sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O Homem, Reflexo dos Deuses

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História







Bruno Botelho Horta
Quarto Período







O Homem, Reflexo dos Deuses
Capitulo VI de O Candomblé da Bahia
de Roger Bastide
Matéria: Antropologia Cultural
Professor: Dauro









O homem simboliza o divino, desde nosso nascimento até nossa morte são os orixás que comandam nosso destino.
E a sociedade se forma na comunhão entre os indivíduos e a divindade.
Foi a passagem da África para a América que o pensamento africano sofreu transformações que originaram perdas e metamorfoses e hoje só restam fragmentos desta concepção de sociedade.

I

O mundo foi criado pelo enlace sexual entre o céu e a terra, onde não se pode dizer quem é o masculino e quem é o feminino.
É partindo da idéia da androgenia de Oxalá é que partimos da fundamental idéia da unidade masculina e feminina em um só ser.
Com a separação do céu e da terra o homem perde a união dos princípios masculinos e femininos e passa a buscar no casamento refazer essa união.
E é o ato sexual que vai refazer esse caminho perdido. Guiado por Exú que tem o papel cósmico de unir o que está separado. É o restabelecimento da ordem humana que é reflexo da ordem divina.
Por isso na Bahia não basta pedir aos antepassados bênçãos para o casamento é preciso ainda pedir a Exú que “abra os caminhos” para uma união feliz.
Exú preside o ato sexual, mas não a fecundação, está cabe a Ogum que limpa as estradas e cuida das vias do mundo. Por isso dois meses antes das núpcias se faz a oferenda a Ogum.
Exú permite o processo de geração no ventre feminino, mas a missão de gerar é de Oxalá. No momento do parto Exú foge por 16 dias por ficar enjoado e por isso na Bahia as relações sexuais só podem ser retomadas 16 dias depois do parto.
Há casamentos proibidos e preferenciados que seguem normas místicas no Brasil.
Na África os Orixás são considerados antepassados do homem e suas normas de parentescos devem ser respeitadas pelos homens de hoje. Assim os filhos dos mesmos Orixás não podem se casar.
Mas quando o amor não que se submeter as origens divinas o que se deve fazer é, através de um babalorixá mudar a “cabeça” da noiva para um Orixá compatível.
Assim como o batismo católico, a criança deve passar pelo batismo africano onde o babalaô vai conhecer a “cabeça” de orixá da criança, na África só é possível saber qual é esse orixá depois de três dias de nascido. Mas a verdadeira iniciação se dá na adolescência.
Mas para verdadeiramente se tornar um filho de candomblé é necessário ter passado por esse rito no início da fase adulta e receber o seu nome divino. Com o nome profano (da terra) e o nome divino (do candomblé) é que o individuo se torna um filho de santo.

II


O homem só repete os deuses porque participa do caráter deles, porque um pouco do que eles são penetrou-lhes a cabeça.
Participar da natureza e da força dos orixás é parte da cultura africana que se reflete em boa sorte, prosperidade e triunfo amoroso.
Uma vendedora de acarajé apesar de sua pobreza e de sua vida trabalhosa, apesar de sua condição social, considera-se superior as outras pessoas, mais ricas ou mais prestigiosas, pois é filha de Xangô.
O status social no Candomblé não se traduz pela hierarquia e sim pela quantidade de orixá que o indivíduo possui.
Para nós, os indivíduos mais altamente colocados podem desfrutar de tudo que nos é proibido. Diretos reais, direito ao ócio, direito aos prazeres, direito de não trabalhar. E isso está em oposição a maneira africana de ver.
Subir na hierarquia do Candomblé é adquirir responsabilidades e limitações, é incorporar tabus, obedecer a normas. Estes títulos nada mais passam do que mais encargos. E isso repele os jovens influenciados pelos prazeres do mundo moderno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário