sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A Crítica de Jessé Souza ao Você sabe com quem está falando? De Roberto da Matta.

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé
Graduação em História







Bruno Botelho Horta
Quarto Período







A Crítica de Jessé Souza ao Você sabe com quem está falando? De Roberto da Matta.
Matéria: Antropologia Cultural
Professor: Dauro Santos.










Jessé Souza doutor em sociologia, formado pela Karl Ruprecht Universität Heidelberg na Alemanha. Em seu livro “A Modernização Seletiva” de 2000, lançado pela Universidade de Brasília, critica o capítulo “Você sabe com quem está falando? Um ensaio sobre a distinção entre indivíduo e pessoa no Brasil” de Roberto da Matta. Antropólogo e professor. Publicado no livro “Carnavais, Malandros e Heróis. Para uma sociologia do dilema brasileiro” de 1979.
Com a pretensão de traduzir a sociedade brasileira além das suas aparências. Roberto da Matta tem seu texto criticado em vários aspectos por Jessé Souza e aqui vou destacar algum deles.
Da Matta considerava a sociedade brasileira sob duas possibilidades de leitura. A institucionalista que abrange os processos políticos e econômicos e a culturalista onde o dia a dia é o principal elemento de composição. Desta forma ele acreditava chegar a “gramática profunda” do universo social brasileiro. Essa conclusão é logo de início rebatida por Jessé que alerta que para entender essa gramática necessitaria que o próprio dualismo proposto fosse superado.
Ao separar a vida de casa e vida da rua Da Matta, segundo Jessé, não define qual o elemento dominante dificultando assim a análise da organização social. E ainda ao denominar o sistema como núcleo ou esqueleto é uma forma equivocada de representar uma estrutura que na verdade é aparente e não interiorizada como a figura de um esqueleto ou a idéia que se tem sobre núcleo.
A pré definição e determinação proposta por Da Matta é contestada por supor que todos os brasileiros se comportam de forma igual, perante as pressões sociais e econômicas impostas pelo Estado e pelo mercado.
A sociedade tem acessos diferenciados a bens ideais ou materias, essa estratificação social diferencia a forma que cada individuo reagirá as questões que são enfrentadas no dia a dia por isso essa dualidade estática proposta por Da Matta não responde as questões levantadas pelo próprio autor.
As classes ou os grupos sociais são ignorados por Da Matta em seu estudo e essa questão é importante para que a própria “gramática social” proposta por ele não seja entendida de forma completa. E para o mundo individual e “do lar” proposto por Da Matta entraríamos, necessariamente no particular, no sentimental, em uma hierarquia baseada na afeição que é sempre gradativa e particularizante, não dando espaços para generalismos.
O estado moderno que se apropria da violência e da coerção e que desde modo transforma o individuo de tantas formas possíveis dentro das mais variadas classes sociais, levam para as casas os traços influentes desta dominação, desta forma contaminando o ambiente da casa com o ambiente da rua.

Um comentário:

  1. Bastante elucidativa a comparação entre os dois pensadores. Jessé trouxe para a sociologia novos ares. Apesar da severidade de sua crítica, penso que ela é necessária para promover a ruptura com esta tradição dualista que se usa na leitura do Brasil e seu povo. A revolução científica se precisa de um trauma para promover a ruptura, e este é o papel fundamental de Jessé neste momento de superação. Está muito claro que a crítica da cientificidade das obras de Da Matta, Faoro e Holanda é necessária para se conhecer o Brasil moderno. As Ciências Sociais brasileira está há anos estagnada e carece de uma onda de criatividade renovadora, tal qual a proporcionada por Jessé.

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