populares, como medalhões de banana frita e "Gallopinto", um arroz tradicional da região e um prato de feijão.
A maioria da população da Nicarágua ou é mestiça (69%) ou branca (17%), com a maioria tendo ascendência espanhola, mas havendo também os de origem alemã, italiana, inglesa ou francesa. Mestiços e brancos residem principalmente na região ocidental do país. Cerca de 9% da população da Nicarágua são de etnia negra. A população negra é na sua maioria composta de negros descendentes de escravos fugidos ou náufragos. Muitos levam o nome de colonos escoceses que trouxeram escravos com eles, como Campbell, Gordon, Downs e Hodgeson.
A cultura da Nicarágua é o resultado da mistura da cultura indígena da América Central e da cultura hispânica. A Nicarágua é um país com grande numero de festivais e tradições da Igreja Católica, religião predominante no país: os santos são homenageados nessas festas. A música, a arte e a literatura são fontes de muita riqueza no país.
Na saúde a Nicarágua continua a sofrer com poucos recursos, uma gestão pouco eficiente e serviços deficientes. Os mais pobres têm apenas metade do acesso aos médicos de que os não pobres usufruem. Um terço das mulheres extremamente pobres não recebe cuidados pré-natais e metade dá à luz sem apoio dos meios institucionais. Os planos das autoridades nicaraguenses de extensão da cobertura dos cuidados de saúde primários dirigem-se às mulheres, aos adolescentes e às crianças. É dada especial atenção à prestação de serviços em zonas remotas, em especial na Costa Atlântica e no Rio San Juan.
No esporte, o beisebol é o mais popular na Nicarágua. Há cinco times que competem entre si: Indios del Boer (Manágua), Chinandega, Tiburones (Tubarões), de Leon, Granada e Masaya. O país teve a sua cota de jogadores da United States Major League of Baseball, sendo que o mais notável é o pitcher Dennis Martínez, o primeiro jogador de beisebol da Nicarágua a jogar na Major League. O boxe é o segundo esporte mais popular na Nicarágua. O país teve vários campeões mundiais em diferentes categorias de peso, reconhecidos pelos principais organismos do boxe como a AMB, o CMB, a OMB e a FIB. O boxeador nicaraguense mais famoso da história é Alexis Argüello, três vezes Campeão do Mundo em diferentes categorias, sendo reconhecido como uma Lenda do Boxe Latino americano e Mundial e apontado como o 20º maior da história. Ricardo Mayorga é outro boxeador de renome, dentre outros. Recentemente, o futebol ganhou popularidade, especialmente com a população mais jovem. O Estádio Nacional Dennis Martínez tem servido como um local para beisebol e futebol.
A economia nicaraguense é agrícola. Os depósitos de material vulcânico enriqueceram o solo, o que torna o país extremamente fértil. Quase a metade do território está coberta por selva. Além disso, o país conta com depósitos de ouro, prata, sal e cobre. Os principais produtos comerciais agrícolas são: café, algodão e banana, cana de açúcar, milho, frutas (laranja, banana e abacaxi), arroz, mandioca, sorgo e feijão. Nicarágua é um dos primeiros países da América Central em criação de gado: em 2003 o país contava com 3,50 milhões de cabeças de gado bovino, 4.350 de ovinos, 405.000 de suínos e 6.800 de caprinos .
Na educação, Manágua é o seu centro nacional, com a maioria das universidades de prestígio da nação com base lá. O sistema da Nicarágua em ensino superior é composto por 48 universidades e 113 faculdades, institutos profissionais e técnicos que servem os alunos nas áreas de eletrônica, sistemas de computação e ciências, e construção e comércio relacionados com serviços.
Outra cidade importante da Nicarágua é León, uma cidade da costa oeste com sua população estimada em 163.000 habitantes. O nome completo da cidade, desde a época colonial, é León Santiago de los Caballeros, porém, este nome é raramente utilizado. É cortada pelo rio León e está localizada a 70 km de Manágua e 15 km da costa do oceano Pacífico. León é considerada o centro intelectual da Nicarágua, com uma universidade fundada em 1813. León é também um importante centro industrial e comercial da Nicarágua. León possui exemplos muito interessantes da arquitetura colonial espanhola, como a grande catedral de San Pedro.
Atualmente a Nicarágua vem crescendo gradualmente; ainda é o país mais pobre da América Central, porém o presidente Daniel Ortega já começou a adotar medidas para mudar esse quadro. Uma delas foi a diminuição do analfabetismo no país, o que já foi um marco histórico para a Nicarágua que nunca alcançou um número tão baixo de analfabetismo desde a sua independência.
Em diversas entrevistas, tanto Ortega como a população em geral demonstram estarem confiantes no desenvolvimento da Nicarágua. Ortega, por exemplo, ao conseguir diminuir a taxa de analfabetismo no país disse:
Este é um fato realmente histórico, porque nunca ao longo de nossa história, desde o ano de 1821 (ano da independência do país), até o momento, a Nicarágua tinha conseguido alcançar um índice tão baixo de analfabetismo.
Porém o analfabetismo não é o único problema grave da Nicarágua: há também o nível de pobreza do país, onde 48% da população vive abaixo do limiar da pobreza e 17% na miséria extrema. Grande parte dessa população vive em zonas rurais e na região central do país. Os motivos dessa taxa de miséria são a desnutrição, a grande taxa de fertilidade e níveis elevados de mortalidade infantil. Com o crescimento do país a miséria tem aumentado cada vez mais.
Diante disso, Ortega, ao se reeleger, prometeu lutar contra a pobreza no país:
Nesta tarde histórica, retornamos ao governo depois de 16 longos anos na oposição, com a disposição de lutar contra a pobreza e a fome.
A Nicarágua se divide administrativamente em 15 Departamentos (Boaco, Carazo, Chinandega, Chontales, Esteli, Granada, Jinotega, Leon, Madriz, Managua, Masaya, Matagalpa, Nueva Segovia, Rio San Juan, Rivas) e duas regiões autônomas (Atlântico Norte e Atlântico Sul).
Politicamente, o Estado se erige sobre três poderes, assim distribuídos estruturados:
Poder Executivo: O presidente e o vice presidente são eleitos pelo voto popular para mandato de cinco anos. O gabinete é formado pelos seguintes Ministérios: das Relações Exteriores; do Governo; da Defesa; da Educação; da Família; do Ambiente e Recursos Naturais; Agropecuário e Florestal; do Trabalho; do Fomento, Indústria e Comércio; da Fazenda e Crédito Público; da Saúde; do Transporte e Infra-estrutura.
Poder Legislativo: Assembléia Nacional (unicameral), com 92 membros eleitos por representação proporcional para mandato de cinco anos. Os principais partidos são a Coalizão Aliança Liberal (AL) e a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).
Poder Judiciário: Corte Suprema com 16 juízes eleitos pela Assembléia Nacional para mandato de cinco anos.
Ao longo da história a Nicarágua teve que lutar muito para conseguir alcançar os seus objetivos, todos no país se unem para tentar coloca-lo no rumo do desenvolvimento e da solução de seus problemas sociais.
. Ortega teve uma boa aceitação nas eleições de 6 de novembro de 2011, na qual se reelegeu. Porém vários países desconfiam que tenha havido fraude nas eleições. Em seu discurso de posse, prometeu lutar contra a corrupção e reduzir os altos salários dos funcionários públicos. Garantiu também a não privatização do serviço de água potável, nem das empresas hidrelétricas em poder do Estado e que, com o apoio de Hugo Chávez, resolverá o problema da crise energética do país.
Ortega propôs também um referendo sobre uma cobrança de reparações de guerra aos Estados Unidos, no valor de US$ 17 bilhões, pelo apoio americano aos grupos Contras, durante o conflito civil no país nos anos 1980. Os EUA, porém, se recusaram a aceitar o acordo, alegando que o problema teria sido democraticamente resolvido no governo de Violeta Chamorro, quando ela perdoou os EUA com o objetivo de melhorar a relação entre os países. Ainda assim Ortega continua afirmando que os EUA têm uma divida com o país:
Essa é uma dívida que os Estados Unidos têm com a Nicarágua e estou certo de que chegará o dia em que a pagarão.
Já para Fidel Castro, a vitória de Daniel Ortega para a Presidência da Nicarágua foi "humilhante" e o fato das eleições terem sido realizadas no "estilo tradicional e burguês" ressalta o triunfo.
As eleições na Nicarágua foram ao estilo tradicional e burguês, que nada tem de justo ou equitativo, já que os setores oligárquicos, de caráter antinacional e pró-imperialista dispõem do monopólio dos recursos econômicos e publicitários. Conheço bem Ortega, nunca adotou posições extremistas e foi sempre invariavelmente fiel a princípios básicos.
O resultado das eleições, na qual Ortega venceu com 62% dos votos, gerou protestos na Nicarágua e em outros países, também provocou a morte de quatro pessoas, sendo que três eram da mesma família e identificados como opositores ao governista Partido Sandinista de Libertação Nacional. Além disso, 46 policiais ficaram feridos em um confronto entre partidários e opositores do presidente eleito. Os apoiadores do candidato Fabio Gadea, do Partido Liberal Independente (PLI) não reconhecem o resultado das urnas e acusam o governo de ter usado de fraude.
Enquanto muitos estão insatisfeitos, Ortega já começa investir em novos programas para o país. Um deles seria em parceria com o Brasil, que vai construir uma hidrelétrica de US$ 1 bilhão na Nicarágua, em um projeto que envolve a Eletrobrás, a empreiteira Queiroz Galvão e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Acredita-se que a hidrelétrica ajudaria a Nicarágua a garantir estrutura para indústrias brasileiras que quiserem se instalar no país. Em troca, seria possível aos empresários usufruir do tratado de livre comércio que o país tem com os Estados Unidos. Ortega assim afirmou:
Temos uma cooperação estratégica no desenvolvimento da hidrelétrica de Tumarín com o apoio do Brasil e gostaríamos de começar o quanto antes.
Para concluir, há ainda muita coisa a ser escrita sobre a Nicarágua nos próximos anos. Os últimos registros encontrados sobre o país, são de que atualmente ainda há muitas pendências e uma divida externa enorme, que está longe de ser resolvida. O que a Nicarágua espera é que nos próximos cinco anos de mandato, Ortega mostre mudanças significativas no país, nos aspectos sociais, políticos e econômicos. Agora é só esperar o resultado.






Referências bibliográficas

ZIMMERMANN, Maltilde. A Revolução Nicaraguense. São Paulo, Editora UNESP, 2006.
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/nicaragua/historia-da-nicaragua.php
http://pt.wikipedia.org/wiki/Adolfo_D%C3%ADaz
http://pt.wikipedia.org/wiki/Juan_Bautista_Sacasa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Mar%C3%ADa_Moncada
http://pt.wikipedia.org/wiki/Daniel_Ortega_Saavedra
http://www.pime.org.br/mundoemissao/atualidamericashoje2.htm
http://en.wikipedia.org/wiki/Enrique_Bola%C3%B1os
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u613524.shtml
http://www.outraspalavras.net/2011/11/01/mais-cinco-anos-para-daniel-ortega/
http://eeas.europa.eu/nicaragua/csp/02_06_pt.pdf
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=11561&id_secao=7
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5215206-EI8140,00-EUA+descartam+indenizar+Nicaragua+apos+decisao+da+CIJ.html
http://www.dci.com.br/Fidel-diz-que-vitoria-de-Ortega-na-Nicaragua-foi-humilhante-2-397824.html
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/11/111106_nicaragua_eleicao_fn.shtml.

Nenhum comentário:

Postar um comentário