sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Fichamento do texto Memórias do Cativeiro

Memórias do cativeiro é um projeto do Laboratório de História Oral e Imagem da UFF. Que arquiva entrevistas produzidas em projetos de história envolvendo camponeses ou negros, nascidos ainda nas primeiras décadas do século passado e portadores de uma memória de escravidão do setor cafeeiro no Brasil.
As entrevistas foram realizadas de diversas maneiras que ao final foram catalogadas e mantiveram seus formatos originais.
Dos diversos textos produzidos após as entrevistas, foi verificada uma semelhança ente os diversos depoentes. Emergiu uma consciência coletiva dos escravos do sudeste cafeeiro do Brasil, um Etnotexto.


“relatos orais e escritos, podem ser tomados como narrativas portadoras de formas
próprias de expressão, que podem ser utilizadas pelo historiador como fontes para pesquisa”


A produção historiográfica e a produção oral da história não são completamente diferentes, as questões sociais influenciam na produção das duas fontes. Sendo que a produção oral deve se avaliada em qual contexto se encontra o depoente e qual a sua relação com o entrevistador.
Ao contrario dos registros históricos foi possível perceber que nas entrevistas os depoentes utilizavam o termo “cativo” e “cativeiro”, para designar “escravo” e “escravidão”. Essa é uma diferenciação importante que foi revelada através dos etnotextos.
As gerações familiares eram marcantes na época da escravatura. Eram três grandes grupos. Os africanos, os nascidos escravos e os livres.

A CONSTRUÇÃO DAS CHAVES TEMÁTICAS.

O tempo de cativeiro é a primeira chave temática encontrada nas entrevistas realizadas. Era o tempo que raramente havia acontecido com eles e sim com seus pais ou avôs. O primeiro corte de período observado é a memória da África. Depois viia os Laços de Família, em que alguns negros mantinham relações com a casa grande e recebiam algum benefício por isso.
O etnotexto permitiu identificar que alguns negros eram beneficiados por ações dos senhores e estes ficavam marcados na memória dos entrevistados. Já os torturados geralmente não pertenciam a família dos entrevistados.


MEMÓRIA COLETIVA E ENQUADRAMENTO SOCIAL

O real enquadramento só veio, para os depoentes, na Era Vargas, onde a liberdade social, finalmente foi alcançada.
As políticas sociais do estado novo abraçaram a maioria destes relatantes que foram testemunhas da melhora de condições sociais e comparavam com as péssimas condições vividas por seus pais e avós.
Os relatos dos depoentes constroem uma identidade coletiva que atravessa os tempos, formam uma consciência e demonstram uma tradição familiar. Especificando, assim, o que foi a história de vida e de seus antepassados através dos tempos de escravidão, libertação e colocação social.

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